Translate

Seguidores

domingo, 4 de novembro de 2012

ANALISE DE CONJUNTURA TRÊS



* Por Professor João Paulo

Vivemos atualmente sob a hegemonia total do modo de produção capitalista, e não percebemos no planeta nenhum movimento de reação dos movimentos sociais, claro que não vamos negar aqui, que existem indivíduos engajados nas lutas por uma nova sociedade em todos os cantos dos planetas, pensadores que insistem em fazer o enfrentamento à ideologia dominante, mas práxis do movimento social é de aceitação e acomodação à ordem, hora por terem deixado de acreditar, hora por terem sido vencidos no processo político, hora por adequação a ordem mundial. A verdade é que os anos 90 do século passado marcaram os movimentos sociais, socialistas, anarquistas, cristãos progressistas com um refluxo, e a perda da cresça na possibilidade de um mundo novo. E a Perestroika e a Glasnost, paralelamente com a queda do muro de Berlim, a abertura política e econômica na China e a queda do regime cubano, varreu como um furacão os sonhos de vivermos em uma sociedade socialista.


Nesse contexto os partidos políticos outrora socialistas também sofreram este refluxo por todo mundo, o resultado disso é que podemos ver em todo o planeta, os chamados partidos socialistas no poder, desenvolvendo políticas de caráter social democratas, buscando resistir à onda neoliberal a partir da intervenção dos Estados na vida econômica e consequentemente interferindo nas questões sociais, tentando garantir o emprego e renda da classe que vive do trabalho, garantindo políticas reparadoras das contradições impostas pelo avanço das políticas capitalistas neoliberais, o que não tem dado certo, já que assistimos a uma crise planetária da economia de mercado. Processo esse que também assola nosso país, pois não somos uma ilha estamos diretamente ligados ao resto do mundo e vivenciamos os mesmos acertos e os mesmo erros que todos os países a partir do desenvolvimento do neoliberalismo no Consenso de Washington.

Como em outros países do mundo tivemos a ascensão do projeto neoliberal, que teve seu início com a eleição de Fernando Collor de Melo, primeira aposta da burguesia internacionalista brasileira e que não deu certo, em função da fragilidade intelectual do representante destas elites para a concretização do projeto em curso, mas tirando da cartola, essa mesma burguesia, percebeu no PSDB, partido de origem social democrata, e de centro, as prerrogativas necessárias para a implantação do neoliberalismo brasileiro. Era o mesmo projeto do Consenso de Washington numa versão tupiniquim, que inicialmente funcionou a contento, claro para a classe que se beneficiava com dele, e cruel para aqueles que formam a maioria da população, a classe trabalhadora. Após oito anos dirigindo o Estado brasileiro esse projeto mostrou sinais que não poderia continuar e o resultado disso seguiu uma tendência mundial da chegada ao poder político de setores da esquerda.

Claro que não haveria espaço para os setores revolucionários, como em outros cantos do planeta, os setores da esquerda chegaram ao poder, mas sob os olhares atentos das elites que já mais permitiram que militantes da esquerda revolucionária subissem ao ponto mais alto dentro da famigerada democracia estatal burguesa. O Partido dos Trabalhadores e seus aliados históricos foram eleitos à presidência da república, com um papel claro de salvar o modo de produção, garantir o equilíbrio econômico, fazer investimentos em áreas sociais, com objetivo de contemplar a população que vive do trabalho, e ao mesmo tempo impedir o crescimento dos conflitos sociais. O que a burguesia não contava era com a possibilidade destes partidos se tornarem grandes administradores do bem burguês, e ao passo que garantiram a estabilidade do sistema político, passaram a gerenciar o Estado de Direito garantindo a classe que vive do trabalho melhorias claras da qualidade de vida.

Um exemplo claro disso é o Brasil, que após a eleição de Lula, conseguiu tirar 28 milhões de pessoas da condição de miseráveis, elevou da classe D para a classe C 40 milhões de trabalhadores, instituiu o Bolsa Família, que ao contrario da afirmação tosca que é um programa que teve início com o governo FHC, passou a ser um excelente programa de distribuição de renda e um competente programa econômico, que garante a entrada de milhões de reais por ano no mercado interno, o que tem garantido a estabilidade econômica do país mesmo em tempos de crise econômica mundial, criou o minha casa minha vida, que alem de está acabando com o déficit de moradias, tem gerado emprego e renda a população brasileira, vem ampliando gradativamente os investimentos na educação e saúde, medidas que são garantida pelo crescimento da economia.

No cenário mundial a política brasileira, tem garantido a democratização da ONU, criando espaços para países emergentes, desviando os olhares do mundo para a tentativa de resoluções dos problemas ecológicos, tem procurado solucionar conflitos étnicos, religiosos e até de interesses econômicos.

É claro que podemos questionar essas ações de gerenciamento competente do Estado burguês, caminha em direção a uma nova sociedade? O governo petista seja ele no âmbito municipal, ou estadual ou federal, tem contribuído para a construção de uma sociedade socialista?

E os mais céticos vão dizer não, é a mesma política desenvolvimentista, outros dirão, não há nada de revolucionário em administrar o bem burguês, outros dirão, se renderam a ordem capitalista, capitularam. Eu diria que o PT tem sim construído uma Ilha de resistência ao neoliberalismo no Brasil, bem como, outros dirigentes e movimentos sociais por todo mundo tem se levantado em defesa da permanência da ideologia de esquerda que sonhe com uma sociedade socialista, justa, humana e solidária. E quando falo de Ilha aqui, não estou dando o mesmo sentido que dei em um parágrafo anterior, aqui apresento a palavra ilha como um espaço de resistência, anteriormente trabalho essa palavra para mostrar que estamos diretamente ligados a todo o processo de globalização desenvolvido pelo modo de produção capitalista.

Claro que a forma não é mesma em todos os espaços da luta, é claro que a hegemonia do capital sobre o mundo desenha um quadro de desesperança em todos os sentidos, pois tem gente que não acredita mais nem na manutenção da vida no planeta Terra. Entretanto, os sinais estão aí: quando um governo se propõe a fazer uma gestão que mesmo sendo reformista e de caráter liberal, procura garantir conquistas a classe trabalhadora, como forma de garantir a estabilidade econômica, a sinais de mudanças. Quando um governo mesmo sabendo que será isolado do resto do planeta, resolver enfrentar as grandes potencias do mundo acreditando que vai melhorar a vida do povo, é um sinal de mudanças. Quando um país emergente vai para dentro da ONU, e briga por uma cadeira, questiona a atuação da maior potencia econômica mundial, faz criticas a postura antropofágica das duas maiores potencias econômicas do planeta em relação às questões ecológicas, são sinais de mudanças.

E os exemplos desta mudança continuam brotando da luta do povo, dos movimentos espontâneistas da França, e de outras potencias europeias, da eleição de um negro para o posto mais alto da política norte americana, que do ponto de vista político e econômico não alterou a configuração mundial, mas do ponto de vista étnico marcou uma vitória de um povo que durante séculos foi relegado à condição de sub-raça humana, das lutas contra o preconceito de gêneros, da organização das mulheres por mais espaço e respeito social, da luta dos agricultores populares e pela abertura dada pelo governo a estes setores sociais, e são essas lutas que vem se constituindo em ilhas de resistência ao neoliberalismo, e possibilitando que a esperança de um dia vivermos em um mundo mais justo e alternativo a esta ordem nunca se esgote.

Sei que a discordâncias do conteúdo trabalhado aqui, mas é preciso alertar para esses setores que as mudanças estão aí, as sementes estão sendo lançadas, e alguém precisa começar a cultivá-las, tivemos aqui em Conquista um caso claro de luta de classes no segundo turno da eleição municipal, ao contrario do que se imagina o segundo turno foi ótimo para a vida política e para a militância de todos que ainda sonham com esse mundo novo. Tivemos a oportunidade de debater projetos, de fazer algumas pessoas perceberem que existem dois lados na sociedade, e que eles estão bem definidos.

Por outro lado, tenho ouvido avaliações de que houve uma derrota do PT para a prefeitura de Salvador e que isso enfraqueceu o governador Jaques Wagner e consequentemente o Partido dos Trabalhadores, ledo engano, no início da campanha em Salvador as possibilidades de um segundo turno eram mínimas, o partido mesmo tendo os erros cometidos pela gestão do governador JW, cresceu na avaliação popular, ultrapassou o PMDB, e levou a disputa para o segundo turno, perdendo a eleição por uma diferença que não foi tão grande.

No cenário estadual ouvir comentários do tipo, perdeu em Feira de Santana, em Itabuna, em Ilhéus, na verdade o Partido dos Trabalhadores nunca ganhou uma eleição em duas destas cidades, e em outra só foi prefeito por dois mandatos. Venceu junto com os partidos da base em 314 municípios, o que mostra um fortalecimento do projeto. E isso não se trata só de uma eleição, é um sinal claro de resistência, um projeto que não é socialista, mas também não se alinha completamente com o neoliberalismo, um projeto que vem investindo em conquistas pontuais, mas significativas dos movimentos sociais, é sim uma ilha de resistência à ordem dominante.

E mesmo tendo as críticas e as mantendo, não dá pra negar que algo está sendo construído, e em vez de cruzar os braços e ficar de fora do processo histórico e político criticando tudo que está sendo feito, é preciso assumir uma postura, fazer a crítica quando necessário, pois e um processo em gestação, e os erros vão acontecer sempre, mas também perceber os acertos e procurar construí-los, pois certamente os resultados deles serão o adubo para a frutificação de uma nova história.

0 comments :

Postar um comentário

Buscar neste blog

por autor(a)

Arquivo

Inscreva seu e-mail e receba nossas atualizações: