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quarta-feira, 28 de abril de 2021

O 1º de maio do governo municipal e da CDL é uma eugenia social


"A eugenia social desse governo municipal será exercida pela prefeitura que preparou 300 guardas municipais para intervir de maneira truculenta contra os camelôs do Terminal de Ônibus Intermunicipal da Lauro de Freitas."

*por Herberson Sonkha

 

Há muitos anos não se via em Vitória da Conquista à vinculação ideopolítica do 1º de Maio à agenda institucional do município, organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Pincipalmente, às comemorações festivas despolitizadas de governos bolsonaristas, marcadas por inaugurações populistas de equipamentos públicos, algumas delas para ludibriar a classe trabalhadora, a exemplo do Terminal da Lauro de Freitas.

Não consigo enxergar o primeiro de maio organizado para atender aos interesses burgueses capitalistas da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), pois essa data é de responsabilidade exclusiva do movimento sindical e apoiado por movimentos sociais vinculados ao campo de centro e esquerda.

O Dia Internacional dos Trabalhadores é um chamado coletivo à reflexão crítica para a conscientização da necessidade de libertação da classe trabalhadora da exploração do sistema capitalista e da opressão de sua ordem civil burguesa. Na perspectiva marxiana, essa convocação pode ser resumida pela frase seminal que é uma síntese, "Trabalhadores do mundo, uni-vos!". Numa tradução exata seria "Proletários de todos os países, uni-vos!”.

Entende-se que a inauguração do Terminal da Lauto de Freitas no primeiro de maio é um presente de grego para à classe trabalhadora formal e informal de Vitória da Conquista. Pelo menos é o que pretende o governo municipal bolsonarista que manda (e desmanda?) na prefeitura da terceira maior cidade da Bahia. É o prêmio de consolação da alta burguesia ultraconservadora a quem produz efetivamente a riqueza da cidade, com vínculo empregatício no mercado de trabalho formal.

A despeito do que já sofre com a sua locomoção depois da mais absoluta destruição do Sistema Municipal de Transporte. Essa destruição promovida pelo governo municipal favorece apenas às Vans esfumaçantes clandestinas, veículos caindo aos pedaços e sem atender minimamente as políticas sociais de gratuidade (estudante, melhor idade, necessidades especiais e etc.). De mais a mais, tem-se o agravamento da situação de prejuízo dos camelôs que sobrevivem em sua via-crúcis na sofrida e desassistida economia informal, atividade marginalizada e perseguida por fiscais de postura que agem com truculência para cumprir ordens da Prefeita que exige tirar de circulação os camelôs.

Voltamos aos tempos longínquos da atrasada política provinciana dos coronéis caubóis do ciclo da cafeicultora conquistense. Época em que prefeitos agiam contra o povo conquistense da periferia como se estivessem no velho oeste, mandando torturar e prender opositores de seu governo, quando não os assassinavam.

Governos que enganavam à população com seu despolitizado assistencialismo, totalmente contra à política social que os tirassem dessa condição injusta criada pelo sistema capitalista que os tornam carentes e necessitados. E quando eram questionados sobre esse ultrapassado assistencialismo enganador e mau-caráter, ecos do sistema escravagista vocalizavam que “cavalo dado, não se olha os dentes”. 

Este tipo de políticos conservadores, sob a égide de uma mulher bolsonarista, não menos conservadora, continuam subestimando a inteligência e a sabedoria popular do povo conquistense que aprendeu a construir sua própria história para se livrar de capitães do mato, senhores escravistas e coronéis sanguinários.

Mesmo com toda a dinheirama esparramada sem hesitar nos quatro cantos do município e o governo municipal operando pesado em favor de sua candidatura a deputada federal pelo DEM, à população conquistense não lhe deu mais que um pífio 2,85% dos votos do município nas eleições de 2018. Esse é o incipiente capital eleitoral da atual prefeita de Vitória da Conquista.

Karl Marx ao analisar a França em meados do século XIX, sob o espectro das revoluções burguesas, em sua obra “Dezoito Brumário de Louis Bonaparte” ele observa um padrão no desenvolvimento histórico do capitalismo que nos aponta uma tendência estruturante que atravessa (continua a atravessar) toda a civilização burguesa. Marx (1852) aponta que a "história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa", por isso observa-se que esse segundo mandato é uma farsa. Portanto, em algum momento ela será desmascarada.

A farsa da inauguração da reforma do Terminal da Lauro de Freitas no dia 1º de maio de 2021 não deixa de ser um “presente de grego”. Eles pretendem naturalizar não só esses prejuízos já causados à população conquistense desde o primeiro governo (tragédia) como tentam neutralizar (farsa) qualquer resistência criada por quem precisa efetivamente que o sistema municipal de transporte funcione. 

É a clássica guerra de dissimulação (farsa) para vencer o combate, a Tróia deixada no meio do caminho feito casca de banana pelos bolsonaristas do governo municipal pra ver a população cair mais uma vez. A velha tática de sacrificar um cavalo de pau (vale por três peões) envenenado “gentilmente” oferecido à população Conquistense como suposto presente para operar a interveniência política do governo, com a finalidade de anular qualquer resistência sindical e popular.

Não é nenhum crime não ter lido as principais obras marxianas (ou especificamente esta obra de Marx), mas é um problema porque lhe torna suscetível a esses tipos de farsas.  Porque isso só funciona com ingênuos e desavisados que não percebe a trama da história e recebe o Cavalo de Tróia como presente e o abrir implode ou divide a base. Isso serve ao propósito estratégico de minar para fragilizar toda e qualquer resistência da classe trabalhadora explorada pelo capital e agenciada pela instituição guardiã do capitalismo (CDL) e das populações oprimidas e criminalizadas. 

Esse é o objetivo farsante da inauguração da “belíssima” reforma do Terminal da Lauro de Freitas (que continua exatamente o mesmo) no dia do trabalhador. Isso pode até parecer um comportamento regeneradamente bondoso, como querem os algozes da classe trabalhadora ou despretensioso de qualquer intenção eleitoreira (típica da politicagem) como desejam os lojistas.

O fato é que, se observado com a “ingenuidade” ou malandragem de quem se tornou adepto de puxa-saquismo característico de quem almeja uma xepa no governo municipal, existe uma racionalidade burguesa por detrás da ação maquiavélica desse governo municipal.

A esquerda (partidária ou não) tem feito um exercício mental para mostrar a população a necessidade de tentar se lembrar de que lado essas pessoas estavam em certos acontecimentos sociopolíticos que entraram para a história recente como golpe (2016) e tudo que deriva desse fato a até a conjuntura atual. Dificilmente, deixará de perceber a manobra escancarada que levou essa turma bolsonarista a mandar (e mamar) na prefeitura de Vitória da Conquista.

Além das limitações cognitivas recorrentes, é preciso ser muito reacionário, alienado ou tapado para não perceber as manobras toscas nos bastidores do submundo da política para limpar o governo municipal da nódoa deixada pelos bolsonaristas nas eleições de 2018.

Isso é eugenia social, um tipo de toxidade que só é perceptível por meio da categoria analítica oferecida pela História (materialismo histórico dialético). Não será um enxague no hipoclorito de sódio do caráter de algumas figuras detestáveis da política institucional que vai resolver. O problema reside no fato delas serem algozes (esnobes, autoritárias, presunçosas, arrogantes) e extremamente inaptas às coisas do mundo cognitivo.

Isso não salva pessoas intratáveis, não muda a imagem de entidades retrogradas, não torna partidos de direita (alguns envernizados de “esquerda”) melhores. Tentar esconder o fato de que são portadoras de pautas ultraconservadoras, chafurdadas até a alma no lodaçal do bolsonarismo genocida. É a propensão histórica do antigo PFL da atual prefeita bolsonarista que se “modernizou” passando a se chamar (ré)DEM.

Querem a todo custo ressignificar a história para melhorar a imagem de pessoas politicamente inescrupulosas, nomeadamente depois de se livrarem do ex-prefeito cloroquina que virou um peso morto penando sobre os ombros dos “aliados” - até tu, Brutus? Esse heterogêneo grupo político de extrema-direita se organiza naquele mesmo campo de atuação da direita golpista responsável pelo governo antissocial.

Essa gente que pratica a eugenia social, são os mesmos pérfidos de sempre. E que hoje vem desmontando o portfólio de serviços públicos, especialmente o serviço de transporte público do município que tem como principal usuário à classe trabalhadora da cidade e do campo. A criminosa tentativa de escorraçar mais de 50 camelôs do Terminal da Lauro de Freitas é a mesma eugenia social feita no Rio de Janeiro, São Paulo ou Salvador na década de 20 e 30, chutando as bundas de trabalhadores e trabalhadoras como se fossem bandidos, pois eles não aceitam a presença de camelôs em espaços urbanos de circulação do privilegio branco. Sempre ignoraram o fato de que essas pessoas ganham a vida honestamente vendo suas mercadorias no terminal.

A eugenia social desse governo municipal será exercida pela prefeitura que preparou 300 guardas municipais para intervir de maneira truculenta contra os camelôs do Terminal de Ônibus Intermunicipal da Lauro de Freitas. Esse governo municipal eugenista usará os 300 guardas municipais como se fossem soldadinhos de chumbo (ou cabeça de papelão) à serviços dos riquinhos bolsonaristas da cidade que tem asco a pobres e não suportam a presença de trabalhadores e trabalhadoras informais circulando no terminal.

Os empresários da CDL continuam argumentando como se estivessem atuando no movimento “Vem pra Rua”, utilizado pelos boyzinhos e patricinhas do MBL infiltrados na jornada de junho de 2013, quer dizer aparelhando esse importante legitimo movimento de várias juventudes periféricas brasileiras.

Essas pessoas da branquitude bem nascida, da geração Nutella do MBL, se esconderam por detrás da luta pela redução da passagem de ônibus sem nunca terem entrado num transporte coletivo; atacaram o serviço público de saúde oferecido pelo SUS, mas tinham planos de saúde caríssimos; assaltaram a democratização do ensino público (criminalizando a qualidade, a universalidade, a laicidade, a diversidade da educação pública acusada de ser “comunista”), mas estudavam nas melhores e mais caras escolas privadas do país.

Essa gente é àquela do movimento “Vem pra Rua” formada por empresários que dirigem a CDL, gente rica e branca supremacista que odeia a classe trabalhadora, os mesmos racistas da dancinha do movimento pró-bolsonaro. Por isso, a farsa precisa fazer a eugenia social para garantir a inauguração da reforma do Terminal da Lauro de Freitas. São os bolsonaristas farsantes tentando se apropriarem do dia simbolicamente histórico para a classe operária, é uma manobra audaciosamente amoral da extrema-direita contra o caráter ideológico classista da classe trabalhadora.

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