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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Árabes Muçulmanos Versos Sionistas Judeus


*por Carlos Maia


Numa época de conflitos e embates de classes, profundos e de extermínio populacional de parte considerável da espécie humana, o sistema organizacional proposto pelo capital para se alcançar uma relativa e absoluta taxa de exploração da força de trabalho, numa perspectiva de uma possibilidade, ainda por demais que remota, de saída da crise de exaustão a que ela está submetida, não resta nada ou quase nada a fazer, senão que alimentar o extermínio de uma parte da “população sobrante” do planeta, tanto a que compõe o exército industrial de reserva quanto a que se amarga no desemprego crônico, estrutural e/ou intermitente, como também no subemprego e na “mendicância institucionalizada” bancadas por políticas compensatórias diversas, pelo Estado, que além de cumprir um papel predominantemente a favor da injeção profunda para o socorro de empresas capitalistas e da sua função primordial de defesa de toda à ordem do capital, não deixa de apresentar para o conjunto social em questão, um “cala boca” certeiro aos mais diversos segmentos das massas proletárias, neutralizando assim, todo o potencial explosivo, no que se refere a uma propensa radicalização contra o status quo vigente.

Um outro vetor do desenvolvimento da luta de classes no mundo é aquele em que está estabelecido por projetos neofascistas beligerantes, e, dentro deles a guerra da Rússia contra a Ucrânia e de Israel contra a Palestina. Pegarei aqui o caso deste último por se tratar de um genocídio para o extermínio, não apenas a grupos terroristas (Hamas e Hezbollah), mas de submissão a ferro e fogo de toda a população residente na Faixa de Gaza, que foi colocada ali após a criação do Estado de Israel em 1947 com o reconhecimento dos EUA e da extinta URSS, dentre outros.

Após mais ou menos 13 séculos, os judeus ocuparam a Palestina, mas essa ocupação nunca se deu de forma completa. Ali se deu e ocorreu lutas intestinas entre raças e tribos às mais distintas. Desde basicamente 1250 a.C., época em que se presume o êxodo dos judeus rumo à “terra santa”, rumo à Palestina, terra até então majoritariamente habitada pelos filisteus. Daí, o nome de “Filistina”, que derivou em Palestina. No século VI a.C., Nabucodonosor exilou-os durante 70 anos na Babilônia; depois no ano 135 da nossa era, o Imperador Adriano dispersou-os pelo mundo.

Depois dos persas, dos gregos e dos romanos, os árabes conquistaram a Palestina, no ano de 637 da era cristã, misturaram-se com seus habitantes originais e com eles constituíram o povo palestino, que, em 1917, ocupava a Palestina, pois havia 13 séculos ininterruptos. Portanto, o argumento dito como “histórico” pelo judeus sionistas de que essa terra era e constituía-se de fato e de direito desde há 2000 anos, não pode ser levado a sério.


O sionismo

A palavra sionismo vem de Sião, uma das colinas de Jerusalém, que se configurava na maior parte da cidade. Seu nome aparece 152 vezes no Antigo Testamento e sete (7) vezes no Novo Testamento. Este nome não significa apenas uma designação geográfica – Monte Sião, é para os judeus o local onde Jeová habita. Assim, essa expressão é por demais carregada de emoção poética e fé profética. E é por isso que esse nome foi adotado no século XIX pelo movimento que tinha por objetivo principal, estabelecer um Estado judeu na Palestina.

No entanto, foi através de Theodor Herzl (1860-1904) que este sonho foi transformado em aspirações de se formar na Palestina um centro cultural e espiritual, ou seja, num movimento político e colonialista de um rigor implacável. Herzl era um jornalista austríaco judeu. E estes eram maltratados ali naquele país. Ele era considerado pela comunidade judia como um homem de grande talento. Publicou sua obra “O Estado Judeu” em 1896 e morreu em 1904. Mas, isso foi suficiente para dar ao sionismo, seu objetivo, sua doutrina, sua organização, sua estratégia (que permaneceram inalteradas até nossos dias), essencialmente, para dele realizar um movimento de pretensões internacionais e sobretudo, de elevar-se a uma audácia fora do comum.

O objetivo era assim, o de transformar a Palestina num Estado judaico. No entanto, havia na Palestina menos de 1% de judeus contra 99% de árabes. A Palestina fazia parte de um dos maiores impérios da época, o Império Otomano, que a defenderia contra qualquer investida sionista. Mas Herzl não teve longevidade suficiente para ver seu sonho se realizar. Foram necessários basicamente cinquenta (50) anos para que este pudesse ser realizado. Pois, foi mesmo em 1947 que as Nações Unidas proclamaram o Estado judeu. Mas foi Herzl quem edificou a estratégia e a organização que apesar de ter sido enriquecidas posteriormente, teve nele os seus fundamentos basilares e os princípios doutrinários.

A organização englobava três frentes compostas de duas forças cada, que se completavam e visavam o mesmo objetivo. Por exemplo, a frente da colonização compreendia de um lado, um firme e intenso trabalho diplomático objetivando a obtenção dos instrumentos internacionais capazes de proteger os colonos.

Para arregimentar os judeus, havia uma frente dupla: de um lado, a organização política de células a nível local, nacional e internacional; de outro lado, a organização financeira encarregada de levantar fundos através de taxas e donativos e demais operações de investimento.

Uma outra frente, a chamada de mundo exterior, era igualmente composta de duas forças: a organização paramilitar, que começou com o “Hachomir” e veio a se transformar no Exército da Haganah e as organizações terroristas Irgun e Stern, e, juntamente a isso o trabalho de propaganda a que Herzl deu uma importância primordial.

Assim, a estratégia organizacional foi determinada por Herzl e o congresso sionista. Segundo Mansour Chalita, um das maiores autoridades em assuntos do Oriente Médio e da cultura árabe no Brasil, pelo menos até a época de Saddam Hussein, ex-embaixador da liga dos Estados Árabes, jornalista freelancer, escritor, contribui com artigos para vários jornais e revistas, realizando ainda conferências na Academia Brasileira de Letras e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército; coloca para nós os seguintes princípios de forma resumida em seu livro “Esse Desconhecido Oriente Médio”:

1. Um lugar fundamental dado à diplomacia, isto é, a todas as espécies de relações pacíficas com os governos e os povos estrangeiros. 

2. Uma manifestação do êxito da diplomacia sionista foi vista 50 anos mais tarde, quando 2/3 dos membros das Nações Unidas se posicionaram pela partilha da Palestina.

3. Não esperar da diplomacia mais do que ela pode dar: a diplomacia facilita a ação, mas não a substitui se não lutarmos, senão realizarmos nós mesmos, nenhuma potência fará nada por nós, afirmam frequentemente os sionistas.

4. Ben Gurion dizia: “A promessa Balfour e o Mandato Britânico até este, seriam letra morta senão tivéssemos logrado trazer os judeus para a Palestina e não os tivéssemos instalado lá, numa grande escala”.

5. Não mudar jamais de objetivo, mas aceitar alcançar este objetivo por etapas; e evitar inquietar o mundo revelando prematuramente as etapas futuras. Afirmar, ao contrário, a cada etapa, que ela é a etapa final, mas passar a uma segunda etapa, uma vez consolidada a primeira.

6. Dotar a causa de todos os ornamentos da arte e da cultura, a fim de que ela deixe de ser árida e atraia até aqueles que nela não tenham grande interesse.

Por fim, afirma ainda Challita que:

“Os recursos da cultura judaica, da Bíblia, da Terra Santa têm sido postos à contribuição até os limites extremos da deturpação e do cinismo, atraindo multidões de simpatizantes que, interessados a princípio por tal aspecto cultural, chegavam insensivelmente a sustentar, sem se dar conta disso, as ambições sionistas”.


Foi desta forma que os sionistas, desde 1897, quando da criação da Organização Sionista Mundial, objetivou a criação na Palestina de um Estado judeu. Pois, há 40 anos, em um ritmo crescente estabelecia ali um forte movimento de luta pela posse da terra. Este desiderato se deu, num primeiro momento, de forma bastante amigável por parte da população palestina. Herzl não mediu esforços diplomáticos junto ao governo turco, no sentido de se realizar junto a este negociações para se demonstrar a prosperidade econômica que a presença dos sionistas trariam ao Império Otomano. Todas as tentativas não lograram êxito e fez com que um ministro turco gritasse aos quatro cantos; “Não fale mais em comprar a Palestina”.

Esta recusa fez com que Herzl, no Congresso Sionista de 1903, apresentasse a proposta de compra da Inglaterra de uma área de 15.000 quilômetros quadrados em Uganda. Mas a proposta foi recusada pelo Congresso que já se encontrava fascinado em adquirir a “Terra Santa”. Herzl morreu em 1904 e os seus sucessores só aumentaram o incentivo à colonização em 1914, pois já haviam 80.000 judeus na Palestina, representando aí, um salto de 1% para 8%, o que, entretanto, representava 1% dos judeus do mundo.

Após um longo processo em que a Palestina passou a ser disputada, do ponto de vista político e econômico pelas potências (Grã Bretanha inicialmente, Estados Unidos posteriormente) ainda residia em seu território (1920) 92% da população árabe muçulmana. Mas, foi com o fim da Segunda Guerra Mundial que o domínio e a influência dos EUA se fez presente e definitivo naquela região. Os sionistas souberam tirar proveito daquela situação, pois ali estava concentrado o maior número de judeus (quase 6 milhões) contando aí com a influência direta de um dos responsáveis pelo capital financeiro, o banqueiro Rothschild.

Em 1946 a Comissão das Nações Unidas, responsável pela elaboração do inquérito da questão Palestina, recomendou:

1. A entrada imediata de 100 mil judeus.

2. A supressão das restrições à transferência de terras aos judeus.

Em 15 de maio de 1948 os sionistas impuseram pelas forças das armas o Estado de Israel e, pondo em execução um plano arrojado, os sionistas elevaram de 56 para 77% o seu território. Apossaram-se de todas as terras abandonadas por suas vítimas e alcançaram assim, 2.600.000 de judeus estabelecidos ali. É entretanto, no cenário de confrontos e guerras que Israel irá se consolidar como potência econômica e militar no Oriente Médio. Uma nova etapa se fará presente na história daquele país, com a vitória da guerra de 1967, que acabou por se apossar de parte do território egípcio e sírio, bem como de todo o território palestino. Os judeus perseguidos na Europa acabaram perseguindo os palestinos na sua pátria milenar e ocuparam-na, constituindo aí um Estado militar forte e muito bem aparelhado, que ao contrário da Ucrânia, não necessita tanto de ajuda externa para a realização de conflitos bélicos, pois é um dos países militarmente mais bem preparado do mundo.

Israel para se firmar enquanto Estado político, militar e econômico capitalista, deixou atrás de si um rio de sangue das populações muçulmanas, ou mesmo cristãs como é o caso de parte da população libanesa. Neste processo, Israel criou e alimentou também o ódio de muçulmanos que se organizaram em forças paramilitares, treinados pelo seu arqui-inimigo, o Irã, única potência militar capaz de enfrenta-lo em uma nova guerra no Oriente Médio, e que, apresenta-se como um pretexto de tempos em tempos para o combate às ações antiterroristas que acabam por mais uma vez, colocando em estado de prontidão para o deflagrar futuro de novos movimentos de peças no que tange ao domínio imposto pelos “senhores da guerra”, bem como para as ações de represálias à todos aqueles que ameaçam o poderio e a dominação opressora dos judeus sionistas, que por sua vez, compõe e se faz presente na frente do Estado de Israel. Só uma revolução socialista é capaz de trazer àquela região do globo, uma paz duradoura para o conjunto das massas proletárias.


*Carlos Maia


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