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quinta-feira, 4 de julho de 2024

Denúncia: indícios de assédio e perseguição política bolsonarista nos Correios de Vitória da Conquista

Foto: Rede Brasil Atual

"O governo Lula, eleito com a promessa de recuperar instituições públicas, enfrenta o desafio de lidar com nomeações políticas do governo anterior."

 


*por Herberson Sonkha


 O ambiente nos Correios de Vitória da Conquista tem sido marcado por relatos de assédio e perseguição política, gerando tensão e insegurança entre os trabalhadores. A gestão da Gerente Regional Carla Mara Ataíde de Souza é acusada de intimidação e ameaças de transferência contra funcionários com ideologias divergentes, configurando uma grave violação dos direitos trabalhistas e democráticos.

Perseguição ideológica

Sob a liderança de Carla Mara Ataíde de Souza, conhecida por sua postura bolsonarista, funcionários que expressam opiniões contrárias relatam serem tratados como inimigos e ameaçados com transferências punitivas. Essas práticas ferem a liberdade de expressão e criam um ambiente de trabalho tóxico.

Histórico controverso

A nomeação de Carla Mara Ataíde de Souza, mesmo após envolvimento em um processo de assédio moral, levanta questões sobre os critérios para cargos de chefia na empresa. Essa decisão sugere uma continuidade de indicações políticas, comprometendo a eficiência e integridade do serviço público.

Incoerência com a proposta de recuperação

O governo Lula, eleito com a promessa de recuperar instituições públicas, enfrenta o desafio de lidar com nomeações políticas do governo anterior. Gestores alinhados à extrema-direita, como Carla Mara Ataíde de Souza, contradizem os esforços de criar uma administração pública imparcial e comprometida com valores democráticos.

Contradição regional

A situação nos Correios de Vitória da Conquista é especialmente paradoxal considerando a forte oposição do Nordeste à extrema-direita. Na eleição presidencial de 2022, Lula obteve 69,34% dos votos válidos no Nordeste, enquanto Bolsonaro alcançou apenas 30,66%. Essa discrepância revela uma contradição gritante: uma gestora com forte alinhamento bolsonarista atuando em uma região majoritariamente contrária às políticas de extrema-direita.

Além disso, o desempenho de Lula na Bahia foi o segundo melhor de todo o país, com 72% dos votos, atrás apenas do Piauí, que teve 76,84%. Lula venceu em 415 dos 417 municípios baianos, perdendo apenas em Luís Eduardo Magalhães e Buerarema. No segundo turno, a Bahia teve uma abstenção geral de 20,49%, com 2 milhões e 310 mil eleitores que deixaram de votar. Votos brancos totalizaram 1,26% e nulos 4,06%.

Em números gerais, Lula foi eleito com 50,90% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro ficou com 49,10%. A diferença percentual entre os dois candidatos foi a menor desde a redemocratização. Na Bahia, o petista Jerônimo Rodrigues foi eleito governador com 52,79% dos votos. Esta realidade revela a incoerência de nomeações bolsonaristas, especialmente em Vitória da Conquista, um município fortemente alinhado ao campo progressista.

Desmonte e privatização bolsonarista

Durante o governo Bolsonaro, houve uma tentativa contínua de desmonte dos Correios, com propostas de privatização da estatal sempre que o governo se via ameaçado por crises institucionais. Em 2021, o governo federal avançou com planos para vender 100% dos Correios, apesar da empresa registrar o maior lucro dos últimos dez anos. Essa estratégia, apontada pelos trabalhadores como uma forma de ofuscar crises governamentais, representa um risco significativo para o patrimônio público e para a qualidade dos serviços prestados à população.

Urgência de mudanças estruturais

A situação nos Correios de Vitória da Conquista destaca a necessidade urgente de uma reforma estrutural nos processos de nomeação para cargos de chefia. É imperativo que os postos de liderança sejam ocupados por profissionais qualificados e comprometidos com a missão do serviço público, e não por indivíduos escolhidos com base em afinidades políticas. A recuperação da empresa depende de uma gestão justa, transparente e focada no bem-estar dos trabalhadores e na qualidade dos serviços prestados à população.

Posição da direção da ANATECT Bahia

Abner Gama, presidente da ANATECT Bahia, afirmou que houve uma reunião com o Ministério Público devido aos problemas de assédio desde a nomeação de Carla Mara Ataíde de Souza. Mesmo após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), as situações de assédio continuam.

Pedido de providências

A comunidade de trabalhadores dos Correios em Vitória da Conquista apela à Diretoria Geral dos Correios em Brasília para que intervenha na situação, garantindo a proteção dos direitos dos funcionários e promovendo um ambiente de trabalho seguro e respeitoso. A solidariedade a esses trabalhadores é crucial para reforçar a luta contra práticas abusivas e assegurar que a empresa possa cumprir seu papel essencial na sociedade brasileira.

O caso dos Correios de Vitória da Conquista serve como um alerta sobre os riscos de permitir que interesses políticos interfiram na gestão pública. Somente através de mudanças profundas e do compromisso com a ética e a competência será possível construir um serviço público digno e eficiente, à altura das necessidades e expectativas do povo brasileiro.



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*Herberson Sonkha é um militante comunista negro que atua em movimentos sociais. Trabalhador vinculado a base Sindicato dos Empregados em Condomínio e Edifícios (SECOND-BA). Integra a Unidade Popular para o Socialismo (UP), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Movimento Luta de Classes (MLB). É editor do Blog do Sonkha e, atualmente, também é colunista do jornal Conquista Repórter.


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