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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
RUI COSTA: o ‘samba da desilusão’ é a dança da morte contra os servidores públicos do Estado da Bahia
fevereiro 13, 2020
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por
Vinícius...
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Foto originalmente publicada pela Redação Bocão News |
"Aos 51 anos, Rui Costa dos Santos é eleito governador da Bahia com 3.558.975 votos. Nascido em Salvador, no bairro da Liberdade, Rui é formado em Economia pela Universidade Federal da Bahia. Iniciou sua carreira política participando no movimento sindical ainda na década de 80 ao lado de Jaques Wagner, quando chegou a dirigir o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica (Sindiquímica)."
Matéria publicada pelo Bocão News, intitulada "Da Liberdade ao Palácio de Ondina:conheça a trajetória de Rui Costa." no dia 07 de outubro de 2014.
*por Herberson Sonkha
Isso está acontecendo aqui no Estado da Bahia.
Se verificarmos cuidadosamente a PEC 159 é a total pauperização dessa categoria, basta verificar a proposta de reforma da previdência para constatar os inúmeros retrocessos às conquistas sociais que figuravam como direitos pétreos dos servidores públicos do Estado, visto que acaba de ser jogado na lata do lixo. Valer-me João Gilberto, você concorda com a gente, o cara não é um “bom sujeito”. Valer-me Paulinho da Viola, assim como nós, reforçai ao vosso povo baiano que essa gente – governista, carreirista, fisiologista, patrimonialista – “vacilou” feio e vai custar caro, pois não se deve cogitar o futuro omitindo o passado.
Lembra-se de quando escrevemos sobre o que agora é “passado”? Dissemos lá em 2009 no livro “A alma do animal político”, repetimos em 2012 com a entrevista feita pelo blog do Sonkha (“Rui Costa vence, mas o PT perde”) com o autor do livro citado acima, o professor da UFBA, Dr. Luís Rogério; repetimos em 2014 e mais recentemente em 2018 reafirmamos que Rui Costa não era uma opção politicamente viável para a classe trabalhadora e nem para as populações subalternizadas da Bahia (sobretudo negra).
Nenhuma linha escrita respondendo ou ratificando as nossas narrativas críticas. Nada de análise profunda surgiu dessa base governista subserviente, só o silêncio inquietante dos “intelectuais de esquerda” circulou nas mídias sociais, o que nos faz crê que optaram pela cômoda resposta tácita de que “toda crítica ao governo do “PT”, provem da direita”.
Exceto o lumpesinato da pseudo-esquerda, parasitas havidos por um galalau que a boquinha do contratinho ofereceria, responderam expressando sua satisfação, “Equi donati dentes non inspiciuntur” e aquelas outras parasitas da burocracia burguesa, liberais conservadores que se escondem por detrás de um discurso tecnocrata da pretensa isenção cientifica, estes exerceram o seu “jus esperneandi” e aqueles outros cabo-eleitorais vociferando maledicências e bajulações em troca de algumas migalhas.
Nesta banda do estado ouviu-se apenas o silêncio ensurdecedor dos cargos e dirigente desses partidos, confirmando um preludio desastroso que nós já havíamos compreendidos em nossa análise e diagnóstico da realidade objetiva desde 2012, uma vez que o Rui Costa já se demonstrava ser um economista neoliberal convicto e suas respectivas vitórias eleitorais significariam o aniquilamento e o desaparecimento da voz orgânica de esquerda dentro (e fora) do PT e que isso era uma estratégia para viabilizar medidas socioeconômicas conservadoras.
Fomos execrados em praça pública pela “esquerda” de conveniência do PT (não só do PT...), que salivava caninamente com a possibilidade de assumir cargos, mimos e favores no governo. Todas as forças orgânicas de esquerda foram apedrejadas, linchadas moralmente por forças de direita dentro do partido, hostilizadas como esquerdopatas pelo campo hegemônico.
Além de não votarmos no “bom mocismo” criado pelas elites do atraso que governaram a Bahia por séculos e mentido pelos governos petistas hegemônicos, seguimos o feeling poético joãogilbertiano ao infirmar o “bom sujeito” como agente político para a Bahia. Por razões apresentadas acima, recomendamos votos em candidaturas com projeto e práxis política da esquerda orgânica contra essa tendência de direita dentro do PT com possibilidades reais de ganhar o governo da Bahia.
Vide a atual situação de assalariamento e precarização dos servidores públicos estaduais – do orçamento das universidades estaduais, do ensino médio, do fechamento de escolas estaduais, da docência e de técnicos dessas instituições. Pois, era disso que estávamos falando em nossos textos, discursos e posturas de esquerda. Isso não acaba aqui, pois virão às demais reformas draconianas tão necessárias para azeitar a maquinaria estadual nos limites da plataforma neoliberal de acordo as exigências do Estado mínimo.
João Gilberto vem dizendo desde 1961 que “quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé” para advertir sobre a necessidade de buscar a coerência entre discurso e prática. Podemos tomar o samba em seu sentido metafórico para aplicar por analogia a análise política sobre proposta eleitoreira sem qualquer efetividade e compromisso com a classe trabalhadora e as populações em situação de risco no Estado da Bahia.
Sobretudo, quando se trata da situação de múltiplas vulnerabilidades que afetam as comunidades urbanas, camponesas e quilombolas constituídas por afrodescendentes, que padece deste mal socioeconômico e político no mundo contemporâneo que não dirigido por nenhuma outra modulação, senão pela rígida ditadura da sociedade civil burguesa e do sistema econômica capitalista.
Não gostar de samba, patrimônio da humanidade, é o mesmo que ferir a nossa identidade sociopolítica, religiosa, cultural e filosófica afrodescendente. Governar a Bahia sem diminuir os índices de violência letal às populações jovens, mulher e LGBTI negras; o desemprego, a fome e a miséria; o ataque a terreiros e; como a Bahia é o Estado, principalmente Salvador com maior população negra, segundo o IBGE (82,1% PNAD 2017) depois da África, por isso a PEC 159 afeta essencialmente a população negra.
Realmente não pode ser um “bom sujeito”, pois não adianta dizer que respeita o samba, mas não tem politicas publica para nossa população. O samba é a nossa voz que grita contra o deserto da estupidez de um governo neoliberal que continua ignorando o nosso clamor por justiça social, economia, religiosa, cultural e política e isso vem de longe, tem raízes longínquas, já que surge com os griôs na Bahia por volta de 1860. A nossa ciranda política da resistência caminha na mesma circularidade do ilê axé e da capoeira, o samba é uma dança de roda perpassada pela africanidade dos girê de malungos e malungas, na raiz.
A considerar o que acontece na Bahia com a população negra há séculos e mais recentemente com servidores públicos do Estado, afetando a população negra, pode se afirmar que o político bostético que ocupa o lugar de governador nunca nasceu no berço do samba, aliás, ele não gosta de samba, muito menos de quem gosta e, pior ainda, do sambista que é o nosso griô.
Ele trocou sua pertença por uma deslumbrada oportunidade de dirigir o Estado construído pela etnicidade branca, sem alterá-lo, seguindo na mesma direção daqueles senhôzinhos da Casa Grande, fetichizado pela ideia liberal burguesa gerencialista de líder tecnicamente competente para “administrar” a maquinaria pública do Estado, que nem se deu conta de que na verdade ele estava recebendo era à comenda de capitação do mato. Isso para o jovem dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Polo Petroquímico de Camaçari era uma ofensa, provavelmente um insulto absurdamente impossível, repulsivo e repugnante.
O momento no Brasil é de aversão ao samba e tudo que ele representa no plano intelectual, artístico-cultural e religioso. Isto é um problema do constructo mental que forja as estruturas do pensamento moral ocidental que constitui o ethos da civilização branca burguesa contemporânea. Além disso, ele é degenerativo em uma sociedade supremacista, conduzida por uma intelligentsia que cultua abertamente a ideologia da superioridade para um único e determinado grupo social sobre os demais.
Esse discurso absolutamente natural para o modismo petista serviçal da Casa Grande, feito por esse capitão do mato, reflete os interesses dessa gente que ficou lá atrás presa nos escombros do estalinismo, pra eles a cultura saudável da crítica (não da maledicência fascista) não passa de esquerdismo ou de coisa de esquerdopata. Os quatro mandatos do PT na Bahia nem sequer tocou essa questão étnico racial, até porque a SEPROME é apenas uma vitrine para o governo.
Não obstante, reconhecermos que é um esforço zumbilico dos dirigentes negros dessa pasta que são militantes sérios e comprometidos com as pautas do Movimento Negro, mas o governo não enxerga dessa forma. Portanto, sucateira quando não põem recursos necessários para financiar essas políticas. Por isso, continua persistindo o racismo institucional, estrutural e religioso pelos quatro cantos do Estado.
Mas, o espetro de senhôzinho da Casa Grande continua decidindo as ações do governo, agindo nos bastidores da política institucional desenvolvida pelo Palácio de Ondina. No entanto, essa consciência branca supremacista continua rasa, lassa e racista e essa sociedade padece pela clássica ignomínia exercida criminosamente contra extratos sociais empobrecidos predominantemente formados por afrodescendentes e isso é tão presente que tenta ser naturalizado em toda e qualquer sociedade que proclama a supremacia branca.
Talvez não seja exatamente isso que João Gilberto tenha dito em sua narrativa poética, no entanto, penso que não seja tão diferente disto já que ele afirma categoricamente que esse “não gostar” está relacionado a algum problema que pode ser no campo ético-moral, psicológico e/ou físico. Portanto, poeticamente falando não há nenhuma dúvida quanto a isso, c'est fini!
Além de gostar de dança de roda ainda se tem o privilégio de desfrutar do engrandecedor conhecimento que permeia esse mundo culturalmente enriquecido pela humanidade vocalizada pelo conhecimento cognitivo do sambista. Óbvio que esse movimento cognitivo torna a poesia um importante instrumento de inflexão-reflexão-ação (não menos bela) pela verve ardente da poética do compositor.
Nesse sentido, quero pedir licença ao sambista Paulinho da Viola para me apropria do “Samba da solidão” para dar o tom desse nosso dialogo crítico contra o governador do Estado da Bahia, seus mandatos e as suas narrativas que demonstram uma posição política contraditória de quem fala como oriundo da pobreza, mas se comporta como opressor.
Não obstante, reconhecer que essa opressão se dar com a permissão daqueles e daqueles petistas emudecidos e dos eleitores que o elegeu a partir de outra perspectiva social que não é essa em curso, equidistante do atual agente político neoliberal que se encastelou no Palácio de Ondina e agem como qualquer outro agente político branco opressor que historicamente se posiciona nessa arena como nosso algoz.
O samba ainda fala com a gente e, muitas vezes fala por a gente, e o Paulinho da Viola, um griô da música popular brasileira, que continua a nos influenciar profundamente com as suas canções, a exemplo de “samba da solidão”, vê ao nosso socorro nesse momento de guinada para extrema-direita de um governo supostamente petista – seria irônico se isso não fosse trágico, né?
Num olhar mais distraído, um ouvido desafiando, essa bela canção se perde no labirinto de alguma paixão alienada por não ser correspondida. Longe disso, Paulinho da Viola é um poeta crítico completo, sua narrativa habita os andares de baixo, portanto para se esquivar da censura e da truculência dos facínoras autocráticos da ditadura civil-militar (1964-1985) ele usa de muita figura de linguagem para causar aos ouvidos mais palatáveis a elaborações mais profundas da sociedade, sensíveis as narrativas contra o regime militar o efeito desejado, “dança da solidão” é uma crítica mordaz ao regime dos facínoras de plantão.
Exatamente por isso que essa canção abre o título desse texto porque o momento de recrudescimento do nazifascismo no Brasil exige olhos e ouvidos mais atentos aos movimentos da Casa Grande, sobretudo porque seus representantes na institucionalidade atuam na política em favor do sistema econômico capitalista parasitário.
Nesse sentido, a minha escrita tem por finalidade contrapor radicalmente ao comportamento sabujo desse mestiço pobre, que desonra ter nascido na Liberdade, em Salvador, um bairro populoso predominantemente negro e pobre, antigo complexo de quilombos e ter “conseguido” subir nas costas dos seus para alçar ao mais alto cargo na política institucional do Estado apoiado na trajetória construída pela militância de esquerda do Partido dos(as) Trabalhadoras(as) e outros partidos no campo da esquerda, usando essa oportunidade apenas como escada para poder assumir uma postura de “capitão do mato” e incitar a polícia contra seus(as) próprios(as) companheiros(as) benfeitores(as).
Nessa peleja que parece não ter mais fim, acreditar por ingenuidade ou má fé num governo neoliberal, que agem como “capitão do mato”, corre-se o risco de vivermos sofrendo num regime do chicote condenados a viver retilineamente a contradição, pois tudo isso é “desilusão, desilusão / Danço eu dança você / Na dança da solidão”, pois somos nós por nós mesmos!
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