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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Táticas bolsonarianas



“Preparar iscas para atrair o inimigo, fingir desorganização e depois esmagá-lo / Se ele for temperamental, procure irritá-lo....” (Sun Tzu, A Arte da Guerra)

*por Josafá Santos

Desde as campanhas eleitorais, esse demente mor que aí está, juntamente com o resto de sua milícia, ainda ovacionado pelos zumbis que o seguem, adotou a tática da ofensa gratuita a tudo aquilo que represente o que se conhece como o Estado de Direito. O que muitos, inclusive EU, achavam que seria o seu óbvio túmulo ainda em campanha, se tornou no seu trampolim e depois no seu pedestal, hoje blindado.


Quanto mais obscenidades contra o ser humano, contra a vida, contra o bom senso, ele vomitava, algumas coisas ficavam evidentes:

01)  Sua completa ignorância (em todos os sentidos) sobre o gerenciamento da coisa pública;
02)  Sua estrutura psíquica claramente sociopata;
03) Que isso, esse show de horrores era uma cortina de fumaça, para esconder as duas questões anteriores e...;
04) Além de ser uma cortina de fumaça, era também uma tática de provocação, com a intenção de forçar a massa ofendida (negros, mulheres, massa campesina, estudantes, sociedade civil organizada em torno da defesa dos Direitos Humanos, LGBTQ+...), todos e todas enfim que eram ofendidos e ameaçados e atacados por eles, a reagir, lhe dando um palco para atuar.

Mas não eram provocados a simplesmente reagir. A provocação sempre foi tamanha e rasteira, tornando-se óbvio que a intenção era provocar no ofendido uma reação instintiva, física, visceral, para ai então se fazerem de vítimas, justificando a força do Estado como a contenção necessária para se evitar o pior, o levante da horda, que para eles, somos nós. Funcionou.

A cortina de fumaça escondeu as entranhas podres do então candidato e suas crias; à medida que mais provocavam, mais os ofendidos reagiam (em seu direito e dever inegável à reação), mais eles aglutinavam em torno de si, mais dementes. O processo de zumbização se retroalimentava. O cheiro de sangue, mesmo que apenas possível, sempre atraiu os carniceiros e os vermes vampiros de plantão.

O efeito Bolsonaro permitiu a muitos, a milhões, o despirem de suas capas de bons cristãos e saírem (às ruas e às redes) exibindo seu coração, cheio de ódio, de preconceitos mil, de desumana estrutura psíquica, sociopatas em menor ou maior grau quer eram, rendendo “Urras e vivas!” ao agora seu novo líder, herói, mito e messias. As eleições passaram, o horror não.

Uma vez no poder, o seu estratagema continua a ser posto em funcionamento: a mesma cortina de fumaça, agora para desviar o foco do que tem realizado nas surdinas, a mesma provocação disfarçada, para forçar uma reação popular aos seus desmandos. Só nos resta raciocinar assim, pois é impossível que esse circo de horrores que tem dado shows todos os dias, desde o discurso bisonho de sua posse até hoje, sejam somente o desenrolar natural de um governo formado por imbecis. Essa esquizofrenia governamental que aí está não é o resultado de um despreparo, é justamente um projeto em sua plena execução. A ideia é instalar um Estado Manicômio, em suas piores versões, onde nós, o povo, seremos os chamados e tratados como loucos.

Ainda hoje escuto que o monstro foi eleito, na verdade, por seus opositores, por nós, por todos aqueles e aquelas que emprestaram suas vozes no imenso coro do movimento “#ELENÃO!”. Ainda hoje escuto que aquele movimento deu ao verme os holofotes que ele, sendo verme, nunca teria. Discordo. O que restava às mulheres, em especifico, e a todo e qualquer um que do lado delas estivessem e estejam, a não ser reagir aos ataques diuturnos que sofriam, sendo chamadas de putas histéricas, de mal comidas, de aberrações sexuais, de gente que não merecia sequer ser estuprada, pois era feia...? Como os negros, os campesinos, os estudantes, os pobres, os trabalhadores semiescravizados e os desempregados, o povo, ofendidos por extensão, poderiam não reagir a tudo aquilo? Ainda escuto tal análise, mas continuo discordando dela. Me recuso a aceitar que a culpa do espancamento é do espancado que reage, que se nega a apanhar em silêncio, que levanta a voz contra seu espancador.

Estão nos atacando em bando, pois é assim que as hienas atacam. Estão desviando o nosso foco: somos levados a ver o chapéu ridículo na cabeça do inimigo, que se mostra vestido de palhaço, mas não percebemos o punhal envenenado, escondido por baixo de sua mão; Estamos sendo provocados, com golpes baixos, desmedidos, desproporcionais, para que percamos a calma, o controle, para que esqueçamos a regra do jogo, as normas da luta, e partamos com tudo para cima da jugular desses escrotos. Façamos isso e a tropa de choque entra em campo.

Estamos lutando contra um mal inimigo, que traçou sua estratégia desonesta antes de começar a partida. E nessa estratégia estava incluída a tática de fazer com que NÓS sejamos mostrados como o inimigo. Nós estamos sendo arrastados para um uma zona de comportamento instintivo, estamos sendo forçados, provocadamente forçados a reagirmos da maneira que eles querem, para que aí então, eles soltem os seus cães em cima de nós.

Velez, Weintraub, Carvalho, Guedes, Damares, Camargo, os três dementes, a horda imbecil... Toda essa bosta, todo esse vômito misturado e jogado no ventilador contra nós se transformou numa imensa e podre cortina de fumaça. Nos cega os olhos, nos desviam do foco, nos intoxica, nos provoca de tal modo que a qualquer momento vamos perder a calma. Sim, isso é uma possibilidade. E é isso, é exatamente tudo isso, que eles querem, ao mesmo tempo: Distrair, ganhar tempo, nos desequilibrar, nos envenenar, nos transformar em animais.

Arrisco avaliar que estamos presos numa armadilha: se reagimos ao discurso diário e desumano desses vermes, desviamos nosso foco, no mínimo nos cansamos, pois isso cansa, exaure nossa força física e psíquica; se não reagimos ao discurso diário e desumano desses vermes, do discurso eles passam à prática, e não nos perdoaremos por não termos reagido quando era tempo. A questão, a meu ver, não é reagir ou não reagir. REAGIR é a ação óbvia, dever imperativo que nos guia, que nos resta, única opção ao escravizado, ao ofendido em seu direito à vida. A questão é SABER REAGIR DA MANEIRA CORRETA. E claramente está nos faltando a organização necessária para isso. E enquanto isso, todos os dias, recebemos mais vômito podre espalhado pelo ventilador, bem no meio dos nossos olhos.

Um projeto está em curso. Ele inclui a nomeação de imbecis dementes ao posto de ministros, de secretários fascistas, de gurus vermes por eles chamados de filósofos. Os discursos e as encenações ridículas, as ações oficiais que a cada dia tira mais e mais direitos do povo, as imbecilidades ditas ao vivo ou gravadas, pelo verme débil mor e / ou pelos seus, os ataques abertos à Democracia, à Constituição, ataques completamente desprovidos de medo ao se dizê-las, isso tudo é um projeto, uma tática de guerra, posta em andamento, contra nós. Estamos sendo atacados por todos os lados, pelo uso de diversas estratégias, que se valem de confundir/distrair o inimigo, cansá-lo, desmoralizá-lo, a quebrar a sua identidade, separá-lo, aterrorizá-lo, humilhá-lo, ANIMALIZÁ-LO, o enlouquecer por fim, com um objetivo: Ao animal louco... o abate, óbvio. Não é isso que a Lei diz?


*Graduando em Psicologia, Historiador e Professor de história concursado da rede estadual de ensino.

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