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A Rota da Seda e as Eleições no Brasil
*por Expedito Simões e Divino Brilhante
Aqui no Brasil, a burguesia, ao contrário de outros países capitalistas menores, busca um equilíbrio econômico de acordo com as leis de mercado, da produção e do seu correspondente valor de troca, tanto no que se refere à base estrutural do capital, quanto ao descolamento de papéis e capitais fictícios, que compõem uma outra base de acumulação de valor extremamente volátil; configura-se como um país de interesse prioritário, no que se refere à divisão internacional do trabalho, como fornecedor de alimentos (agronegócio) e de matéria-prima (minérios). É desta forma e neste contexto que se articulam as forças políticas neste momento. Assim, para compormos um breve mosaico da situação conjuntural brasileira, temos que lançar os nossos olhares e os nossos telescópicos, não só para dentro, mas, também, para fora dos quadrantes territoriais do país.
Para não cair na mesmice fenomênica das correlações
de forças analisadas por liberais articulistas e membros outros da mídia,
falada, escrita e televisiva, não adotaremos, aqui, de maneira proposital, o
simplificado e mítico conceito concebido pela Revolução Francesa de 1789, de
classificação da conjuntura e dos movimentos da luta de classes, como um embate
entre direita X esquerda. O que se trata, pois, é de ir amarrando
os fios de contato à luz do movimento da economia e dos interesses de classes
nela contido bem como, dos reais desenvolvimentos políticos de combinação
interrelacionada da associação dos capitais em questão. O que deve ser
entendido ainda, é que estes movimentos da produção e reprodução da vida real
são, em última instância, o elemento determinante da história. O que não
significa dizer que os movimentos outros exercem igualmente sua ação sobre o
curso das lutas históricas e, em muitos casos, determinam de maneira
preponderante sua forma. Movimentos estes conhecidos como superestruturais,
tais como: “as formas políticas da luta de classes e seus resultados, a saber,
as constituições estabelecidas uma vez ganha a batalha pela classe vitoriosa;
as formas jurídicas e mesmo os reflexos de todas essas lutas reais no cérebro
dos participantes, as teorias políticas, jurídicas, filosóficas, as concepções
religiosas e seu desenvolvimento ulterior em sistemas dogmáticos” (ENGELS, F.).
Os interesses vão desde uma tragédia na saúde
pública, com a proliferação virótica de gripes, coronas e outros males
pandêmicos, que têm levado à morte milhares de seres humanos, em especial,
daquela parcela que compõe o grosso da população proletária. Mas que também,
alimenta os cofres de milhares de dólares dos laboratórios de remédios e
vacinas pelo mundo afora. Este momento não se configura em um movimento pela
superação da referida crise de exaustão, mas, ao contrário, a crise sanitária
não é uma transição nem um movimento transitório da crise na economia e sim, um
elemento decorrente do funcionamento normal e regular da ordem do capital em
seu estágio senil, o que não significa que setores do capital não possam se
aproveitar dessa situação (como é o caso do complexo industrial químico-
farmacêutico e os grandes financistas), em um jogo de tensões e pressões
dialéticas, contraditórios, onde o ganho de poucos grandes se contrapõe a
perdas de muitos, o que resulta nos números que demonstram a exacerbação da
centralização e concentração da renda e pelo crescimento das fortunas dos
(poucos) grandes bilionários que têm como contrapartida a diminuição da riqueza
nas mãos da (grande) fatia de pobres da população. Contraditório como todo o
funcionamento deste modo de produção. Mas o que precisamos perseguir é o
movimento real, as contradições reais, as pressões e tensões reais.
Não é à toa também, que os olhos de todos se
deslocam para as fronteiras da Ucrânia, onde independentemente das tentativas
de se resolver os impasses através de meios diplomáticos, o poderio bélico e a
distribuição de tropas militares pelos estados separatistas acabaram por
desencadear a invasão e guerra da Rússia contra aquele país, o que acabou por
surpreender analistas políticos, até então interessados em avaliar os estragos
da crise sanitária e catástrofes naturais outras. Nisso as bolsas de valores,
que continuam as suas danças, com ameaças de quedas, acabam por salvar assim,
contraditoriamente, as ações da indústria de material bélico, que acabam por
disparar nos pregões bolsistas, onde estão em jogo interesses econômicos
estratégicos de capitais financeiros imperialistas e, principalmente, da Rússia
e China, sendo que estes se capitalizaram e desenvolveram-se através de
investimentos massivos na indústria bélica de destruição. Portanto, não se
trata de analisar o crescimento econômicos dos países do Leste e da Rússia em
particular, pois a China, em especial, é a responsável pela produção da maioria
dos chips e componentes eletrônicos que são usados nesses equipamentos bélicos,
bem como na indústria automobilística.
Desta forma, utiliza-se da lei do valor para explicar
o conceito que o capital tende a se alocar nos espaços que ofereçam melhores
condições para que estes aufiram maiores taxas de lucro, tais como força de trabalho
em abundância e bem treinada, fornecedores de matéria-prima e insumos e mercado
consumidor, por diminuírem o tempo de giro do capital, inclusive – não que esta
lei não possa ser “subvertida”, como ocorreu com a indústria automobilística na
Bahia, com uma intervenção política do governo do Estado, que ofereceu
vantagens como instalações físicas, isenções de impostos, etc., a título de
compensação, para que essas montadoras se instalassem. Assim sendo, o correto
seria dizer que o objetivo de alavancar/aumentar/jogar para cima os lucros das
empresas bélicas é aumentar também, a demanda por estes equipamentos, a
premência em adquiri-los na iminência da deflagração de conflito generalizado
na região.
Mas, independentemente dessas ressalvas, as causas
reais do conflito devem ser devidamente explicitadas, tendo em conta que a
questão premente da geopolítica da região deve também ser abordada, tais como a
única saída para o mar mediterrâneo, através do mar negro para a Rússia que
fica na Ucrânia, bem como o fornecimento de gás russo para a Europa, que se dá
através de gasodutos que atravessam a Ucrânia. Hoje, com esta crise de
abastecimento, a Europa está comprando gás dos EUA, que custa dez vezes mais do
que o similar fornecido pela Rússia. A outra questão geopolítica é o assédio
para a entrada da Ucrânia na comunidade europeia e, consequentemente, para a
OTAN.
É neste clima, portanto: crise econômica; crise
sanitária; crise diplomática; crise militar; enfim, crise de exaustão como um
todo, em que se realizam as eleições no Brasil. Aqui, ao que tudo indica, o
candidato fascistóide, que se diga de passagem, foi devidamente apoiado não
apenas pelos setores mais conservadores do país (militares, evangélicos, latifundiários,
etc.), mas, principalmente, também, pelo grande capital financeiro
internacional e pelo capital associado. Neste sentido, Jair Bolsonaro foi o
escolhido para se chegar ao governo, através de um discurso ultraconservador,
retrógrado e reacionário, para substituir o PT, que já se encontrava, através
de sua expressão política maior, devidamente queimado e enquadrado pela justiça
e os meios de comunicação de massa, que foram utilizados e fizeram coro através
de todos os instrumentos, o capital financeiro e de parte de seus sócios
menores outros. Mas não é só disso de que se trata e de que deve ser devidamente
tratado, para não se cair no risco de simplificações grosseiras, no que se
refere aos movimentos das forças políticas interessadas, e, principalmente,
pelo atual escopo político ideológico em que se encontra a classe trabalhadora.
O entendimento da realidade em questão precisa ser explicado, devido ser um
processo complexo e multifacetado que envolve a disputa de espaço entre as
facções do capital e do correspondente movimento da luta de classes.
Assim é que este protótipo de jumento (não querendo
ofender a população em extinção dos jumentos nordestinos), vê-se nos píncaros
da glória, no ápice de império, talvez, quem sabe, ao lado direito do Deus pai.
Acabou por ensaiar, devido a sua autoconfiança até apoio irrestrito a
manifestações golpistas a ele próprio. Santa ingenuidade do moço. Não aprendeu
nada do bê-á-bá da política. Ou seja, não é o indivíduo isolado que comanda o
Estado, mas os indivíduos organizados em classe quem comanda. E mais: o Estado
moderno é o Estado do capital, e, desde o surgimento do imperialismo, desde o
surgimento do capital financeiro, é este e não outro que comanda o seu Estado.
Jair Bolsonaro, ou qualquer outro (a) que tenha ou teve a pretensão de gerir e/ou
administrar o Estado, quando não se enquadra nos pré-requisitos básicos da
chancela do capital, é facilmente descartado ou puxado o tapete como se queira.
Foi o que ocorreu com o PT, foi o que está ocorrendo
com Jair Bolsonaro, presidente mandatário do país, que, até bem pouco tempo,
corria sem filiação partidária, tamanha deve ter sido a dificuldade em
acomodá-lo para uma disputa de dimensões nacionais. Mesmo porque, com todo
suporte que a internet possa dar a qualquer candidato, o que vai pesar mesmo na
hora do vamos ver, é o dinheiro destinado à compra de votos de apoiadores e
cabos eleitorais, e, ao que tudo indica, isso vai estar faltando nos cofres e
caixas coletoras deste filhote de hiena, que terá que se contentar com as
sobras do banquete.
Todos os serviçais da burguesia imperialista mundial,
no atual momento histórico de desenvolvimento da luta de classes, tentam se
habilitar para a condução da máquina do Estado, seja em quaisquer ambientes
deste, seja nos espaços dos executivos, dos legislativos ou dos judiciários. Nisso
tanto faz está nele pilotando um fascista, um liberal, um conservador, um
social-democrata, ou qualquer outro tipo de reformista, pois, estes últimos,
gostam mesmo é de assentar-se em um carguinho para se acomodar, bem ao gosto do
arrivismo demagógico da velha e gasta cambada oriunda dos extratos
contrarrevolucionários da aristocracia operária e da pequena burguesia
intelectualizada nos ambientes universitários das academias. Todos eles, neste
momento, estão a fim mesmo de mostrar serviço ao capital, que, com toda
certeza, despejará tubos de dinheiro aos escolhidos para administrar os
recursos e serviços do Estado, ao mesmo tempo, comandar a máquina repressora do
mesmo, bem ao gosto do para ventos que sopram do aprofundamento da crise de
exaustão do capital, dos seus efeitos e, do correlato domínio de classe. Da
classe operária em particular e do proletariado em geral, que estão à mercê da
influência política ideológica da burguesia como um todo.
A burguesia, ao contrário do que muita gente pensa,
busca sempre nos processos eleitorais, uma recomposição de forças e adequação
política de seus novos quadros. Mas, cada vez mais, ela encontra dificuldades
na realização deste intento, isso por conta, principalmente, da desestabilização política decorrente da
crise, que derruba qualquer perspectiva de retomada dos índices positivos da
taxa de lucro, ao que tudo indica, pelos estudos econômicos do desenvolvimento
capitalista de mais de cinquenta anos em queda, com alguns pequenos picos de
crescimento verificados aqui e acolá, mas que, no cômputo geral, o que ficou
mesmo de forma determinante foi a manifestação da lei estudada por Karl Marx,
em sua obra “O Capital”, a saber: a lei tendencial da taxa de lucro que afirma
que , com desenvolvimento da produtividade do trabalho das relações
capitalistas, há uma tendência generalizada de queda de lucro nos diversos
capitais particulares ao longo do tempo, e, portanto, há uma queda na taxa de
lucro média do capital social global da economia.
Mas isto (A lei da queda tendencial da taxa de
lucro, que para Marx desembocava nas crises cíclicas do capital) é apenas o
começo. A crise de exaustão é mais de que isto, está para além da crise
cíclica, visto que aqui já não há espaço para contratendências eficientes,
tampouco para retomada consistente do crescimento da taxa de lucro, capaz de
fazer com que o conjunto do capital entre em um novo ciclo ascendente.
Portanto, a crise não mais é vista como um momento cíclico, em que poderia ser
superada pelo capital, num curto período histórico, desde que se descobriu e
ampliou-se o mercado capitalista, a sua expansão colonial e neocolonial, assim
como o incremento tecnológico produtivo e a exploração da força de trabalho. O
capital entrou. desde o século passado, por períodos longos de crise e retomada
do desenvolvimento econômico, mas foi predominante nestes momentos um declínio
de longo prazo, mesmo nas ocasiões em que apresentaram picos de retomadas nas
breves tentativas de superação das crises, que diga-se de passagem, só possível
de se realizar em momentos muito curtos, de controle e cooptação ideológica
pela social-democracia e o reformismo estalinista, e pela última revolução
técnico-científica dos microcomputadores, dos smartphones, dos tablets, enfim,
de toda uma cadeia produtiva de celulares e micro chips. Este processo que já
vinha de muito tempo se desenvolvendo nos principais países capitalistas, irá
se generalizar por todo o mundo, com maior intensidade a partir dos anos
noventa do século passado, onde foram registrados os maiores picos de
crescimento econômico, mas que, tão logo se generalizou o ciclo a que este
processo de automação industrial estava ligado, com as suas referidas taxas de
lucro a nível global, a crise retomou seu ciclo longo, sistêmico, estrutural e
de exaustão. E, para enfrentá-la, o capital terá que necessariamente combinar
medidas de cooptação com ações fascistas.
As vias até hoje percorridas pelos capitais para
conseguir reproduzir-se, mundialmente estão esgotadas. As vias até aqui
testadas e devidamente verificadas foram as seguintes: 1) A concorrência entre
as empresas e os monopólios capitalistas; 2) Apoio irrestrito da máquina do
Estado; 3) Guerras entre as potências pela partilha de novos mercados; 4)
Métodos empregados na exploração do trabalho e no controle da luta de classes;
5) Recorrência às máfias e aos mafiosos. Mas a via que, efetivamente tenta
isolar a classe operária, em particular e o conjunto do proletariado, no geral,
dos ideais tático-estratégicos da luta por uma sociedade socialista, e que,
marche de maneira firme e decidida para o fim comunista da divisão de classes,
é o fascismo.
É este o problema principal em que se vê e se bate a
burguesia por estes quadrantes e por todos os rincões do mundo onde se configura
como fator determinante do desenvolvimento econômico. É este também, o desafio
que se coloca sempre para a sociedade capitalista moderna industrializada,
produtora de mercadoria. É isso, ainda assim, um dos fatores responsáveis pela
recessão, a carestia, a inflação galopante, o desemprego (crônico e estrutural)
e a miséria das massas como um todo, que se dá em todos os tempos. Por isso,
Jair Bolsonaro por isso, o ensaio do projeto fascista, que se antecipou a
qualquer tentativa de levante contestatório de cunho popular. Um novo ensaio do
fascismo foi possível de se observar nestes poucos anos da era bolsonarista: 1)
os fascistas saíram da caserna e do submundo; 2) os fascistas foram para as
ruas disputar, palmo a palmo, com o movimento popular; 3) de “grupelhos”
internautas passou-se a grandes manifestações verde amarelas, nacionalistas,
patrióticas e antissocialistas. Enfim, botou-se a cara a tapa e desta forma
saiu-se vitorioso. No entanto, a popularidade de Jair Bolsonaro vem caindo
muito, por conta até de que seu papel encenado na tragédia da luta de classes,
neste momento, perdeu o destaque principal dado a ele, que passa agora ao de
ator coadjuvante, pois, o fascismo é a última opção de combate ao movimento, em
um caso extremo de reviravolta operária popular, que se coloca sempre nos
períodos de crise.
Ao mesmo tempo, uma rearrumação dos interesses do
capital, vem obedecer a uma lógica pautada na nova correlação de forças
mundiais, onde está assentada a disputa pela hegemonia, dos espaços
territoriais do mercado mundial e da geopolítica global de países como Estados
Unidos, China e Rússia. No que se refere a estes últimos, configura-se uma
tentativa de mudança na nova correlação de forças no mundo, pois, ao que tudo
indica, estabelece-se uma posição de destaque frente às antigas economias do
mundo ocidental e do Japão, como também, dos países orientais da Ásia e dos
demais países do dito Terceiro Mundo, em especial da América Latina, em cuja
escala de principalidade está o Brasil. Este, por sua vez, teve durante muitos
anos, como parceiro comercial prioritário, os EUA: hoje, essa posição é
pontuada pela China, que se estabelece, neste momento em uma nova rota para os
seus capitais financeiros, alocados em setores do agronegócio e das empresas
mineradoras, que ensaiam agora mais um movimento no jogo político, que, mexendo
as peças de um xadrez viciado, tende a apoiar candidaturas. Dos setores também,
de capitalistas associados integrados, que têm os seus desígnios atrelados de
maneira subordinada ao conjunto do capital financeiro internacional, que ora,
de forma e maneira genuinamente hegemônica, dita as normas de conduta, que
acabam por gerir e organizar internamente os diversos vetores de alocação de
recursos, na economia, dos países que compõem com o Brasil, os chamados
parceiros comerciais. A China avança desta forma, no sentido de dar ao Estado
brasileiro um novo acordão entre as diversas partes interessadas em um novo
pacto político entre as elites e um novo pacto social entre as camadas
proletária e dos setores advindos dos meios populares, muito bem contidos,
diga-se de passagem, desde os governos do PT, pelas sobras e esmolas de bolsas
e/ou seguros distribuídos de maneira seletiva às camadas empobrecidas do povo.
Convém destacar, ainda, que é preciso que situemos
as contradições e conflito pela “cabeça do império”. Essa contradição se
estabelece, primeiramente, pelo fato de, que sem o “aparelhamento” da China,
como uma grande potência capitalista no cenário internacional (o que equivale
dizer o aparecimento, da noite para o dia, de uma economia com um PIB que
rivaliza com o da maior potência econômica do planeta, a crise do capital seria
imensamente maior). Os EUA temem o crescimento da China, mas, ao mesmo tempo
necessita que ela exista e continue crescendo, desde que os ianques mantenham
as regalias e prerrogativas que conquistaram a partir do final da segunda
grande guerra. A China para continuar crescendo às taxas atuais precisa de
alimentos, cimento, aço, petróleo. Neste sentido, o Brasil tem, na China, o seu
principal parceiro comercial e os chineses têm o Brasil como seu principal
fornecedor de matéria-prima e insumos sem as quais ele não pode continuar
crescendo e gerando lucros que beneficiam também, aos capitais norte-americanos,
europeus e japoneses principalmente. É um cenário complexo, que precisa ser
entendido em seus pormenores para que compreendam os seus rebatimentos
políticos e no jogo eleitoral.
Desta forma o capital financeiro internacional acaba
por deixar de lado, para um outro momento, o projeto bolsonarista de se
governar pelos caminhos do fascismo. Recolhe-se assim, provisoriamente, estas
armas de um enfrentamento de classes, para uma retomada mais adiante. Neste
sentido, Jair Bolsonaro não foi devidamente derrotado. Na verdade, os setores
mais conservadores do capital financeiro buscam assentar-se em uma terceira
via, tipo Sérgio Moro, mais confiável aos olhos de parte da burguesia
imperialista mundial, mas que sofre, também, um bombardeio cerrado por parte
dos setores midiáticos da imprensa, que corre em socorro à dobradinha Luiz
Inácio Lula da Silva/Geraldo Alckmin, representantes de uma parcela do novo
arranjo eleitoral, que não significa um novo bloco de poder, mas, apenas e tão somente, a
consolidação do expurgo do capital interno, o que significa que o eventual novo
governo petista será ainda mais conservador e neoliberal do que os anteriores.
Desta maneira, as peças do tabuleiro do jogo
eleitoral, preparam-se, mais, uma vez, para resolver os problemas da burguesia,
num movimento rumo ao xeque-mate final, que definirá as eleições dentro do jogo
democrático burguês, pacificamente, com a domesticação ideológica das massas,
que ainda não consegue se expressar de maneira autônoma e independente e na
ausência de um projeto político social, que aponte, de forma definitiva, o
caminho do socialismo. A burguesia sabe, muito bem, medir o termômetro da luta
de classes, e, neste momento, ao que tudo indica, as alternativas em questão
não destoam do sufrágio universal (o voto), como tentativa de se resolver em
quaisquer tipos de impasses que os projetos e/ou programas burgueses propõem e
defendem. O momento é de controle quase que total dos enfrentamentos de classe,
que, no entanto, devido aos efeitos da crise (recessão, inflação, desemprego,
etc.), estão como uma caldeira de pressão prestes a explodir. Isso vai fazer
com que todos os candidatos se comprometam a zelar, seja por meios pacíficos ou
pela força, dos interesses do capital. Assim, é que poderá ser observado um
fascista transmutado de liberal e democrata ou deste para um declarado fascista
totalitário e repressor. Isso já está acordado a priori, e quem for assentar-se
no poder terá que cumprir esta norma básica da diplomacia do tacão capitalista.
Março/2022
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