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sábado, 26 de outubro de 2019

A política de educação municipal conquistense se tornou ultraconservadora e desplugada do mundo real



"O governo municipal desplugou a maquinaria estatal do constructo mental que vinha sendo formulado a partir de leituras críticas, conectadas com os últimos acontecimentos sociopolíticos mundiais da contemporaneidade."

*por Herberson Sonkha

A política de educação municipal em Vitória da Conquista se tornou um “serial killer”, um matador em série de neurônios de crianças, adolescentes e jovens filhos da classe trabalhadora e das populações subalternizadas. E o faz quando nega alimentação ao corpo dessa população em constante processo de formação biopsíquica e intelectual em desenvolvimento cognitivo efervescente. Além de subjugar os profissionais de educação, sobretudo à docência com o assalariamento, falta de transporte, falta de condições minimamente dignas de trabalho e a censura à liberdade de cátedra.


Nossos estudantes do ensino fundamental jamais terão o mesmo destino do cientista suíço Charles Weissmann que morou no Brasil (na cidade do Rio de Janeiro) e estudou o ginásio quando adolescente. Sua família veio da Europa fugindo dos horrores do regime Nazista e da segunda grande Guerra Mundial. Com o fim da guerra e o fim de Hitler a família voltou para Europa e Charles pode dar continuidade aos estudos graduando-se em medicina e depois química.

Por meio da educação formal, o estudo de Charles possibilitou a ele chegar à posição intelectual de renomado cientista e assumir cargo político, atingindo o topo da cadeia de produção do conhecimento mundial. Atualmente dirige o Instituto de Biologia Molecular da Universidade de Zurique, na Suíça. Dedica-se a investigação dos “agentes infecciosos” que são micro-organismos diferentes dos vírus e das bactérias, mas tem enorme poder destrutível das células do cérebro – príons[1].

Antes de Charles Weissmann os cientistas acreditavam que esses micro-organismos eram vírus, mas segundo o cientista suíço os príons são partículas de proteína destituídas de qualquer material genético. Mesmo sem vida, além de provocar infecções são capazes de invadir os neurônios cerebrais e atrapalhar os comandos de seu núcleo e causar estragos aos neurônios.

Nossos estudantes do ensino público municipal (ensino fundamental) poderão ter esse mesmo destino do grande cientista suíço Charles Weissmann com a atual política de educação municipal? Se depender exclusivamente do município e sua política educacional, dificilmente qualquer estudante da rede municipal chegaria a essa condição. No entanto, a rede municipal tem excelentes profissionais, mas não é o bastante. Mesmo que esses excelentes profissionais resolvessem empenhar-se mais do que já fazem, desprendendo mais de seu esforço de trabalho qualificado e compromisso intelectual cientifico com ensino-aprendizagem desses estudantes não atingiria toda a rede e ainda assim teríamos casos isolados de case de sucesso.

Educação é uma questão estrutural que demanda muito investimento em remuneração compulsória de salário, material didático, livros atualizados, equipamentos, tecnologias, laboratórios e uma política de ensino-aprendizagem avançadíssima.

Não se trata apenas de limitação técnica e cognitiva, mas de uma escolha ideopolítica muito em voga nesse momento de declínio do instrumental teórico oferecido pela razão crítica e da ascensão irracional de comportamentos ultraconservadores. Essa escolha levou a ruptura com a racionalidade crítica, impossibilitando a compreensão entre o real a e fantasia. Tornando impossível mostrar a comunidade acadêmica que o conteúdo do ensino fundamental é insuficientemente incapaz de mostrar a dinâmica real da sociedade e suas contradições, com a finalidade de dotá-los das condições cognitivas necessárias para que eles possam tomar decisões autônomas, contando com as suas próprias leituras de mundo.

Escolheram submergir os neurônios dessa população no vinagre, pois é insaciável o desejo de saber demandado pela mente poderosa de uma criança sedente de conhecimento, experiências científicas e do desejo de enxergar o mundo como ele realmente o é ou friccionar literariamente outras formas de vivencias mais humanas. Essa esterilização intelectual atende ao objetivo político de regimes fascistas de conservar essas mentes prodigiosas bem longe do que a ciências sociais e aplicadas podem oferecer, sobretudo no que se refere à percepção do mundo.

Essa política de educação adotada por esse governo está literalmente desplugada da consciência crítica que permeia o ensino-aprendizagem formulado por segmentos de centro e esquerda no mundo, das tecnologias de última geração e equipamentos políticos pedagógicos avançados. O governo municipal desplugou a maquinaria estatal do constructo mental que vinha sendo formulado a partir de leituras críticas, conectadas com os últimos acontecimentos sociopolíticos mundiais da contemporaneidade.

O governo e seu staff embarcaram sem volta na onda mundial que provocou a retomada do crescimento do nazifascismo no ocidente, sobretudo no Brasil a partir de meados da segunda década do século XXI. Curvaram-se maquinalmente ao fundamentalismo de reminiscência cristão-judaico que deu origem ao extremismo religioso do famigerado gesto da arminha que se tornou símbolo eleitoral em 2018 e permanece como mantra desse governo federal.

Esse retrocesso desencadeou múltiplas violências socioeconômicas e políticas estimuladas por setores de extrema-direita (xenófobas, multifóbicas, racistas, misóginas, esquerdofóbicas e laborfóbicas) que propagam agressivamente o ódio contra a classe trabalhadora e as populações empobrecidas. Além da pauperização gradativa da classe trabalhadora que compõe os indicadores de produção e consumo da população economicamente ativa.

O culto a “lideranças” pernósticas, autoritárias e extravagantemente reacionárias que se reivindicam representantes de um modelo tradicional de família patriarcal ultraconservadora, como única moralmente capaz de extirpar definitivamente da sociedade o câncer da corrupção e promover o desenvolvimento econômico com paz e prosperidade.

O silencio e a omissão de parte do centro e da esquerda no Brasil, em certa medida essa indiferença e negação do golpe no Brasil não se diferencia do prognostico dado por Leon Trotsky em 1931 sobre Hitler, ao afirmar que se ele (Hitler) tomasse o poder na Alemanha, a primeira ação política dele seria promover com guerras contra revolucionárias para derrota à União Soviética. Isso se confirmou dez anos depois, ou seja, em junho de 1941.

Após o golpe no Brasil e a posse do Michel Temer iniciou-se um movimento retrogrado por dentro do Estado que afetou a sociedade brasileira, avançando rapidamente na direção contrária aos direitos humanos. Resguardando as devidas proporções e os elementos estruturantes do processo sócio-histórico, excepcionalmente existem algumas semelhanças nesse movimento ocorrido no Brasil iniciado no final do segundo turno das eleições de 2014 e o retrocesso ocorrido na Alemanha no pós-primeira guerra mundial que levou ao colapso a República de Weimar que adotou um modelo social-econômico-político socialdemocrata.

A derrota da democracia instituída pela República de Weimar (1919), a mesma que abriu espaço para atuação política para forças de esquerda (Movimento Espartaquista tendo como uma das principais lideranças revolucionárias a marxista Rosa Luxemburgo) significou a pavimentação para a ascensão por meios legais (eleitorais) e legitimação do poder de Adolf Hitler por meio do seu genocida “Das Dritte Reich” [O Terceiro Império], o famigerado Terceiro Reich.

Não compreender os elementos que estruturam determinadas conjunturas, levou o mundo a beligerante segunda grade guerra mundial com estimativa entre 50 a 80 milhões de mortos de múltiplas nacionalidades. Aliás, ao mais perigoso momento de domínio do que pretendia ser o “Das Dritte Reich”. Esse violento sistema de governo com níveis de letalidades altíssimos avançou sanguinolentamente sobre a Europa subjugando-a os ditamos do imperador Hitler, ameaçou o império britânico e a Ásia e seus estertores distribuídos por todo planeta.

A máquina mortífera alemã realizou inúmeras execuções sumarias que causavam pânico na população, o terror era tanto que desencadeava a histerias coletivas de medo. Seu braço forte beligerante era o temido Wehrmacht (exército alemão) e só seria derrotado em Stalingrado pelo Exército Vermelho. Antes de tremular a bandeira vermelha no Reichstag (sede do Parlamento alemão) a ocupação de Berlim a frouxidão levou o criminoso de guerra, o sociopata alemão Adolf Hitler escondido no Bunker, ao suicídio em maio de 1945 do século XX.

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[1] Uma forma ou espécie de agente transmissível que a ciência ainda não conseguiu identificar.

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