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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Quem diz “bandido bom é bandido morto”, vai matar o filho do presidente?

Fonte: Universidade do Vale do Rio dos Sinos

*por Herberson Sonkha

 

Pensando pela regra daquelas pessoas adeptas do movimento pró-bolsonaro que fizeram o discurso agressivo com base na honestidade, na descendência e na coerência com forte apela à moralidade do pentecostalismo judaico-cristão, o filho do presidente do Brasil precisa ser morto com urgência. Por que? Se a regra é bandido bom é bandido morto!”, a lista quilométrica de crimes, a velocidade e a habilidade para cometer peculato do menino traquino do presidente amoral, ultrapassa qualquer expectativa de banditismo organizado no setor público já escrito na historiografia da tradicional direita brasileira.

 Mas, é preciso conhecer o histórico macabro do bordão “bandido bom é bandido morto!” que conta com um precedente irremediável que virou lema de polícia e das rodas de conversas ultraconservadoras da política brasileira desde às autoridades policiais getulistas. O bordão reapareceu na campanha eleitoral do delegado de polícia José Guilherme Godinho (Sivuca) do Rio de Janeiro em 1986, quando foi candidato a deputado estadual cuja trajetória é marcada por partidos reacionários - ARENA, PDS, PFL e PPR.

O implacável delegado Sivuca foi mais um eugenista que já exterminava pessoas muito antes do golpe que deu origem a ditadura civil-militar (1964-1985). E por falar em ditadura sanguinária, o que a polícia política falava era verdade inconteste e ninguém que pretendesse ficar vivo se atrevia a contestar, a exemplo da execução sumária de Manoel Moreira, morador da favela do Esqueleto na região dos Lagos no Rio de Janeiro, pagou com a própria vida.

Acusado pelos torturadores e assassinos do regime ditatorial de assassinar com 5 tiros o detetive pistoleiro Le Cocq, Manoel Moreira foi condenado à revelia da lei a pena capital, sendo perseguido por 2 mil policiais em quatro estados até ser executado. Nem mesmo àquelas pessoas parecidas com Manoel Moreira foram perdoadas, pois foram assassinadas.

O delegado Sivuca vem de longe pertenceu, desde a Polícia Especial, quando foi responsável pela segurança pessoal de Getúlio Vargas. Com a extinção da PE com a criação do Estado da Guanabara (1960), Sivuca passou a ser detetive integrado a Policia Civil do Estado Novo. Seus “méritos”, conseguido com níveis alarmantes de letalidades da política eugenista da SSP do carioca, o tornou membro honorário do restritivo clube dos “12 homens de ouro” da polícia carioca eugenista com a função exclusiva de “limpar a cidade”.

Após a divulgação pela polícia de que Manoel Moreira (1941-1964), apelidado de “Cara de Cavalo”, havia matado o detetive Milton de Oliveira Le Cocq, não menos matador, a Secretaria de Segurança Pública o perseguiu até a sua execução. Naquele mesmo período criou-se a Escuderia do Detetive Le Cocq (Scuderie Detetive Le Cocq) com um “brasão” nada amistoso, pois possuía o símbolo de uma caveira com os ossos (duas tíbias) entrecruzados embaixo do queixo com a sigla E.M (Esquadrão Motorizado). Uma das ações mais macabras dos “caveiras” foi a execução sumaria de “Cara de Cavalo” com 62 tiros em Cabo Fio, inclusive disparados por Sivuca e Luís Mariano.

A assassinato de Manoel Moreira foi apoteótica, coisas de cinema hollywoodiano, várias viaturas e mais de 100 disparos de policiais, acertaram 62 balas na região do abdômen. O caso ficou conhecido como a execução da Scuderie Detetive Le Cocq, um grupo de extermínio que chegou a ter sete mim membros e que só em 2005 foi oficialmente extinta. Muitos pesquisadores admitem que a Scuderie Le Cocq vai dar origem ao Esquadrão da Morte, uma organização paramilitar criada na antiga Guanabara do final dos anos 1960 que se expandiu por todo Brasil.

Uma organização constituída por policiais, estruturada por políticos e financiada por empresários capitalistas, cuja finalidade era “limpar” da sociedade brasileira qualquer pessoa classificada como perigosa. A limpeza da cidade foi ampliada para adversários políticos ou econômicos de membros desses grupos de extermínio, que se transformaram nas atuais milicias que controlam territórios do Rio de Janeiro atualmente que assassinam adversários abertamente como fizeram com a socióloga e vereadora Marielle Franco.

O artista plástico Hélio Oiticica em um dos seus trabalhos mais famosos de 1965, o objeto tridimensional Bólide (caixa no. 18 – B33) prestou “Homenagem a Cara de Cavalo” e a bandeira-poema “Seja marginal seja herói” em 1968. Todas as informações passadas à sociedade brasileira durante a ditadura civil-militar eram filtradas antes, pois todos os meios de comunicação eram censurados e controlados pela polícia política para atender aos interesses do alto comando das Forças Armadas.

Esse é o ponto de nascimento e convergência com o bordão “bandido bom é bandido morto!” que se tornou um mantra da extrema-direita que caiu como uma luva e virou slogan de campanha eleitoral do presidente genocida, um miliciano fascista. Foram décadas de intenso controle da comunicação social que evitava o acesso às informações corretas de quem era amigo ou inimiga da população brasileira, isso permitiu o enraizamento no imaginário coletivo do estereotipo que consolida a ideia ultraconservadora por detrás desse bordão.

O Instituto Datafolha divulgou em 2016 uma pesquisa analisada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública que mostrava que 60% dos brasileiros concordavam com a frase “bandido bom é bandido morto”, refletindo a profundidade do enraizamento desse bordão que continua influenciando mais da metade da população brasileira depois de quase três décadas das eleições do delegado Sivuca a deputado. Apesar disso, a mesma pesquisa revelava também que essa frase possuía força na política, mas a polícia começava a ser questionada por 70% da população que admitia que a polícia cometia excessos.

A coqueluche política do ultraconservadorismo no Brasil depois de 2014, incitada inicialmente pelo neoliberal presidenciável Aécio Neves, um dos corruptos do PSDB derrotado nos dois turnos, se alastrou pelo país feito uma onda gigantesca criada pela extrema-direita que convenceu facilmente a classe média a chocar o ovo da serpente para dar luz ao movimento bolsonarista que culminou na vitória messiânica de um fascista miliciano em 2016.

A pesquisa mostrava que 76% da população brasileira naquele ano (2016), acendia a luz amarela dando sinais de que temia morrer assassinada pelas mãos da polícia. Apesar da expectativa e do clima de confiança, não sabiam o que seria o governo bolsonarista que eles elegeram estavam sob forte efeito do ódio ao PT e as lutas e as bandeiras da esquerda latino-americana.

As principais pautas da direita foram esvaziadas pela institucionalidade petista e o que respeitou foi subsumido pelo movimento bolsonarista que possibilitou a ascensão meteórica da agenda institucional da extrema-direita, deixando o caminho livre para o ultraconservadorismo promover a reengenharia política ultraliberal do Estado brasileiro.

Sozinho e com o orçamento social engessado pela emenda constitucional 95 (PEC 241/2016 na Câmara dos Deputados e PEC 55/2016 no Senado Federal), a PEC da Morte retirou o social do orçamento e facilitou o caminho para retomar a economia neoliberal iniciada por Fernando Henrique Cardoso do PSDB. O governo fez o upgrade para economia ultraconservadora de Paulo Guedes ampliando assustadoramente os investimentos em bens de capital no setor privado e no espectro da política suplementou recurso para comprar o centrão (o câncer na política brasileira).

Com a população politicamente inerte e insulada por causa da pandemia do coronavírus, o bolsonarismo conseguiu força suficiente na Câmara Federal e no Senado para atender a política econômica ultraconservador ditada pelo mercado financeiro internacional, passar a boiada e consolidar as suas narrativas politicamente incorretas. O governo não hesitou em se mostrar à sociedade e não demorou muito para o efeito bumerangue na política começar a decapitar algumas cabeças de fanáticos governistas, adeptos do fascismo miliciano de plantão no governo bolsonarista.

Por isso, não temos nenhuma dúvida da queda à curto prazo do tentáculo terceiro reich restaurado aqui no Brasil em meados da primeira década desse século (XXI), cravado no coração da América do Sul, pelo clã Bolsonaro. O pensamento e prática sociopolítica e econômica da extrema-direita brasileira é a mesma dos anos de chumbo da ditadura civil-militar que ainda tem voz e voto no Brasil. Por isso, ainda está na “moda” dizer “bandido bom é bandido morto”.

No entanto, cabe uma pergunta retorica que não quer calar. Aliás, um grito preso na garganta da esquerda, engastando a nação brasileira acossada pelos primeiros sintomas perversas da PEC da Morte e das reformas (trabalhista e previdenciária) que vai se revelando e aos poucos a população começa a perceber o erro histórico cometido lá em 2016 e suas consequências nefastas apenas para a classe média e as populações subalternizadas. Então, dar-te-ei o que tu queres na perspectiva de que ver-nos-emos amanhã como ficarão a classe média e as populações subalternizadas no decorrer desse processo histórico.

 


Pergunta-se:

- Como um néscio, indolente e politicamente decrépito alcançou o maior posto de comando da política institucional do Brasil?

Apesar desse tsunami ter devastado o país em apenas dois anos de governo (o projeto de governo é destruir, por isso, não é um desgoverno), percebe-se que aos poucos essa onda está entrando em descenso e sua narrativa com base na pós-verdade começa a ser desconstruída até pelas vozes mais incautas. Mas, não nos iludamos, pois, a quimera de corrigir os rumos do país através das “mudanças” oferecidas pela extrema-direita está em curso.

Só ganhou força porque pegou carona nos atos discricionários das grandes empresas de notícias brasileiras que propagaram os escândalos de corrupções no Brasil como se fossem algo novo, vocalizado nas pautada de milhares de jovens mobilizados virtualmente nas jornadas de junho de 2013. Em verdade, esse ensaio de “desobediência civil pseudo-espontaneísta” serviu ao golpe que possibilitou à ascensão política da extrema-direita.

E tudo que é social vem sendo arrastado pela extrema-direita feito enxurrada para abrir caminho para os grandes privados de conglomerados econômicos capitalistas. Essa aluvião ultraliberal afeta apenas a venal classe média iludida e a classe trabalhadora operacional que passou a ter noites de insônia e pesadelo, que já duram mais de cinco anos. O país precisa acordar urgentemente desse letargo delirante de uma noite de sonhos fascistas porque o país está se afogando.

Depois de tomado o país para fazer um suposto combate à “corrupção”, meia década depois 83% da população brasileira consegue enxergar no final do "túnel do tempo" alguma luz nos relatos da CPI da Covid-19. A luzes lançadas sobre esses falsos moralistas só confirmam o que sempre dissemos sobre eles, pois sempre estiveram à serviço do capitalismo, a propósito, sempre foram as mesmas raposas velhas de sempre à espreita de uma oportunidade para roubar, matar e torturar o povo.

Exauriram a solidariedade e a humanidade entre as pessoas, disseminando o ódio contra a classe trabalhadora e a intolerância contra as populações subalternizadas. Iniciaram um novo ciclo ultraconservador no país com base na total destruição das liberdades democráticas e das conquistas socioeconômicas e políticas históricas da população brasileira. Instalaram o gabinete do ódio carioca por todo o Brasil para manter o controle do poder político do país por meio da disseminação hedionda de terror, corrupção, intimidações, extermínio e da mentira.

Hoje, com quase meio milhão de óbitos pela coronavírus, a corrupção grassando o Estado Democrático de Direito, a transferências via privatização de serviços essências e estratégico para o desenvolvimento nacional para conglomerados econômicos capitalistas internacionais e a total destruição da Amazonia (fauna e a floral), à população começa a enxergar que não se trata de coisas isoladas e imponderáveis, mas de um projeto de lesa pátria da classe dominante, de roubo das riquezas da nação, de aniquilamento das forças opositores, genocídio e de escravização da população brasileira.

Se tudo permanece como dantes, no quarte de Abrantes, exceto para os quase meio milhão de brasileiros e de brasileiras que morreram, restando apenas a dor e o sofrimento dos familiares e amigos dessas vítimas desse projeto genocida, a que se fazer mais uma pergunta:

Quem vai matar os policiais milicianos (ou assassinos), os empresários escravagistas, os pastores(as) mercenários(as) e latifundiários corruptos (grileiros)? Quem vai matar o filho do presidente, o bandido carioca chafurdado em escandalosos esquemas de corrupções no setor público?

Afinal de contas não foram poucas as vezes que esse mantra fascista miliciano foi usado para justificar o genocídio da juventude negra, os assassinatos de dirigentes de entidades da classe trabalhadora, as prisões ilegais e as torturas de dirigente de entidades de movimentos sociais, os homicídios de lideranças de povos originários, os feminicídio e a morte de milhares de membros das populações lgbtqia+ no Brasil.

Quem vai apertar o gatilho da arma que o presidente facínora exibe vaidosamente nas redes sociais fazendo gesto da arminha com os dedos, demonstrando intolerância aos bandidos?

Chegou a hora em que o despertar da consciência política seja o gatilho que dispara no inconsciente coletivo da população brasileira há séculos convivendo pacificamente com a dor e o sofrimento de uma população marcada por todas as formas criminosas de torturas, de cárcere ilegais, de racismos, homofobias, de fome, de miséria, desemprego e de humilhações inexprimíveis guardadas no inconsciente coletivo de nosso povo. Façamos, pois, a luta urgente contra os fascistas!

Pelo impeachment de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão e a prisão imediata de todos os comparsas desse governo genocida mantido por fascistas milicianos!

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