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A campanha política na zona rural de Vitória da Conquista – desafios e estratégias
*por Jorge Chagas
Ao longo dos anos, a dinâmica de campanhas políticas na zona rural de Vitória da Conquista sofreu transformações profundas, especialmente com a inserção da internet e das redes sociais no cotidiano das pessoas. No entanto, mesmo com essa modernização tecnológica, a zona rural ainda guarda suas particularidades, que devem ser cuidadosamente levadas em consideração em estratégias eleitorais. A política na zona rural requer uma abordagem diferenciada, pois a relação entre eleitor e candidato ainda se baseia fortemente na proximidade, no contato direto e no respeito às tradições locais.
Um bom exemplo dessa proximidade pode ser observado na atuação do Dr. Guilherme Menezes (Ex-deputado estadual e federal e prefeito eleito por quatro mandatos), que, ao iniciar sua trajetória política, fez da zona rural um pilar de sua campanha. A primeira visita que ele realizou foi justamente à minha região (Dantelândia), onde pude acompanhar de perto sua forma de atuação. Dr. Guilherme Menezes não apenas visitava as famílias, mas também se empenhava em memorizar os nomes dos líderes comunitários e, em cada novo encontro, fazia questão de mencioná-los. Esse gesto, que pode parecer pequeno, construía uma relação sólida com o eleitorado rural, criando um laço de confiança que se mantém até hoje e facilita suas intervenções políticas.
Por outro lado, temos o caso de Waldenor Pereira (ex-reitor da Uesb, deputado estadual e federal), que, apesar de ser amplamente reconhecido e votado em regiões como Dantelândia, onde nasci e estive à frente da associação comunitária, nunca adotou a mesma estratégia de proximidade com o povo rural. Políticos como Walter Pinheiro (em sua atuação como deputado e senador do PT), Josias Gomes, Isaque Cunha e Afonso Florence marcaram presença em reuniões locais, reforçando a conexão com a comunidade. Contudo, mesmo com seu trabalho consistente e os serviços prestados, Waldenor Pereira optou por um distanciamento físico, deixando de comparecer em momentos de interação direta com os eleitores, como nas reuniões da associação. Essa ausência, embora não tenha comprometido sua votação, reflete uma falha na construção de vínculos que são muito valorizados pela população rural.
O ponto crucial é que, na zona rural, muitos eleitores não possuem uma formação política suficiente para avaliar profundamente o trabalho dos parlamentares, suas votações e posicionamentos ideológicos. As decisões de voto muitas vezes se baseiam em aspectos mais práticos e imediatos, como a presença do político em sua comunidade e a percepção de que ele está próximo e acessível. Isso explica, por exemplo, por que profissionais da saúde, como técnicos de enfermagem, que tiveram o piso salarial defendido e aprovado por parlamentares do nosso campo, acabaram votando em candidatos bolsonaristas. Falta-lhes a compreensão de que seus direitos foram garantidos por esses mesmos representantes e pelo governo Lula. Esse descompasso entre a ideologia e a percepção do eleitorado despolitizado só pode ser sanado com um diálogo direto, simples e esclarecedor, algo que poucos em nosso campo político colocam em prática.
Para reverter esse cenário, é fundamental que o discurso em uma nova campanha seja pautado pela responsabilização do grupo político que mentiu descaradamente para a cidade e enganou 58% do eleitorado. Isso gerou um prejuízo financeiro aos cofres públicos e um dano moral incalculável para os munícipes. A atual gestão, liderada pela prefeita, precisa ser desmascarada, e essa deve ser a bandeira da campanha. O grupo político em questão, ao longo de toda a sua comunicação, entrevistas e debates, distorceu a verdade e ocultou informações, o que agora exige uma resposta contundente. A pecha de mentirosa deve ser cravada na prefeita e em seu grupo, que claramente sabiam da real situação e continuaram a enganar o eleitorado.
Assim, para que o nosso candidato tenha sucesso, será necessário caprichar na retórica, apresentar os fatos de forma clara e objetiva, e, sobretudo, retomar o diálogo franco com a população, especialmente nas áreas rurais. A vitória dependerá da nossa capacidade de conscientizar o eleitorado sobre quem realmente defende seus interesses e quem tem trabalhado apenas para se manter no poder.
*Inspetor aposentado da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde o final dos anos 80.
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