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Lobos em pele de carneiro na oposição da Câmara Vereadores de Vitória da Conquista?
"Dê
a todas pessoas seus ouvidos, mas a poucas a sua voz". (William
Shakespeare)
*por
Herberson Sonkha
Não se deixa de ser a mesma pessoa de antes só porque conquistou uma cadeira no parlamento, especialmente porque cada voto recebido é uma voz renitente ao encontro desta ou daquela pessoa que o fez crê que o defenderia, portanto encontrou naquela candidatura uma oportunidade de ser ouvida. Aliás, é neste momento que se passa a conhecer de fato as "boas intenções" de alguém como sugere a frase "Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder".
Com
toda a grandeza de Abraham Lincoln para a América do século XIX,
lamentavelmente essa frase não lhe pertence, ou pelo menos, não existe qualquer
registro que confirme. Sabe-se que foi encontrado algo parecido no ensaio de
Robert G. Ingersoll (1885). A voz renitente de Lincoln na América serve como
exemplo de coragem, coerência e compromisso para enfrentar os supremacistas
brancos e contribuir com o fim do sistema escravagista norte-americano. Não é à
toa que uma das vozes mais confiáveis na Europa, a da Associação Internacional
dos Trabalhadores lhe enviou felicitações pelo que representava a sua
reeleição.
A
revista “The Bee-Hive Newspaper”, nº 169, de 7 de janeiro de 18651
trazia uma carta de Karl Marx à Abraham Lincoln escrita entre 22 e 29/11/1864
que ele diz "Senhor, felicitamos o povo americano pela sua reeleição por
uma larga maioria. Se a palavra de ordem reservada da sua primeira eleição foi
resistência ao Poder dos Escravistas [Slave Power], o grito de guerra
triunfante da sua reeleição é Morte à Escravatura". Uma nota2
explicativa do filólogo português José Barata-Mouro informava que a mensagem
foi escrita por Karl Marx por decisão do Conselho Geral da Associação
Internacional dos Trabalhadores à Abraham Lincoln.
Se a
carta à Abraham Lincoln não servir para mostrar a expectativa do movimento
operário mundial no mandato, expressando a diferença entre o discurso e a
prática de um mandatário, cabe perfeitamente no comportamento da oposição
parlamentar no município de Vitória da Conquista, ninguém mais o fará. Óbvio
que Karl Marx não concebia o papel das forças de esquerda como mera oposição ao
adversário vencedor (ou perdedor) no processo eleitoral democrático.
Igualmente,
não se pode conceber que qualquer vereança que se admite de esquerda se
apequene com a arte de enganar alguém ou lograr êxito com pautas bombas contra
a população, sustentadas com argumentos estrepitosamente emocionais,
intervenções na tribuna com retoricas eloquentes que são verdadeiras peças
teatrais impecáveis e retumbantes.
A
Revista Eletrônica Arma da Crítica nº 4, dezembro de 2012, traz um artigo
intitulado "Marx e a literatura – um estudo à luz do capital", dos
doutos Fábio José C. de Queiroz e Frederico Costa, nos oferece a liga
político-literária entre o filósofo alemão e a literatura inglesa moderna. Marx
tinha essa profundidade de conhecimento que permitia transitar em várias áreas
do conhecimento, a exemplo dos “Grundrisse” em que Marx da voz a “Timon
de Atenas” (Shakespeare) para tratar de temas nada poéticos como dinheiro,
enriquecimento e acumulação (QUEIROZ & COSTA,2012, p.14).
Estamos
nós às voltas com a dramaturgia da sinecura de alguns parlamentares opositores
ao governo genocida da prefeita eugenista. Ninguém melhor que o inglês William
Shakespeare, ator e dramaturgo mais influente do mundo moderno, o poeta de “Bardo
do Avon” para nos dizer algo sobre a comoção que levou o parlamento
municipal Conquistense a legitimar um carrasco das populações empobrecidas.
Diria Macbeth, a tragédia shakespeariana, aos opositores vaidosos, cujo reinado
se acham intocável por causa das bruacas superlotadas de votos.
Shakespeare
diria que não subestimem a possibilidade de um regicídio e suas implicações,
excepcionalmente quando essa população ainda não experienciaram o real
significado da necessidade de uma comoção, pois segundo ele "O poder é
a escola do crime". A saber, Macbeth é uma tragédia shakespeariana
escritas (1603 e 1607) sobre a morte de reis e rainhas e suas consequências.
Portanto,
interpretar sentimentalidade alheia é um papel para atores/atrizes e, com a
necessária sobriedade, dos profissionais de comunicação. Na política existe uma
racionalidade sim e precisa que seja usada com sobriedade para impedir que a
população sofra mais do que já vem sofrendo.
Isso
não tem relação com a força da maioria na bancada de situação, formada em sua
maioria por bolsonarista de extrema-direita fascista, pois tem a ver com a
coerência política, conhecimento dos fatos sóciohistóricos, domínio da
legislação municipal e compromisso com as pautas da cidade que qualquer
parlamentar de ESQUERDA deve ter, independente de perder ou não uma votação
porque não tem maioria. Como diria Macbeth, é preciso destruir cada reinado
para que os mandatos prestem conta à sociedade pelos seus atos politicamente
criminosos contra o povo.
A
tragédia conquistense, a lá Macbeth, nos diz muito sobre a verdadeira comoção
dos servidores públicos municipais perseguidos, da classe trabalhadora
explorada-oprimida e das populações pauperizadas do campo e da cidade em
relação à morte de Herzem Gusmão. Não exatamente àquela dramaturgia dissimulada
que resulta do uso indiscriminado da máquina municipal para mobilizar
protestantes judaico-cristãos conservadores, contratados temporários,
empresários capitalistas e cargos de confiança do governo genocida e
negacionista de Vitória da Conquista.
É
preciso identificar qual a vereança opositora no parlamento municipal comeu
bola e engoliu a mentira de parlamentares de situação, existe um vácuo que
apesar do tempo e das contradições pertence a verdade, por isso virá à tona:
oposição em bloco legitima a dramaturgia cínica que ressignifica o algoz das
populações pauperizadas e oprimidas como herói do povo. Por que esse parlamento
não tem nenhuma comoção em relação à expulsão eugenista dos trabalhadores e das
trabalhadoras da economia informal, os camelôs, do Terminal da Lauro de
Freitas?
A
resposta está no fato de que a comoção é um sentimento inesperado que estoura
no seio da sociedade toda vez que algo estranho à natureza humana de uma pessoa
é manchada, aviltada, criminalizada ou terrivelmente assassinada. Isso sim,
causa grande comoção na comunidade, na cidade, no estado ou no país
independente de quem seja. Mas, foi isso que aconteceu com o Sr. Herzem Gusmão?
Não, né? Até pode ser “compreensível” que a situação vele pelos seus
monstrinhos algozmente fascistas, mas a oposição que diz ser de esquerda jamais
deveria ter ignorado a história porque isso é grave.
Deve
ser absolutamente normal que a oposição na Câmara Municipal da cidade se paute
por esse senso de justiça e tomasse todas as medidas cabíveis a favor de alguém
injustiçado, afinal de contas pensa-se no parlamento municipal como um lugar
“conectado” aos anseios da sociedade, sobretudo dos mais prejudicados, necessitados
e perseguidos. A doce-ilusão de que a voz parlamentar precisa estar a serviço
da defesa dos pauperizados, famélicos, carentes, oprimidos, perseguidos e
explorados. Ledo engano!?
Pensando
rapidamente nessa “conexão sensível” da oposição aos anseios da população
conquistense, me veio à memória algumas situações históricas de truculências
que condiz mais com o Herzem Gusmão, o sujeito politicamente decrépito,
incivilizado que agia com tamanha brutalidade e desrespeito aos servidores e
pessoas simples com má-criação. Isso tem mais a ver com ele do que a
inexplicável comoção que levou a aprovação do nome sem qualquer discussão de um
logradouro público com o nome do açodado e tosco Herzem Gusmão.
E
convenhamos, nenhum negacionista genocida deveria ter seu nome numa placa de um
lugar politicamente simbólico como o Terminal da Lauro de Freitas, palco de
inúmeras lutas políticas da população conquistense pela quebra do monopólio no
transporte coletivo. Além do mesmo ter desmontando o Sistema Municipal de
Transporte Público para favorecer seus cabo-eleitorais e apadrinhados que
financiaram sua campanha eleitoral em 2016. Houve até desvio de recurso da
saúde já sucateada para atender acordos espúrios com grupos do transporte
clandestinos, além de deixar de fora algumas rotas para justificar o transporte
clandestinos de passageiros em vans caindo aos pedaços.
O nome
no pórtico do terminal faz jus à péssima qualidade da frota ultrapassada e a
inoperância do sistema municipal de transporte público, contradizendo essa
movimentação que levou o parlamento municipal à comoção. A oposição mais uma
vez comeu mosca expondo sua fragilidade ao transformar um algoz em “herói”,
rescrevendo de maneira mistificadora a história para legitimar um carrasco, o
carnífice de homens, mulheres e crianças sem teto.
Numa
matéria veiculada pelo site "Combate
ao racismo ambiental" em dezembro de 2017, intitulada
"Trabalhadores Sem Teto sofrem truculência policial durante despejo em
Vitória da Conquista”, revela o verdadeiro caráter desse político impostor:
"Um verdadeiro cenário de terror foi montado na manhã desta segunda-feira (4), na ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), durante despejo contra as famílias da ocupação Cidade Bonita, localizada às margens da BR 116, em Vitória da Conquista.". (RACISMO AMBIENTAL, 2017)
O
texto afirmou que várias famílias residiam na área da prefeitura há mais de um
ano, sendo despejadas duas vezes pelo então prefeito Herzem Gusmão (PMDB),
acusado pelos movimentos sociais de má gestão, incompetência, truculência e
descaso com as pautas sociais. A oposição ignorou mais uma vez o fato de o
carrasco das famílias pauperizadas nunca ter sido bem visto pelos movimentos e organizações
populares, sindicato, associações ligadas ao MST.
Igualmente,
se esqueceram que esses movimentos ocuparam a prefeitura (17/12/2017) com 150
pessoas que expuseram faixas, cartazes e muitas palavras de ordem denunciando
retirada de direitos dos(as) trabalhadores (as) do campo e da cidade e o
alinhamento ideopolítico do prefeito golpista Herzem Gusmão ao correligionário
golpista do Michel Temer contra o PT que ele chamou de ladrão e petralha várias
vezes. Isso não comove a oposição?
Soma-se
a isso a derrubada da barraca de Dona Eny Rocha, no começo da Avenida Juracy
Magalhães, uma trabalhadora autônoma que sustentava a família com o dinheiro
que ganha na barrada desde a época que aquela rua era conhecida como Rua do
Gancho. Truculento e arrogante, o patriarca prepotente gritou e esbravejou
contra uma mulher trabalhadora que ganha a vida honestamente naquele lugar há
décadas, para favorecer ao empresário capitalista que certamente deve ter dando
uma generosa e gorda contribuição à sua campanha eleitoral em 2016.
Outra
situação estranha, que parece ter desaparecido da vida política conquistense
nas duas últimas décadas foi o corte de salário de duas servidores municipais
concursadas, Aliny e Nívia. Esse caso repercutiu em função da desumanidade do
carrasco dos profissionais da educação, causando verdadeira comoção, pois a
Associação dos Docentes da UESB (ADUSB) publicou em seu site no dia 01/09/2020
uma matéria intitulada “Prefeitura corta salários de diretoras do SIMMP em
Vitória da Conquista” em que sua presidenta Soraya Adorno diz que:
“demonstra
mais uma vez o caráter autoritário e antidemocrático de sua gestão. São duas
trabalhadoras, mães, uma delas inclusive gestante, que foram eleitas
democraticamente para compor a diretoria do seu sindicato, para exercer seu
direito legítimo de se organizar sindicalmente para lutar em defesa dos seus
direitos. Mas, numa medida machista, desumana, o governo Herzem persegue essas
duas trabalhadoras, na tentativa de lhes cercear o direito de organização e o
da liberdade de sindicalização. Não podemos nos silenciar diante de mais esse
ataque. A diretoria da ADUSB manifesta seu apoio e solidariedade as
companheiras, profissionais de educação e lutadoras, Aliny e Nívia.” (ADORNO,
2020).
Mais uma vez eu fico a pensar criticamente sobre
os discursos retorico retumbante, alguns até inflamados sobre certas “defesas
de interesses” da classe trabalhadora e das populações subalternizadas.
Observado a motivação que levou a oposição a legitimar um algoz do povo, um
comportamento considerado historicamente como sendo de direita.
Fico
analisado se de fato essas declarações são verossímeis, pois como categoria
analítica me sirvo da tese marxiana que sugere “a prática como critério de
verdade”. Portanto, vejo nessa prática a repetição dos mesmos motivos políticos
que levaram os inúmeros edis da tradicional direita conquistense a nominar
logradouros públicos como nome de carrascos: transformar algozes em “heróis”.
Penso que foi isso que aconteceu e que vai continuar acontecendo, pois me leva
a crer que não existe VERDADE na práxis política da oposição na Câmara de
Vereadores de Vitória da Conquista.
Na
perspectiva do pensamento marxiano3, com a finalidade de investigar
os meandros das contradições entre as decisões e os discursos no parlamento
municipal, considero que não existe oposição na acepção da palavra, o que
existe mesmo é a pré-ocupação com a dança das cadeiras e que se dane a
população conquistense.
A
comoção da população é um fenômeno sociológico muito diferente do que vem
acontecendo no Brasil que transforma diariamente falsas-notícias em “verdades”
inconteste e que se tornou cada vez mais comum com o advento da tecnológica das
mídias e redes sociais.
Mas,
nunca houve de verdade qualquer comportamento que pudesse ser considerado socialmente
justo, de modo que a morte seria algo que pegasse todos de surpresa, evolvendo
fortes e repentinas emoções. Geralmente, é identificado pelo caráter de motim,
revolta ou agitação popular em defesa ou contra alguém que cometeu uma
injustiça contra alguém que não merecia.
O que
houve mesmo foi o movimento inflacionado da situação bolsonarista para causar a
impressão de que houve comoção popular, mas não passa de medo de situacionistas
do que estaria por vir. Além das retaliações com as canetadas da “força”
daquela que não fora eleita porque não tem estofo. Não é por acaso que dizem
que “deus quis assim”, matando o prefeito para que ela pudesse governar a
cidade.
A
direita e a extrema-direita entendem que a melhor forma para desviar atenção da
população para uma trama criminosa e suas consequências, que expõe as
fragilidades e melindres de um governante mentiroso é transformar à morte em
algo comovente, é um martírio que dá dignidade e status de “herói". Essa
narrativa cinicamente mentirosa viralizou como se fosse uma situação de
injustiça, e, que só o seu nome num pórtico repararia essa injustiça.
Mesmo
que isso custe a desconstrução da história de um povo sofrido, perseguido,
explorado e oprimido. Para eles o que importa é eternizar para fazer justiça ao
“homem de bem, protetor da família e temente a Deus”. A oposição vacilante, não
viu passar a boiada porque está desapercebida e incerta de sua tarefa política
de proteger os interesses da população contra os lobos bolsonaristas algozes...
_______________________________________
[1] Fonte: “Obras
Escolhidas” (Editorial Avante!/Edições Progresso Lisboa-Moscou, 1982, tradução
de José Barata-Moura), de Karl Marx. A carta foi escrita entre 22 e 29 de
novembro de 1864, em plena Guerra Civil Americana. Foi publicada em “The
Bee-Hive Newspaper”, nº 169, de 7 de janeiro de 1865. Extraído de: http://www.revistabula.com/157-carta-de-karl-marx-para-abraham-lincoln/
[2] NOTA 1 “A Mensagem da Associação
Internacional dos Trabalhadores ao presidente Abraham Lincoln dos Estados
Unidos, por ocasião da sua reeleição, foi redigida por Marx por decisão do
Conselho Geral. No auge da Guerra Civil nos Estados Unidos esta mensagem teve
uma grande importância. Sublinhou a enorme importância da guerra contra a
escravatura na América para os destinos de todo o proletariado internacional.
Apoiando todos os movimentos progressistas e democráticos, Marx e Engels
educavam no proletariado e nos seus elementos de vanguarda na Internacional uma
atitude verdadeiramente internacionalista em relação à luta dos povos oprimidos
pela sua libertação.”
[3] Obras de Karl Marx e Friedrich
Engels, particularmente durante o período de 1843 e 1846 da escrita das Teses
sobre Feuerbach.
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