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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
UMA HISTÓRIA DE LUTAS NÃO SE RENDE AOS DITAMES DO PODER
janeiro 22, 2014
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por
Vinícius...
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* Por Miralva Rodrigues (COLETIVO ÉTICA SOCIALISTA)
Esta célebre frase do grande historiador e filósofo alemão Karl Marx, fundador da doutrina comunista, que fundamentava suas teorias no materialismo histórico e dialético e na luta de classes e militava em prol dos operários e trabalhadores afetados pelo acúmulo do capital, mostra com muita clareza a força que se pode alcançar no palco das relações políticas, quando as massas estão devidamente organizadas e informadas do que ocorre nos bastidores do poder.
Diante da atual realidade política de Itapetinga, a perspectiva de Marx se torna ainda mais presente, quando nos deparamos com a “suposta” cassação do prefeito José Carlos Moura, quando se percebe a total desinformação no trato desta questão pela população em geral. Os blogs da Cidade fazem especulações embasadas no afastamento do prefeito e seu vice, a oposição não declara nada e a população nada ouviu de concreto e de nada sabe.
Este prefeito foi eleito pelo Partido dos Trabalhadores, tratando-se de um partido de esquerda que neste município não fez jus à sua história, desprezando os princípios marxistas, pois, em dado momento histórico renegou toda sua trajetória de militância e de formação ideológica, deixando-se ser tomado por filiados alheios ao processo de luta dos trabalhadores. Mesmo assim, o povo de Itapetinga espera que internamente, os fundadores desta agremiação política aqui no município, resgate os ideais que fundamentaram esse partido em seu momento inicial, que um dia os fizeram aderir à luta dos oprimidos visando construir uma sociedade mais justa e mais humana.
É sabido pela antiga militância de esquerda que tempos atrás este município, vivenciou gestões representadas pelos setores mais reacionários e conservadores da política local, e após a vitória de Lula se criou aqui as condições objetivas para a mudança, embora, não tivesse ocorrido um processo de amadurecimento intelectual e político do povo. E, também se sabe que todas as condições que propiciaram a vitória esmagadora do PT local em 2008 não se deram pela luta das organizações estudantis, sindicais e toda sociedade, mas, pelo desencanto político que atingiu todo o povo do município.
Esse partido reuniu, na sua origem, representantes sindicalistas, militantes da esquerda armada, intelectuais, integrantes das comunidades eclesiais de base da Igreja católica e estudantes, todos motivados inicialmente por uma aspiração comum que seria “o fim da ditadura militar” e pela construção de uma sociedade igualitária nesse nosso pequeno pedaço da Terra chamado Brasil.
Ao longo da sua história, o PT ajudou a consolidar nossa frágil democracia e a mudar a face do Brasil, liderando ou participando de memoráveis campanhas, como as Diretas Já, a fundação da Central Única dos Trabalhadores e a do impeachment de Collor. As primeiras bancadas de parlamentares foram compostas, inovando-se também nos governos estaduais e municipais. Até que finalmente, depois de várias tentativas o sonho se materializou com a vitória de Lula.
O projeto político proposto em 2002 continua em andamento, porém, a direita reacionária busca a retomada do poder a qualquer custo. Os brasileiros viram o país sacudir nas manifestações de junho de 2013, movimentos sem rumo e muito menos propostas, articulados pelas elites burguesas com total apoio do setor judiciário e da imprensa golpista, usando as massas alienadas para dar os tons necessários à aplicação de um golpe militar contra um partido que tem mudado gradativamente a história deste país.
Voltando à Itapetinga, está claramente visível que PT perdeu o trem da história e toda a sua matriz ideológica quando optou por alianças com os setores mais conservadores do município, reconhecidos pelos oportunismos políticos e ávidos pelo poder. E o que se constata com a realidade dos fatos é que o partido entregou toda a sua história construída na árdua trajetória de lutas de classes sem, de fato, preocupar-se com o resultado deste do processo político.
Diante disso, o mínimo que o povo de Itapetinga espera dos dirigentes do partido e da velha militância que, certamente, não esqueceu os princípios e projetos adquiridos na sua formação, e sabe que ainda vale a pena lutar para transformar a realidade e também que o verdadeiro militante não nasce pronto, embora, desde cedo já demonstre sua boa índole e postura revolucionária com a convicção de que sua consciência de classe vai se aprimorando na luta, tome para si o compromisso das lutas políticas no município, com a perspectiva de alcançar dias melhores, fazendo em Marx o ponto de reflexão, acreditando no poder das massas organizadas, na força da militância, na luta partidária internas, desafiando àqueles que usaram o discurso socialista para trair o sonho dos oprimidos.
Relembrando o poeta e cantor Zé Geraldo: “Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos”, com certeza esse não é o papel de verdadeiros militantes de esquerda, nem de um partido que em seu regimento carrega a bandeira do socialismo, acordem neste momento político tão delicado.
Que a discussão interna do partido sirva de base para se construir uma estrutura democrática, apoiada em decisões coletivas, sem mandonismo, em conformidade com as bases. Que os movimentos sociais, sindicais, estudantis expulsem do partido os que já tiveram a chance de mostrar sua postura antiética, individualista, mercenária e desonesta.
Que em meio aos debates novas lideranças venham a surgir para que sejam resgatados os compromissos originários do partido de construir uma sociedade igualitária, sem exploração, sem opressão, sem qualquer tipo de discriminação ou preconceito, primando pela lisura, transparência com o bem público e principalmente com o compromisso de continuar lutando para construir um novo modelo de desenvolvimento onde a vida seja o motivo da existência e não o poder e a acumulação de riquezas.
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Pedagoga graduada pela Universidade Estadual dos Sudoeste da Bahia (UESB)
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