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segunda-feira, 23 de julho de 2012

A história estende-se: não há muito a dizer, mas a mostrar.


* Por Joilson Bergher
 
Estende-se o clima de dor, de perda. Evidencia uma desconstrução. De histórias palatáveis, o cineasta entrega-se às imagens – extensas colagens, planos seqüências intermináveis. Belas, em sua maior parte, essas imagens enchem os olhos. Cada vez mais, no entanto, parecem despregadas de uma história do próprio homem. E, nesse ponto, pensar em uma desconstrução faz sentido. A necessidade de se firmar um autor recluso, de fazer o que bem quiser – e, nesse ponto, encontra em Jean-Luc Godard um equivalente –, fez dele um enigma. Entender as fraquezas e fraturas expostas.


O homem está repleto delas. Agora penso. Digamos: todas as figuras quadros, fotos, cervelas, urso de lã, bonecas pretas e brancas, provas para corrigir, um beijo ardente, a fogueira de São João, uma pessoa internada em qualquer parte do país, um livro que leio ou você que lê, uma música qualquer, uma mensagem de sms, um acesso em algum blog, a política em si, uma viagem...É como o famoso mito daquele que escreve e que tem pânico, medo, diante da página em branco ou estão relacionadas à fronteira, ou estão mais ligadas à porosidade da fronteira e não à sua impermeabilidade.

Que ideal? Que realidade? Mas será que de fato, há a tal página em branco? O pânico é, justamente, a sua não existência. Se existisse a tal página em branco, aí sim, não haveria pânico. Se há pânico, é porque a página já está escrita. É uma hipótese, apenas ou não? E o massacre? O atirador de Aurora, na periferia de Denver no Estado do Colorado? Que sentido teria o vazio? Não é um dado do qual se parte: é sempre algo ao qual se chega, se quer. Batman, James Holmes, o assassino em potencial ou o Curinga? Quem seria no melhor dos casos, o artista? Qual o mais rigoroso ou o mais obstinado?. Gosto da idéia de vazio. O vejo como lugar onde se pode chegar, não o lugar de onde se parte. “O vazio não teme o vazio. O vazio se enche de tudo e não se enche de nada. O nada se enche de nada. Ou será o tudo, o cheio que se expande de tal forma que se arrebenta e explode no buraco negro? Das mil mortes, dos mil nascimentos. Encarnações, renascimentos, ressurgimentos? Restaura-se o ar no vento e o seu sopro diz "Nunca mais?".(Monja Coen). Sera que ainda há mais lugar vazio ou ilusões.?
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* Joilson Bergher, professor de história na Bahia, Pesquisador Independente sobre o Negro no Brasil, Estudante de Filosofia / UESB.

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