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domingo, 16 de junho de 2013

Origens da XENOFOBIA nas práticas políticas perversas do Coronelato nas terras do sertão anageense!


"Sabe-se hoje em Anagé, no alvorecer destas mudanças tão evitadas pelo coronelato e sua gente perversa que eles queriam apenar evitar a todo o custo que tais ideias subversivas se propagassem e ganhassem o gosto e o coração da população. Não adiantou, pois tais ideias estão sendo implantadas com aprovação da população que está dando alento aos sonhos de dias melhores e rumos diferentes para os seus filhos que eram desassistidos e que agora podem sonhar com um futuro melhor."


"Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias".
(Platão)


* Por Herberson Sonkha

Desde a visita dos agentes do Rei D. João V que concedeu ao Bandeirante João da Silva Guimaraes a patente de Mestre do Campo da Conquista, autorizando-o ao desmonte da civilização Tupi e Tapuia lista de extermínio em massa. Ainda sob a vigência da Coroa Portuguesa, 49 anos depois, em 1784, o bandeirante Coronel João Gonçalves da Costa chegava às margens do Rio Gavião (afluente do Rio das Contas) para povoar o que viria ser chamada de São João da Vila Nova. Assim, foi elevado a distrito de Conquista pela lei estadual nº 249 de 25 de julho de 1898 após 114 anos de destruição dos povos originários. Este período é marcado por barbaridades cometidas por atos sangrentos destes agentes autorizados pela Coroa para matar, aprisionar e escravizar Tapuias e comunidades Quilombolas, cujas atrocidades faziam parte das estratégias militares de ocupação e extermínios da população local nas terras da Sertânia, que rendeu ao Coronel João Gonçalves da Costa o status de homem honrado e fiel de Sua Majestade e uma fortuna incalculável formada por propriedades, metais preciosos, gados, escravos e agentes da capitania da Bahia, resultante da espoliação e violência.



Este é o caldo histórico que da consistência a mentalidade e a prática reacionária e perversa dos coronéis que se sucedem às várias Repúblicas, deixando seu desastroso legado escrito nos anais da história brasileira. A violência  e a deslealdade foi herdada dos colonizadores que dizimaram esta região (Sertão da Ressaca), fundaram vilas e forjaram um tipo de etos na política que orientaria por anos a fio a política anageense. Por isso nossa história regional é repleta de tiranias de coronéis sórdidos e desumanos ( o último deles no município de Anagé foi derrotado nas eleições de 2012). Assim considera os estudiosos de história do Sertão da Ressaca e o Coronelismo no Arraial da Conquista, da qual fazia parte o atual município de Anagé, a época São João da Vila Nova, 1898.

“Mandonismo, coronelismo, privatismo, familismo, clientelismo e muitos outros conceitos são utilizados para designar a interferência do poder privado no domínio público. Muitas vezes utilizados como sinônimos das manifestações do poder privado no Brasil, tais conceitos são constantemente revisitados por historiadores, sociólogos e cientistas políticos, que reiteram a atualidade do tema e a necessidade de analisar as especificidades regionais não só no sentido de recuperar as histórias locais, mas também de exercer um “continuar” da história, algumas vezes, esquecida nas grandes sínteses.” (Isnara Pereira Ivo, UESB)

Atualmente existem muitas expressões que são utilizadas para tipificar práticas que atentam contra a honra e a dignidade de minorias e populações excluídas de direitos, tais como a população negra e indígenas, mulheres, crianças, adolescentes, LGBT, idosos, pessoas com necessidades especiais vitimizadas por estes comportamentos nocivos. Aqui no texto utilizaremos a expressão xenofobia como manifestação de perseguição, hostilização e desmoralização de pessoas, como mecanismo de controle ideológico contra influências e crescimento de posições ou ideias contrárias ao establishment (Grupo sociopolítico que exerce sua autoridade, controle ou influência, defendendo seus privilégios; ordem estabelecida, sistema) exercido pelo coronelato. Antes de abordar esta questão farei uma rápida explicação quanto ao que significado da palavra xenofobia.

A expressão xenofobia diz respeito ao medo irracional, ódio ou antipatia gratuita de pessoas estranhas ao meio em que esta pessoa vive. Mesmo que não haja qualquer explicação plausível para tal reação. Este comportamento serve como controle de fluxo populacional, porque cria resistência e desconfiança em relação a tudo que diz respeito a pessoas de fora do seu meio, dificultando a vida destas pessoas, por isso que geralmente hostilizam-na de “forasteiro/a”. A manifestação deste comportamento xenófobo ocorre por receio de perder a identidade ou espaço na sociedade.  Portanto, como defesa colocam em suspeição atividades que venham desenvolver e em alguns casos pratica-se agressões ou até mesmo a vontade de eliminar do meio a presença deste “forasteiro”, visando evitar a ascensão de ideias estranhas que comprometa a harmonia e o controle estabelecido. Excepcionalmente, este comportamento tem como alvo central pessoas pertencentes a outras culturas, filosofias, religiões, gêneros, etnias e valores diferentes dos existentes na comunidade.

Este sentimento moral decorre de uma fraqueza humana não identificada, consequente de uma limitação física, intelectual e/ou material, no indivíduo, se manifesta em forma de antipatia ou ódio, causando preconceito.  Na política isso é mais perverso porque sem a política não há mudanças, por que isso que se mantem pessoas cativas e despolitizadas para aumentar o controle e garantir conforto e seguranças a um grupo pequeno, enquanto a maioria vive aprisionada na caverna fétida e escura.

O grande filósofo da antiguidade Platão, nascido há mais de dois mil anos, em 427 a.C., em Atenas, Grécia, por ser considerando por todos os tempos um pensador clássico torna sua obra ainda atual em sua leitura de mundo. Platão em seu livro VII, “A Republica”, ataca a questão central que trata da problemática da alienação humana em função da ausência da razão. O pensador dialoga e sistematiza as ideias do seu tempo dentro do que ele denomina de cadeias “invisíveis” criadas porque inexistem as condições para pleno exercício da razão e que, portanto aprisionam mentes humanas, confinando-as numa furna. Este lugar que habita pessoas que convive com a “escuridão” e só se ver o mundo a partir de reflexos distorcidos da realidade. Para Platão só através da luz da verdade é que se pode se libertar da caverna para vislumbrar o mundo real das coisas e dos objetos. Para Platão esta verdade se daria através de uma teoria do conhecimento, linguagem e educação e, para tanto, pensara o filosofo ao refletir sobre uma instituição (Estado Ideal) capaz de possibilitar o acesso a esta teoria do conhecimento, através da qual as pessoas poder-se-iam ser libertado.

Decorridos 2360 anos da morte de Platão e o ser humano atual paramentado com toda parafernália tecnológica, supõe-se acesso universal a educação, saúde e literatura disponível ainda se vive o drama da cadeia invisível que os mantem enclausurados em cavernas e lá do fundo da “caverna” ainda não conseguem compreender a dimensão real das correntes que lhes aprisionam e muito menos a clareza de quem são seus algozes. Muito embora sejam tipologias de cavernas diferentes das descritas por Platão, as distorções do que é real nas relações sociais e politicas persistem. Por exemplo, a legislação assegura igualdade entre as pessoas independente da raça, cor, religião, filosofia, no entanto as pessoas são e vivem de forma desigual numa sociedade que mudou muito pouco em relação aos desafortunados. Afinal qual é a opinião geral da população em relação ao culto das religiões de matriz africana? É a mesma da católica e protestante? Isso acontece na economia, finanças, segurança pública, educação, saúde, quer dizer em todos os lugares do país por mais que o Brasil esteja experimentando mudanças significativas nestes últimos anos. Mas, aqui, ali, acolá. Basta sair da caverna, como sugeriu Platão.

Uma sociedade é formada por pessoas e mais que isso, por classificação material e hierarquização a partir do ter, portanto, aqui ou lá sempre estará presente esse comportamento mercantil e de subjugação dos desfavorecidos pelo modelo de sociedade excludente. Nesta dinâmica de sociedade impõem-se limites “invisíveis” que servem de controles ideológicos de manutenção do status quo de uma determinada classe que se estabelecesse através das condições matérias e suas regras legais, ideologias e instituições de controle. Opor-se a isso significa ser fortemente hostilizado (ridicularizado) afim de que se evite ser compreendido e inevitavelmente acompanhado em suas ideias, pondo fim a certas verdades praticadas.

Desta forma, especialmente para pessoas que estão abertas a novas experiências profissionais, políticas e ideológicas sobre a qual recai qualquer tipo de perseguição e muitas vezes de calúnias. No inicio é sempre difícil, pois se enfrenta adversidade, resistência e muita pressão por parte de quem se acomodou na zona de conforto e, por está nesta situação confortável, não consegue enxergar o mundo e vislumbras outras possibilidades. É a caverna de Platão. Portanto, não conseguem romper o tecido do casulo para desenvolver suas infinitas potencialidades, evitando viver novas experiências que podem proporcionar mudanças importantes na vida individual de cada pessoa. Uma das formas de exercer esta dominação é a repetição de ideias não comprovadas, portanto, ideias falsas, contra alguém em forma de preconceito, pois atende a um fim nem sempre explicito.

A partir da analise desta expressão um exemplo “despretensioso” deste comportamento nos revela nas entre linhas uma disputa entremeada da prática de xenofobia. Eu estava aguardando no saguão de embarque um voou de Vitória da Conquista para São Paulo, sentando lendo quando fui surpreendido por um dialogo de duas distintas pessoas que papeavam descontraidamente sobre o comportamento considerado por eles como desrespeitoso de muitos paulistas em relação ao comportamento cultural de nordestinos, em particular baianos. Dizia entusiasmado que ouviu falar que certa vez um baiano deu o troco. Dizia este, “... um baiano chegou numa loja e pediu ao vendedor um pinico e o vendedor sem entender o pedido, pois alegava desconhecer aquela palavra, fez gestos de que não havia entendido. Após tentar explicar sem sucesso ao vendedor que o tratava com ironia, olhou para cima e avistou um pinico e alegremente retrucou ao vendedor exclamando: Achei o pinico! Olha ele lá em cima! O vendedor, com ar jocoso lhe objetou: - Ah... O Senhor está pedindo um baiano! Por aqui, nós paulistas, conhecemos este objeto pelo nome de baiano. O fato deles terem rido como se ele fosse um truão, não afetou o baiano que, convicto, lhe respondeu: Sim! Este mesmo! Pois, quero um baiano para encher de paulista...”.

Fiquei imaginando aquela arena medíocre, a troca de “nocautes” e tentando imaginar o silêncio e o olhar mordaz da plêiade paulista implacável ruborizada com olhar de censura, que impôs aos seus pares observar de forma embargada seu ilustre conterrâneo sucumbir diante de um nordestino, para os quais, todo catingueiro é um bate-orelha. Agora algoz, porque logrou êxitos à custa de uma peripécia malograda típica de teen-agertosco, contraditório a quem diz ser um cidadão cosmopolita, impõe ao desconcertado vendedor o encargo de satisfazer o “freguês”, não obstante o mal estar daquele súbito linchamento moral. Excepcionalmente, essa história, ou estória, contada aqui possui um desfecho diferente, mas na maioria das vezes isso não acontece com o êxito propagandeado, ainda que discorde desta guerra inútil. Pois, independente do lugar que você mora haverá sempre alguém com o comportamento xenófabo, é só lembrar a relação que existe de quem mora no centro contra quem mora na periferia; de quem mora na cidade contra quem mora no campo; de quem estuda ensino de graduação superior contra quem estuda ensino médio...

 Quem nunca passou por constrangimentos iguais ou piores em suas andanças pelo mundo? Nordestinos, negros, indígenas, LGBT, necessidades especiais, obeso e magro, alto e baixo, militantes partidários e sindicalistas de esquerda, professor da rede pública, domésticas, copeiros, catadores de lixo e tantas outras profissões são diariamente vítimas de “brincadeiras” de péssimo gosto. O comportamento preconceituoso contra qualquer pessoa, com ou sem explicação, é xenofobia.

Outro exemplo curioso foi à experiência vivida no inicio da gestão em Vitória da Conquista, em 1997. Quem não se lembra de Vitória da Conquista nos idos dos anos 90? Uma cidade envelhecida, com aparência grosseira, suja e sem infraestrutura necessária ao crescimento. Urubus disputavam lugar com feirantes e compradores do bairro Brasil, Patagônia e Alto Maron. A cidade não tinha um aspecto bonito. Hoje, passado todos esses anos a cidade cresceu, abriu-se ao mundo do trabalho. Transformou ruelas em grandes e bonitas avenidas; ocupações desordenadas em programas habitacionais para quem não tinha casa; fortaleceu o comércio atraindo outros investimentos de redes maiores de mercados de serviços e produtos de consumo de primeiras necessidades; ampliou seu portfólio de serviços públicos básicos a aponto de estrangular e afetar a qualidade do serviço oferecido por sobre carga na rede própria por demanda local e de outras cidades da região que por falta deste serviços  em sua cidade vinha de forma clandestina, como no caso de Anagé. Mas, nem sempre foi tão fácil assim. Houve muitas resistências e comportamentos xenófobos, contra as pessoas de Conquista e de outras cidades que ajudaram promover as mudanças.

A mentalidade provinciana dos conquistenses que predomina até finais dos anos 90 é xenófoba e reflete o tipo de comportamento do coronelato do café conquistense, que os mantinham na mesquinhez intelectual e material, servindo apenas como mecanismo de controle social das elites cafeeira em favor da manutenção no poder dos antigos grupos políticos, formado em grande parte por famílias tradicionais oligárquicas, oriundas da aristocracia cafeeira e comercial, extremamente atrasada e quebrada financeiramente.

Este espectro ideológico dominador foi substituído gradualmente pelas ações positivas de governo diretamente organizado com e para a população, formado por pessoas e ideias diferentes das já vivenciadas até aquele momento pelo poder público municipal. Pessoas surgiam de todos os lados, procedentes de vários lugares longínquos do país para ajudar a construir uma nova cidade a partir 1997. O Governo a partir do debate amplo e democrático por intermédio dos diversos conselhos locais combateu fortemente os elementos ideológicos da burguesia que impedia a cidade de crescer e mudar seu comportamento preconceituoso, tais como xenofobia, machismo, racismo, como mecanismo de controle ideológico, visando evitar pessoas “estranhas” com ideias subversivas como os comunistas, socialistas e anarquistas que combatem o capitalismo através de suas instituições políticas e a ideologia burguesa.

Assim são tratadas as pessoas que dolorosamente saíram da caverna, mesmo que isso tenha sido custoso do ponto de vista social, político e ideológico, porque romper com facilidades, conforto ou mesmo aquelas pessoas que nunca as tiveram, mas legitima este formato de sociedade, não é fácil. Mesmo assim buscam demolir a dita caverna visando eliminar formas de dominação. A mudança é difícil, mas necessária, pois logo que se rompe o casulo e aprende a voar percebe-se o quanto é perverso e doloroso manter pessoas numa caverna quando o mundo oferece as cores, aromas e fresco primaveril que anunciam dias melhores e mais felizes.

Da mesma forma que Conquista saiu do atraso secular para as primeiras páginas de reconhecimento público de instituições internacionais pela eficiência da Gestão pública, também ocorrerá em Anagé. Observando as dificuldades e limites nesse início de gestão e ao comparar com Vitória da Conquista, podemos obter as explicações que precisamos para se livrar deste comportamento atrasado e ridículo que só serviu para manter Anagé em seu absoluto marasmo.

Aqui estão os porquês do comportamento xenófobo de antigas e atuais referencias politicas em Anagé que tanto hostilizaram lideranças ou qualquer pessoa (professor, camponês, sindicalista) privando-as muitas vezes do acesso aos serviços públicos ou benefícios garantidos em lei. Visavam na verdade impedir que ideias novas e revolucionárias mudasse a cabeça das pessoas, por isso chamava-os de forasteiros, moleques e incompetentes, nem mesmo anageenses sérios e combativos foram poupados destas xenofobias.

Sabe-se hoje em Anagé, no alvorecer destas mudanças tão evitadas pelo coronelato e sua gente perversa que eles queriam apenas evitar a todo o custo que tais ideias subversivas se propagassem e ganhassem o gosto e o coração da população. Não adiantou, pois tais ideias estão sendo implantadas com aprovação da população que está dando alento aos sonhos de dias melhores e rumos diferentes para os seus filhos que eram desassistidos e que agora podem sonhar com um futuro melhor. É por isso que a população sabiamente se livrou dos mandos do coronelato, nas ultimas eleições sem medo de ser feliz.


Portanto, esta nova gestão da Prefeita Andréa Oliveira eleita pela maioria da população de forma livre, espontânea e democrática não só pode como deve apontar novos horizontes. Vencidas as eleições, resta apenas trabalhar pelas mudanças e insurgir-se contra qualquer comportamento preconceituoso, pois não se recomenda a manutenção de prática reprováveis de xenofobia contra qualquer pessoa, daqui ou de qualquer lugar, que acredita e enxerga neste projeto político de governo de Andréa Oliveira e sua equipe o momento único de mudanças positivas para a população e que nunca é tarde para se livrar desta herança maldita, exorcizando da vida pública anageense antigas práticas conservadoras de xenofobia do coronelato, como disse Platão: "Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias".


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