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quarta-feira, 29 de maio de 2024

O Movimento Cultural Emergente e o Risco da sua Cooptação


*por Carlos Maia



O que está acontecendo aqui em Conquista, do ponto de vista de um movimento de contestação da juventude e de uma pequena mas importante parcela de intelectuais militantes das artes e da cultura, não é uma fato isolado, nem tampouco algo que se expressa por fora de uma dinâmica estrutural do atual estágio de desenvolvimento econômico da crise internacional de exaustão do capital, e, de seu correspondente Estado político, em especial, da movimentação jurídica legislativa e cultural a nível, portanto, dos movimentos da superestrutura em que se ergue toda uma cadeia de relações inter-relacionadas na defesa da ideologia, das leis, da política, dos famosos e “inexplicáveis” arranjos filosóficos com que se insere a irresponsável e irracional movimentação cultural do pós-modernismo. Esse por sua vez, o responsável direto pela elaboração de propostas e/ou projetos de fragmentação da atual cooptação para se reinterpretar, de forma e maneira bastante peculiar, a produção e o trabalho dos agentes formadores em potencial das consciências empobrecidas, alienadas e devidamente, por isso, manipuladas para um substancial momento de realização do valor econômico das trocas de mercadorias, para uma possível tentativa de alavancagem de desenvolvimento econômico para o capital e o seu modo de produção e de sua correlata formação social.

Neste processo todo não se encontra nenhum paralelo na história das sociedades contemporâneas. Ele vem de longe e perpassa conjunturas. Vai desde um convite ao artista, ao escritor, ao poeta, ao filósofo e a todos aqueles empenhados no fazer cultural para assentarem-se no espaço político, econômico e ideológico do Estado, em função, tão somente da colaboração cooptativa que os seus dotes e talentos intelectivos sejam devidamente colocados a favor de uma cortina de fumaça, por onde se esconde todos verdadeiros interesses mesquinhos e venais corruptíveis, que busca a direção das consciências embrutecidas das massas.

Sem muitas delongas, sem entrar no mérito de o porquê de uma atriz de talento como Fernanda Montenegro, de uma belíssima cantora como Maria Betânia, como uns monstros da música que vai de um Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, para ficar só nestes, pois a lista já vai muito longe. O fato é que, como queremos demonstrar, a burguesia e o seu Estado tem, cada vez mais, desde pelo menos o momento de transição da ditadura militar, a chamada “Nova República”, conseguiu e vem conseguindo de uma maneira cada vez mais assustadoramente, trazer para o seu convívio, os principais e melhores expoentes da cultura e das artes do nosso país e, do mundo, com raríssimas exceções, em todos os campos, estilos, etc. Para concluir, um gênio da nossa literatura, como Ariano Suassuna, deve estar se remexendo todo no seu leito de morte, quando se ver nas telas da televisão e das mídias em geral, personagens igualmente geniais criados por ele, sendo reproduzidos e repostos em um ambiente por demais mercadológico consumista.

Ali neste momento, estão devidamente pensados e enquadrados os personagens (João Grilo e Chicó) como também os talentosos atores que os representam, quando do apelativo publicitário em questão. Portanto, a movimentação cultural da juventude deve estar sempre alerta a essas questões, pois, para concluir, é sempre bom lembrar das palavras daquele que mais fundo estudou e compreendeu a sociedade capitalista em que vivemos: os escritores (leia-se também os artistas de uma maneira geral) devem receber dinheiro pelo que fazem, mas não devem fazer isso para ganhar dinheiro como disse Karl Marx.


*Carlos Maia


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