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quinta-feira, 8 de abril de 2021

“Deus quis assim” para cumprir sua promessa com quem?

 "(...) todos nós de esquerda quereriam vê-lo saudável para que pudesse assistir ao implacável julgamento da própria história dele e de todo e qualquer grupo social que ascenda eleitoralmente a Prefeitura ou a Câmara municipal de Vitória da Conquista."


*por Herberson Sonkha

 

Qualquer transeunte que trafega pela Juracy Magalhães vai se deparar com um outdoor estampando uma foto da prefeita herdeira do legado genocida do ex-prefeito.  A imagem sorridente é reforçada por mensagens fundamentalistas que inevitavelmente causará muitos gritos histéricos de “glória a Deus, aleluia” nos membros das seitas pentecostais. Não necessariamente aos membros da Al-Qaeda conquistense, para os quais não tem Deus certo e, por isso, segue guerreando entre si pelo comando geral da prefeitura.

O desmame de alguns fieis das tetas gordas (hoje nem tanto) da vaca leiteira da prefeitura já era esperado, principalmente àquele feito pela herdeira que assumiu o púlpito (ou microfone?) ao som da macha fúnebre. Esse desleite pode comprometer a articulação (R$) da extrema-direita que agrupava todos os correligionários bolsonaristas que davam sustentação à política genocida de Herzem Gusmão.

Quase todos foram silenciados embaixo do mesmo teto mantido pelos cofres da prefeitura, exceto àquele secretário de serviços públicos que pulou do barco achando que ir naufragar e, recentemente, voltou como se fosse o melhor amigo do ex-prefeito genocida. Como dizia Zé Ramalho, "Que nas torturas toda carne se trai". 

A influência e o medo que a ideia-força de um DEUS vingativo ainda causa nas cabeças imbecilizadas dos seguidores do bolsonarismo causa espanto. Pois, além de se aproveitar das fragilidades e limitações cognitivas dessas pessoas, ainda mantém o controle absoluto sobre a vida desses mercenários da política conquistense do "toma lá, dá cá", mas não deixa de ser uma tática de risco.

A seita do “tudo é nosso e nada é deles”, subestimou a crença discricionária de pessoas fora da religiosidade institucional. Excepcionalmente de quem não está na conta de nenhum pirata que ganha a vida fazendo pirotecnia com a palavra morta ou de quem está livre dos grilhões da “religião que é o ópio do povo”. Refiro-me as pessoas com diversas orientações religiosas, mas com solida formação política e intelectualidade suficiente para compreender o mundo da maneira mais crítica.

O efeito da frase pode ter sentido contrário, mesmo que o ódio beligerante da seita pentecostal impeça de compreender que a frase é uma tática parasitaria para passar a ideia de que o seu governo não será uma continuidade dos aspectos políticos negativos de seu antecessor – quais os aspectos positivos? Talvez, ela nem atinja o nível de gerente eficiente ou administradora política do capital na condição de gestora, quiçá incubar uma pratica com a intensão de produzir “inovações” tecnológicas de gestão. O governo está mais para funcionar como puxadinho arengado do ultraconservadorismo, mantendo a mesma linha fascistoide da Al-Qaeda Conquistense. 

Em tese, até poderia ser muito mais por rebeldia sem causa, por isso compreendo que neste caso não devêssemos apostar na duvidosa eficiência de gestão do capitalismo basta olhar a triste realidade da classe trabalhadora terciaria, vinculada aos comerciários triplamente explorados por empresários capitalistas gananciosos e conservadores protegidos pela CDL. Talvez fosse mesmo uma surpresa, se esta Senhora herdasse o legado genocida no calor de sua graduação em administração pela UESB. Contudo, não existe um histórico respeitável (se preferir um curriculum) que nos convença desse devaneio. Poderia ter seguido a seu patriarca quando pode, mas fez outras escolhas mais reacionárias compatíveis com o cargo de dirigente da CLD. Pois, no único momento de disputa eleitoral de projetos para Vitória da Conquista, ela manteve a tradição e afivelou-se ao ex-PFL do coroné Tunim satanás, ou melhor, do upgrade na plataforma política conservacionista, transmutando para o contemporâneo DEMO.

A quem diga que foi a oligarquia Lemos que articulou com o pupilo do coroné Tunim Satanás a vinda de assessorias ineficientes e empresas de ônibus (falida, desorganizada e com passivo previdenciário) de Salvador para Vitória da Conquista. Isso explica a reminiscência originada no atrasado carlismo dos Lemos na Bahia desde sempre.

Desconsiderando a teoria da conspiração, pois quem aniquilou a saúde do ex-prefeito foi sua própria estupidez contumaz que o levou a ignorar sua condição de comorbidade e vulnerabilidade de contagio e saiu para o abraço com o coronavírus que se aglomerava na Olivia Flores para festejar a sua vitória de pirro. O carola do negacionismo e porta-voz do kit-covid, que se tornou a principal liderança da morte no sudoeste da Bahia, combateu sistematicamente pesquisadores, cientistas e o Conselho Municipal de Saúde, se contrapôs as todas as medidas e recomendações de autoridades sanitárias e da OMS para transformar Vitória da Conquista em zona da gripezinha, município com selo bolsonarista para livre circulação do Covid-19, exemplo do estilo letal do bolsonarismo miliciano.

O outdoor é um reposicionamento tectônico dentro das facções da Al-Qaeda conquistense depois de inúmeras pressões veladas, feitas à prefeita por oligarquias tradicionais de olhos enormes e esbugalhados nas finanças da prefeitura, direcionada a representação política egressa da rede privada, controlada pelo oligopólio Lemos. Não acredito que as facções fundamentalistas (seitas pentecostais) agrupadas na Al-Qaeda conquistense se reacomodarão depois que Yahvé revelar ao sacerdote do tabernáculo o verdadeiro teor das mensagens.

O “mistério será grande ao desenrolar o rolo”, sobretudo quando confirmar que eles foram preteridos pelo descendente do clã carlista que pretende se eleger govenador da Bahia, mas taticamente vem se descolando do genocida que está em queda livre (e sendo defenestrado pelos próprios capitalistas financiadores de campanha, os tubarões de mercado que viram seus capitais definhar rapidamente por causa da incompetência do governo federal), nossa cidade vai virar território do Afeganistão.

Eles investiram seu tempo, os dízimos e suas energias letais para reeleger o prefeito genocida e agora querem seu quinhão embrulhado no mantra do “Deus está no comando”.  Até criaram um inimigo inexiste que são as religiões de matriz africana para justificar a entrada apoteótica de apóstolos, profetas, bispos, cavalos, piões... Ops, não é xadrez! O cenário sensacionalista foi montado e o fundamentalismo xucro das seitas pentecostais passaram a pregar publicamente em círculos de orações em frente à prefeitura, cuja homilia (hoje não lê mais, pois tudo é revelação) racista demoniza/sataniza autoridades religiosas de candomblé e umbanda, alegando que eles ofereceram oferendas aos orixás em troca da vida de Herzem Gusmão.

Qualquer bom samaritano diria que a mensagem do outdoor é um álibi perfeito para absorver o Povo de Santo, acusado de maneira injuriante de fazer “macumba” contra o ex-prefeito. Obviamente, que além da expressão “macumba” está sendo usada de forma jocosa, sua aplicação está erradíssima porque seu significado não é esse.

Essa gente faltou ou nunca foi as aulas de história e cultura da África e afro-brasileira (Lei 10.639) no ensino médio. Aliás, nunca pisaram os pés na UESB, nas aulas de História da África ou frequentaram às palestras pedagogicamente conscientizadoras contra os racismos, ministradas pela professora Dra. Graziele de Lourdes Novato Ferreira. Por isso, prospera a bestialidade contra as ciências!

Em tempos de propagação de absurdos como “negacionismo e terraplanismo”, reafirmar a centralidade das ciências é fundamental. Em razão disso, para afastar o fantasma da estupidez, vale a pena salientar que não faço menção ao “DRA” como se fosse uma referência a uma profissional graduada em direito ou medicina, áreas do conhecimento não menos importantes, mas de uma historiadora negra que alcançou o título de Doutora.

Trata-se do grau acadêmico mais elevado do sistema de ensino do Brasil, a pós-graduação em Stricto Sensu conferida a professora Graziele Novato é o reconhecimento oficial da instituição superior que comprova a sua capacidade de desenvolver investigação ou à docência no campo da ciência, após concluir com louvor todos os requisitos do curso.

Se o exercício crítico das ciências modernas não permearem a cegueira, o ensurdecimento e o emudecimento dos membros das seitas pentecostais bolsonaristas (inclui-se a aí a bancada BBB do parlamento) lançando luz sobre as consciências, ao menos se permitam ao hábito saudável de ouvir um griô, certamente eles diriam que tal possibilidade de “macumba” é desnecessariamente aceitável e jamais fora cogitada por nenhuma casa de candomblé e de umbanda de Vitória da Conquista.

Exatamente por ser desnecessário tal oferenda, pois a conduta política do ex-prefeito por si só já seria visivelmente condenável. O sábio griô diria também que a história é a faculdade cumpre bem esse papel de condenar ou absorver o sujeito social de cada ser humano sobre a terra com relevante papel sociopolítico delegado pelo povo na sociedade contemporânea.

O comportamento na política desse sujeito o apequenou da tal forma que uma reprimenda de um orixá seria o mesmo que esmagá-lo com apenas o dedo polegar, bastar tirar as vendas dos olhos ou sair da caixinha de ressonância bolsonarista-miliciana para enxergar o perverso ser social do ex-prefeito. Fora isso, não existe nenhuma razão por menor que seja para desejar a morte de ninguém, sobretudo de um(a) gestor(a) do governo municipal. Aliás, sempre houve o ardente desejo coletivo de que ele sobrevivesse para que a justiça em algum momento pudesse cumprir a sua função de investigar seus atos institucionais para julgar os indícios de improbidades.

Além do mais, todos nós de esquerda quereriam vê-lo saudável para que pudesse assistir ao implacável julgamento da própria história dele e de todo e qualquer grupo social que ascenda eleitoralmente a Prefeitura ou a Câmara municipal de Vitória da Conquista. Neste caso, aviso que não existem duas histórias, a do prefeito e da vice, eles compõem uma só chapa ao executivo municipal exatamente por compartilharem das mesmas ideias, princípios e práticas políticas conservadoras de manutenção da sociedade civil burguesa, da lógica ultraliberal da economia de mercado e sociopoliticamente fascista.

Neste sentido, é preciso descontruir uma certa narrativa que pretende sugestionar pessoas incautas usadas como caixa de ressonância amplificada dessa narrativa falsaria para estabelecer alguma contradição ou divergência entre eles, isto não existe porque ela é politicamente o alter ego de Herzem Gusmão.  A frase é uma homenagem ao seu alter ego, uma felicitação a felizarda que herda o mandato (só pra lembrar que a pífia candidatura a deputada federal em 2018 de Sheila Lemos lhe rendeu míseros 5.960 votos) sem fazer nenhum esforço.

Mas, a comichão pelo poder a impacientou de tal maneira que nem esperou o prefeito morrer, apesar de todo aquele teatro, uma semana antes ela noticiou algumas exonerações no primeiro escalão de pessoas de extrema confiança de Herzem Gusmão. Como havia dito anteriormente, sua morte não foi de “macumba” já que o outdoor põe um fim a especulação maledicente feita por seguidores da seita pentecostal vinculado à Al-Qaeda conquistense, promovendo elucubrações em transe reunidos de mãos dadas em frente a paço municipal.

A frase “Deus quis assim!” mostra uma situação inusitada, apesar de descartar duas, cogitaram no mínimo três possibilidades: Ou o Deus hebreu o matou em função de suas iniquidades para abençoar a mulher de fé; ou os orixás ouviu o clamor da população negra perseguida e prejudicada e fez justiça; ou o coronavírus mostrou que o negacionismo das ciências por qualquer ser humano, principalmente de autoridade política leva a morte. Em minha modesta opinião a causa mais provável de seu óbito é a terceira possibilidade: o negacionismo e o kit covid mata mais que o coronavírus!

Depois dessa lamentável partida que expõe a todos nós a finitude da vida no reino dos seres vivos, o que nos interessa é o intercurso de sua vida política sobre a terra, não cabe nenhuma especulação sobre o destino de ninguém. Talvez, esta seja a hora em que se admite que a única certeza que temos é a de que o inferno é aqui, mas não o é no sentido do arquétipo “sobrenatural” da expressão ou porque nenhum diabo o criou, senão o sistema econômico capitalista e sua ordem civil liberal burguesa criados pelos homens brancos, patriarcais e cristãos.

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