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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Gênero, feminismos e a reação nazifascista na sociedade moderna.

Fonte: apoiamutua.milharal.org
*por Herberson Sonkha

A principal razão deste breve ensaio foi à reação retrógrada habitual das elites conservadoras brasileiras contra o Ministério da Educação. O conservadorismo questiona a citação da escritora francesa Simone de Beauvoir no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015. A cantilena é contra a autonomia do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), órgão responsável por elaborar as provas do ENEM. A ladainha está no introito da prova de redação porque usa o fragmento do livro “O Segundo Sexo”, (1949) em que Beauvoir afirma que “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.

"Nós homens e o nosso modus vivendi ainda não experienciou mudanças paradigmáticas profundas, capazes de possibilitar outras formas de vivencias igualitárias. Não cabe mais pensar outra sociedade, ou sociabilidades alternativas ao capitalismo, sem pensar efetivamente na emancipação das mulheres, argumento sobre o qual se impõe as questões de gênero e orientação sexual." 

Professor
Militante do Movimento Negro APNS
membro do Coletivo Ética Socialista
O INEP vem modificando sistematicamente o método de elaboração das questões, que são testadas veladamente pelos estudantes do ensino médio. O processo assegura que os estudantes não tomem conhecimento de que estão respondendo questões referentes ao ENEM. Assim, são classificadas conforme o nível de erro dos estudantes, aliás, a glosa tem como referencia de corte o elevado nível de acertos ou erros. Mesmo com vazamento de provas e algumas sabotagem feitas por quadrilhas que vendem resultados, o método vem sendo aprimorado, assegurando a inclusão no ensino superior.

A adoção de qualquer literatura não se dá pela benevolência de executivos “iluminados”. O INEP aplica questões de sondagem e as utiliza como feedback para medir o impacto na escolarização por meio das ações, programas e projetos político pedagógicos nas relações de ensino-aprendizagem, a exemplo das diretrizes para transversalidade nas políticas educacionais[1], inclusive de Direitos Humanos. A “comunização” do MEC pela suposta adoção do(s) marxismo(s) é um equivoco já que qualquer que seja o marxismo ele é contrário à política de direitos humanos, de berço liberal clássico.

O discurso ideológico de caráter conservador, usado no vídeo aparentemente educativo, começou a circular nas redes sociais logo após a realização das provas do ENEM. Transpondo seu exterior, descobre-se um conteúdo de cunho nazifascista bastante ameaçador. O curta-metragem[2] lembra muito o método ideologizante nazista utilizado pela cineasta favorita de Adolf Hitler, Leni Riefenstahl, no filme "O Triunfo da Vontade" que objetivava, em seus filmes, “a glorificação do partido nazista e a deificação de Adolf Hitler”.

O vídeo, um jogral “inocente”, faz um jogo pretensioso de palavras ressignificadas. Pretende-se demonizar determinadas categorias que são expressões teóricas ou práticas do campo de esquerda. Assim, expressões como ‘marxismo’, ‘comunismo’, ‘revolução’ ‘socialismo’, ‘ditadura do proletariado’ ‘tomada de poder’, ‘insurreição popular’, ‘governo popular’, ‘vermelho’, ‘luta de classes’, ‘ditadura do proletariado’, ‘petista ou PT’, ‘partidos de esquerda’ e tantas outras expressões que não são necessariamente deste campo de esquerda marxista como ‘gênero’, ‘LGBT’, ‘macumba’, ‘candomblé’, ‘Pai e Mãe de Santo’, ‘negro’, ‘racismo’ e etc. são hostilizadas e relegadas à condição de proscritas.  
Os veículos midiáticos da burguesia se especializaram em introjetar subliminarmente no inconsciente do imaginário coletivo do povo, simbologias binárias (positivo ou negativo) repulsivas, baseado no modelo cartesiano que racionalizam os conceitos (bom ou ruim; bem ou mal) em quadrantes opostos. Assim, o lado do quadrante negativo é decodificado como ideias “apavorantes”, desencadeadoras de hostilidades que estimulam o comportamento coletivo odioso que funcionam como código ético-moral.

Assim, esse código que regula as relações sociais (subordina os indivíduos) é orientado pelo determinismo mecanicista. Eles são programas diariamente introjetados na mente humana vulnerável e geralmente atua como ”ombudsman” e serve para controlar, condenar e banir simultaneamente do campo do “bem” pessoas que se vincularem a estes símbolos, como se elas tivessem cometidos atos abomináveis. Os mecanismos controladores “blindam” a mente humana, repulsa a força contra-ideológica estranha, capazes de confrontar e fragilizar a ordem social estabelecida. 

As cenas do vídeo tem a função neurolinguística de ativar o mecanismo de controle introjetado no inconsciente coletivo da população, desencadeando comportamentos “inexplicáveis” de rejeição aos símbolos supracitados, induzindo a população à validação de qualquer ataque aos proscritos. Aplicou-se este mecanismo ao MEC, acusando-o de ser comunista e ao ENEM de ensino marxista. Antes “cêsse” marxista!

Em minha opinião (de quem não domina profundamente o tema), este fato reprovável contra a impecável literatura de Simone de Beauvoir é mais que um insano barbarismo intelectual, aliás, são incongruências incorrigíveis com a literatura marxiana e suas indefectíveis expressões marxistas. Quanto maior for à ausência de conhecimento e exercício crítico intelectual, maior será a eficiência do sensor.

“Quanta ironia há nesse título do livro! quanta provocação há nessa frase! Para se dar tratamento ao tema e analisar algumas questões acerca da mencionada obra, que reflete o vigor de suas ideias, deve-se também vasculhar um pouco acerca dessa mulher que mudou as formas de ser e de dever ser da cultura do século XX. Vida e obra aqui se mesclam, interagindo entre si.” (Dos Santos 2010)[3]

O sensor é implacável com qualquer desavisado a mercê da mídia burguesa, veiculo por meio do qual os conservadores fazem um esforço hercúleo (imoral) para apagar do imaginário coletivo ideias, posições, valores e conquistas realizadas no campo centro-esquerda. No que pese as duras, todavia, corretas críticas imputadas ao PT, (partidos da base governista e principalmente ao PCdoB) seria incoerente negar as contribuições efetivadas por eles, notadamente pelo PT. O esforço desmedido para destruir não se limita ao PT, contudo as ideias subversivas dos partidos com orientações marxistas, visando interromper o crescimento das forças à esquerda no Brasil e na América Latina.

É uma impetuosa e desmedida afronta aos intelectuais brasileiros (de centro-esquerda) e uma intimidação invasiva ao governo atual, com afeições propagandista e do jornalismo marrom de véspera do golpe civil-militar de 1964: “Somos um povo honrado, governado por ladrões” do editorial da Tribuna da Imprensa RJ; ou "Os bons maridos sofrem muito..." Diário da noite, 1964; a chamada do Jornal do Brasil em 1º de abril de 1964: “Mais de um milhão de pessoas na marcha: Fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo". No que pese saber que existem características históricas diferenciadas, percebe-se nuances de hostilidades parecidas com ambiente que antecede a derrubada do governo de Jango, João Goulart:
“Na verdade como dizia Darcy Ribeiro, Jango não caiu pelos seus erros, mas pelas suas virtudes. Hoje abrimos os jornais e vemos um mar de lama, de corrupções, são os exemplos. Eu coloco a disposição uma vasta documentação que nós temos.” (Página 7 de 216[4])
A questão essencial no vídeo é o combate ideológico sistemático e irredutível do que os conservadores chamam de “lepra do comunismo”. Por trás deste discurso, esconde-se uma preocupação com o que ele representa enquanto força social transformadora, capaz de interromper os logos ciclos de conservadorismo na terra. Todos eles originados com o surgimento da propriedade privada dos meios de produção, com todas as relações de dominações; surgimento do Estado e seu aparato legal que legitima o poder coercitivo de manutenção da propriedade e todas as contradições que decorrem desta matriz baseada no patriarcado:
"Com o advento da nova família, veio junto, a hegemonia do Estado, para redimir as possíveis questões de posse, propriedade, comércio, economia e dos laços de parentesco, e ainda da distribuição de áreas para que se realize o comércio dos produtos excedentes. O Estado é um organismo que veio proteger o homem de posse dos homens que não tem posse de nada[5].”
No caso de Simone, o vídeo mal-aventurado cometeu vários estelionatos intelectuais, o mais grave foi o de associá-la perversamente ao comunismo (stalinista) e ao nazifascismo (Hitler / Mussolini). Não há qualquer relação de validação, por parte de Beauvoir, com o que se convencionou chamar de “socialismo real”, após ruir o “centralismo democrático” de Stalin, mesmo porque Simone de Beauvoir e Sartre acompanharam as denúncias de Leon Trotsky, através de seu livro: “A Revolução Traída”, acusando Stalin de tornar burocraticamente degenerado Estado operário e defendendo a derrubada da ditadura stalinista pelo desvio ideológico e pelo retrocesso ao capitalismo, declarando: “um rio de sangue separa o stalinismo do bolchevismo”.

Em relação ao governo de Dilma Rousseff, o sensor não alisa e comete o equivoco de afirmar levianamente que é um governo comunista com o Ministério da Educação Marxista. Desonestamente o curta-metragem desconhece a tradição teórica marxiana, pois este pressuposto e a práxis política desconsidera qualquer processo de ruptura com o Estado liberal burguês por via eleitoral.

Sem o confronto estabelecido pela luta de classes, por meio da radicalização contra a burguesia, o capitalismo e suas instituições políticas (Estado), jamais levaria a ruptura estrutural. Assim, a afirmação temerária do vídeo mistifica os processos sociais revolucionários, único capaz de suprimir o atual Estado e sua concepção socioeconômica e política. Assim, poder-se-ia pensar na superação deste Estado, podendo até ser substituído por outro, não necessariamente comunista, porque nada diz a este respeito à obra essencialmente marxiana.  

O crime cometido contra a filósofa existencialista é uma anomalia psicopata. Ela possui raízes profundas no pensamento moderno e sua produção intelectual e suas práxis políticas influenciaram o ocidente e, principalmente, o movimento feminista francês com reflexões que impulsionava a luta pela emancipação da mulher, questionava o papel de “subordinação” da mulher na sociedade capitalista e, sobretudo, a participação das mulheres nos movimentos sociais de esquerda de sua época.

Além de conviver intelectualmente com o filósofo Jean-Paul Sartre, Simone teve com ele, relacionamento amoroso aberto e duradouro, o que lhe rendeu boas polêmicas e algumas controversas, segundo os conservadores. Adorada por uns e odiada por outros, escreveu intensamente para as mulheres do mundo, num viés marxiano, porque acreditava de forma factível na ruptura das relações de opressão machista, sexista e misógina.

A escritora possuía uma impetuosa produção intelectual, radicada em berço marxiano com uma literatura extensa. Os Mandarins” (1945), “Memórias de uma Moça Bem Comportada” (1958), “A Força da Idade” (1960), “Todos os Homens São Mortais” (1946), “A Força das Coisas”, (1964) e “A Velhice" (1970).

O ‘Portal Conservador’, publicou um texto chamando-a de “nazista, pedófila, misândrica e misógina” e, “estranhamente”, veicula ao mesmo texto uma foto lapidar (tirada por Alberto Korda) de Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre sentados na sala com Ernesto Che Guevara, quando o mesmo era dirigente do Banco Nacional de Cuba.

Oportuno lembrar que Beauvoir e Sartre, ambos os filósofos influenciados pela teoria marxiana, já haviam rompido com o “comunismo” stalinista. Sartre acidamente cuidou disso, ao chamar o regime de “O fantasma de Stalin” em um de seus escritos panfletário antistalinista. Mas, a base marxiana jamais fora abandona pelos dois e Beauvoir tratou de deixar isso claro no livro “A força das coisas”, quando escreveu “Éramos muito difíceis de classificar. De esquerda, mas não comunistas”. 

Assim como aborrece o ‘sensor’ dos conservadores de direita (nazifascistas ou não), os sinais evidentes de avanços das lutas populares pela igualdade racial no campo da promoção étnico-racial; no campo das lutas LGBT; contra a selvageria que destrói o meio ambiente pelo capitalismo predador; no campo da agricultura familiar agroecológica e, da retomada do debate marxiano sobre os rumos do socialismo/comunismo na atualidade, a questão da mulher não está imune a esta sanha machista que dissemina o ódio e a demonização à liberdade sexual, socioeconômica e política das mulheres.

Na verdade, o sensor da burguesia é contra quaisquer propostas de ruptura das mulheres que eles arrostam, mesmo não sendo marxista. A questão é bem mais complexa do que supõe a vã moral dos conservadores rancorosos. Esta luta pela emancipação das mulheres perpassa várias correntes de pensamento moderno e uma delas é a marxiana. Neste caso, basta assumir qualquer bandeira de luta por igualdade para ser apedrejada e, ser for marxismo/comunismo, fica mais excitante ao achaque falso moralista.

Como a ideia deste diminuto texto não é historicizar sobre as varias correntes feministas ou tema em discussão e sim fazer algumas provocações, abrindo ao debate, até porque não tenho fôlego intelectual para tanto, aqui vão alguns dos principais expoentes do movimento feminista na contemporaneidade e suas respectivas matizes teóricas que fazem o debate sobre gênero/feminismo nestas últimas quatro décadas.

Na década de 70, do século XX, os textos da antropóloga norte-americana Gayle Rubin tornou-se leitura obrigatória para autoras feministas, principalmente por sua elaboração descritiva do sistema sexo/gênero que ainda exerce influências atualmente, contudo, não poderia deixar de esclarecer que suas principais influências teóricas foram Lévi-Strauss e Freud, não obstante, fazer críticas ao marxismo.  

A historiadora norte-americana Joan Scott, 1980, pós-estruturalista, influenciada pelo pensamento de Foucault e Derrida, além de se opor ao sistema de sexo/gênero de Gayle Rubin alegando ser “incapazes de historicizar a categoria sexo e o corpo”, fez criticas a outras concepções. Joan Scott propôs a superação de instrumentos descritivos e adoção de método analítico capaz de pensar “linguagem, nos símbolos, nas instituições e sair do pensamento dual que recai no binômio homem/mulher, masculino/feminino”.

Nos anos 80/90, a filósofa norte-americana Judith Butler, influenciadora da vertente ‘Queer’, produz texto contendo críticas ao feminismo, colocando em cheque um conjunto de categorias e princípios tidos como sólidos, a exemplo, de mulher e identidade. “Butler expõe a ordem que prevê total coerência entre o sexo, gênero e o desejo/prática sexual, no bojo da sociedade heteronormativa”. Butler reconceitua gênero, dialogando com influências Scott, inserindo definitivamente o “corpo e o sexo” no debate acadêmico e social contrapondo a compreensão de materialidade.    

A socióloga australiana Raewyn Connell tornou-se referência em estudos das masculinidades. Também buscou conceituar gênero, mesmo não sendo seu lócus de estudo. Ressaltou o papel das construções sociais e históricas, buscando caminhos alternativos ao apresentado até aquele momento, para atingir conceitos de gênero. Destacou os processo reprodutivo e diferenças entre corpos e como o corpo (privado) é visto e apropriado nas práticas sociais.

A socióloga marxista brasileira Heleieth Saffioti, importante referência intelectual feminista para o Brasil, propõe reflexões relevantes no campo marxiano, advertindo: “feministas, usem menos gênero!”, alegando haver problemas políticos no conceito de gênero. Saffiote, orientanda de Florestan Fernandes, escreveu sobre a mulher no Brasil, na década de 1960. Ela analisa o encontro do marxismo e o feminismo e denuncia o que considera o inimigo comum ao movimento feminista mundial, colocando-a próxima às principais feministas da época: Simone de Beauvoir e Betty Friedan.

O cientista social francês, Pierre Bourdieu, trata do tema da dominação, mesmo não desenvolvendo necessariamente a questão gênero por não ser central em seus estudos e elaboração teórica, sobretudo ao desenvolver o conceito de construcionismosocial. Trata-se de um trabalho respeitável que oferece contribuições e críticas importantes ao debate dobre o conceito de gênero. Desenvolveu conceitos de “dominação masculina” e “violência simbólica”, para falar sobre manutenção de um poder dissimulado nas relações que permeiam o nosso pensamento e na concepção de mundo, Bourdieu atribui o “privilégio” masculino a necessidade constante dos homens de afirmar sua virilidade:     
“a virilidade é uma noção eminentemente relacional, construída diante dos outros homens e contra a feminilidade, por uma espécie de medo do feminino, e construída, primeiramente, dentro de si mesmo. (BOURDIEU, 2010, p. 67).
A luta de gênero, notadamente o crescimento de correntes feministas que questionam (com razão) a situação da mulher na sociedade atual, é, de maneira geral, exatamente igual a outros períodos da humanidade, no entanto, do ponto de vista das relações de produção capitalista, há um recrudescimento nestas relações que decorre da sociedade capitalista.

Ao retomar a questão centrada no texto usado na avaliação de autoria de Simone de Beauvoir (1908-1986), far-se-á necessário resgatar a sujeita histórica que subjetiva a escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Sua obra mais conhecida é o livro “O Segundo Sexo”. É considerada uma das maiores representantes do pensamento feminista existencialista francês:
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino".
O livro “O Segundo Sexo” traz questões pertinentes sobre a situação da mulher no mundo, em suas várias dimensões da vivência humana. Mas, qual é mesmo a situação da mulher no mundo moderno? Ao tentar responder a esta questão, as feministas compreendem a mulher no contexto histórico, as formas de dominação na vivência em sociedade e as especificidades deste período. As mulheres na economia, na sociedade, no mundo profissional, na religião, na arte e nas diversas dimensões do viver em sociedade.
“No cenário histórico-geográfico de sua vida depara-se com a imagem de mulher que ela vai construindo para si. O final dos anos 20, como também grande parte do século XX, trazem à cena política os dilemas cruciais dos totalitarismos, do antissemitismo e do imperialismo. A radicalidade desses acontecimentos, como bem lembra Hannah Arendt, demonstrara que a “dignidade humana precisa de nova garantia” a ser firmada por meio de “novos princípios políticos” (DOS SANTOS, apud. ARENDT, 1989, p. 13)
Por fim, dizer que, os avanços ainda incipientes conquistados pelas feministas, ainda não são suficientes para desconstruir o machismo arraigado em nossas consciências, entranhados em nossos comportamentos que nos incita a comportamentos condenáveis de opressões, de violência, de invizibilização e aos homicídios mais hediondos cometidos contras as mulheres por coisas banais. Nós homens e o nosso modus vivendi ainda não experienciou mudanças paradigmáticas profundas, capazes de possibilitar outras formas de vivencias igualitárias. Não cabe mais pensar outra sociedade, ou sociabilidades alternativas ao capitalismo, sem pensar efetivamente na emancipação das mulheres, argumento sobre o qual se impõe as questões de gênero e orientação sexual.

Neste sentido, o desafio que as mulheres enfrentam não é menor que os desafios de propor uma nova sociabilidade, porque há implicações profundamente arraigadas. Para a professora Magda Guadalupe dos Santos, Beauvoir aprofunda-se em sua analise e descreve dupla opressão sobre as mulheres. Uma é a opressão sobre seus ombros e a outras são limitações para romper com os laços de dominação que as mantém na servidão. E afirma que


“(...) entende que a mulher assumiu, ao longo dos tempos, o lugar do outro, da pura alteridade com valoração negativa, cuja identidade é determinada pelo homem. Também entende que a dimensão humana é sempre paradoxal, já que “o homem que constitui a mulher como um outro encontrara nela profundas cumplicidades” (DOS SANTOS, apud. BEAUVOIR, DS I, 1980, p. 15).




[1] Resolução Nº1, de 30 de Maio de 2012. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, Estabelece Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos.
[2] O Triunfo da Vontade (Triumph des Willens), de Leni Riefenstahl (Alemanha, 1936). Sedução pela imagem. A relação que o documentário estabelece com aquilo que filma passa sempre pela indução e pela condução de determinados sentidos, e pela construção de variadas significações. Neste sentido, O Triunfo da Vontade é o filme de propaganda por excelência. Riefenstahl impõe às imagens dois objetivos: a glorificação do partido nazista e a deificação de Adolf Hitler. Fonte: http://www.revistacinetica.com.br/triunfo.htm
[3]Artigo: Simone de Beauvoir. “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.  Professora Dra. Magda Guadalupe dos Santos. Doutora em Direito. Professora do Departamento de Filosofia do Instituto Dom João Resende Costa, da PUC Minas.
[4] Relatório sobre a morte do Ex-Presidente João Goulart. Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/ditadura/pdf/ditadura_05.pdf
[5]  ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Tradução de Ruth M. Klaus: 3ª. Centauro Editora, São Paulo, 2006.

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