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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Uma análise do artigo de Edwaldo Alves Silva

*por Herberson Sonkha



Ao me debruçar sobre a análise do artigo de Edwaldo Alves Silva, ideólogo orgânico da classe trabalhadora e histórico militante do Partido dos Trabalhadores (PT), reconheço o risco de incorrer em falhas, mas não posso ignorar a importância deste exercício crítico. O desafio de construir uma formação intelectual comunista, com base no marxismo-leninismo, é monumental. Este desafio se agrava, especialmente devido à intensa propaganda ideológica liberal que busca desconstruir os fundamentos teórico-metodológicos do marxismo-leninismo, além da exigência de rigor científico.

No que tange à primeira questão, utilizo a compreensão da luta de classes proposta por Edwaldo Alves, que responde de forma contundente ao processo de deslegitimação e criminalização do marxismo-leninismo. A segunda questão é inegável: é imprescindível ler e submeter os pressupostos à realidade concreta para apreender a dinâmica socioeconômica que revela o movimento sistêmico de reprodução do capital, refletindo uma teoria social que busca explicar a ideologia dominante que rege as instituições políticas liberais burguesas.

Dessa forma, proponho uma análise crítica do artigo de Edwaldo Alves Silva, fundamentada nos princípios do materialismo histórico-dialético. O artigo, ao abordar a recorrência de farsas políticas no Brasil, oferece uma visão crítica que ressoa com os postulados do materialismo histórico-dialético. Para uma compreensão mais profunda dos fenômenos descritos, é crucial situar essas farsas dentro da dinâmica das relações de classe e da luta de classes que moldam os acontecimentos históricos. Assim, analisamos a abordagem de Alves Silva, ressaltando suas contribuições e limitações à luz da teoria marxista-leninista.

O que confere ao artigo de Edwaldo Alves uma consistência analítica é a utilização do materialismo histórico-dialético como método para examinar as farsas políticas brasileiras. Essa abordagem, desenvolvida por Marx e Engels, postula que a história é impulsionada pelas contradições entre as forças produtivas e as relações de produção, manifestadas nas lutas de classes. Alves Silva, ao descrever a repetição de farsas políticas, relaciona os golpes de Estado e as crises políticas à manutenção dos interesses da classe dominante.

A citação do "Caso do AI-5" é emblemática dessa repetição de farsas, onde Alves Silva traça um paralelo entre o AI-5 de 1968 e as tentativas de Jair Bolsonaro de boicotar as comemorações do 7 de setembro. A análise dialética deve considerar que a primeira farsa foi um produto de uma crise econômica e política profunda, exacerbada pela resistência popular e pela necessidade da burguesia em consolidar o regime militar para proteger seus interesses econômicos. As tentativas de Bolsonaro, por sua vez, refletem uma crise política atual e uma tentativa de mobilizar uma base política em declínio. A diferença reside no fato de que, no contexto atual, o poder burguês está mais consolidado, tornando as ferramentas repressivas menos necessárias.

Da mesma forma, a citação do "Plano Cohen e o Estado Novo" também se insere na narrativa de farsa e manipulação. Edwaldo Alves discute o "Plano Cohen" como um exemplo de farsa que culminou no golpe de 1937. Sob a ótica marxista-leninista, esse evento ilustra a manipulação das elites para consolidar seu controle diante de uma crescente mobilização popular e comunista. O Estado Novo foi uma resposta direta às pressões internas e externas, demonstrando como a burguesia utiliza farsas para justificar a repressão e proteger seus interesses. Embora o artigo de Alves Silva valide essa visão, poderia aprofundar a análise sobre como a burguesia utiliza tais farsas para moldar o consenso e impedir a formação de uma consciência de classe proletária.

Ao trazer esse processo de repetição das farsas para os dias atuais, Edwaldo Alves localiza no "Impeachment de Dilma Rousseff" esse movimento recursivo, abordando-o como uma continuidade da tradição de farsas políticas. O materialismo histórico-dialético oferece uma lente para entender que este evento não foi uma farsa isolada, mas parte de uma luta de classes contínua, onde a burguesia se vale da crise econômica para promover um golpe legalista, mantendo seu domínio sobre o Estado. A crise fiscal e econômica foi instrumentalizada para deslegitimar o governo e legitimar a ação golpista, refletindo as contradições do sistema capitalista em crise.

Ao posicionar corretamente a repetição e manipulação de "acontecimentos" pela burguesia no cenário mais amplo do país, Edwaldo Alves credencia sua análise para explicar e criticar os desdobramentos no âmbito municipal. Ele elabora a trama que embasa a crítica às práticas políticas locais, especificamente em Vitória da Conquista. É imprescindível criticar a prefeita dessa cidade por utilizar empréstimos para ações eleitoreiras. Essa análise, embora pertinente, poderia ser expandida para discutir como as práticas políticas locais refletem as dinâmicas de poder nacionais e globais. A análise dialética deve considerar como a corrupção e o clientelismo são manifestações das contradições internas do sistema capitalista, onde a luta por recursos e poder local é uma extensão das tensões nacionais e internacionais.

Por fim, é necessário destacar os avanços e limitações na análise de Edwaldo Alves Silva. O artigo oferece uma crítica valiosa às farsas políticas no Brasil, alinhada com a tradição marxista de análise de classe. No entanto, uma abordagem mais aprofundada poderia integrar uma análise mais detalhada das dinâmicas de poder e das relações de classe que perpetuam essas farsas. Concordo plenamente com Edwaldo Alves ao afirmar que a teoria marxista-leninista é uma ferramenta poderosa para entender que a história não se repete mecanicamente como tragédia ou farsa, mas como um processo dialético, onde a luta de classes molda e redefine continuamente o curso dos eventos históricos.


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