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sexta-feira, 20 de novembro de 2015
20 de Novembro! Enfim...
novembro 20, 2015
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por
Vinícius...
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"É chegada a hora de aumentar o passo e firmar a pisada porque algo deu “errado” no paraíso que abespinhou a fúria bizarra dos cruéis feitores, donos de tudo e de todos na terra brasilis."
* Por Herberson Sonkha
O ano é o do Nosso Senhor. No comando homens cândidos cuja tessitura das ideias ronda o desejo e o fascínio de matar. Na cabeça, ideias repleta de avaros pensamentos jimbongos, reputação doentia, apetecido por poder e honras. No porta-bagagem uma “mercadoria” com apenas valor de troca. No tombadilho homens salpicados pelo sol escaldante, vestes estranhas e hábitos extravagantes. Nos porões, antes lugar para conter comestíveis e outros objetos, revolve tulha de animais "desalmados", cujas algemas atadas a correntes presas às estruturas, encurtados, moviam-se arrastadamente para observar uns aos outros. De lá se ouvia apenas o tinir dos ferros ou estampidos das chibatas. Sem mais, longos e dolorosos prantos. “Quem são estes desgraçados?” Olvidar do grito preso na garganta?!
Singra a cortina silenciosa do além-mar, algumas vezes revolto, mas sua travessia fora gloriosa aos estúpidos e delituosos mercadores de humanos, não menos pior para as “mercadorias”. Os gemidos e sobressaltos que emergiam dos porões fétidos e tenebrosos das naus, dizia muito que (des)mundo seria esse que recepcionaria estes “desgraçados” ao aportar em terra firme. E que recepção!
Brasilis! Doce e inspirador lar! Pelo menos para os brancos! Um lugar lindo e exuberante! Uma terra fértil. Repleta de lindos e paradisíacos cenários. Terra de muita fartura! Frutos, animais de todos os portes, muitos minerais preciosos e uma fauna e flora de valor inestimável. Aqui se firmou a peregrinação destes “desgraçados”. Uma via-crúcis que rasgou céu aberto os quatro cantos deste “novo” mundo. Cruzou rios, florestas e matas. Dor e sofrimento ferrados a ferro e fogo na alma dos ditos desalmados, que perpassou todas as constituições e nada acontecia que pudesse mudar, ou apenas repara uma parte ínfima deste sofrer interminável.
Aqui se chegou, plantou, colheu, cortou, costurou, limpou, construiu, ergueu, fabricou e enriqueceu aos Senhores, mas sequer usufruiu da riqueza da nação, ou pior ainda, alimentou-se do que produziu. Silenciado pela força coercitiva do Estado e mantido cativo pelo desejo de sucessivos governos, estes “desgraçados” que aqui tudo fez, nada recebeu em troca porque o contrato social unilateral estabelecido pelos donos da riqueza não reconhecia animais como humano portador de direitos. Afinal os “desgraçados” são desalmados e como tais são como passer domesticus capturados além-mar e trazidos nas gaiolas, mesmo “solto” ainda vivem como nômade em terras alheias. Não tem casa, família, cultura, religião, história muito menos nome e sobre nome. Séculos se passaram e esta saga sentenciou o “destino” destes “desgraçados”.
É chegada a hora de aumentar o passo e firmar a pisada porque algo deu “errado” no paraíso que abespinhou a fúria bizarra dos cruéis feitores, donos de tudo e de todos na terra brasilis. Ah meu povo lutador... Intimidação nunca nos intimidou! Os brancos nunca nos quebrantou! Nossa luta começou ao atravessar o portal da Mãe África. Somos guerreiros e guerreiras desde a aurora dos tempos sombrios dos porões. Resistir, pular, gritar, enfrentar, dançar e cantar ao bem viver faz de nossos povos de África, roubados de nossos ancestrais, uma civilização milenar. Lutamos! De “desgraçados” passamos a negros e negras! De ninguém passamos a alguém. De animais passamos a humanos. De humano a pessoa. E de pessoa a sujeitos de nossa própria história. Alude a possibilidade de conceder por gentileza a certificação de cidadania... Só começamos desconstruir a voz passiva, porquanto ainda ecoa viva a voz ativa de Castro: “Quem são estes desgraçados. Que não encontram em vós. Mais que o rir calmo da turba. Que excita a fúria do algoz?”
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