Translate
Seguidores
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Marx tem razão...
outubro 13, 2015
|
por
Vinícius...
|
"Compreender as contradições desta crise é não subestimar (nem superestimar) as forças que compõem as classes dominantes (muito menos fazer certas alianças) e suas instituições idoepolíticas gestadas pelo desenvolvimento histórico da superestrutura, que decorrem dos movimentos na infraestrutura."

* Por Herberson Sonkha
Das várias leituras existentes sobre a crise política brasileira atual, a marxiana é a que mais consegue abarcar a realidade, suas contradições e explicar as origens desta crise política. Ela é implacável contra a falsidade ideológica e fanfarrice desta intelligentsia de "esquerda" e de direita brasileira. Indefectivelmente, Karl Marx compreendeu e apreendeu as contradições da sociedade civil; da ordem burguesa e; do Estado liberal burguês, numa perspectiva do materialismo histórico.
Pela profundidade e precisão de suas construções teóricas, elas permanecem atuais e vivas. Basta observar que estas instituições continuam promovendo as desigualdades; a miséria material e intelectual e ampliando a riqueza concentrada nas mãos de poucos capitalistas, baseada na exploração da força de trabalho e nas relações espúrias (de corrupção) com governos que são egressos da direita ou que capitularam à lógica do Estado liberal burguês, sem qualquer resistência ideológica.
Compreender as contradições desta crise política é não subestimar (nem superestimar) as forças que compõem as classes dominantes (muito menos fazer certas alianças) e suas instituições ideopolíticas gestadas pelo desenvolvimento histórico da superestrutura, que decorrem dos movimentos na infraestrutura.
Compreender as contradições desta crise política é não subestimar (nem superestimar) as forças que compõem as classes dominantes (muito menos fazer certas alianças) e suas instituições ideopolíticas gestadas pelo desenvolvimento histórico da superestrutura, que decorrem dos movimentos na infraestrutura.
Ao contrário do que apregoam os vendilhões da ideologia antimarxista ou reformistas despolitizados, muitas das categorias desenvolvidas por ele, como ideologia, lutas de classes, socialismo, alienação, super e infraestrutura, mais-valia, força de trabalho, coisificação, judiciário, aculturação, Estado e etc. são perfeitamente compreendidas à luz da teoria marxiana. Ela explica a agressividade do STF contra o Partido dos Trabalhadores ou qualquer instituição política de esquerda; os limites das políticas públicas nos marcos do Estado liberal burguês e o papel da polícia na repressão contra a luta das classes trabalhadoras.
Uma leitura clássica, seja ela qual for, requer um exercício crítico que deve fazer jus à prudência intelectual, para não cair na tentação determinista dos ismos e centrar-se na compreensão do que é central na obra marxiana. Isso requer uma exímia atenção porque sua profundidade mostra definições conceituais e categorias estruturantes do pensamento marxiano que continua influenciando a práxis libertaria e desafiando o pensamento moderno multidisciplinar e acabar por evitar a desonestidade intelectual. Segundo Marx, o judiciário é uma espécie de verdade suprema inviolável com fruição protetora da ordem socioeconômica e política. Nele tal expressão ganha contornos mais claros e factíveis à intervenção da militância visando a ruptura desta ordem pelas classes trabalhadoras com a participação dos movimentos sociais. Tudo isso porque, ao conceituar a superestrutura, Marx diz que ela assume dois aspectos estruturantes na modernidade que são estruturas correspondentes a jurídica-política e a ideológica.
A compreensão vai muito além dessas importantes categorias, uma vez que ele as examina e se apropria delas para explicar o real movimento entre a infraestrutura e a superestrutura. Ao analisar estas categorias, Marx compreende que existe uma força preponderante que atua interpondo estas duas categorias. A este movimento ele denomina de injunção da infraestrutura sobre a superestrutura determinando as manifestações sobre esta última. Mas, isso ocorre de forma mistificadora, ocultando seu real movimento e suas contradições, desta forma, acaba anulando e impedido a compreensão e que aja uma ação política consciente e deliberada contra a causadora: superestrutura.
Assim, alterar o curso deste movimento real significa compreender as alterações ocorridas na base produtiva, portanto, na infraestrutura que acontece ao longo do processo histórico de transições econômicas do feudalismo ao capitalismo. Este exame mais detalhado deste processo aponta para existência de um movimento real que é dialético[1] propulsor da história que vai se dá porque interesses contraditórios se confrontam na arena política, por meio da luta de classes antagônicas.
A infraestrutura, organizada pelo modo de produção capitalista, institui relações sociais antípodas definidas entre quem detém o capital e quem não possui nada além de sua força de trabalho e justamente por isso vende (sem compreender que está sendo explorado) sua força de trabalho a preços módicos às classes detentora do capital porque não tem outra mobilidade econômica que lhe possibilite não submeter a esta situação de exploração e pauperização por meio do assalariamento.
Marx compreende o real movimento da sociedade moderna a partir do que ocorre na infraestrutura, por meio deste ele vai apreender as contradições elementares da sociedade que busca explicar o processo pelo qual se amplia as desigualdades socioeconômicas e a natureza das várias manifestações de violência incidida no interior desta sociedade burguesa. Ele formula sua compreensão acerca da mais-valia, suas contradições e seus mecanismos jurídico-políticos exercido pelo Estado que institui complexos regramentos legais na ordem jurídica para manutenção da ordem burguesa e as diversas modalidades empresariais da sociedade civil.
A mais-valia é um plus expropriado do trabalhador que é apropriado pelo capitalista. Esta exploração ocorre porque o contrato para obtenção de força de trabalho é assegurado pelas normas vigentes (jurídico-político) que assegura ao capitalista obter mais valor extraído das classes trabalhadoras. Este excedente (mais-valia) gera as desigualdades que separam capitalistas e trabalhadores e o aprofundamento da pobreza e da miséria entre os não detentores de capital.
Um conjunto de categorias é formulado por Marx. Uma delas é a alienação. As relações que se estabelecem entre vendedor e comprador de força de trabalho oculta relações de estranhamento, pois o trabalhador desconhece sua produção (mais que isso o acesso e consumo) por duas razões centrais: a alienação que consiste na divisão sócio-técnica do trabalho humano e no assalariamento que impede a aquisição de mercadorias e serviços produzidos pelas classes trabalhadoras. Se o trabalhador recebe um valor (salário) inferior ao que ele produz é obvio que ele não terá como comprar sua própria mercadoria. O outro aspecto importante da alienação é a efetivação de seu trabalho que, ao realizar-se socialmente, é subsumida na forma de mercadoria porque é apenas uma pequena parte na cadeia produtiva. Assim, ele não consegue enxergar sua participação (desprendimento de energia criativa) porque não participa de todas as etapas da produção e exatamente por isso perde seu vínculo com a mercadoria.
Este distanciamento da riqueza que ele produz (ou reproduz) não é percebido porque o processo de alienação o impede de conhecer a realidade que é turvada pela ideologia burguesa. Lembra-se do conceito de superestrutura? É exatamente aqui que ocorre a mistificação e a conformação a sociedade. Desta forma, as classes trabalhadoras dificilmente romperão o vínculo ideológico urdido pela classe dominante porque tem contra si as instituições políticas burguesas. O capitalismo utiliza-se dos mecanismos de inserção da ideologia na cabeça das pessoas, visando a conformação com a ordem burguesa, com o projeto da sociedade civil (lê-se aqui como sendo as empresas, o consumo e a produção) e a naturalização das desigualdades criadas pelo capitalismo.
Para compreender a atual crise política instaurada contra o PT é necessário apropriar-se destas categorias para compreender quem é quem neste nevrálgico processo de vivencia em sociedade. Quando o judiciário não prende ninguém da “oposição” ele está fazendo seu papel histórico de agente a serviço e proteção da ordem burguesa (o Estado é o comitê da burguesia?!) e sua sociedade civil capitalista. O STF está criminalizando o PT porque é uma instituição política e ideológica criada pelo liberalismo e é da sua própria natureza combater qualquer força emergente das classes trabalhadoras que contrarie a ordem e o progresso do capital. Se há algum crime hediondo cometido pelo PT, ou melhor, do campo hegemônico, foi o de trocar a luta de classes (compreensão marxiana de sociedade) pelo conto burguês (contrato social de Thomas Hobbes) de unidade social baseada na lógica liberal de sociedade e agora sofre a criminalização das instituições que confiou cegamente.
Não há crise moral no STF pelo que está fazendo sem qualquer preocupação com a opinião pública é porque esta instituição foi forjada para este fim que é controlar quaisquer ideologia (inclusive a de direitos humanos que é de berço liberal) que possam orientar quaisquer movimentos da sociedade que coloque em cheque a propriedade privada do capital e suas instituições políticas burguesas. A ordem burguesa não é uma invenção ideológica de Marx, e sim uma ideologia de sustentação da sociedade civil. O Estado não é uma invenção de Marx, e sim uma criação da burguesia. As classes trabalhadoras não são uma invenção de Marx, e sim uma criação da modernidade. O socialismo não é uma invenção de Marx, e sim uma necessidade histórica das classes que efetivamente produzem riqueza e não usufrui porque é desapropriada pela burguesia. A desapropriação do capital não é uma invenção de Marx, e sim da burguesia que primeiro desapropriou a riqueza produzida pelas classes trabalhadoras em todos os lugares do mundo onde existe o capitalismo.
Portanto, no capitalismo o judiciário (STF) tem lado; a igreja tem lado; a escola tem lado; a praça tem lado; o clube tem lado; a mídia capitalista tem lado; os organismos internacionais de financiamento têm lado; a família tem lado; o clube de amigos do bairro tem lado e; a direita tem lado. De forma voluntária ou involuntariamente a sociedade civil tem lado porque é constituída pela infraestrutura que determina as estruturas jurídica-política e a ideologia capitalista. Não há uma sociedade capaz de unificar todas as instituições políticas num pool harmonioso chamado de sociedade civil, isto é um conto. Uma bestialidade que alguns pseudointelectuais definiram entre setores de esquerda e que agora estão sofrendo o revés desta premissa equivocada. Assim, querer organizar a sociedade civil é o mesmo que fortalecer o sistema capitalista e manter a ordem burguesa.
[1] Tese (A) é uma afirmação; antítese (B), é uma afirmação contrária, e síntese (C), como o nome indica, é o resultado da síntese entre as duas primeiras.
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comments :
Postar um comentário