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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Sobre uma Chapa Lula-Alckmin

"É crer no adversário histórico declarado, é acreditar na imortalidade política e biológica de Lula, é a esquizofrenia política sem remédios".

 

*por Luis Rogério Cosme

 

O êxito da proposta de uma chapa Lula-Alckmin servirá para entendermos que a teoria das classes sociais, e as experiências últimas de ataques contra a esquerda, e ao PT em particular, não serviram para nada no contexto do aprendizado político no Brasil.  Alguns se apegam a frase de Churchill dita na 2ª Grande Guerra: “Para vencer Hitler me uniria até com o diabo”, para embasar a proposta.

É um equívoco assim pensar no contexto atual. Vejamos:

a) Bolsonaro não é Hitler, mas uma péssima cópia dele mesmo, uma bizarrice neonazista, que desidrata a cada dia, eleitoralmente;

b) As bombas não estão caindo sobre os nossos telhados, como ocorria em Londres. Estamos falando de genocídio pela fome e por Covid-19, que decorrem de falta de governança, de incompetência de um governo entreguista de extrema direita, cujo arsenal bélico é a mentira diária nas redes sociais;

c) o PT ou Lula não é o partido odiado da vez, nem fora plenamente em 2018, pois chegou ao 2⁰ turno com o nome de Fernando Haddad, que entrou na batalha eleitoral no apagar das velas, depois de um massacre midiático sofrido pelo PT, como nunca houve na história com qualquer partido político que tenha estado no comando em Brasília, desde a redemocratização.

Um segundo argumento, em favor da aliança, é o da chamada “governabilidade”, que nada mais é que a “conciliação de classes” pontual, que a suposta aliança com o “Picolé de Chuchu” pode proporcionar, acalmando os afetos do centrão e do mercado financeiro. Tolice! O pacto entre a direita brasileira e o PT já foi rasgado faz tempo. Roubaram, por golpe, uma presidência legítima, prenderam um ex-presidente por 580 dias sem provas, destruíram direitos sociais, humanos, e Geraldo Alckmin fez parte desse conluio. Remendo novo sobre tecido esgarçado, a sabedoria popular sabe bem onde vai dar...

O terceiro argumento é que a presença do ex-governador puxaria de 3% a 5% dos eleitores de São Paulo para votar em Lula, “dando uma vitória no 1⁰ turno”. Antipetistas ferrenhos votando em Lula é algo que eu não pagaria para ver, tendo Dória, Moro ou Bolsonaro como opções. “É que essa chapa traria apoio do centro para a campanha” – dizem também ... Meus Deus... Para o centro brasileiro só precisa “bater a mandioca”, ou liderar as pesquisas... Foram 135 pedidos de impeachment contra Bolsonaro arquivados pelo dito Centrão. Mesmo o presidente mal avaliado, comentando crimes de responsabilidade, mas tocando bem a mandioca. O centro topou tudo...

Se esta chapa vigorar, é porque vivemos o aqui e agora, teoria e memória não têm serventia. É a supremacia do instinto na política, e até o “TikTok” da selva sabe onde isso vai desaguar, quando mostra o veado matando a sede num rio cheio de crocodilos. Essa aliança evidencia a força de uma pós-modernidade política da pior espécie. É crer no adversário histórico declarado, é acreditar na imortalidade política e biológica de Lula, é a esquizofrenia política sem remédios, que pode transformar todo um esforço sociopolítico em nada, haja vista que não se deve subjugar o papel de vice-presidente no Brasil, desde José Sarney, passando por Itamar Franco, até chegar em Michel Temer. Tal “fatalidade” do vice ser presidente é real e vezeira por aqui...

Se um partido da envergadura social do PT passar a agir movido por “instinto eleitoral”, mostrará que o horizonte utópico está confuso ou perdido... Não há metas sociológicas, quando apenas a vitória eleitoral importa. Não entra na conta um projeto de Nação e as reais motivações do povo brasileiro que sofre o peso do neoliberalismo? O que vale é “derrubar o homem”? Ora, isso é coisa que se escuta nas eleições de municípios com 10 ou 30 mil habitantes, Brasil à fora. Que reducionismo visual será este que estaremos vivendo nas trincheiras da luta de classes?

Um projeto de esquerda ou de centro-esquerda soaria bem melhor, no desastre que se mostrou o Neoliberalismo brasileiro, com os militares reacionários e a extrema direita no poder. Uma chapa Lula-Alckmin na essência não representa um projeto de centro esquerda, mesmo se o tucano se filiasse ao PSB, o que só mostraria o oportunismo desse cidadão conservador, ao aceitar o rótulo de socialista. Esse sim, se juntaria até com o diabo para vencer Dória em São Paulo, e trabalha nisso. E o diabo para Alckmin sempre foi e será Lula.

Anota aí...

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