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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Nossa paciência se esgotou

Foto: Davino Nascimento

"Nossa paciência se esgotou": Professor e compositor Davino Nascimento denuncia o abandono das obras no Jardim Guanabara e critica a gestão pública municipal.

*por Herberson Sonkha



Vitória da Conquista - Setembro de 2024 – Em uma entrevista exclusiva, o professor e compositor Davino Nascimento expressou as preocupações dos moradores do Jardim Guanabara em relação à paralisação das obras de pavimentação no bairro. A comunidade, após meses de promessas não cumpridas, está organizando um protesto para reivindicar a conclusão do asfaltamento nas ruas que foram negligenciadas pela gestão pública. A reportagem ouviu Nascimento sobre a situação, o impacto na vida dos moradores e suas perspectivas em relação à administração municipal.

Herberson Sonkha: Professor Davino, como se iniciou o processo de pavimentação no Jardim Guanabara, e em que estágio ele se encontra atualmente?

Davino Nascimento: As obras tiveram início em 2 de maio de 2024, com a terraplanagem das ruas. Inicialmente, a expectativa dos moradores era elevada, pois foram prometidas melhorias significativas na infraestrutura do bairro, que carece de pavimentação. Contudo, desde então, o progresso tem sido lento. O trator avançou de forma gradual em algumas vias, e apenas uma das cinco ruas inicialmente previstas foi completamente asfaltada até o momento, sendo esta a Rua D.

Herberson Sonkha: E quanto às demais ruas do bairro?

Davino Nascimento: Das cinco ruas que necessitam de pavimentação, três foram parcialmente preparadas com terraplanagem, mas apenas a Rua D foi finalizada com asfalto. A Rua Telê Santana, que deveria receber o asfalto primeiramente, permanece sem conclusão. As outras ruas estão em condições inadequadas, o que afeta os moradores, especialmente durante o período de chuvas, quando a poeira se transforma em lama. Até a presente data, 18 de setembro, continuamos aguardando a concretização das promessas de finalização.

Herberson Sonkha: Você mencionou que houve justificativas por parte das autoridades locais. O que foi comunicado aos moradores?

Davino Nascimento: A justificativa oficial apresentada foi a falta de insumos para a pavimentação. Essa informação foi divulgada entre os dias 12 e 13 de setembro. Nos foi informado que as obras seriam retomadas na terça-feira seguinte, depois na quarta-feira, mas, até o momento, não houve progresso. Paralelamente, outras obras de pavimentação em diferentes áreas da cidade foram iniciadas e concluídas nesse mesmo período. Isso levanta questionamentos sobre a real falta de material ou se a prioridade da gestão municipal é outra.

Herberson Sonkha: Como essa situação tem impactado a vida dos moradores?

Davino Nascimento: A situação é bastante difícil. Muitas famílias enfrentam problemas com a poeira durante a seca e com a lama quando chove. Além disso, a ausência de infraestrutura afeta o comércio local, a mobilidade de idosos e crianças, e a segurança, uma vez que as ruas estão intransitáveis. Os moradores expressam um sentimento de abandono e estão considerando protestos.

Herberson Sonkha: Os moradores relataram que outras obras foram iniciadas e finalizadas durante o período em que o Jardim Guanabara deveria ter recebido atenção. O senhor acredita que esse tipo de ação seletiva expõe uma política de segregação urbana?

Davino Nascimento: A situação sugere uma divisão nas prioridades de investimento. O capitalismo brasileiro apresenta uma divisão socioespacial. As regiões periféricas frequentemente recebem menos atenção, enquanto os investimentos se concentram em áreas que podem gerar lucro imediato. Ao analisarmos as obras inacabadas do Jardim Guanabara, notamos que algumas ruas asfaltadas entre os dias 13 e 18 de setembro não estavam no cronograma original apresentado à Câmara e à imprensa. Isso indica que o planejamento urbano pode ser influenciado por interesses eleitorais.

Herberson Sonkha: Essa seletividade nos investimentos e o abandono das promessas feitas aos bairros periféricos e de classe média têm gerado descontentamento entre a população. Atualmente, alguns moradores do Jardim Guanabara consideram a possibilidade de organizar protestos. Como o senhor vê essa reação popular?

Davino Nascimento: A mobilização popular é uma resposta ao descaso. Contudo, ainda não  se pode considerar como possibilidade. O que estamos observando é uma crescente conscientização sobre as condições que afetam a comunidade. Se ocorrer, a mobilização dos moradores para protestar contra o atraso nas obras será uma forma de reivindicação que se insere em um contexto mais amplo de busca por melhorias. Quando a administração municipal negligência bairros periféricos e de classe média, isso pode reforçar a percepção de desigualdade. Esses movimentos populares indicam que a população está se tornando mais consciente das questões que impactam sua vida cotidiana, e protestos são uma forma legítima de reivindicar direitos.

Herberson Sonkha: Professor Davino Nascimento, considerando o contexto político atual, onde a prefeita disputará as próximas eleições representando a extrema-direita e enfrenta o sério risco de se tornar inelegível segundo decisão do TRE, além das denúncias de envolvimento com a "máfia do asfalto", o senhor gostaria de deixar alguma mensagem aos moradores do Jardim Guanabara?

Davino Nascimento: Certamente. É crucial que os moradores do Jardim Guanabara estejam cientes das implicações dessas questões políticas e da importância de sua voz nas eleições. A comunidade deve se unir para exigir transparência e responsabilidade dos seus representantes. Denúncias de corrupção e práticas ilícitas, como as relacionadas à "máfia do asfalto", não podem ser ignoradas. A participação ativa de todos é fundamental para garantir que as decisões tomadas reflitam verdadeiramente os interesses da população. Neste momento, é vital que os cidadãos e as cidadãs se informem, questionem e estejam dispostos a lutar por um futuro melhor, onde as promessas sejam cumpridas e a dignidade da comunidade seja respeitada.


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