Translate
Seguidores
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
A práxis política e a teoria revolucionária fez qualquer partido transformar o mundo.
setembro 05, 2013
|
por
Vinícius...
|
"(...) conclui-se que o partido que posicionar-se ao lado do mais forte implica em assumir o ônus conservador de quem caminha com a bússola apontada pra direita cujo pensamento dorme em berço conservador, racista, homo-losbofobica, machista, intolerância religiosa e xenófobia."
* Por Herberson Sonkha
Ao utilizar a expressão analfabetismo funcional tem-se como objetivo assinalar a incapacidade de pessoas em empregar a leitura e a escrita em atividades do dia-a-dia que exigem tais desenvolturas para compreender níveis mais complexos da realidade social, política e econômica. Mas, esse fenômeno característico da sociedade atual não se restringe ao nível básico da educação brasileira, pois se se instalou pelos corredores das universidades públicas e, principalmente da faculdade particulares que, ao invés de formar estudantes críticos institucionaliza o ser “aluno” (aqui esta expressão foi usada para ironizar o ser sem luz).
A débil academia superior, particularmente na primeira década do século XXI, propiciou o surgimento em massa do chamado Analfabeto Funcional, porque leem e escrevem somente o necessário para passar na prova ou seleção sem qualquer relação orgânica com a universidade intelectiva do pensar-praticar-pensar. Esse termo foi adotado e disseminado amplamente pela UNESCO (1978) para instituir a padronização estatística educacional visando influenciar as políticas educativas de países membros. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura o Alfabeto Funcional são aquelas pessoas capazes de entender minimamente instruções escritas necessárias às realizações das tarefas operacionais.
Para a UNESCO o conceito de alfabetização proposto em 1958 diz respeito à capacidade de ler compreensivamente ou escrever um enunciado curto e simples relacionado à sua vida diária. Em 1978 a UNESCO reformula esse conceito qualificando-o de funcional porque havia a necessidade de inserir os indivíduos ajustadamente em seu lócus fabril e com a capacidade de desempenhar tarefas a partir da leitura de enunciados curtos, escritas de pequenos relatórios e realização de pequenos cálculos demandados pelo mundo profissional, com desenvolvimento de graus de habilidades, conjuntura econômico ou sociocultural.
A sociedade atual é de consumo, em grande medida é fluída, entorno da qual se vive e morre-se para adquirir produtos e serviços. Ao bel prazer do deus mercado, vem à reboque o ensino superior a ponto de perder o rigor da ciência factível, enquanto ferramenta de manejo para apreensão e intervenção dos das estruturas do pensamento ideológico hegemonizante do capital e suas categorias filosóficas, capazes de apetrechar partidos e movimentos populares com as teorias sociais que visam às mudanças nas estruturas de poder político, econômico e social.
Nestes termos, longe da sanha dos vendedores de ilusão do fim da estória e do libero triunfante capitalismo que encerra a historia da humanidade instituindo o último homem [Tio San] a vida segue seu curso em outras direções. Para o ser militante de esquerda é possível conceber a teoria tão somente como reflexo cognitivo do real concreto complexo e não como ideário que determina o concreto, do “penso logo existo” dos cartesianos. Portanto, nesta perspectiva teórico-prático a ideia per si é estéril e não cria absolutamente nada se se retirá-la do universo a que está subordinada, porque é simplesmente uma representação no plano ideal do concreto.
O que é revolucionário aqui não são as inexoravelmente “ideias” escritas com o rigor e destreza da língua normativa culta ou coloquial e sim a capacidade de elaboração intelectiva pejada da dialética da sociedade atual que obstaculariza com seu senso comum, ou dissimulada pelo bom senso, a compreensão da maioria da população magnetizando com um ponto sego no entendimento humano que o impede de perceber a exploração do homem pelo o homem por onde incide o deslocamento do capital e do papel ideológico das instituições que as mantem.
Compreender esta dinâmica complexa requer um exercício intelectual intenso decorrente da práxis política que deslinda nas relações econômicas, políticas e sociais a dominação e o estranhamento necessário à legitimação do capitalismo enquanto sistema econômico e o Estado como aparelho regulador e interventor coercitivo para dissolver as relações de conflito visando manter a ordem o progresso do capital.
Assim, mais do que necessário é imperativo desmistificar [des-fetichizar] as lei do mercado como sendo “naturais”, inquestionáveis e subordinantes a necessidade humana e combater as instituições políticas do sistema capitalista, depreendendo suas categorias estruturantes e a partir destas apropriar-se para deslindar o que é unidade, seus contrários e o resultante desta luta incessante [muitas vezes silenciosa na superfície (unidade) e dialética na essência (contrários)] que se dá em função do tencionamento do mais forte na correlação de força. Aliás, em algum momento erigir-se-á deste debacle entre as duas primeiras situações dadas, uma terceira dimensão do real.
Apropriando-se deste método para buscar compreender o mundo e suas correlações de forças internas, conclui-se que o partido que posicionar-se ao lado do mais forte implica em assumir o ônus conservador de quem caminha com a bússola apontada pra direita cujo pensamento dorme em berço conservador, racista, homo-losbofobica, machista, intolerância religiosa e xenofobia.
Isto explica a insustentável retórica modal cuja práxis mantem um fosso entre a militância e o esvaziado de partidos de esquerda. Isso implica em não escutar as manifestações de rua, os trabalhadores, movimentos de ocupação de terra urbana e camponesa, movimento de promoção da igualdade racial, de mulheres e LGBT, expondo o quanto os movimentos sociais reivindicam porque lá os partidos deixaram de participar porque consideram que tais movimentos apresentam demandas “insolúveis” e para desqualificá-las vão transformando as bandeiras de lutas em “problemas” porque este Estado burguês não foi criado para incorporar demandas sociais que demandem investimentos, pois para estes não passam de gastos.
Por isso, os longos e difíceis anos de resistência dos partidos de esquerda a malfadada governabilidade de direita serviram para “amaciar” a militância e preparar o caminho para conformação destas importantes organizações populares a conciliação de classes antagônicas. Desta forma, distanciam o partido de sua esfinge fundamental que é o capitalismo e negligencia o enfrentamento de seus próprios dilemas internos de caráter teórico-prático. Ao abandonar a causa genuína, negligencia-se também a educação política dos filiados [especialmente aqueles não egressos da militância] tornando a organização vulnerável à capitulação ante o algoz por não compreender com clareza que um governo sem projeto à esquerda e sem as massas é incapaz de promover mudanças estruturais na economia e nas instituições políticas burguesas seculares.
No entanto, a incansável militância, mesmo com todos esses anos de resistência dentro dos partidos e a incompreensão de que o papel do Governo no Estado é limitado pela legislação escassez de recursos disponiveis na fazenda pública, sua militância ainda continua advogando pelas mudanças estruturais e mantendo assente formulações e princípios ideológicos gestados no berço da obra marxiana e de muitos teóricos marxistas egressos deste berço secular, apesar de polêmico.
Muito desta inquietação intrínseca ao ser revolucionário responde ao que se espera de uma organização popular de esquerda como se afirma com tom irônico alguns dirigentes de partidos tidos de esquerda. Em relação ao que se denominou de Mensalão, cumpre discernir que o berço de nossa concepção do que é moral na política está para além da ética burguesa, pois assim, o rapto de forma “indesejada” como se apropria de algum bem para fins coletivos é justa, porem a apropriação do resultado coletivo para fins individuais é reprovável em quaisquer que sejam as condições.
Essa luta combativa de resistência é mantida apenas por alguns militantes cuja práxis política sustenta o caráter evolucionário e só é reconhecido quando a direita ameaça tomar mandatos, recorrendo à força e coerência da militância. Portanto, militantes convictos se propõem questionar as instituições políticas engendradas no curso do triunfante capitalismo e tudo aquilo que se expressa da conjuntura sócio-política determinada pela economia capitalista.
O momento é importante para fortalecer a militância e promover mudanças de lideranças de diversos partidos, pois percebemos a inflexão política de dirigentes que preferem atender ao comando de “direita volver” e seguirem nesta direção de forma à crítica como se esta fosse inexoravelmente à única saída possível para a crise do capital ou para as contradições do “malogrado” mundo do trabalho.
O mundo continua capitalista exatamente como analisou Marx no século XIX, controlando a base produtiva e os fatores de produção e expropriando o lucro de forma assustadora e a sua matriz ainda é inalterável e segue realizando o mais valor cuja base de cálculo ainda é o famigerado D-M=D’. A novidade é a cantinela do Estado de Direito Democrático, uma forma de governo que Marx não conheceu.
Os legendários desta teoria creem piamente que estamos livres de qualquer militarização na intervenção do Estado frente a qualquer crise cíclica mais aguda do capitalismo e que, portanto este regime democrático é o ultimo estágio da humanidade separando-o da selvageria como fez Francis Fukuama ao rever sua celebre tese do fim da historia ao ver os emergentes da América Latina derrotar o neoliberalismo com suas formas de governos democráticos com intervenção forte do Estado para garantir a distribuição do pouco da tributação compulsória, pois os ricos ainda não têm suas fortunas taxadas compulsoriamente, estão levando ao extremo este modelo societal que já dá sinais de que sua fragilidade.
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Buscar neste blog
+Lidas na Semana
por autor(a)
Arquivo
-
▼
2013
(118)
-
▼
setembro
(12)
- Reflexões: As dimensões do aprender–ensinar: Instr...
- Slavoj Žižek: Giro em falso
- Há 92 anos, nascia Paulo Freire
- As Contradições de um julgamento político
- SINSERV de Anagé: Uma luta necessária!
- Médica de Votuporanga condenada por xingar mulher ...
- Tese de Doutorado Sobre a "Degeneração" da Música ...
- A Alegria é toda nossa!
- DOCUMENTÁRIO: Clitóris, prazer proibido.
- Apenas algumas poucas palavras os apavoram: Govern...
- O HOMEM COMO SER COLETIVO: A NEGAÇÃO AO CAPITALISMO
- A práxis política e a teoria revolucionária fez qu...
-
▼
setembro
(12)
0 comments :
Postar um comentário