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quinta-feira, 26 de julho de 2018
Uma leitura holística sobre nossos tempos sombrios
julho 26, 2018
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por
Vinícius...
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*por João Paulo Pereira
UMA LEITURA SOCIOLÓGICA PARA AMPLIAR CONHECIMENTOS
O capitalismo surgiu durante a Baixa Idade Média, com o advento da burguesia ao poder, o Mercador, que se ao longo dos mil anos de Idade Média, acumulou riqueza se tornando uma classe social rica em uma sociedade estamental. Esta classe não tinha função social na organização social feudal, ela não exercia nenhuma das funções sociais determinadas pela Igreja Católica, como forma de organização e manutenção da sociedade europeia feudal.
À medida que o mercador foi enriquecendo e os setores dominantes do feudalismo, Nobreza Feudal e Clero, em função de crises de abastecimentos, questões naturais e de organização política, foi empobrecendo, perdendo seu poder. Ao mesmo tempo, o mercador, foi trazendo de volta a vida urbana, produzindo o comercio, criando a produção manufaturada e a assalariamento, abrindo espaço para o surgimento do capitalismo.
Governo Participativo: A degeneração ideológica do PT dos hegemônicos na Bahia
julho 26, 2018
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por
Vinícius...
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"A defecção política se espraia rapidamente feito epidemia e vai calcificando as pessoas numa ordem bem concatenada de coisas sem sentido." |
por Herberson Sonkha[1]
Como faziam os romanos em sua abominável arena da política do "panis et circenses", as mesmas usadas terrivelmente pelas oligarquias baiana, a caravana do governo participativo é um óbice aos militantes de esquerda comprometidos com as grandes transformações no mundo contemporâneo que possa destruir efetivamente esse sistema desumano e cruelmente perverso com quem não nasceu em berço esplêndido.
“Quem não vacila mesmo derrotado. Quem já perdido nunca desespera. E envolto em tempestade decepado. Entre os dentes segura a primavera”
O campo hegemônico do PT na Bahia é desonesto com à população baiana uma vez que vende sofismas, é covardemente escroto com a militância. Contra a defecção do “Poder Republicano Central (PRC) dentro do PT, responsável pela exclusão compulsória da militância e o abandono dos princípios e da ética revolucionária na política interna do partido” (COSME, 2012) ainda está valendo a “Primavera nos dentes” dos inconfundíveis “Os Mutantes”.
“Quem tem consciência para ter coragem. Quem tem a força de saber que existe. E no centro da própria engrenagem. Inventa a contra-mola que resiste"
O filosofo, militar e político iluminista francês Destutt de Tracy[2](1754-1836) criou a expressão ideologia em sua obra “Elementos de Ideologia” (1801) e o fez com o intuito de defini-la etimologicamente como estudo cientifico das ideias. Contudo, o uso dessa expressão ganhou sentido pejorativo na polemica contra os seguidores de Napoleão Bonaparte, quando o mesmo chama Destutt de Tracy e seus seguidores de “ideólogos” por considerar que ele mentia sobre a realidade. O Napoleão Bonaparte aqui é aquele do clássico golpe de Estado de 18 Brumário (9 de novembro de 1799) que deu início a ditadura napoleônica na França.
Tanto um conceito, quanto o outro, foram superados pelos filósofos alemães Karl Marx e Engels Friedrich em sua principal obra filosófica “Ideologia Alemã” escrita entre 1842 e 1845. Eles formulam uma teoria subvertendo esse conceito por considera-los destituídos de fundamentos teóricos capaz de explicar a realidade, criando assim uma mistificação por ser um falseamento da realidade causada pela divisão do trabalho (manual e intelectual) e não uma mentira.
Nessa perspectiva, os ideólogos e sua ideologia burguesa vão transmitir impositivamente ideias de dominação nas relações de produção e das classes antagônicas em disputa na nova sociedade erigida das entranhas do feudalismo. Para a teoria marxiana esse conceito burguês de ideologia ganha uma outra dimensão, a da “falsa consciência” ou de uma visão invertida da sociedade que camufla a realidade, favorecendo aos ideais da classe dominante.
Tomando essa categoria marxiana para compreender a inflexão (ou defecção política), enquanto movimento invertido feito pelo campo hegemônico do Partido dos Trabalhadores, podemos considerar que esse movimento interno liderado pela principal corrente interna, a CNB no início do século XXI, é um realinhamento teórico e prático compulsório na direção dos interesses socioeconômicos e políticos de classe influenciado pela ideologia capitalista burguesa.
Neste sentido, essa turma do andar de cima do PT se apropriou e naturalizou a falsa consciência da realidade oferecido pelos ideólogos liberais, operando o partido com a mesma dinâmica invertida com que os partidos da burguesia operam:
Ø A conciliação de classe com alianças pragmáticas, substituição de liderança ideológica por cabo eleitoral e a compra de voto;
Ø Adoção da economia liberal ortodoxa do mainstream, priorizando o superávit primário para alocação de mais de 50% da receita para pagamento da dívida pública[3], em detrimento de investimento social;
Ø Estado mínimo com a adoção da política de austeridade fiscal como mecanismo de controle do endividamento Estado, o enxugamento compulsório da máquina como contenção de gastos proposto pelo neoliberalismo;
Ø A despolitização e esvaziamento generalizado dos espaços de debates como instrumento de dominação das massas;
Ø A profissionalização despolitizada de campanhas com a adoção de pesquisas e estatísticas como estratégias eleitorais;
Ø A não radicalização da democracia como caminho de participação efetiva e empoderamento do Estado, principalmente como caminho de extinção dos clássicos mecanismos de manutenção institucionalizados de corrupção sócio histórica da burguesia.
Nas relações políticas instituídas pela atual civilização burguesa, a coerência na práxis política, ligada ao seu lugar de fala, torna-se um obstáculo a universalização desse fenômeno sociológico. A defecção política se espraia rapidamente feito epidemia e vai calcificando as pessoas numa ordem bem concatenada de coisas sem sentido. A exemplo do Sim dado por quaisquer dirigentes sindicais ou populares a determinadas propostas financeiras feitas por dirigentes (públicos ou privados).
A lógica burguesa da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, geralmente é “justificada” pela situação de crise financeira da pessoa que a priva do acesso a vida material, tomada apenas em sua individualidade, como senão existisse um embate socioeconômica e político nas relações de classes (capital versus trabalho) antípodas.
Nega-se fortuitamente a natureza capitalista que só se desenvolve a partir do movimento de concentração-centralização de capital na mão de uma quantidade cada vez menor da burguesia. Ao falsear a realidade, oculta-se esse fenômeno da lei universal do capitalismo que causa as desigualdades e, consequentemente a pobreza e miséria material generalizada da população.
Além de rompe a solidariedade de classe, abre-se a possibilidade para consolidação ideológica centrada na ilusão idílica da civilização liberal burguesa de que só o capitalismo garante a plena liberdade individual, inclusive com a “alvissareira” possibilidade de ficar rico para poder consumir o quiser.
A tragédia financeira, aparentemente limitada a situação pessoal, embora seja de fato em sua aparência, a essência dessa natureza não deixa de ser coletiva, portanto de interesses de uma determinada classe. Em função disso, oblitera-se a sua ligação orgânica de classe trabalhadora ou populações subalternizadas, liquidando a solidariedade de classe existente no interior das categorias laborais e das populações em situação de múltiplas vulnerabilidades.
Essa obliteração é apenas ideológica, pois o capital não faz parte da cooptação, uma vez que mantem-se inalterável a sua força de trabalho como único caminho para o consumo, mesmo sendo um pequeno ou médio empresário. Aqui se plasma o espectro burguês para degenerar dirigentes de uma classe trabalhadora (braçal ou intelectual) ou lideranças populares que passa a pensar como burguês, mas vive exclusivamente de sua força de trabalho, concretamente como trabalhador.
No senso-comum podemos definir como sendo, não poderemos atender a classe trabalhadora e as populações porque o capital não é coletivo, mas poder-se-ia fazer concessões e privilégios para dirigentes sindicais e populares visando impedir sua atividade politicamente ideológica de classe operária. Ao invés de avançar radicalizando a democracia para garantir a participação efetiva das classes trabalhadoras e populares, retrocede-se a velha prática dos romanos do “panis et circenses” para enganar, a fase liberal da democracia representativa. Exatamente como faz o cinismo do atual governador da Bahia ao conclamar os municípios para participarem do Programa de Governo Participativo.
[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
[2] Antoine-Louis-Claude Destutt, o conde de Tracy. Nasceu em Paris, a 20 de Julho de 1754, e, faleceu também em Paris, a 10 de Março de 1836. O francês Destutt de Tracy, como é conhecido, foi um filósofo, político, soldado e líder da escola filosófica dos Ideólogos. Criou o termo idéologie em 1801, no tempo da Revolução Francesa, com o significado de ciência das ideias, tomando-se ideias no sentido bem amplo de estados de consciência. Militar de carreira, aderiu à Revolução, destacando-se como deputado. Fez parte do grupo dos sensualistas, com orientação nos pensamentos de Condorcet. Seus pensamentos republicanos entraram em conflito com os partidários de Bonaparte, que os acusaram de idéologues. Decorrido cerca de uma década da queda da Bastilha, o filósofo francês, exilado em Bruxelas, começou a publicar Eléments D'Idíologie (1801-1815), em 4 volumes, postulando a fundação de um original campo de estudos destinado a formar a base de todas as ciências: a ciência das ideias. http://biografiaecuriosidade.blogspot.com/2013/07/biografia-de-destutt-de-tracy.html
[3] O controle, transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos; manutenção da estabilidade econômica, por meio dos ajustes fiscais; qualidade do gasto público, associada às prioridades e ao planejamento de curto e médio prazos do governo.
domingo, 22 de julho de 2018
SIMMP: do antipetismo ao retorno à luta operária
julho 22, 2018
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por
Vinícius...
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Foto SIMMP Votação-greve-18-07-2018 |
"[...] a direção do SIMMP toma a posição correta de classe em favor dos/as profissionais da educação"
por Herberson Sonkha[1]
Antes de adentrar a natureza política desse diálogo com a práxis política do campo fascista que atuava no SIMMP contra o PT até 2016 à retomada gradativa da luta operária, que pretendo desenvolver sobre a atual conjuntura municipal que originou a deflagração da greve do SIMMP, queria abordar, de en passant, a alarmante correspondência interna da prefeitura como resposta arbitrária a legitima manifestação de rua da categoria, puxada pela direção sindical e amplamente discutida e referendada pela assembleia geral.
A votação da greve, da caminhada com carro de som até a prefeitura com falas, apitaços e as manifestações políticas nos corredores da prefeitura foram aprovadas por contraste visual numa assembleia que superlotou o auditório Carmem Lúcia da Câmara Municipal de Vitória da Conquista.
O referido documento só aumentou a irritação da categoria e, certamente serve de alerta também para o SINSERV e SINDACS sobre a instauração do estado de exceção. A sensação de impunidade dessa gestão, está criando gestores com alto nível de labilidade. Isso explica o comportamento desrespeitoso do agente político que escancaradamente fere o ordenamento jurídico de natureza pública e de caráter social, ao atropelar peremptoriamente a autonomia garantida pelo ente municipal, quanto a fruição democrática nas relações com a sociedade e seus movimentos sociais.
Ao publicar um documento oficial, à revelia de referido ordenamento, longe de ser por amnésia ou lapsos de memória, o autor comete um acinte agravante a lei porque está baseado apenas em sua mediocridade intelectual e política. Uma tentativa inglória de intimidar o movimento grevista de realizar as suas justas manifestações públicas em resposta aos agravos truculentos do prefeito, no qual usa em seu favor uma suposta força da lei.
Esse gestor optou pela caminhada à margem da lei, por tanto um marginal, que exerce seu mandato longe de qualquer legalidade, antes fere o próprio princípio pétreo de direito à greve que por desconhecimento afirma levianamente no corpo do documento respeitar.
Com a rede social presente em quase todos os celulares com interface, o acesso a qualquer tipo de informação torna-se cada vez mais democratizado, parece-nos pleonasmo um gestor dizer que respeita greve porque é um direito do trabalhador. Ninguém minimante respeitável merece o blefe infame desse desgoverno autoritariamente truculento que escreve, em tom de empáfia, que respeita greve como se fosse um arauto da liberdade democrática. Como toda empáfia precede a queda, esse comunicado nasceu morto porque tem animus abutendi (intenção de abusar). Essa escrita não é bona fide (de boa-fé).
A greve deflagrada na quarta-feira (18) pela assembleia geral do SIMMP, apinhada de servidores públicos municipais é uma prova irrefutável do nível de periculosidade desse desgoverno municipal, é uma demonstração inequívoca de insatisfação em todos os aspectos com esse desgoverno. A paralisação é, antes de qualquer coisa, de responsabilidade exclusiva desse desprezível gestor.
A greve é resultado desse desmonte imoral da máquina pública; a transferência de recursos do município para pagamento de serviços “especializados” em assessorias (ASPONE) inúteis e sem nenhum benefício à população conquistense; o ridículo aumento zero e o não pagamento de benefícios; e a crescente privatização de serviços públicos essenciais à qualidade de vida da população conquistense.
É preciso saber que greve é consequência e não causa, portanto não foi inventada pelo SIMPP para desestabilizar o atual radialista. Segundo a revista Forbes Brasil de 28 de abril de 2017 a primeira paralisação que se tem notícias no mundo surgiu em 1.152 a.c. feita pelos artesãos no Egito Antigo, sob a vigência do reinado de Ramsés III. No Brasil só vai ocorrer em 1858 com os tipógrafos dos jornais (Diário do Rio de Janeiro, Correio Mercantil e Jornal do Comércio) cuja pauta de reivindicação contava apenas com o aumento salarial.
A greve no sentido em que todos nós a conhecemos hoje só passa a existir com o surgimento do sindicato. Essa é a instituição política genuinamente do proletariado, forjada no calor do movimento operário nos séculos XVIII/XIX, ao longo da revolução industrial ascensão da burguesia enquanto classe dominante e o acirramento das contradições das relações antípodas entre o capital versus trabalho, sendo que esta última só vai se constituir enquanto classe social com a modernidade.
O termo greve vem de grève que em francês quer dizer cascalho, areal. Relata-se que antes da canalização do rio Sena em Paris com as suas cheias eram depositados em uma praça gravetos e pedras ao qual ficou conhecida por place de grève. Nessa praça costumavam se reunir trabalhadores à procura de emprego. Com o surgimento da paralisação do trabalho, os trabalhadores passaram a se reunir nessa mesma localidade. Com isso o termo grève passou a ser sinônimo de paralisação do trabalho. (ROCHA apud MARTINS, 2010)
O berço que forja o movimento operário no século XIX e a construção sindical no Brasil é o da esquerda operaria, organizada pela ideologia sindical anarco-comunista. No espaço sindical, por via de regra, a presença da direita nesse lugar só pode ser entendida como peleguismo, traição às classes operarias para atender aos interesses do patrão capitalista. Basta lembrar que o SIMMP teve uma postura conservadora e arrivista contra os governos do PT.
Imaginava-se que o SIMMP teria princípios operários radicais de esquerda para confrontar a gestão do petista. Muitas falas destituídas de construção ideológica de esquerda, predominância de lutas corporativistas por melhorias de salários e aparelhamento ideopolítico do sindicato para derrubar o gestor.
Os profissionais da educação de Vitória da Conquista formam uma categoria heterogênea, numericamente forte, porém muitas vezes vacilante ideologicamente porque ainda permite que certos ideólogos burgueses reacionários influenciem em suas posições políticas. Aliás, esse sindicato historicamente sempre foi bem posicionado na arena política contra quaisquer governos opressores (de esquerda ou de direita), sobretudo nas sucessões eleitorais.
Data vênia meu caro leitor, muito cuidado ao praguejar contra a fluida consciência coletiva que rege ideologicamente essa categoria, restringindo seu álibi somente o extrato bancário, já que os últimos mandatos desse importante sindicato não têm sido majoritariamente constituídos por dirigentes de tradição de esquerda.
O SIMMP é um agente que opera a política também e, é exatamente por isso que ela se articula muito bem com a população conquistense quando se trata de aspectos eleitorais, mas não tem o mesmo feedback em relação à defesa dos interesses socioeconômico e político da categoria. A despolitização favorece apenas aqueles à espreita de uma oportunidade para melhorar de vida. Aí reside à razão dos fascistas em transformar a todos e todas numa imensa geleia geral.
Ao contrapor a essa lógica fascista, deve-se abstrair o caráter excessivo de pessoas com comportamentos desonestos na política, pois isso não faz dela uma teoria social na qual a regra geral serve exclusivamente para corromper a integridade humana. A política deve ser exercida com compreensão crítica dos seus objetivos e suas finalidades.
O abuso não impede o uso (abusus non tollit usum). O mau-caratismo generalizado que deixa as pessoas em duvida em relação à idoneidade da maioria dos dirigentes nas diferentes instituições políticas, não faz dela algo desprezível por ser ruim. A política é algo absolutamente saudável porque é boa em si, mas quando justificada equivocadamente pelo senso comum como algo maleficamente intrínseca a própria natureza da política, isso a torna indesejável e terrivelmente perversa.
Desvencilhar-se do senso comum significa superar criticamente a aparência da política (leituras e discussões coletivas) enquanto fenômeno sociológico e buscar compreender a essência que defini a sua razão de ser. Essa compreensão só é possível com uma formação teórica consistente que subsidie a práxis política avançada. Sindicato deve se posicionar criticamente em todos os processos eleitorais da sociedade em que convive, principalmente daqueles que escolhe quem vai dirigir sobre sua vida no legislativo e no executivo.
Exatamente por essa razão, a categoria participou ativamente dos sucessivos processos eleitorais que garantiram ao PT 5 mandatos (20 anos de gestão) consecutivos. Entretanto, também ajudou a eleger o atual prefeito e teve papel decisivo nas (re)eleições de dois vereadores (PT), mas disse um não sonoro a ex-presidente do SIMMP direitista, de verve fascista.
Aliás, a maior parte da categoria já se ressente de ter ajudado excepcionalmente a colocar na prefeitura de Vitória da Conquista um sujeito estranhamente pusilânime como gestor e vacilante moralmente em consequência de seu analfabetismo político. Tudo isso há menos de 3 anos de desastrosa gestão municipal.
Esse arrependimento tão absurdamente ligeiro se deve ao retrocesso imediato em todos os aspectos da vida social que se abate amargamente sobre à prospera Vitória da Conquista, orçada em meio bilhão de reais deixado pelo seu antecessor do PT. Aos incautos servidores que vacilaram com seus votos (pois haviam outras alternativas como Enoque do PSOL, Fabrício do PCdoB e Joás Meira do PSB) resta a lição tirada na pratica do que efetivamente seja uma gestão tecnicamente capaz e uma real democracia participativa.
Essa base sindical, retomada sua consciência crítica, jamais aceitaria que a sua atual direção hesitasse politicamente aponto de cometer o mesmo erro duas vezes. Mesmo que a história política recente dessa categoria tenha registros indeléveis de alinhamento ideológico por parte da maioria da direção sindical às forças políticas conservadoras de direita (grande parte de viés fascista) para “ludibriar” a base para favorecer eleitoralmente o atual prefeito.
Embora reconheçamos que esse “engano” terrível cometido pela categoria tenha mais a ver com o voto de confiança dado pela maioria da população conquistense, fortemente influenciada por uma conjuntura nacional de golpe forjada e o avanço da extrema direita no Brasil.
Em Vitória da Conquista esse movimento de golpe foi liderando dentro do SIMMP pela direitista pelega da ex-presidente do SIMMP que aproveitou a conjuntura e abusivamente uso seu cargo e as estruturas do sindicato para iludir as pessoas. Portanto, considero que por parte da categoria me parece mais uma negligencia intelectual propriamente dita do que má-fé.
Na academia é muito mais difícil ludibriar um estudante ativo politicamente, imagine um professor com hábitos de leituras regulares de leituras mais profundas, por isso que consolida a formação política. Não existe ludibriar na política alguém de esquerda senão for por má fé, principalmente ser for por alguém assimétrico intelectualmente. A docência implicar muita disciplina com a leitura, inúmeras discussões e reflexões constantes sobre as diversas fontes do conhecimento durante e depois da formação acadêmica nas atividades laborais de classe e sindicais.
Dadas as reais condições de inaptidão teórica e pratica dessa equipe de governo para gerir tecnicamente a máquina pública municipal, uma vez que o mesmo não consegue atender as exigências mínimas das peças orçamentárias, bem como a austeridade em sua execução financeira, não demorou muito para a categoria sentir na pele e no bolso os efeitos deletérios de um péssimo gestor e retomar rapidamente o nível de consciência crítica.
Essa inflexão forçada está acontecendo em todo o município de Vitória da Conquista, além dos servidores públicos municipais à população vivencia o drama da descontinuidade de serviços públicos essenciais, principalmente saúde, educação, transporte público, meio ambiente e desenvolvimento social.
Essa situação de compulsória calamidade pública que se instalou de forma generalizada na cidade obrigou não somente a imensa maioria da base sindical a pensar melhor sobre o erro, se convencendo da besteira e das graves consequências para a vida da cidade causado pelo retrocesso na gestão municipal.
Consciente da força da categoria, não menos fragilidade pela conjuntura nacional que se abatia sobre ela, a base foi instrumentalizada pela direção ao negar o debate crítico à categoria. Portanto, dessa forma que se construiu o odeio ao PT e votação em sua grande maioria no atual governo. Aliás, por falta de discussão crítica profunda sobre a natureza teórica da administração pública municipal, a formação do Estado liberal burguês e os difusos interesses socioeconômico e político da base sindical.
O rápido exame de consciência, a luz da experiência empírica (vide o ocaso do pedralismo) e da inteligência para reavaliar criticamente o erro crasso cometido, ao apoiar acriticamente as estultícias e oportunismos de sua ex-presidente, a atual secretaria de governo, levou grade parte da categoria ao amadurecimento e a tomada de cisão pela grave. A organização política do SIMMP para enfrentar seu algoz, o falastrão radialista que sonhava em ser prefeito.
Meio ao caos do transporte público de massa, causado pelo desmonte do sistema municipal de transporte coletivo para atender a um compromisso financeiro com aqueles que custearam as suas eleições, trouxa a cidade um novo elemento deletério que são os milicianos, uma máfia do transporte de vã até então duramente combatida pelo PT por saber que essas são organizações políticas criminosas.
A compulsória redução de investimentos na saúde pública; sucateamento da frota de automóveis; suspensão no fornecimento de medicamentos; redução na oferta de procedimentos clínicos e cirúrgicos; diminuição na oferta de diagnostico laboratorial e por imagem; a crescente privatização de serviços de saúde pública essenciais, abre uma outra janela no tempo de volta ao passado recente em que os capitalistas repartiam entre si os recursos destinados a financiar as políticas de saúde pública, enquanto o povo morria à míngua sem assistência medica e hospitalar.
A educação era a irmã mais prospera dos serviços públicos, pois vem sofrendo todo tipo de ataque do gestor. Apropriação indébita de valores devidos aos profissionais da educação; não pagamento de salários e benefícios conforme prevê a lei (imagine a unificação do piso salarial a partir da graduação e não de uma estratificação que hierarquiza salários) que define um piso salarial aos professores; aumento zero de salário causando a o assalariamento da categoria; não adoção de Planos de Cargos e Salários para monitores; ausência de discussão coletiva sobre a atualização do PME, PPP e demais políticas de educação.
Sucateamento e corte no financiamento das políticas de desenvolvimento social visando o esvaziamento e, consequentemente, o enceramento de importantes programas de proteção e promoção de populações em situações de flagrante vulnerabilidade socioeconômica e política. O objetivo é atender ao reclame geral das elites reacionárias que alegam que não suportam ver seus “empregados” ascendendo socialmente, imputado aos mesmos a pecha de indolência ou preguiça que pesa nas costas do Estado, como se as elites burguesas pagassem impostos.
Compreender essas mazelas características da sociedade burguesa, faz do SIMMP um sindicato que retoma sua condição política de classe que compreender seu lugar de fala ao lado das classes operarias contra as mazelas e comportamento políticos das classes dominantes contra as classes trabalhadoras e as populações subalternizadas pelas elites burguesas no comando político do Estado liberal Burguês.
Portanto, é nesse complexo e tumultuado cenário de lutas de classes que a direção do SIMMP toma a posição correta de classe em favor dos/as profissionais da educação. O momento exige mais que uma inflexão crítica sobre a natureza ideopolítica da greve. Exige organizar e mobilizar a sociedade com o comando de greve, aliás, o sindicato deve ter consciência política de quem são seus verdadeiros algozes, as elites conservadoras de Vitória da Conquista.
Essa greve não deve ser apenas para derrubar esse governo e instituir outro, criando um círculo vicioso improdutivo. Mas, de enfrentar ideologicamente as elites burguesas e seus representantes capitalistas no comando do poder político. Discutir criticamente os elementos econômicos e financeiros das leis orçamentarias. Radicalizar e aprimorar os mecanismos da democracia participativa. Empoderar os profissionais da educação de todo conhecimento holístico e as técnicas que envolvem a gestão pública.
Embora deva ser peremptoriamente combatido, o atual prefeito de Vitória da Conquista é apenas um ventríloquo inconsequente dessa classe dominante fascista. Um radialista alucinado com o poder, exercendo um fetiche alimentado pela compulsão de mandar justificado pela condição “viril” de mando, contudo não passa de um farsante analfabeto político e funcional.
Um politiqueiro estúpido e audacioso a serviços das elites atrasadas que acreditou nas lorotas e estultices de uma ex-presidente malsucedida e rejeitada pela própria categoria, exatamente por conhecer seus verdadeiros interesses espúrios na política.
____________________________
[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
quinta-feira, 19 de julho de 2018
16 de julho de 2018: 10 anos da Lei do Piso Salarial Nacional
julho 19, 2018
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por
Vinícius...
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“Os professores devem comemorar e continuar em luta pela sua aplicação”
por Cláudio Felix[1]
O dia 16 de julho de 2018 marca os 10 anos da lei 11.738. A lei do piso, como é conhecida, significou a concretização de uma reivindicação de pelo menos 181 anos. A primeira vez que se tratou do tema no âmbito estatal foi com o decreto de 26 de julho de 1827 cujo objetivo era igualar a remuneração nacional docente. Passado mais de um século, a pressão das organizações sindicais do magistério, associações, entidades e profissionais diversos resultou na inclusão de artigo específico sobre o tema na Constituição de 1988. Todavia, seriam necessários mais 20 anos de intensos embates até a sua assinatura pelo Presidente Lula.
A lei apresenta dois importantes avanços para a valorização do trabalho docente: a fixação de um valor para o piso nacional em todo o território nacional e a reserva de 2/3 da carga horária (hora-atividade) para que o profissional desenvolva estudos, prepare atividades, corrija avaliações, faça o acompanhamento de estudantes.
Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (SINSEJ), em 10 anos o Piso Nacional evoluiu 101,04%, enquanto que a inflação calculada pelo INPC foi de 54,45%.
Apesar da conquista, não são poucas as tentativas para burlar a aplicação efetiva da legislação. O não pagamento do valor base e o não cumprimento do direito a hora-atividade são bastante comuns nos Estados e Municípios. Por exemplo, em 2018, com o reajuste anual, o valor do piso passou a ser R$ 2.455,35. Todavia, apenas 15 Estados pagam o piso integralmente (AC, AM, AP, DF, GO, MG, MT, MS, PA, PI, RN, RR, RS, SC,SE) e 12 não pagam (AL, BA, CE, ES, MA, PB, PE, PR, RJ, RO, SP, TO) (www.pisosalarial.com.br).
Golpe ameaça Conquista!
Com o golpe do Impeachment de 2016, a lei do piso profissional salarial nacional vem sofrendo mais ataques. A Emenda Constitucional 95/2016 instituiu um novo regime fiscal de congelamento do teto de gastos públicos para vigorar nos próximos 20 anos (até 2036). Essa Emenda afeta sobretudo os investimentos em saúde e educação e somando-se a perda do controle público do Pré-Sal, que previa investimentos de lucros do petróleo dali extraídos para as políticas educacionais, colocam em risco a conquista do direito a um salário mínimo nacional para os trabalhadores em educação.
A violação do direito às condições dignas de trabalho das professoras e professores está atravessada pela política de guerra implementada pelos golpistas contra os direitos sociais e trabalhistas que colocam obstáculos para a efetiva aplicação da lei do piso. Por isso, não é possível separar esta reivindicação econômica da atual situação política.
Neste sentido, uma das tentativas desesperadas do golpe pró-imperialista é a prisão política do presidente que homologou a lei do piso e é o favorito nas eleições presidenciais deste ano.
Em Conquista a situação também é grave
Nestes dias de comemoração e luta pela aplicação do piso, as professoras e professores da rede municipal de Vitória da Conquista se encontram em campanha salarial. Segundo o SIMMP, a atual gestão da prefeitura, sob o comando do MDB de Herzem e Temer, “tem dado claros sinais de que a desvalorização salarial dos trabalhadores em educação é seu grande projeto político pedagógico. Para este ano o MEC determinou a porcentagem de 6,81% de aumento específico do Piso Nacional do Magistério..., no entanto, a prefeitura se apropria indevidamente de 4,05% deste repasse federal ao oferecer a proposta ofensiva de 2,76%. (...) na prática não só descumpre a lei do piso, mas também destrói o plano de carreira da educação’ (fonte: http://simmp.com.br/categoria/noticias/).
O momento é de luta permanente para a aplicação da lei
Se por um lado é preciso comemorar os 10 anos da lei do piso, a realidade ainda se apresenta muito dura, o que exige da categoria docente uma luta constante e a formação de frentes conjuntas com outras categorias para que a lei seja aplicada. A lição que os professores, professoras ensinam e aprendem diariamente é que somente com a luta e organização se conquistam os direitos.
[1] Professor da UESB na área de fundamentos da educação.
A reeleição de Rui Costa seria a pá de cal no carlismo?
julho 19, 2018
|
por
Vinícius...
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"Rui Costa só avançará no sentido contrário da tradicional política baiana, voltada tão somente para às elites na Bahia, se se reposicionar no tabuleiro de xadrez político do lado certo."
por Herberson Sonkha[1]

Ademar de Barros criou o bordão “rouba, mas faz” nos anos 50 (séc. XX), aqui na Bahia se transformou num corolário do coroné Tunim Malvadeza. Ao contrário do que pensam, “o rouba mais faz” na Bahia consolidou uma herança cultural de rapinagem cancerígena que criou um tecido social depauperado (2006, extrema-pobreza 2.547.395)[2], prejudicou estatisticamente a população baiana com a maior concentração de pessoas (2011, 2,4 milhões)[3]em situação de extrema pobreza.
Eles e alguns hegemônicos transvestidos de petistas são os mesmos que vêm flagrantemente corrompendo o Projeto de Governo Participativo e negligenciando os investimentos financeiros no social no Estado da Bahia. As raposas carlistas malquistas de ontem, são as benquistas de hoje e estão aí impunes, aliás à espreita das galinhas dos ovos de ouro.
A população baiana certamente não se esqueceu do fatídico ano de 1999, quando começou a sair de debaixo do tapete a lama da corrupção praticada pelo coroné e seus asseclas. Naquele momento veio a público o bate-boca entre o presidente da Câmara dos Deputados, o golpista Michel Temer e o truculento coroné Tunim Malvadeza da Bahia, o implacável ACM, que o acusava de dedo em riste de defender interesses pessoais na reforma do judiciário por ser advogado.
O cearense Neo Pi Neo nos brinda com a versão cômica para construir essa tragicômica narrativa da vida política baiana, na metáfora da rural parada que precisa ser empurrada. Sem pretender discutir a pronuncia cearense que se aproxima de alguma forma da pronuncia dos árabes. Segundo Renato Aragão, o Didi, estranhamente o único famosinho global que ficou milionário do quarteto Os Trapalhões.
O coroné Tunim Malvadeza, vulgo ACM, ressentido da traição “pusilânime” do seu pupilo após tê-lo beneficiado com a indicação para diretor do Banco BANEB. O filhote de cruz-credo abandonou o mestre para deixar de ser coadjuvante eleitoral e estrear como titular no PMDB. O recém estreante no cenário da política baiana, o aprendiz de coroné carrega no sangue o DNA político da corrupção.
Nisso ele superou o mestre ao dar um golpe no esculápio padrinho para assumir o papel principal de o implacável corrupto Geddel Vieira Lima, confirmando as insidias da série criminal “Geddel vai as compras”. Um documentário com ilações acusatórias de corrupção na alta administração do Banco BANEB.
O coroné Tunim Malvadeza, desde que assumiu o Ministério das Comunicações (1985-1990) no governo do presidente José Sarney se tornou um implacável perseguidor e violador de informações pessoais para montar dossiê contra seus adversários. Como cantou o Neo Pi Neo, Ramu decê pa impurrá o Jeep contra seus desafetos. Ele se cercou de informações privadas de seus inimigos obtidas dos armários da ditadura civil-militar, principalmente de militantes de esquerda.
Constantemente violava correspondências pessoais, forjava “verdades” de quem o enfrentava politicamente e veiculava nos meios de comunicações controlado por ele. Uma cultura perversa herdada da polícia política do SNI dos governos militares egressos do golpe civil-militar de 1964 (1964-1985).
O coroné Tunim Malvadeza não era brincadeira. Fazia e acontecia na Bahia de Todos os Santos e nenhuma força (encarnada e desencarnada) do legislativo ou judiciário o impedia de cometer as barbaridades. Fazia linchamento público de seus desafetos, mandava torturar e, segundo João Teixeira Gomes em sua obra “Memória das trevas” (embora não afirme), não descarta a possibilidade de ele ter mandado matar seu genro Juca Valente. Essa foi a escola do aprendiz de corrupção Geddel Vieira Lima. Seu mestre não era esse corajoso que a propaganda midiática fazia acerca de seu personagem ditador.
O coroné cai em desgraça pública, bebe do mesmo vinho amargo que impusera impetuosamente aos seus desafetos. Visando a sua preservação moral, pois para o senso comum que imperava na sociedade baiana havia apenas denúncias “sem provas” de seus desafetos. O algoz das esquerdas na Bahia recorre a propaganda nazista, “uma mentira dita várias vezes vira verdade”, se apega a propaganda mentirosa que projetava a imagem de homem sério.
Na verdade, o abutre medrou aponto de se esquivar do julgamento para evitar expor nacionalmente a malcheirosa carniça escondida em baixo do tapete da política baiana. O coroné Tunim Malvadeza renuncia em discurso de 69 minutos pronunciado na tarde desta quarta-feira (dia 30) e cai atirando contra seus aliados, pois sabia que a sua covardia lhe renderia uma reeleição em 2002 com 2,9 milhões de votos.
O costume do cachimbo só não entorta a boca dos representantes das elites, pois a denúncia formulada pelo Ministério Público[4] de violação do painel do Senado, fundamentada no fato de "destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor", foi rejeita pelo STF em 2003 deixando de punir os senadores e a funcionária do Senado.
Mas, a natureza fez justiça levando-o ao lusco-fusco da morte retirando-o efetivamente da vida pública. Antes, viu o PT ascender à presidência da república e ao governo da Bahia, mas se vingou ao ver as suas crias debandarem para o PT ou partidos da base (des)aliada. O povoamento de suas criaturas nefastas certamente tem um custo altíssimo com a liquidação da história da militância sindical e social do PT que lhe enfrentou inúmeras vezes.
Ainda no clima da música de Neo Pi Neo, a marcha progressiva que levou a ascensão ao governo da Bahia da principal força interna do PT na Bahia, o famigerado campo hegemônico, parou o trem da história e impôs, Ramu ingatá uma ré, para voltar e recolher o que sobrou da carniça deixada pelo coroné Tunim Malvadez. A famosa política da família Cathartidae[5](urubu), sobrevoa o corpo que agoniza até morrer para bicar suas entranhas frescas para se alimentar.
Adentra o vagão o eixo-badeixo Geddel Vieira Lima não mais como alimento apodrecido e sim como mais novo Cathartidae. E o faz cantarolando “Ramu s'alimpá. Nabund'areia nãum” para ser agraciado com a honrosa condecoração de amigo de última hora (os boinas azuis).
A concessão de mimos e privilégios que jamais foram concedidos aos companheiros clássicos comedores de poeira de primeira hora, restando apenas o solfejo quase inaudível de petistas do campo hegemônico “Nunssey syrrôla atraz. Ôssyrrôla, nafrente. Ôssyrôla na janela” e vamos nos embolar na classe ‘C’ do vagão da tragédia política até as próximas eleições em que o militante Decê pa impurrá.
Assim como existe uma organização hierárquica política na hora de se alimentar da carniça pela família Cathartidae, nada da base esganiçar o cardápio nojento uma vez que primeiro é o imponente Sarcoramphus papa, (urubu-rei) que ao chegar os urubus se afastam da carniça. Caso esse eixo-badeixo tenha uma pele muito resistente, ninguém mete o bico, aliás só o Sarcoramphus papa pode quebrar a resistência porque tem acúleo mais forte que as demais espécies que se refestela com a “buchada iu sarrabui”, no dizer de Neo Pi Neo.
Além desse eixo-badeixo existem outros mais ousados que voltaram ao cenário da política baiana com a chancela do astro rei. Obvio que estão esperando a parte apodrecida politicamente do PT cair para serem promovidos à condição do novo Sarcoramphus papa da Bahia. Tradicionalmente eles sobrevivem de traições a aqueles que os resgatou da fétida sarjeta putrefata da história para os holofotes da política carniceira.
Enquanto isso, parte da militância de esquerda do partido na Bahia é mantida emudecida pelo fetiche dos cargos e vantagens esperando outras mortes para sucumbir a possibilidade de fazer história que mudaria substancialmente a vida dos baianos. Infelizmente, nosso povo ainda configura as estatísticas altíssimas de múltiplas violências; homicídios das populações negras, principalmente jovens, mulheres e LGBT; analfabetismo funcional, fome, miséria, epidemias e desempregos altíssimos.
Erradicar o modus operandi carlista significa mudar à orientação ideológica do partido. Para tanto, far-se-á imprescindível refletir criticamente sobre a história do campo hegemônico (e seu hegemonismo) de maneira que possa realinhar o itinerário ideológico do partido à esquerda.
Reconhecer que foi um equívoco o recolhimento do nefasto espólio carlista em detrimento de lideranças respeitadas e comprometidas ideologicamente com as lutas sindicais, movimentos sociais e, principalmente com a construção do socialismo. Por essa e outras razões, o campo hegemônico precisa fazer imediatamente autocritica em relação à condução desastrosa do próprio partido.
A incapacidade política para mudar a concepção de mandonismo de um Estado clientelista e patrimonialista herdado do coroné Tunim Malvadez, impede a gestão de avançar em todos os sentidos e o PT não pode condescender com isso. Esse partido das grandes mudanças deve formular e propor uma administração política tecnicamente capaz de romper com essa lógica eleitoreira e seus desdobramentos financeiros de compra de votos e capitulação imoral de lideranças das forças internas e externas.
Enfrentar teoricamente a discussão sobre a ideologia liberal do endividamento fiscal que visa apenas comprometer importantes investimentos sociais, mas mantem aportes de recursos altíssimo com bens de capitais, gastos que só beneficiam grandes empresas e seus negócios de interesses capitalistas.
Isso impõe acabar as “saídas” danosas para a população baiana, a exemplo da terceirização como precarização das relações de trabalho, baixa qualidade do serviço oferecido à população e um compulsório passivo trabalhista. Essa tese justifica a relação deletéria com os servidores públicos estaduais que vêm sendo achacados financeiramente em seus rendimentos e suas condições de trabalho.
Romper com a sanha burguesa de transferir serviços essências ao setor privado, acabando com a festa da privatização (inclusive com graves suspeitas de CC abrindo empresas ou influenciando terceiros para contratar com o próprio Estado, ferindo criminosamente a Lei Federal 8666/93 e Lei Estadual Nº 9.433/05) de parte dos serviços de saúde e educação pública essenciais à qualidade de vida da população baiana.
Portanto, a reeleição do governador Rui Costa só avançará no sentido contrário da tradicional política baiana, voltada tão somente para às elites na Bahia, se se reposicionar no tabuleiro de xadrez político do lado certo. Aí sim, contribuirá efetivamente para a erradicação da escancarada corrupção (rouba mais faz) e as demais mazelas socioeconômicas e política que decorrem dessa tipologia de sociologia política carlista, instituída pelo coronelato de Tunim Malvadeza.
[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
[3] A Bahia é o estado brasileiro com a maior concentração de pessoas em situação de extrema pobreza (2,4 milhões), de acordo com dados Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/05/bahia-e-estado-com-mais-pessoas-em-situacao-de-miseria-diz-governo.html
[5] Urubus, aves da ordem Cathartiformes e da família Cathartidae, são aves de extrema importância na natureza por serem necrófagos, ou seja, são aves que se alimentam de animais já mortos. Eles são responsáveis pela eliminação de 95% das carcaças dispostas em um ecossistema, sendo a maioria delas de mamíferos.
segunda-feira, 9 de julho de 2018
A necessária formação política das populações negras no Brasil
julho 09, 2018
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por
Vinícius...
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“As múltiplas desigualdades calcificaram formas de vida atrozes e desumanamente humilhantes." |
Nenhum pais do continente africano banhando pelas costas marítimas[2]passou desapercebido da sanguinária colonização praticada pela fúria ultramarina portuguesa. A lista quilométrica de crimes é imprescritível: sequestros, estupros, correntes, fome, pestes, cativeiro e toda a sorte de violência. Apesar disso, a investida ultramarina foi abençoadíssima pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana e indiferente para os revolucionários burgueses pensadores da época.
Essa cultura da destruição de reinos africanos começou lá em 1415 com a conquista de Ceuta e terminou em 1999 com a entrega de Macau. Embora alguns historiados estudiosos afirmem que o fim dessas atividades ultramarinas só tenha ultimado em 2002, com a concessão da soberania ao Timor-Leste.
Essa sanha esganiçada pelo recém-criado promissor mercado mundial, nunca teve nenhuma crise moral em assumir publicamente seu principal negócio, o comércio de humanos, excepcionalmente as populações negras insuladas da África. O mercado de carnes negras vivas foi mantido e justificado pelas ciências positivistas modernas, fundamental para consolidação do processo civilizatório burguês.
O império Colonial Português, o mais antigo dos impérios de colonização da Europa moderna, espalhou-se para mais de 50 nações no mundo. Essa potência imperialista, abriu e interligou inúmeros portos, para o florescimento de uma economia liberal moderna, exercida por mercadores eficientes, teoricamente justificados por uma ciência moderna eurocêntrica de berço liberal. A fé inconteste na promessa do progresso promovido pela ciência, que libertaria o mundo da decadência material e intelectual, a transformou numa nova religião: da eficiência.
Não menos implacável com a riquíssima cultura de um povo cuja ancestralidade remonta milênios de tradição dos griôs, anciões responsáveis pela difusão de seus saberes milenares por meio da oralidade. Essa memória coletiva de tradição africana atravessou os tempos durante milênios transmitindo o conhecimento de cálculos e geometria, essenciais para a moderna matemática.
Arrancados dos berços familiares e separados de suas terras para evitar o reagrupamento de núcleos familiares, essas populações foram varridas a ferro e fogo de seu continente natal. Diversas populações trazidas cativas nos porões fétidos, acorrentados/as nus/nuas pelos pés-mãos-pescoço, num ambiente escuro e insalubre, passando frio e calor ao extremo, consumindo viveres podres e pouca oxigenação dos navios para serem indigentes e força de trabalho escravo na América.
O título concedido pela nobreza feudal, que dá status socioeconômico ao portador do título, está visceralmente ligado a propriedade da terra. A terra é a principal fonte de riqueza para o sistema feudal, essa separação homem-terra significava a ruina pauperização e a indigência das pessoas. Esse período de expansão ultramarina está articulado a outro momento histórico fundamental para o capitalismo, a fase da acumulação primitiva do capital, que Marx chamada de “A lei geral da acumulação primitiva”[3].
Nessa obra, Karl Marx vai desvendar (desnaturalizar) a origem da formação da riqueza da nova classe social, a burguesia. Ele explica como se deu o processo de acumulação de riqueza no modo de produção capitalista, no qual houve a expropriação sanguinária de terras, ferramentas e matéria prima para forçar os pequenos aldeões a ceder a exploração dos capitalistas donos das fabricas recém-criadas nas cidades. A força de trabalho era a única coisa que lhes restaram para manter miseravelmente a sua sobrevivência.
“O quanto a questão da terra foi central para o desenvolvimento da acumulação primitiva, assim como, a expulsão dos camponeses das suas terras e expropriação destas. Isso forneceu ao capitalismo, segundo Marx “o campo para a agricultura capitalista, incorporaram as terras ao capital e proporcionaram à indústria das cidades a oferta necessária de proletários sem direito” (2013, p.855). O que significa também a pauperização da população.” (CRUZ, 2013)
Com a África a cosia foi tragicamente perversa. Pois, os seus filhos foram roubados de seus pais, os maridos de suas esposas, os velhos assassinados e suas casas queimadas. Foram vendidos como mercadoria para outro continente estranhamente diferente. Sem família, sem pátria, sem dinheiro, sem instrução técnica para viver na moderna sociedade do trabalho.
Sem o conhecimento da língua do novo país, restou apenas insurgir-se contra seus “donos” e construir um arquétipo de suas aldeias na África nos confins do Brasil, denominada de quilombo. Espaço que permitiu manter a prática da religião materna em sua língua nativa. Uma forma de cultivar a memória para não perder totalmente sua identidade e a ligação cm a ancestralidade oriunda de sua terra natal. Portanto, essas populações no Brasil passaram a viver a mais perversa situação de pobreza, miséria e sofrimento. Aliás, uma cortina ideológica invisibilizando essa situação criminosa até nossos dias atuais.
A pobreza é resultado desse modelo de sociedade capitalista, baseada na exploração e opressão da maioria pela minoria detentora do poder político e do capital. A colonização ultramarina eurocêntrica surge no renascimento cultural e cientifico da baixa idade média (séculos XV e XVI). Tornou-se um elemento de dominação, sem a qual nenhuma outra civilização teria valor. Portanto, sem a resistência a essa avalanche de aculturação não se obterá sucesso, caso não consigamos salvaguardar o vasto conhecimento sobre os primórdios do berço da primeira civilização: a Mãe África.
Pincipalmente os valores históricos de uma época, de uma região, de qualquer país ou mesmo do continente Africano. Resgatar, preservar e promover é único caminho capaz de se opor ao processo hegemônico civilizatório destrutível, instituído pela força do capital imperialista, liderado mundialmente pelas elites brancas burguesas.
Nenhuma população remanescente da África, será respeitada senão for preservado os aspectos fundantes presentes em suas especificidades intelectuais, culturais, religioso, artísticas, moral e material. Esses aspectos estão em permanente desconstrução desde a formação de um mercado mundial criado pelos colonizadores europeus, sob o pretexto da “natural” expansão ultramarina europeia dos séculos XV e XVI, na qual a escravidão moderna foi justificada como saída da crise econômica da Europa.
Essa forma de poder político tem no Estado um gestor de privilégios para minoria parasita que vive da exploração da força de trabalho das classes trabalhadoras (negra também) e da opressão sanguinária às populações negras desempregadas, imputando a essas populações às mais perversas situações de vida.
O racismo estrutural impôs ao Estado liberal burguês, por meio de governos conservadores (de viés fascista), as seletivas escolhas pelos opressores, em detrimento da urgente política de proteção e promoção de nossas populações negras pedinchadas em terras brasileiras. A situação de privação econômica, social e política das populações negras no Brasil criou uma massa de famintos desnutridos, subsistindo nos bairros periféricos, comunidades tradicionais de matriz africana, circunscritos em suas territorialidades e uma geoespacialidade pauperizada e violenta.
A eugenia social feita pelo braço armado do Estado, aponta a nova rota do extermínio tendo como alvo os jovens negros, mulheres, homo afetivo e os pobres periféricos. Essa é a versão contemporânea da limpeza social feita nas cidades de médio e grande porte. Compreender que esse processo de racialização é socioeconômico e político faz parte da necessidade de emancipação dessas populações.
Neste sentido, exige-se das populações (camponesa e urbana) afrodescendentes na contemporaneidade à urgente organização/mobilização política para enfrentar as degradantes condições socioeconômica e política em que vive nosso povo negro no Brasil. As múltiplas desigualdades calcificaram formas de vidas atrozes e desumanamente humilhantes. Longe de ser um processo natural como propõe o liberalismo econômico do século XVIII, antes consequências de um tipo de sociabilidade protegido por condomínios de poder pautado pelo racismo estrutural.
[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
[2] Norte: Mar Mediterrâneo; Nordeste: Mar Vermelho; Leste: Oceano Indico; Sul e Oeste: Oceano Atlântico
[3] MARX, KARL. A chamada acumulação primitiva. MARX, Karl. O Capital: para a crítica da economia política. Livro I, volume II, RJ: Civilização Brasileira, 2013. p. 833-885.
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