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quinta-feira, 26 de julho de 2018
Governo Participativo: A degeneração ideológica do PT dos hegemônicos na Bahia
julho 26, 2018
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Vinícius...
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"A defecção política se espraia rapidamente feito epidemia e vai calcificando as pessoas numa ordem bem concatenada de coisas sem sentido." |
por Herberson Sonkha[1]
Como faziam os romanos em sua abominável arena da política do "panis et circenses", as mesmas usadas terrivelmente pelas oligarquias baiana, a caravana do governo participativo é um óbice aos militantes de esquerda comprometidos com as grandes transformações no mundo contemporâneo que possa destruir efetivamente esse sistema desumano e cruelmente perverso com quem não nasceu em berço esplêndido.
“Quem não vacila mesmo derrotado. Quem já perdido nunca desespera. E envolto em tempestade decepado. Entre os dentes segura a primavera”
O campo hegemônico do PT na Bahia é desonesto com à população baiana uma vez que vende sofismas, é covardemente escroto com a militância. Contra a defecção do “Poder Republicano Central (PRC) dentro do PT, responsável pela exclusão compulsória da militância e o abandono dos princípios e da ética revolucionária na política interna do partido” (COSME, 2012) ainda está valendo a “Primavera nos dentes” dos inconfundíveis “Os Mutantes”.
“Quem tem consciência para ter coragem. Quem tem a força de saber que existe. E no centro da própria engrenagem. Inventa a contra-mola que resiste"
O filosofo, militar e político iluminista francês Destutt de Tracy[2](1754-1836) criou a expressão ideologia em sua obra “Elementos de Ideologia” (1801) e o fez com o intuito de defini-la etimologicamente como estudo cientifico das ideias. Contudo, o uso dessa expressão ganhou sentido pejorativo na polemica contra os seguidores de Napoleão Bonaparte, quando o mesmo chama Destutt de Tracy e seus seguidores de “ideólogos” por considerar que ele mentia sobre a realidade. O Napoleão Bonaparte aqui é aquele do clássico golpe de Estado de 18 Brumário (9 de novembro de 1799) que deu início a ditadura napoleônica na França.
Tanto um conceito, quanto o outro, foram superados pelos filósofos alemães Karl Marx e Engels Friedrich em sua principal obra filosófica “Ideologia Alemã” escrita entre 1842 e 1845. Eles formulam uma teoria subvertendo esse conceito por considera-los destituídos de fundamentos teóricos capaz de explicar a realidade, criando assim uma mistificação por ser um falseamento da realidade causada pela divisão do trabalho (manual e intelectual) e não uma mentira.
Nessa perspectiva, os ideólogos e sua ideologia burguesa vão transmitir impositivamente ideias de dominação nas relações de produção e das classes antagônicas em disputa na nova sociedade erigida das entranhas do feudalismo. Para a teoria marxiana esse conceito burguês de ideologia ganha uma outra dimensão, a da “falsa consciência” ou de uma visão invertida da sociedade que camufla a realidade, favorecendo aos ideais da classe dominante.
Tomando essa categoria marxiana para compreender a inflexão (ou defecção política), enquanto movimento invertido feito pelo campo hegemônico do Partido dos Trabalhadores, podemos considerar que esse movimento interno liderado pela principal corrente interna, a CNB no início do século XXI, é um realinhamento teórico e prático compulsório na direção dos interesses socioeconômicos e políticos de classe influenciado pela ideologia capitalista burguesa.
Neste sentido, essa turma do andar de cima do PT se apropriou e naturalizou a falsa consciência da realidade oferecido pelos ideólogos liberais, operando o partido com a mesma dinâmica invertida com que os partidos da burguesia operam:
Ø A conciliação de classe com alianças pragmáticas, substituição de liderança ideológica por cabo eleitoral e a compra de voto;
Ø Adoção da economia liberal ortodoxa do mainstream, priorizando o superávit primário para alocação de mais de 50% da receita para pagamento da dívida pública[3], em detrimento de investimento social;
Ø Estado mínimo com a adoção da política de austeridade fiscal como mecanismo de controle do endividamento Estado, o enxugamento compulsório da máquina como contenção de gastos proposto pelo neoliberalismo;
Ø A despolitização e esvaziamento generalizado dos espaços de debates como instrumento de dominação das massas;
Ø A profissionalização despolitizada de campanhas com a adoção de pesquisas e estatísticas como estratégias eleitorais;
Ø A não radicalização da democracia como caminho de participação efetiva e empoderamento do Estado, principalmente como caminho de extinção dos clássicos mecanismos de manutenção institucionalizados de corrupção sócio histórica da burguesia.
Nas relações políticas instituídas pela atual civilização burguesa, a coerência na práxis política, ligada ao seu lugar de fala, torna-se um obstáculo a universalização desse fenômeno sociológico. A defecção política se espraia rapidamente feito epidemia e vai calcificando as pessoas numa ordem bem concatenada de coisas sem sentido. A exemplo do Sim dado por quaisquer dirigentes sindicais ou populares a determinadas propostas financeiras feitas por dirigentes (públicos ou privados).
A lógica burguesa da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, geralmente é “justificada” pela situação de crise financeira da pessoa que a priva do acesso a vida material, tomada apenas em sua individualidade, como senão existisse um embate socioeconômica e político nas relações de classes (capital versus trabalho) antípodas.
Nega-se fortuitamente a natureza capitalista que só se desenvolve a partir do movimento de concentração-centralização de capital na mão de uma quantidade cada vez menor da burguesia. Ao falsear a realidade, oculta-se esse fenômeno da lei universal do capitalismo que causa as desigualdades e, consequentemente a pobreza e miséria material generalizada da população.
Além de rompe a solidariedade de classe, abre-se a possibilidade para consolidação ideológica centrada na ilusão idílica da civilização liberal burguesa de que só o capitalismo garante a plena liberdade individual, inclusive com a “alvissareira” possibilidade de ficar rico para poder consumir o quiser.
A tragédia financeira, aparentemente limitada a situação pessoal, embora seja de fato em sua aparência, a essência dessa natureza não deixa de ser coletiva, portanto de interesses de uma determinada classe. Em função disso, oblitera-se a sua ligação orgânica de classe trabalhadora ou populações subalternizadas, liquidando a solidariedade de classe existente no interior das categorias laborais e das populações em situação de múltiplas vulnerabilidades.
Essa obliteração é apenas ideológica, pois o capital não faz parte da cooptação, uma vez que mantem-se inalterável a sua força de trabalho como único caminho para o consumo, mesmo sendo um pequeno ou médio empresário. Aqui se plasma o espectro burguês para degenerar dirigentes de uma classe trabalhadora (braçal ou intelectual) ou lideranças populares que passa a pensar como burguês, mas vive exclusivamente de sua força de trabalho, concretamente como trabalhador.
No senso-comum podemos definir como sendo, não poderemos atender a classe trabalhadora e as populações porque o capital não é coletivo, mas poder-se-ia fazer concessões e privilégios para dirigentes sindicais e populares visando impedir sua atividade politicamente ideológica de classe operária. Ao invés de avançar radicalizando a democracia para garantir a participação efetiva das classes trabalhadoras e populares, retrocede-se a velha prática dos romanos do “panis et circenses” para enganar, a fase liberal da democracia representativa. Exatamente como faz o cinismo do atual governador da Bahia ao conclamar os municípios para participarem do Programa de Governo Participativo.
[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
[2] Antoine-Louis-Claude Destutt, o conde de Tracy. Nasceu em Paris, a 20 de Julho de 1754, e, faleceu também em Paris, a 10 de Março de 1836. O francês Destutt de Tracy, como é conhecido, foi um filósofo, político, soldado e líder da escola filosófica dos Ideólogos. Criou o termo idéologie em 1801, no tempo da Revolução Francesa, com o significado de ciência das ideias, tomando-se ideias no sentido bem amplo de estados de consciência. Militar de carreira, aderiu à Revolução, destacando-se como deputado. Fez parte do grupo dos sensualistas, com orientação nos pensamentos de Condorcet. Seus pensamentos republicanos entraram em conflito com os partidários de Bonaparte, que os acusaram de idéologues. Decorrido cerca de uma década da queda da Bastilha, o filósofo francês, exilado em Bruxelas, começou a publicar Eléments D'Idíologie (1801-1815), em 4 volumes, postulando a fundação de um original campo de estudos destinado a formar a base de todas as ciências: a ciência das ideias. http://biografiaecuriosidade.blogspot.com/2013/07/biografia-de-destutt-de-tracy.html
[3] O controle, transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos; manutenção da estabilidade econômica, por meio dos ajustes fiscais; qualidade do gasto público, associada às prioridades e ao planejamento de curto e médio prazos do governo.
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