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segunda-feira, 2 de março de 2020

Mulher Negra no mundo contemporâneo: emancipar é uma necessidade de sobrevivência



"a violência física letal, psicológica, emocional e moral contra nós mulheres não consegue despertar a comoção ou indignação social, aliás, é vista apenas como um simples desentendimento conjugal dentro dos limites da 'vivência' doméstica."


*por Gabrielle Santos Brito


Como mulher negra, economista e jovem micro empreendedora proprietária da marca Brigadeiro Gourmet não posso me furtar à compreensão e enfrentamento sistemático das mazelas que afligem a mulher. Dentre elas, o feminicídio como fenômeno estrutural que decorre da negligencia econômica, social e política é extremamente desumano com a mulher, especialmente a mulher negra, a exemplo do homicídio brutal da ativista social de Direitos Humanos, a socióloga Marielle Franco, sem nenhuma punição dos mandantes até o momento.


Esta indiferença objetivada é estruturante na sociedade contemporânea brasileira e, por isso, atinge diretamente a nós mulheres. Esta posição não é partidária, a despeito de ser um entendimento conceitual sobre política no sentido de manutenção e proteção da vida humana da mulher em constante processo de degradação em seus mais diversos aspectos (objetivos e subjetivos) existenciais.

Gostaria de lembrar que não ter posição política diante de tudo isso, é o mesmo que sucumbir à crueldade daqueles misóginos que só querem nos degradar, nos controlar, nos violentar, nos explorar ao bel prazer e depois de algum tempo que envelhecemos, “deixando de ser apetitosa sexualmente” ou por perceber a nossa luta pela independência ou emancipação, nos matar impiedosamente.

Infelizmente isso só acontece porque essa conduta criminosa ainda é mantida pela negação da mulher na política, uma vez que cria e cristaliza a cultura do silêncio, da omissão e da cumplicidade com criminosos assassinos, visando manter sob controle uma imensa parcela da sociedade, sobretudo de homens com mando machista-misógino. Dos crimes contra nós mulheres, o feminicídio é o mais perverso porque nega covardemente a mulher o direito à vida, de se defender, de fazer escolhas, de liberdade para sentir, pensar, planejar e decidir livremente sobre a nossa própria vida. Não há como negar que esse modelo de sociedade organizado por estruturas sociais criminosas, perpassadas pelo comportamento patriarcal, precisa ser repensado urgentemente.

O comportamento criminosamente hostil e as engrenagens conservadoras que legitimam a opressão contra a mulher já estão tão enraizados no comportamento geral da sociedade que se torna algo indiferente. Aliás, de modo que a violência física letal, psicológica, emocional e moral contra nós mulheres não consegue despertar a comoção ou indignação social. Uma vez que é visto apenas como um simples desentendimento conjugal dentro dos limites da 'vivência' doméstica, portanto não se deve “intrometer”.

Como mulher negra, vivendo num mundo racista e misógino, compreendo a necessidade de se respeitar o direito de qualquer mulher decidir a identidade de gênero que melhor lhe convir. Portanto, considero como condição indispensável à construção da igualdade entre homem e mulher, o acatamento irrestrito da maneira como a mulher quer ser identificada na sociedade – quer seja como homem; quer seja como mulher; ou quer seja fora do convencional. Consequentemente, cabe a nós mulheres (e somente a nós) decidirmos de maneira livre e integral como pretendemos ser vistas e acolhidas em nossas diversas vivencia sociais.

Por tudo isso, nessa semana da mulher, a marca Brigadeiros Gourmet fará uma intervenção pública de apoio à luta social pelo empoderamento impreterível de nós mulheres. Isso passa não só pela defesa intransigente das políticas públicas para Mulher e Gênero, baseada nos Direitos Humanos, mas também pela ampliação progressiva de mais direitos fundamentais que possibilitem o fortalecimento da proteção e a promoção a todas nós mulheres vivendo em situação de risco e múltiplas vulnerabilidades.

Almejamos não só neste dia 08 de março, mas em todos os dias vindouros, a efetiva construção da igualdade econômica, social e política da mulher na sociedade brasileira, baiana e conquistense. Essa é a condição indispensável à emancipação feminina em todos os espaços de poder, de modo que possibilite igual desenvolvimento material e intelectual da mulher.



______________________________________*Gabrielle Santos Brito é graduada em Ciências Econômica pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), pós-graduanda em Finanças e Controladoria pela Unigrad, empreendedora da marca Brigadeiros Gourmet.

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