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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Editorial — CONSCIÊNCIA NEGRA: Reparação e responsabilidade pública

Foto: ASCOM/Mandato
Dr. Andresson Ribeiro

“Vereador Andresson Ribeiro defende políticas de reparação
histórica em sessão especial do Dia da Consciência Negra.”

 


*por Herberson Sonkha I DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA 




VITÓRIA DA CONQUISTA (BA) - A sessão especial realizada nesta quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, em homenagem ao Dia da Consciência Negra, não deveria ser tratada como mais um item protocolar da agenda institucional. Com homenagens às personalidades negras e da capoeira — incluindo o Troféu Zumbi dos Palmares e o Troféu Paranauê — a atividade, convocada pelo mandato do vereador Xandô, abriu espaço para reflexões que ultrapassam o simbolismo da data.

A fala firme e estruturada do vereador Andresson Ribeiro marcou o tom do debate ao evidenciar uma verdade incontornável: a desigualdade racial no Brasil continua sendo uma das chagas mais profundas e persistentes de nossa formação social. Ao defender que o 20 de Novembro não pode ser reduzido a um evento comemorativo, Ribeiro toca em um ponto frequentemente ignorado pelo poder público — a memória histórica impõe responsabilidade política. 

É impossível compreender o Brasil sem reconhecer que sua estrutura econômica, cultural e institucional foi moldada tanto pela criatividade, resistência e contribuição do povo negro quanto pela violência organizada da escravidão. Seus efeitos — encarceramento em massa, exclusão educacional, racismo institucional e desigualdade de renda — seguem determinando as trajetórias de milhões de brasileiros.

Foto: ASCOM/Mandato
Dr. Andresson Ribeiro

Nesse cenário, a defesa de políticas de reparação histórica deixa de ser uma proposta idealista para se afirmar como obrigação do Estado democrático. Educação, saúde, habitação, mobilidade urbana e geração de renda permanecem como áreas onde as assimetrias raciais se reproduzem de forma sistemática. Não haverá projeto nacional consistente enquanto a cor da pele continuar sendo, no Brasil, um marcador estrutural de desigualdade. 

Ao destacar princípios como respeito, justiça social, inclusão e equidade, Ribeiro reafirma que políticas afirmativas não são concessões benevolentes, mas instrumentos civilizatórios de correção histórica. Do mesmo modo, sua homenagem ao Instituto Quilombola do Território do Sudoeste Baiano, representado pelo coordenador Josezito, reforça a urgência de reconhecer o papel central das comunidades quilombolas e do movimento negro na luta por direitos que o Estado, historicamente, se recusou a garantir. 

O Dia da Consciência Negra não é um convite à celebração, mas um chamado ao compromisso ético. Exige ação concreta, revisão de prioridades e enfrentamento direto do racismo estrutural que, ainda hoje, define destinos e limita oportunidades. Exige que câmaras municipais, governos estaduais, o Congresso Nacional e a sociedade civil assumam a reparação como horizonte democrático e não como exceção.  

Se o discurso do vereador Andresson Ribeiro ecoar para além das paredes do plenário e se transformar em linha de atuação — e não apenas registro protocolar — a sessão especial terá cumprido seu propósito. Caso contrário, somar-se-á ao vasto repertório de gestos simbólicos de um país que já não pode se permitir a superficialidade enquanto vidas negras seguem sendo atravessadas pela desigualdade.  

Este editorial reafirma: construir uma sociedade democrática demanda coragem para encarar a própria história e transformar sua herança em justiça real. Não há futuro possível enquanto o passado seguir determinando quem vive, quem morre e quem pode sonhar.

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