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terça-feira, 3 de novembro de 2015
Uma nova ordem social é possível
novembro 03, 2015
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por
Vinícius...
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"E o que dizer sobre nós seres humanos, que hoje, diante da necessidade capitalista de parecer importante aos olhos de uma sociedade a cada dia mais corrompida, que ver o ser humano pelo as posses que este tem e não pela sua condição humana e fraterna nesta passagem pela Terra."
* Por Professor João Paulo Pereira

Em toda a história humana tivemos apenas um momento onde o homem viveu harmonicamente com seu semelhante e com a natureza, isso aconteceu na gênesis da história ou da pré-história da humanidade, antes do surgimento do excedente econômico, antes que grupos descobrissem que a acumulação de bens, levaria a conquista do poder sobre aqueles que não os possuíam, a partir desta acumulação dos bens de consumo pelos chamados Patter, os mais velhos e experientes da comunidade e uma casta religiosa que se formava em torno destes, a história humana mudou o paradigma e onde reinava a coletividade e a igualdade entre os indivíduos de uma mesma comunidade, passou a prevalecer o poder doado a alguns pela acumulação de riquezas.
Todos os modos de produção que surgiram a partir desta acumulação, tiveram como pano de fundo a divisão da sociedade em classes sociais, os que possuíam despensa, que passaram a figurar na história como “classe dominante” e os que não a possuíam que passaram a condição de “classe dominada” empregados dos proprietários, sendo os produtores de riquezas para a manutenção do “status quo” da classe dominante.
No Oriente Médio, em sociedades do Continente Africano como no Sudão, nas civilizações americanas, Maias, Astecas e Incas, a coletivização do trabalho, o acumulo da produção deste trabalho pelo Estado, a divisão da produção em partes iguais para a população e a acumulação do excedente por uma casta teocrática, levou ao surgimento do primeiro modo de produção da história, o Modo de Produção Asiático. Em substituição ao modo de produção asiática, gradativamente foi surgindo a partir da sociedade grega o Modo de Produção Escravista, aqui o homem perde a condição humana e ganha a condição de mercadoria, se tornando moeda para a acumulação da classe dominante em suas respectivas sociedades.
Com o fim do Império Romano, emerge na Europa Ocidental um novo modo de produção, o feudalismo, com sua estratificação social, definido por uma prerrogativa teológica, com o domínio cultural da Igreja Católica, que definiu o papel social de cada estamento na comunidade feudal, onde a filosofia da predestinação do homem, baseado nos trabalhos de Aristóteles, alguns nasciam para lutar, nobreza feudal, proprietários das terras e encarregados pela segurança do Feudo, outros para rezar, membros do clero católico, encarregados de cuidar da vida espiritual da humanidade e aqueles encarregados pela produção de bens de consumo para a sobrevivência e abastecimento do grupo. Essa ordem definiu mil anos da historia da Europa Ocidental, claro que como sempre os Servos eram encarregados da produção da riqueza que seria acumulada pela Nobreza e pelo Clero.
Com o enfraquecimento do feudalismo e fortalecimento de uma nova classe social, que passa a acumular riquezas se utilizando o comércio, atividade que não estava dentro da ordem natural do feudalismo, um novo modo de produção emerge na Europa Ocidental, o capitalismo. Este se dividiu em dois momentos, o primeiro a Revolução Comercial ou mercantilismo, onde o Estado Absolutista tinha todo o domínio das relações de mercado, regulamentando o preço e o peso dos produtos, controlando a entrada de produtos estrangeiros nos recém-criados Estados Nacionais, procurando exportar mais que importar, para manter a balança comercial favorável, visando à acumulação de metais preciosos para os cofres do Estado. Em um segundo momento, a Revolução Comercial foi substituída pela Revolução Industrial e pelo Estado Liberal Burguês, que deu origem ao Capitalismo Monopolista.
A partir deste momento o capitalismo dominou o mundo, em um processo político que ficou marcado na história como o neocolonialismo, onde as potências econômicas Europeias apoiadas pela a crescente nação norte-americana dominaram vastas regiões da África e da Ásia, ampliaram o controle sobre a América Latina, com a “Doutrina Monroe” e com o “Laisses Faire” que criou liberdade total para que o capital circulasse pelo planeta, o ponto máximo do liberalismo econômico.
De meados do século XIX até os dias atuais, o modo de produção capitalista, tem buscado se estabelecer como sistema político dominante. Para isso, o capital buscou se consolidar, atuando em todos os setores estruturantes da sociedade, atuando de forma decisiva, na família, onde buscou moldar a principal célula social, a partir dos princípios fundastes do pensamento capitalista: moral, ética, costumes baseados na moral religiosa cristã,sobretudo, no ocidente, na necessidade de acumulação de riquezas, da sobrevivência através do trabalho, que ganhou a condição de resgate da dignidade humana. Ao mesmo tempo em que, deteriorava o princípio estruturante da família celular, que é o respeito às diferenças, o amor incondicional entre os homens e o cuidado com a vida.
De forma geral o capital percebeu que tudo que está no mundo, pode está a serviço da produção de riquezas e consequentemente da acumulação por parte daqueles que detém o poder econômico e domina a sociedade. Desta forma, o grande capital partiu para o ataque, a matéria prima extraída de forma irracional do meio ambiente, da produção cultural mundial que foi substituída por uma produção artístico-cultural de massa, “coisificando” as artes plásticas, a música, o teatro, o cinema, o rádio, a literatura, a televisão, dando a tudo um valor de mercado, expondo toda arte nas prateleiras do mercado capitalismo. O mesmo aconteceu com as tradições culturais de cada país, que perdeu a condição de produção cultural popular para ser mais uma mercadoria geradora de riquezas para capitalistas irracionais, que não tem o cuidado de preservar a história, a cultura, os costumes e a vida de populações inteiras, a exemplo do que aconteceu com o Carnaval e o São João no Brasil, com as festas Country nos Estados Unidos, das tradicionais festas Alemãs e até do futebol mundial que perdeu a sua condição esportiva, para se transformar em um rentável negocio para grandes empresas mundiais.
E o que dizer sobre nós seres humanos, que hoje, diante da necessidade capitalista de parecer importante aos olhos de uma sociedade a cada dia mais corrompida, que ver o ser humano pelo as posses que este tem e não pela sua condição humana e fraterna nesta passagem pela Terra. A raça humana foi transformada em uma espécie pronta para competir e disputar o mundo o tempo todo, desde o nascimento até a morte, aprendemos que somos um ser que nasceu para competir, disputar em busca de uma vitória van, que não nos conduzirá a lugar algum e por conta disso, competimos pelo melhor time de futebol, competimos quando nos divertimos com amigos ou familiares, competimos pela melhor roupa, pelo melhor carro, pelas melhores notas para provarmos que somos superiores ao outro que está ao nosso lado o tempo todo. Passamos a vida tentando provar nossa superioridade em servir aos interesses do grande capital, que é quem realmente dita às cartas do jogo político-social no mundo capitalista, sem nos dar conta de que somos uma grande massa amorfa, que vivemos a partir das determinações de uma minoria absoluta da sociedade, que detém a maior parte das riquezas que circulam no planeta e se utiliza deste acumulo de riquezas para determinar a vida de bilhões que bestializados, que marcham rumo ao nada.
O século XX foi marcado pela escalada da ideologia capitalista na conquista da hegemonia total sobre a consciência coletiva mundial. Passou a atuar decisivamente em todas as áreas da vida humana, segurando tudo com seus tentáculos que atuam em todos os campos sociais, impondo culturas, costumes, entrando impiedoso em tudo e determinando o modo de vida do planeta. Desta forma criou o homem ideal para o mundo, pronto para atender as determinações da ordem mundial. Mesmo em momentos de questionamentos a ordem, os detentores do poder, estão prontos para uma reação imediata e feroz.
No atual momento histórico, é fácil perceber para aqueles que refletem a realidade, como está organizado o grande capital. Com o advento do projeto Neoliberal, a partir de 1990, as contradições do modo de produção capitalista, se tornaram mais visíveis. Por todo canto do planeta, os problemas sociais, econômicos e políticos foram aparecendo, ficou claro para parte da população que era preciso urgentemente buscar mudanças efetivas na sociedade. Nos 25 anos que se seguiram desde então, grupos políticos contrários a esta nefasta ordem social, emergiram, passaram a disputar o poder do Estado, com o mercado, mesmo não promovendo mudanças estruturais, mas foram importantes para estabelecer a crítica e introduzir no mundo um paradigma questionador da ordem burguesa, o que trouxe para o debate a prerrogativa de uma mudança efetiva para o futuro.
Entretanto, nos últimos 10 anos, diante destes questionamentos a sua ordem política, econômica, social e cultural, o mundo assisti a uma violenta reação do capitalismo, se utilizando da estrutura ideocultural construída ao longo dos séculos passado, o grande capital tem buscado colocar em cheque, toda a construção que se mostrou contraria a ele nos últimos anos. Inicialmente desde os movimentos da juventude das periferias francesas, e dos Hooligans ingleses e alemães, que a CIA (Central Intteligence Agency), vem espalhando por todo o planeta um ideário neofascista ou Nazifascista, como em alguns casos como na Ucrânia, na Índia. Na América Latina, é visível o estímulos a grupos de jovens com este caráter, principalmente na Argentina, na Venezuela e no Brasil.
Outro exemplo claro desta tendência desenvolvidas nos quartéis da CIA, está na chamada “Primavera Árabe” no final de 2010 e durante o ano de 2011, quando a juventude dos países árabes no norte da África e no Oriente Médio, motivados pelo desejo de “liberdade e democracia”, marcharam pelas ruas de seus respectivos países, derrubaram governos sólidos, que mantinham a unidade dos vários povos que formam a população de muitas destas nações, instituíram novos governos aliados aos norte-americanos e subservientes ao mercado global, produzindo nações enfraquecidas e que voltaram a viver sobre o domínio do capital estrangeiro, o que tem gerado problemas até os dias atuais. Sem falar da luta engendrada pelo mercado e pelas potências capitalistas, contra a Rússia, a China e países aliados.
É um movimento mundial que visa, sobretudo, instituir um novo imperialismo, recolonizar o globo terrestre para o capitalismo, a partir de seus tentáculos nos Estados dominantes e continuar a escalada do mercado em direção ao controle total do mundo e de tudo que nele existe, com o objetivo único de manter a produção de lucro e a acumulação para o 1% da população detentora da maior parte da riqueza que circula no planeta.
Por outro lado, a crescente onda de governos de centro-esquerda que se formaram pelo mundo, ao mesmo tempo, o crescimento de movimentos sociais de contestação da ordem neoliberal dominante, que rapidamente ganhou vários países do planeta nos últimos 25 anos, deixa claro que há a possibilidade de construção de uma nova ordem social, econômica e política. Mesmo com a força do mercado e dos países hegemônicos do capitalismo jogando contra esse movimento de contraposição aos ideais do neoliberalismo, a semente de uma nova história para humanidade já está plantada.
As experiências dos 12 anos de governo petista no Brasil, que de forma superficial corrigiu as disparidades entre ricos e pobres no país, reduzindo o tamanho do abismo social que separavam as classes desde a colonização do país, a experiência do governo chinês, que montou um modelo misto de gestão pública, garantindo que a riqueza produzida pela sociedade privada, também fosse usada em defesa da sociedade, a coragem do governo Russo que mesmo em visível desvantagem não para de enfrentar o dragão capitalista com seu mercado irracional e devastador da dignidade humana, a pequena Venezuela, onde Hugo Chaves e Nicolai Maduro enfrentam tentativas seguidas de golpes contra o povo deste país, a resistência dos descendentes dos Incas na Bolívia liderada por Evo Morales, bem como outros expoentes da esquerda Latino Americana, como Pepe Mujica e Fernando Lugo, Cristina Kirchner, a resistência cubana por 52 anos contra um cruel e desumano boicote econômico e político a pequena Ilha de Cuba, a vitória da África do Sul contra o Apartheid, que consolidou a luta dos povos oprimidos daquele país contra o dragão do capital.
Por outro lado e crescente o surgimento de pessoas que se levantam contra a crueldade capitalista, na defesa de um novo paradigma ecológico para o planeta, no surgimento de lideranças populares que impunha as armas como, por exemplo, o Papa Francisco que está iniciando uma nova cruzada pela construção de uma nova ordem mundial, viajando todo o planeta para falar sobre a necessidade de uma nova ordem social, igualitária, fraterna e com justiça social, o fortalecimento do ex presidente Lula, no cenário mundial, em defesa da erradicação da fome no mundo, do vocalista da Banda U2, Bono Vox, que tem levantado a bandeira da defesa dos recursos naturais do planeta e da erradicação da fome, trazendo consigo o apoio de outros nomes consagrados da música mundial.
Entretanto, para que essa nova ordem aconteça é fundamental que cada indivíduo que acredita no novo mundo, diuturnamente cumpra seu papel como construtor da novidade, buscando ampliar as relações de sociabilidade, de cuidado com o outro, de respeito às diferenças, da busca incansável pela sobrevivência da capacidade de amar do ser humano, o respeito a diversidade cultural e plural dos povos do mundo, a ruptura com toda forma de preconceitos, xenofobismos e qualquer ação que busque individualizar a sociedade, fundamentos que são contrários aos ensinamentos do capitalismo, que desde a introdução do individualismo como pilar social, ainda na Renascença, tem estimulado uma cultura de ódio, a divisão e medo entre os homens.
São vários exemplos de células de resistência a predadora ação do mercado sobre o mundo, entre outros que não foram apontados, é claro que esta mudança não vai acontecer rapidamente, é um processo histórico e como todo processo histórico acontecerá em longa duração, mas os sinais do novo tempo estão aí, cabe a nós que acreditamos e lutamos por essa nova ordem social, mantermos vivos estes sinais, continuar a escalada pela gradual construção de uma ideologia da classe que vive do trabalho, uma consciência revolucionária e libertadora, para quando esse momento surgir no horizonte da história humana, o mundo esteja pronto para esse novo paradigma.
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