sábado, 10 de novembro de 2012
As Urnas e as Lições em 2012 – 2014
* Por Joilson Bergher
Pronto! As urnas foram fechadas. Mas, ainda vive-se no calor das mesmas. Agora o cenário vai ficando mais claro e protagonistas vão assumindo seus respectivos postos, inclusive de comando. Em tal processo confirmou-se, ficando claro como a luz do sol que a burguesia, ou seja, a classe dominante no Brasil tem lado, opção, dinheiro, influência, corporação midiática e, mais, canalizou o caráter conservador do Poder Judiciário. Aliás, coube a esse mesmo poder utilizar todas as formas possíveis para tentar acabar, aviltar, derrotar a esquerda, o Partido dos Trabalhadores, e, enfim, influenciar tais eleições em favor do reacionarismo político ainda agonizante no Brasil. Para nós é claro: faz-se necessário e urgente enfraquecer de forma concreta a influência decisiva do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lá, nas eleições de 2014.
Eis a meta: tirar o Partido dos Trabalhadores do caminho eleitoral, abrindo espaço para isso que se chama de avanço do 'conservadorismo' derrotados agora em seu principal reduto: São Paulo. No mesmo pacote: a presente e constante luta profundamente ideológica capitaneada pelo Poder Judiciário brasileiro com a aquiescência decisiva de publicações em série da editora abril, organizações televisivas abertas e fechadas, canais de rádios am's e fm's Brasil afora. Aqui no Brasil não se tem oposição política baseada em programas de governo! Há sim um discurso moralista e conservador em torno da Lei da Ficha Limpa. Seria a Lei do 'Ladrão de Galinha, para dar serviço ao Delegado' ou a usurpação pela burguesia, pela elite do controle do Estado a seu benefício? De forma concreta percebe-se que frações dirigentes de 'classe' com assento no Governo Federal controla diversos governos nos Estados. Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, é exemplo dessa afirmação feita por mim. Repito: derrotar o conjunto de forças populares capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores em 2014, e tentar voltar no Brasil o Projeto neoliberal excludente da década de 1990. É importante ter isso em mente. Observe amigos leitores: há um processo muito bem sedimentado que é explorar as contradições do Partido dos Trabalhadores com o Partido Socialista Brasileiro no claro objetivo: comprometer a hegemonia do Partido dos Trabalhadores nessa aliança mais que heterogênea capitaneada no passado recente por Luiz Inácio Lula da Silva, e, continuada agora mais do que nunca como sustentáculo do governo Dilma. No caso do PSB, sem dúvida, fortalecido nas eleições em 2012, mesmo que aliado do Partido dos Trabalhadores, tem em seu líder maior, Eduardo Campos, governador de Pernambuco a possibilidade de uma ainda improvável rivalização com o Partido dos Trabalhadores visando o Palácio do Planalto. Também é claro que o PSB se desloca no cenário nacional em virtude da queda, desmoronamento, enfraquecimento e ausência de influência da direita tradicional no cenário político do país, capitaneado por PSDB,DEM,PPS...aí está o velho PSB sendo estimulado por tais setores a colocar em prática a tática anti-Partido dos Trabalhadores. Talvez esteja aí a variante: o PSB dublê de corpo da velha e já carcomida pelo tempo da direita tradicional. E mais, não se vê ainda no PSB estrutura nacional para chegar bem em 2014, faltando a tal partido definir de forma concreta o que chamo de um projeto concreto ambicioso e superior ao do Partido dos Trabalhadores. É isso: o recado das urnas foi dado – A consolidação do Partido dos Trabalhadores em torno de Luiz Inácio Lula da Silva, o grande estrategista eleitoral e puxador de votos do Brasil no último tempo histórico. O fato notável: é o crescimento do conjunto da esquerda com o Partido dos Trabalhadores mantendo o ritmo de crescimento iniciado com o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Contando com a Vitória da Cidade de São Paulo, e considerando ainda o conjunto dos 83 municípios com mais de 200 mil eleitores, estando aí a cidade de Vitória da Conquista inclusa, o Partido dos Trabalhadores vão governar 30% do eleitorado, um bom percentual, por sinal, bem acima de sua média nacional. Para efeito comparativo, o DEM, por exemplo, teve desempenho pífio, o pior de toda a sua história. Comandará apenas 5% do eleitorado, número bem abaixo do que obteve no ano de 2008. portanto, o Partido dos Trabalhadores e o PSB foram os partidos que mais ampliaram em número de prefeituras em relação a 2008. O PSD se destacou entre os maiores partidos, mas sem influência em cidades consideradas grandes. O PSDB e PMDB, outrora, grandes, diminuíram tanto, mas tanto que já se retoma a tese de fusão com o carcomido DE, de saudosa memória. Vejo como bom destaque até mesmo o Psol, partido esse oriundo de uma tendência a esquerda do Partido dos Trabalhadores em 2004, elegeu prefeito no Estado do Rio de Janeiro, tendo um crescimento vertiginoso de 96% em número de vereadores. Ainda no Rio de Janeiro, Marcelo Fleixo do Psol, conseguiu a proeza de obter 28% dos votos válidos com apenas 1 minuto de televisão, ao passo que, Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM, só obteve míseros 2% dos votos válidos. Seria o triste fim de 'Policarpo Quaresma', aquele em que os 'amigos' insistia em dizer que não estava morto (?) No cômputo geral, o que precisamos é de forma honesta fazer o debate com seriedade em torno da necessidade de mudanças reais. Em cheque o regime político brasileiro. De forma concreta desejo e anseio um governo eficiente, uma gestão comprometida e transparente em todos os níveis da administração pública. Mas não é só isso: é prestar contas, mas não aquela comumente maquiada. É aquela 'oportuna e adequada, accountability'.
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Joilson Bergher, professor de História, especialista em Metodologia do Conhecimento Superior/UESB, pesquisador independente do negro no Brasil, Graduando em Filosofia, UESB
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