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O 1º de maio do governo municipal e da CDL é uma eugenia social
"A
eugenia social desse governo municipal será exercida pela prefeitura que
preparou 300 guardas municipais para intervir de maneira truculenta contra os
camelôs do Terminal de Ônibus Intermunicipal da Lauro de Freitas."
*por
Herberson Sonkha
Há muitos anos não se via em Vitória da Conquista à vinculação ideopolítica do 1º de Maio à agenda institucional do município, organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Pincipalmente, às comemorações festivas despolitizadas de governos bolsonaristas, marcadas por inaugurações populistas de equipamentos públicos, algumas delas para ludibriar a classe trabalhadora, a exemplo do Terminal da Lauro de Freitas.
Não
consigo enxergar o primeiro de maio organizado para atender aos interesses
burgueses capitalistas da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), pois essa data é
de responsabilidade exclusiva do movimento sindical e apoiado por movimentos
sociais vinculados ao campo de centro e esquerda.
O Dia
Internacional dos Trabalhadores é um chamado coletivo à reflexão crítica para a
conscientização da necessidade de libertação da classe trabalhadora da
exploração do sistema capitalista e da opressão de sua ordem civil burguesa. Na
perspectiva marxiana, essa convocação pode ser resumida pela frase seminal que
é uma síntese, "Trabalhadores do mundo, uni-vos!". Numa tradução
exata seria "Proletários de todos os países, uni-vos!”.
Entende-se
que a inauguração do Terminal da Lauto de Freitas no primeiro de maio é um
presente de grego para à classe trabalhadora formal e informal de Vitória da
Conquista. Pelo menos é o que pretende o governo municipal bolsonarista que
manda (e desmanda?) na prefeitura da terceira maior cidade da Bahia. É o prêmio
de consolação da alta burguesia ultraconservadora a quem produz efetivamente a
riqueza da cidade, com vínculo empregatício no mercado de trabalho formal.
A
despeito do que já sofre com a sua locomoção depois da mais absoluta destruição
do Sistema Municipal de Transporte. Essa destruição promovida pelo governo
municipal favorece apenas às Vans esfumaçantes clandestinas, veículos caindo
aos pedaços e sem atender minimamente as políticas sociais de gratuidade
(estudante, melhor idade, necessidades especiais e etc.). De mais a mais,
tem-se o agravamento da situação de prejuízo dos camelôs que sobrevivem em sua
via-crúcis na sofrida e desassistida economia informal, atividade marginalizada
e perseguida por fiscais de postura que agem com truculência para cumprir
ordens da Prefeita que exige tirar de circulação os camelôs.
Voltamos
aos tempos longínquos da atrasada política provinciana dos coronéis caubóis do
ciclo da cafeicultora conquistense. Época em que prefeitos agiam contra o povo
conquistense da periferia como se estivessem no velho oeste, mandando torturar
e prender opositores de seu governo, quando não os assassinavam.
Governos
que enganavam à população com seu despolitizado assistencialismo, totalmente
contra à política social que os tirassem dessa condição injusta criada pelo
sistema capitalista que os tornam carentes e necessitados. E quando eram
questionados sobre esse ultrapassado assistencialismo enganador e mau-caráter,
ecos do sistema escravagista vocalizavam que “cavalo dado, não se olha os
dentes”.
Este
tipo de políticos conservadores, sob a égide de uma mulher bolsonarista, não
menos conservadora, continuam subestimando a inteligência e a sabedoria popular
do povo conquistense que aprendeu a construir sua própria história para se
livrar de capitães do mato, senhores escravistas e coronéis sanguinários.
Mesmo
com toda a dinheirama esparramada sem hesitar nos quatro cantos do município e
o governo municipal operando pesado em favor de sua candidatura a deputada
federal pelo DEM, à população conquistense não lhe deu mais que um pífio 2,85%
dos votos do município nas eleições de 2018. Esse é o incipiente capital
eleitoral da atual prefeita de Vitória da Conquista.
Karl
Marx ao analisar a França em meados do século XIX, sob o espectro das
revoluções burguesas, em sua obra “Dezoito Brumário de Louis Bonaparte” ele
observa um padrão no desenvolvimento histórico do capitalismo que nos aponta
uma tendência estruturante que atravessa (continua a atravessar) toda a
civilização burguesa. Marx (1852) aponta que a "história se repete, a
primeira vez como tragédia e a segunda como farsa", por isso
observa-se que esse segundo mandato é uma farsa. Portanto, em algum momento ela
será desmascarada.
A
farsa da inauguração da reforma do Terminal da Lauro de Freitas no dia 1º de
maio de 2021 não deixa de ser um “presente de grego”. Eles pretendem
naturalizar não só esses prejuízos já causados à população conquistense desde o
primeiro governo (tragédia) como tentam neutralizar (farsa) qualquer
resistência criada por quem precisa efetivamente que o sistema municipal de
transporte funcione.
É a
clássica guerra de dissimulação (farsa) para vencer o combate, a Tróia deixada
no meio do caminho feito casca de banana pelos bolsonaristas do governo
municipal pra ver a população cair mais uma vez. A velha tática de sacrificar
um cavalo de pau (vale por três peões) envenenado “gentilmente” oferecido à
população Conquistense como suposto presente para operar a interveniência
política do governo, com a finalidade de anular qualquer resistência sindical e
popular.
Não é
nenhum crime não ter lido as principais obras marxianas (ou especificamente
esta obra de Marx), mas é um problema porque lhe torna suscetível a esses tipos
de farsas. Porque isso só funciona com
ingênuos e desavisados que não percebe a trama da história e recebe o Cavalo de
Tróia como presente e o abrir implode ou divide a base. Isso serve ao propósito
estratégico de minar para fragilizar toda e qualquer resistência da classe
trabalhadora explorada pelo capital e agenciada pela instituição guardiã do
capitalismo (CDL) e das populações oprimidas e criminalizadas.
Esse é
o objetivo farsante da inauguração da “belíssima” reforma do Terminal da Lauro
de Freitas (que continua exatamente o mesmo) no dia do trabalhador. Isso pode
até parecer um comportamento regeneradamente bondoso, como querem os algozes da
classe trabalhadora ou despretensioso de qualquer intenção eleitoreira (típica
da politicagem) como desejam os lojistas.
O fato
é que, se observado com a “ingenuidade” ou malandragem de quem se tornou adepto
de puxa-saquismo característico de quem almeja uma xepa no governo municipal,
existe uma racionalidade burguesa por detrás da ação maquiavélica desse governo
municipal.
A
esquerda (partidária ou não) tem feito um exercício mental para mostrar a população
a necessidade de tentar se lembrar de que lado essas pessoas estavam em certos
acontecimentos sociopolíticos que entraram para a história recente como golpe
(2016) e tudo que deriva desse fato a até a conjuntura atual. Dificilmente,
deixará de perceber a manobra escancarada que levou essa turma bolsonarista a
mandar (e mamar) na prefeitura de Vitória da Conquista.
Além
das limitações cognitivas recorrentes, é preciso ser muito reacionário,
alienado ou tapado para não perceber as manobras toscas nos bastidores do
submundo da política para limpar o governo municipal da nódoa deixada pelos
bolsonaristas nas eleições de 2018.
Isso é
eugenia social, um tipo de toxidade que só é perceptível por meio da categoria
analítica oferecida pela História (materialismo histórico dialético). Não será
um enxague no hipoclorito de sódio do caráter de algumas figuras detestáveis da
política institucional que vai resolver. O problema reside no fato delas serem
algozes (esnobes, autoritárias, presunçosas, arrogantes) e extremamente inaptas
às coisas do mundo cognitivo.
Isso
não salva pessoas intratáveis, não muda a imagem de entidades retrogradas, não
torna partidos de direita (alguns envernizados de “esquerda”) melhores. Tentar
esconder o fato de que são portadoras de pautas ultraconservadoras, chafurdadas
até a alma no lodaçal do bolsonarismo genocida. É a propensão histórica do
antigo PFL da atual prefeita bolsonarista que se “modernizou” passando a se
chamar (ré)DEM.
Querem
a todo custo ressignificar a história para melhorar a imagem de pessoas
politicamente inescrupulosas, nomeadamente depois de se livrarem do ex-prefeito
cloroquina que virou um peso morto penando sobre os ombros dos “aliados” - até
tu, Brutus? Esse heterogêneo grupo político de extrema-direita se organiza
naquele mesmo campo de atuação da direita golpista responsável pelo governo
antissocial.
Essa
gente que pratica a eugenia social, são os mesmos pérfidos de sempre. E que
hoje vem desmontando o portfólio de serviços públicos, especialmente o serviço
de transporte público do município que tem como principal usuário à classe
trabalhadora da cidade e do campo. A criminosa tentativa de escorraçar mais de
50 camelôs do Terminal da Lauro de Freitas é a mesma eugenia social feita no
Rio de Janeiro, São Paulo ou Salvador na década de 20 e 30, chutando as bundas
de trabalhadores e trabalhadoras como se fossem bandidos, pois eles não aceitam
a presença de camelôs em espaços urbanos de circulação do privilegio branco.
Sempre ignoraram o fato de que essas pessoas ganham a vida honestamente vendo
suas mercadorias no terminal.
A
eugenia social desse governo municipal será exercida pela prefeitura que
preparou 300 guardas municipais para intervir de maneira truculenta contra os
camelôs do Terminal de Ônibus Intermunicipal da Lauro de Freitas. Esse governo
municipal eugenista usará os 300 guardas municipais como se fossem soldadinhos
de chumbo (ou cabeça de papelão) à serviços dos riquinhos bolsonaristas da
cidade que tem asco a pobres e não suportam a presença de trabalhadores e
trabalhadoras informais circulando no terminal.
Os
empresários da CDL continuam argumentando como se estivessem atuando no
movimento “Vem pra Rua”, utilizado pelos boyzinhos e patricinhas do MBL
infiltrados na jornada de junho de 2013, quer dizer aparelhando esse importante
legitimo movimento de várias juventudes periféricas brasileiras.
Essas
pessoas da branquitude bem nascida, da geração Nutella do MBL, se esconderam
por detrás da luta pela redução da passagem de ônibus sem nunca terem entrado
num transporte coletivo; atacaram o serviço público de saúde oferecido pelo
SUS, mas tinham planos de saúde caríssimos; assaltaram a democratização do
ensino público (criminalizando a qualidade, a universalidade, a laicidade, a
diversidade da educação pública acusada de ser “comunista”), mas estudavam nas
melhores e mais caras escolas privadas do país.
Essa
gente é àquela do movimento “Vem pra Rua” formada por empresários que dirigem a
CDL, gente rica e branca supremacista que odeia a classe trabalhadora, os
mesmos racistas da dancinha do movimento pró-bolsonaro. Por isso, a farsa
precisa fazer a eugenia social para garantir a inauguração da reforma do
Terminal da Lauro de Freitas. São os bolsonaristas farsantes tentando se
apropriarem do dia simbolicamente histórico para a classe operária, é uma
manobra audaciosamente amoral da extrema-direita contra o caráter ideológico
classista da classe trabalhadora.
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