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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Alegria é toda nossa!

Boteco de Doglas: Juninho meu irmão, Raimundo (Bahia), Herberson Sonkha e Nego Gal grande amigo.

* Por Herberson Sonkha

O bairro da alegria é um lugar agradável para viver e seu povo é muito hospitaleiro. As pessoas que moram lá são portadoras de uma humanidade sem precedentes. Ao contrário do que pensa os preconceituosos, há uma ética moral que regula a tudo e todos. A maioria das ocupações, nas décadas de 80 e 90, que ocorreram por lá foi consequência da ausência histórica de política de habitação popular para o município que contribuiu para estimular a ocupação desordenada de áreas verdes e praças por falta de condições dos desafortunados para manter os altos custos com alugueis com salários baixos, afinal ninguém quer ser conhecido como invasor, até porque não se usa mais esta expressão porque as terras ocupadas não são propriedades particulares e sim de propriedade pública.


O que se recomenda é evitar a ocupação porque existe um programa municipal de habitação e também porque aquela área faz parte da bacia de decantação da baixada, tem muitos minadouros e isso pode colocar em risco as alvenarias porque estas construções são feitas em solo frágil e movediço sem nenhum segurança e pode provocar desabamento.

Apesar dá péssima reputação de alguns hóspedes desavisados do hotel Califórnia, que não é privilegio só do bairro Alegria, os moradores em sua imensa maioria são trabalhadores decentes que passam a semana na dura lide do trabalho e nos finais de semana aproveita para ouvir música; ir à famosa feirinha logo cedo da manhã; jogar a velha pelada; passam o dia preparando aquele almoço que normalmente no meio da semana não é possível porque o tempo é curto  e corrido por causa do horário de  trabalho.

Eu nasci e passei a maior parte da minha infância até o final dos anos 70 por lá. Em 1979 fui morar em Jequié com Painho e lá fiquei até 1986 quando retornei para Vitória da Conquista e, é claro, morar no Bairro Alegria, exatamente na Rua Espirito Santo. Depois na Rua Ouro Preto, Itambé... Tantas outras ruas! Enfim, morei em vários lugares que fazem deste bairro um excelente lugar para se morar. Frequentei a igrejinha de São Francisco e até fiz catequese e depois participe do grupo de jovens da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Jogava bola no campo da baixada em plena chuva porque era gramado, quando não tomava banho na enxurrada e saia de bica em bica nas casas tomando banho, era uma diversão. Mesmo que depois tomava uma bronca ou umas palmadas de Mamãe em casa porque chegava molhado, tossindo e com a roupa só o barro. Lá no campo da baixada também dei meu primeiro salto mortal treinando na Academia Ginga Brasil do Mestre Manoel Sarará. Éramos felizes mesmo morando num bairro pobre da periferia conquistense formado em grande parte por trabalhadores braçal.

De lá veio a minha primeira namoradinha que o máximo que pude prósperar era pegar na mão. Beijar? Era razão para ficar avermelhado e já se comportava como namorado... As festinhas nas casas era o único momento para ver e, se desse a sorte, dançar música lenta com a pretendida por uma única vez com certa distancia, é claro, para manter o respeito.  Ou na sorte mais duas vezes, porque se passasse disso a Mãe já queria saber o que estava acontecendo e aí a festa acabou...  Mas, a saudade desse tempo é grande!

Hoje, mesmo depois de todos esses anos, ainda há no bairro Alegria recordações de parte importante de minha infância e da adolescência. Por isso, sempre que posso vou rever amigos e parentes que ainda moram lá. Recordo do parquinho e do circo que era montado no inicio da Rua Espirito Santos, próximo a Frei benjamim, onde hoje funciona uma escolinha de futebol e outros que eram armados ao lado da mercearia de Flávio,  íamos sempre lá para comprar bolacha que vinha na lata, suspiro, cocada baianinha, Banda e bala soft...  Sempre deixo o bairro revigorado, com as lembranças e as gargalhadas ao encontrar amigos e lembrar-se de nossos bons tempos, tirando o frio. 

Ao contrário de nosso tempo, fico triste ao ver uma grande parte da juventude de hoje em condições degradantes quando deveriam aproveitar as oportunidades que não eram oferecidas naquela época. Infelizmente, um parte expressiva dela está chafurdada nas drogas, roubando para sustentar o vício, ao invés de usufruir das políticas públicas que oportunizam momento que podem mudar a vida da juventude. Coisas que não havia por lá... Nunca na nossa historia de adolescentes tomaríamos uma cerveja porque nossos pais jamais permitiriam e depois cerveja era bebida de rico, muito cara... No máximo uma batida de maracujá escondido....

Sou freguês (expressão do tempo de Zé Garanto) do velho e indefectível botequeiro, o Douglas. Senhor esguio, de altura mediana, cabelos grisalho e um bom bigode daqueles de espantar freguês inconveniente. Por lá aparecem sempre personas benquistas como o amigo Isaac, Raimundo (Bahia), Mestre Manoel, José Hamilton, Veizim, Marão, Pulga, Gilson, meu irmão Juninho, o galego, vários... Tudo gente boa do bom papo e excelente companhia, exceto quando nosso amigo, não posso falar o nome, comparece literalmente molhado para espalhar a conversa e que pra juntar da trabalho...  No mais, sem alterações no plantão do Botequeiro...

Há um laço de amizade de duas gerações com o Bairro Algeria, e aqui neta caso destaco a todos e em especial o Botequeiro, que começou com Painho na década de 60 quando Douglas ainda não tinha Bar e eu dei continuidade a amizade. Muita coisa mudou por lá, já existe estudantes secundaristas e universitários, comerciantes, empresários, jogadores de futebol no exterior, jornalista de grande audiência em salvador, motorista profissional, carreteiro, chapista, Funilarista, mecânico, encanador, pereiro, azulejista, eletricista, pintor, professor, enfermeiras e técnicos de enfermagem, nutricionista, representante comercial, borracheiro, frentista, barbeiro, agentes de beleza, costureira, padeiro, manobrista, gerente, coordenador, ex-vereador... Uma lista interminável. E não poderia faltar o Salão de Beleza Chik de Aline de Dona Rita e Zé Hamilton com sua eterna bondade, servindo a todos com sua oficina e o Severa que quebra o galho de todo mundo nos momentos mais dificei... 

Diferente da minha época em que não havia oportunidade para todas e as coisas eram mais difíceis os moradores do Bairro Alegria eram temidos ou hostilizados por morar lá. O tempo passou e foi construído um Posto de Saúde (PSF do Ademário), Posto de Gasolina Sinal Verde, a ciclovia e pista de caminhada. Apesar da urgente necessidade de melhorar alguns aspectos na infraestrutura do bairro, o Alegria vai bem obrigado!

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