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Quem diz “bandido bom é bandido morto”, vai matar o filho do presidente?
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Fonte: Universidade do Vale do Rio dos Sinos |
*por
Herberson Sonkha
Pensando pela regra daquelas pessoas adeptas do movimento pró-bolsonaro que fizeram o discurso agressivo com base na honestidade, na descendência e na coerência com forte apela à moralidade do pentecostalismo judaico-cristão, o filho do presidente do Brasil precisa ser morto com urgência. Por que? Se a regra é bandido bom é bandido morto!”, a lista quilométrica de crimes, a velocidade e a habilidade para cometer peculato do menino traquino do presidente amoral, ultrapassa qualquer expectativa de banditismo organizado no setor público já escrito na historiografia da tradicional direita brasileira.
Mas, é preciso conhecer o histórico macabro do
bordão “bandido bom é bandido morto!” que conta com um precedente irremediável
que virou lema de polícia e das rodas de conversas ultraconservadoras da
política brasileira desde às autoridades policiais getulistas. O bordão
reapareceu na campanha eleitoral do delegado de polícia José Guilherme Godinho
(Sivuca) do Rio de Janeiro em 1986, quando foi candidato a deputado estadual
cuja trajetória é marcada por partidos reacionários - ARENA, PDS, PFL e PPR.
O
implacável delegado Sivuca foi mais um eugenista que já exterminava pessoas
muito antes do golpe que deu origem a ditadura civil-militar (1964-1985). E por
falar em ditadura sanguinária, o que a polícia política falava era verdade
inconteste e ninguém que pretendesse ficar vivo se atrevia a contestar, a
exemplo da execução sumária de Manoel Moreira, morador da favela do Esqueleto
na região dos Lagos no Rio de Janeiro, pagou com a própria vida.
Acusado
pelos torturadores e assassinos do regime ditatorial de assassinar com 5 tiros
o detetive pistoleiro Le Cocq, Manoel Moreira foi condenado à revelia da lei a
pena capital, sendo perseguido por 2 mil policiais em quatro estados até ser
executado. Nem mesmo àquelas pessoas parecidas com Manoel Moreira foram
perdoadas, pois foram assassinadas.
O
delegado Sivuca vem de longe pertenceu, desde a Polícia Especial, quando foi
responsável pela segurança pessoal de Getúlio Vargas. Com a extinção da PE com
a criação do Estado da Guanabara (1960), Sivuca passou a ser detetive integrado
a Policia Civil do Estado Novo. Seus “méritos”, conseguido com níveis
alarmantes de letalidades da política eugenista da SSP do carioca, o tornou
membro honorário do restritivo clube dos “12 homens de ouro” da polícia carioca
eugenista com a função exclusiva de “limpar a cidade”.
Após a
divulgação pela polícia de que Manoel Moreira (1941-1964), apelidado de “Cara
de Cavalo”, havia matado o detetive Milton de Oliveira Le Cocq, não menos
matador, a Secretaria de Segurança Pública o perseguiu até a sua execução.
Naquele mesmo período criou-se a Escuderia do Detetive Le Cocq (Scuderie
Detetive Le Cocq) com um “brasão” nada amistoso, pois possuía o símbolo de
uma caveira com os ossos (duas tíbias) entrecruzados embaixo do queixo com a
sigla E.M (Esquadrão Motorizado). Uma das ações mais macabras dos “caveiras”
foi a execução sumaria de “Cara de Cavalo” com 62 tiros em Cabo Fio, inclusive
disparados por Sivuca e Luís Mariano.
A
assassinato de Manoel Moreira foi apoteótica, coisas de cinema hollywoodiano,
várias viaturas e mais de 100 disparos de policiais, acertaram 62 balas na
região do abdômen. O caso ficou conhecido como a execução da Scuderie
Detetive Le Cocq, um grupo de extermínio que chegou a ter sete mim membros
e que só em 2005 foi oficialmente extinta. Muitos pesquisadores admitem que a Scuderie
Le Cocq vai dar origem ao Esquadrão da Morte, uma organização paramilitar
criada na antiga Guanabara do final dos anos 1960 que se expandiu por todo
Brasil.
Uma
organização constituída por policiais, estruturada por políticos e financiada
por empresários capitalistas, cuja finalidade era “limpar” da sociedade
brasileira qualquer pessoa classificada como perigosa. A limpeza da cidade foi
ampliada para adversários políticos ou econômicos de membros desses grupos de
extermínio, que se transformaram nas atuais milicias que controlam territórios
do Rio de Janeiro atualmente que assassinam adversários abertamente como
fizeram com a socióloga e vereadora Marielle Franco.
O
artista plástico Hélio Oiticica em um dos seus trabalhos mais famosos de 1965,
o objeto tridimensional Bólide (caixa no. 18 – B33) prestou “Homenagem a Cara
de Cavalo” e a bandeira-poema “Seja marginal seja herói” em 1968. Todas as
informações passadas à sociedade brasileira durante a ditadura civil-militar
eram filtradas antes, pois todos os meios de comunicação eram censurados e
controlados pela polícia política para atender aos interesses do alto comando
das Forças Armadas.
Esse é
o ponto de nascimento e convergência com o bordão “bandido bom é bandido
morto!” que se tornou um mantra da extrema-direita que caiu como uma luva e
virou slogan de campanha eleitoral do presidente genocida, um miliciano
fascista. Foram décadas de intenso controle da comunicação social que evitava o
acesso às informações corretas de quem era amigo ou inimiga da população
brasileira, isso permitiu o enraizamento no imaginário coletivo do estereotipo
que consolida a ideia ultraconservadora por detrás desse bordão.
O
Instituto Datafolha divulgou em 2016 uma pesquisa analisada pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública que mostrava que 60% dos brasileiros
concordavam com a frase “bandido bom é bandido morto”, refletindo a
profundidade do enraizamento desse bordão que continua influenciando mais da
metade da população brasileira depois de quase três décadas das eleições do
delegado Sivuca a deputado. Apesar disso, a mesma pesquisa revelava também que
essa frase possuía força na política, mas a polícia começava a ser questionada
por 70% da população que admitia que a polícia cometia excessos.
A
coqueluche política do ultraconservadorismo no Brasil depois de 2014, incitada
inicialmente pelo neoliberal presidenciável Aécio Neves, um dos corruptos do
PSDB derrotado nos dois turnos, se alastrou pelo país feito uma onda gigantesca
criada pela extrema-direita que convenceu facilmente a classe média a chocar o
ovo da serpente para dar luz ao movimento bolsonarista que culminou na vitória
messiânica de um fascista miliciano em 2016.
A
pesquisa mostrava que 76% da população brasileira naquele ano (2016), acendia a
luz amarela dando sinais de que temia morrer assassinada pelas mãos da polícia.
Apesar da expectativa e do clima de confiança, não sabiam o que seria o governo
bolsonarista que eles elegeram estavam sob forte efeito do ódio ao PT e as
lutas e as bandeiras da esquerda latino-americana.
As
principais pautas da direita foram esvaziadas pela institucionalidade petista e
o que respeitou foi subsumido pelo movimento bolsonarista que possibilitou a
ascensão meteórica da agenda institucional da extrema-direita, deixando o
caminho livre para o ultraconservadorismo promover a reengenharia política
ultraliberal do Estado brasileiro.
Sozinho
e com o orçamento social engessado pela emenda constitucional 95 (PEC 241/2016
na Câmara dos Deputados e PEC 55/2016 no Senado Federal), a PEC da Morte
retirou o social do orçamento e facilitou o caminho para retomar a economia
neoliberal iniciada por Fernando Henrique Cardoso do PSDB. O governo fez o
upgrade para economia ultraconservadora de Paulo Guedes ampliando
assustadoramente os investimentos em bens de capital no setor privado e no
espectro da política suplementou recurso para comprar o centrão (o câncer na
política brasileira).
Com a
população politicamente inerte e insulada por causa da pandemia do coronavírus,
o bolsonarismo conseguiu força suficiente na Câmara Federal e no Senado para
atender a política econômica ultraconservador ditada pelo mercado financeiro
internacional, passar a boiada e consolidar as suas narrativas politicamente
incorretas. O governo não hesitou em se mostrar à sociedade e não demorou muito
para o efeito bumerangue na política começar a decapitar algumas cabeças de
fanáticos governistas, adeptos do fascismo miliciano de plantão no governo
bolsonarista.
Por
isso, não temos nenhuma dúvida da queda à curto prazo do tentáculo terceiro
reich restaurado aqui no Brasil em meados da primeira década desse século
(XXI), cravado no coração da América do Sul, pelo clã Bolsonaro. O pensamento e
prática sociopolítica e econômica da extrema-direita brasileira é a mesma dos
anos de chumbo da ditadura civil-militar que ainda tem voz e voto no Brasil.
Por isso, ainda está na “moda” dizer “bandido bom é bandido morto”.
No
entanto, cabe uma pergunta retorica que não quer calar. Aliás, um grito preso
na garganta da esquerda, engastando a nação brasileira acossada pelos primeiros
sintomas perversas da PEC da Morte e das reformas (trabalhista e
previdenciária) que vai se revelando e aos poucos a população começa a perceber
o erro histórico cometido lá em 2016 e suas consequências nefastas apenas para
a classe média e as populações subalternizadas. Então, dar-te-ei o que tu
queres na perspectiva de que ver-nos-emos amanhã como ficarão a classe média e
as populações subalternizadas no decorrer desse processo histórico.
Pergunta-se:
- Como
um néscio, indolente e politicamente decrépito alcançou o maior posto de
comando da política institucional do Brasil?
Apesar
desse tsunami ter devastado o país em apenas dois anos de governo (o projeto de
governo é destruir, por isso, não é um desgoverno), percebe-se que aos poucos
essa onda está entrando em descenso e sua narrativa com base na pós-verdade
começa a ser desconstruída até pelas vozes mais incautas. Mas, não nos
iludamos, pois, a quimera de corrigir os rumos do país através das “mudanças”
oferecidas pela extrema-direita está em curso.
Só
ganhou força porque pegou carona nos atos discricionários das grandes empresas
de notícias brasileiras que propagaram os escândalos de corrupções no Brasil
como se fossem algo novo, vocalizado nas pautada de milhares de jovens
mobilizados virtualmente nas jornadas de junho de 2013. Em verdade, esse ensaio
de “desobediência civil pseudo-espontaneísta” serviu ao golpe que possibilitou
à ascensão política da extrema-direita.
E tudo
que é social vem sendo arrastado pela extrema-direita feito enxurrada para
abrir caminho para os grandes privados de conglomerados econômicos
capitalistas. Essa aluvião ultraliberal afeta apenas a venal classe média
iludida e a classe trabalhadora operacional que passou a ter noites de insônia
e pesadelo, que já duram mais de cinco anos. O país precisa acordar
urgentemente desse letargo delirante de uma noite de sonhos fascistas porque o
país está se afogando.
Depois
de tomado o país para fazer um suposto combate à “corrupção”, meia década
depois 83% da população brasileira consegue enxergar no final do "túnel do
tempo" alguma luz nos relatos da CPI da Covid-19. A luzes lançadas sobre
esses falsos moralistas só confirmam o que sempre dissemos sobre eles, pois
sempre estiveram à serviço do capitalismo, a propósito, sempre foram as mesmas
raposas velhas de sempre à espreita de uma oportunidade para roubar, matar e
torturar o povo.
Exauriram
a solidariedade e a humanidade entre as pessoas, disseminando o ódio contra a
classe trabalhadora e a intolerância contra as populações subalternizadas.
Iniciaram um novo ciclo ultraconservador no país com base na total destruição
das liberdades democráticas e das conquistas socioeconômicas e políticas
históricas da população brasileira. Instalaram o gabinete do ódio carioca por
todo o Brasil para manter o controle do poder político do país por meio da
disseminação hedionda de terror, corrupção, intimidações, extermínio e da
mentira.
Hoje,
com quase meio milhão de óbitos pela coronavírus, a corrupção grassando o
Estado Democrático de Direito, a transferências via privatização de serviços
essências e estratégico para o desenvolvimento nacional para conglomerados
econômicos capitalistas internacionais e a total destruição da Amazonia (fauna
e a floral), à população começa a enxergar que não se trata de coisas isoladas
e imponderáveis, mas de um projeto de lesa pátria da classe dominante, de roubo
das riquezas da nação, de aniquilamento das forças opositores, genocídio e de
escravização da população brasileira.
Se
tudo permanece como dantes, no quarte de Abrantes, exceto para os quase meio
milhão de brasileiros e de brasileiras que morreram, restando apenas a dor e o
sofrimento dos familiares e amigos dessas vítimas desse projeto genocida, a que
se fazer mais uma pergunta:
Quem
vai matar os policiais milicianos (ou assassinos), os empresários
escravagistas, os pastores(as) mercenários(as) e latifundiários corruptos
(grileiros)? Quem vai matar o filho do presidente, o bandido carioca chafurdado
em escandalosos esquemas de corrupções no setor público?
Afinal
de contas não foram poucas as vezes que esse mantra fascista miliciano foi
usado para justificar o genocídio da juventude negra, os assassinatos de
dirigentes de entidades da classe trabalhadora, as prisões ilegais e as
torturas de dirigente de entidades de movimentos sociais, os homicídios de
lideranças de povos originários, os feminicídio e a morte de milhares de
membros das populações lgbtqia+ no Brasil.
Quem
vai apertar o gatilho da arma que o presidente facínora exibe vaidosamente nas
redes sociais fazendo gesto da arminha com os dedos, demonstrando intolerância
aos bandidos?
Chegou
a hora em que o despertar da consciência política seja o gatilho que dispara no
inconsciente coletivo da população brasileira há séculos convivendo
pacificamente com a dor e o sofrimento de uma população marcada por todas as
formas criminosas de torturas, de cárcere ilegais, de racismos, homofobias, de
fome, de miséria, desemprego e de humilhações inexprimíveis guardadas no
inconsciente coletivo de nosso povo. Façamos, pois, a luta urgente contra os
fascistas!
Pelo
impeachment de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão e a prisão imediata de todos os
comparsas desse governo genocida mantido por fascistas milicianos!
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