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terça-feira, 21 de maio de 2024

O "Novo" Movimento Cultural Emergente

*por Carlos Maia


Antes de mais nada gostaria de apontar a minha observação de como estou vendo a Academia Conquistense de Letras hoje, o mesmo vale também, com suas respectivas esferas de autonomia de projetos e ou propostas para o movimento e desenvolvimento cultural e artístico de Conquista no que se refere a nossa tão querida Casa da Cultura.

Ambas as entidades com história bem firmada no fazer literário, na língua, na cultura e nas artes em geral na nossa cidade. Nesse sentido ainda, é de fundamental importância situa-las no contexto sócio-educador de uma parcela significativa de escritores, poetas, músicos, artistas de teatro, artistas plásticos, enfim, ao conjunto do que nós costumamos enquadrar no espaço social de "intelectuais orgânicos" da militância cultural emergente. Esses por sua vez, realizam no cotidiano de suas aptidões pessoais teóricas, filosóficas, religiosos e de formação política e ideológica nas esferas da busca pela compreensão do mundo material e espiritual, que abarca em si, toda uma dimensão do conhecimento humano, só, na maioria das vezes, desvendada de forma crítica, pelas próprias bases em que estão assentadas a produção do cognitivo pensante da espécie homo sapiens, no seu atual estágio de evolução, reprodução social e política do trabalho, enquanto movimento de uma práxis transformadora do ser. Isso vale tanto para aquele jovem que está dando os seus primeiros passos em direção a uma tomada de posição diferenciada quanto ao grau de consciência dos mestres e educadores habituados ao marchar da alienação e reificação, impostas pelas relações de produção, trabalho e de diversas do psiquismo social doentio das neoroses, psicoses, esquizofrenias e transtornos outros, só compreensíveis em suas totalidades físicas e psicológicas, por aqueles que si dedicam aos seus tratamentos e acompanhamentos do que se convencionou chamar de "dialética do indivíduo".

Assim, é que temos que situar, na conjuntura e na realidade porque passa essas duas entidades, cujos bastiões estão depositados nas mãos firmes de educadoras (ELVA e POLY), para se conduzir de forma responsável e, na defesa dos princípios, estatutos e regimentos, que lhes concebem o direito de falar em nome dos extratos mais importantes e expressivos da cultura conquistense. No entanto, isso não significa dizer, que são elas, ou melhor, que são às únicas com capacidade de encampar tal tarefa. Nenhuma organização sobrevive de forma responsável, saudável, solidaria e fraterna, sem que se estabeleça dentro dela o desejo e a meta a ser alcançada de maneira conjunta. Mas isso não tem ocorrido por aqui. Em primeiro lugar, não somos como estes funcionários carreistas da administração e da burocracia legislativa, executiva e judiciária do Estado, que ganham dividendos e altos salários para se manterem, na mais perfeita ordem de defesa dos interesses políticos ideológicos individuais e dos agrupamentos, castas e classes sociais que devidamente se fazem representar. Nós temos que trabalhar para sobreviver,

apenas alguns de nós, já estão aposentados, no entanto, como no caso da Confreira Jacira e outros, ainda têm que enfrentar problemas de saúde como Poly, por exemplo. Ainda há aqueles que têm familiares para cuidar ou como é o meu caso, quando de um Transtorno Bipolar, que vêm sendo devidamente tratado desde 1989, por bons profissionais dos "Jalecos Brancos" que me acompanharam e continuam acompanhando, bem como dos avanços farmacológicos dos medicamentos novos, acabaram por fazer que ao superar uma crise, aponta-se também assim, a possibilidade de se dar um salto teleológico, em direção a vida, sob controle medicamentosa, que recompõe no espaço familiar, do trabalho, da formação e da elaboração teórica e poética, mais ainda, científica, com uma acentuada qualificação no campo da filosofia, da economia e da história, em todos os seus aspectos ontológicos e gnosiológicos em questão.

Tudo isso, casado com uma já farta experiência na condução das prioridades e principalidades, é que Academia Conquistense de Letras e a Casa da Cultura, possibilitou e ainda possibilita, a proliferação de tempos em tempos, tanto diretamente quanto de maneira indireta, abriu as suas portas a todos aqueles, independentemente, de matiz ideológica partidária e/ou de apoio a segmentos outros, em função de acordos pré-estabelecidos com governantes e representantes políticos. Quando, por exemplo, se reivindica das autoridades um desempenho para com que se contribua, de forma efetiva, com a estrutura de funcionamento, e, recursos outros em direção a editorialização de obras de autores e académicos conquistenses, como se fez com a obra de Camilo de Jesus Lima e da segunda edição do "Alto da Gamela" do saudoso, inesquecível e querido Carlos Jehovah de Brito Leite, em parceria com o nosso Confrade Esechias de Araújo Lima, não estamos mais do que nós resguardando o direito de exigir que se cumpra com a obrigação para com os escritores e seus referidos escritos.

Assim, a história destas duas entidades, é de uma complementaridade, com os movimentos artísticos e culturais da nossa cidade. Foi através delas que viu-se projetadas nos espaços estaduais e nacionais figuras e ondas de autores conquistenses. No entanto, elas passam hoje por momentos difíceis e delicados no que tange a inserção nos movimentos "novos" da juventude. Lembro-me, por exemplo, de uma "Oficina de Música" organizada pela Casa da Cultura, em que fora me agraciado pelo seu presidente com um diploma pela participação no referido evento. Mas, pode-se perguntar: O que você fez lá? Cantou alguma música? Tocou algum instrumento? Nada disso. Eu apenas participei como ouvinte, e como tal, colocara os meus "escutadores de prosa" a serviço dos acordes do pianista, e também diretora da Casa da Cultura, Iris Neri do Prado, das apresentações musicais do Confrade Dirlei Bonfim, Dori Chaves e Gutemberg Vieira e de professores e alunos desta referida casa. A Academia Conquistense de Letras e a Casa da Cultura, organizaram e publicaram várias coletâneas de autores conquistenses, em especial, uma série intitulada "Partilha das Letras", que contou com a colaboração especial da igualmente

saudosa, Terezinha Spínola, que apesar de possuir uma idade já avançada, colocava sempre, com entusiasmo a sua experiência e o seu amor pela cidade (a mesma residia em Salvador) e não media esforços, para sempre que possível, colocar para todos nós a sua erudição e a sua desenvolta criação literária. O fato é que, em vários momentos e conjunturas políticas diferenciadas, estas duas “Irmãs Gêmeas" (Academia Conquistense de Letras e Casa da Cultura), marcharam juntas para acrescentar a dinâmica e aos movimentos artísticos e culturais da cidade e região.

Um destes movimentos que ora ocorre nos nossos espaços é o "Projeto Neojibar" do governo do Estado. Acredito eu, que o fato deste está ocorrendo nas dependências do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, não significa, por nossa parte, nenhum alinhamento político ideológico com esse ou aquele dirigente. Muito porquê, por mais que se queira, o movimento por onde tem desafiado os anseios de uma juventude inquieta e sedenta por buscar apreender e, ao mesmo tempo, expressar os seus sonhos e talentos, no fazer artístico da dramaturgia, da literatura, da música, da poesia, das artes plásticas e demais expressões culturais surgidas nos espaços das periferias, onde a violência abunda, como o rip top, etc.

Um outro movimento que também pede passagem por nossas dependências, e, acho eu, que deveríamos enquanto entidades propulsoras das Letras, da Língua e, em especial, da expressão poética como um todo, é o movimento de Escritores de Conquista. Eles se reúnem em toda primeira sexta-feira do mês é aberto a todos que porventura queriam participar.

Por fim, acredito mesmo, que podemos participar ativamente, deste processo, que ora insisto em denominar "MOVIMENTO CULTURAL EMERGENTE". Em tempo ainda, é de fundamental importância se ter acesso ao calendário de atividades do Centro de Cultura: recitais, saraus, debates, etc.


*Carlos Maia


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