Translate

Seguidores

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Um Olhar Introspectivo

*por Carlos Maia


Quando se coloca a necessidade de uma transformação radical do ser, este deve, antes de tudo, ser concebido enquanto parte integrante e, por isso mesmo, da natureza que propriamente o criou. Assim pois, é que devemos ver o homem no seu processo natural e em profunda relação de interdependência para com ela.

Este, por sua vez, agora, um também produto de um processo de desenvolvimento não apenas natural, mas também social, pois este não se estabelece fora da convivência e relações entre outros homens e mulheres, ou mesmo entre si, no que diz respeito às condutas morais, éticas, religiosas, filosóficas, etc.

Isso tudo é muito importante para o relacionamento entre os seres humanos. Contudo, no seu movimentar pelos rincões do mundo, esta nossa espécie, que sinteticamente podemos definir enquanto grau máximo de organização da matéria, vai se estabelecer, a partir de determinado estágio da evolução social, ao interrompimento de uma “harmoniosa” relação homem-natureza, que passou para o conjunto das forças produtivas, suas correlatas relações sociais de produção e trabalho.

Dentro de um espaço de tempo não devidamente delimitado e preciso, a humanidade irá dar um salto para o desconhecido. Este, por sua vez, não ocorreu de forma linear, mas sim anarquicamente, apesar de se estabelecer durante muito tempo, sem a apropriação privada das terras, das máquinas, das ferramentas, etc., isso virá definitivamente com o surgimento da propriedade privada dos meios de produção, com suas referidas leis e implicações outras provenientes de um estatuto jurídico-normativo, seus referidos estados políticos, ideológicos e militares.

Desta forma, é que devemos entender a divisão social do trabalho dos homens e mulheres, em diferentes castas e/ou classes sociais, que ao longo da história se estabeleceram em uma acirrada e sangrenta luta de classes. Foram os períodos históricos de manifestação e apropriação do excedente econômico produzido por: escravos, servos, camponeses, artesãos e, ao chegar da sociedade atual capitalista, pelo conjunto dos trabalhadores que compõe o proletariado moderno.

Estes são os verdadeiros herdeiros do patrimônio científico e cultural do mundo moderno, muito porque, são eles os únicos a produzirem atualmente os valores intercambiáveis apropriados pelos burgueses capitalistas, na forma do mais valor (mais-valia), que nada mais é do que a parte do salário não pago quando da contratação e compra da força de trabalho do operário, fonte assim, verdadeiramente concebida enquanto lucro.

Este processo todo, que foi capaz de alavancar o conjunto das forças produtivas, para um grau de desenvolvimento técnico-científico e cultural, jamais alcançado pelos modos de produções anteriormente observados nas formações econômicas e sociais estabelecidas, não se conseguiu, entretanto, realizar uma qualitativa e quantitativa divisão dos frutos do trabalho.

Aqui, vale assinalar a importante, crucial e impostergável necessidade histórica, de se conceber o proletariado moderno, como categoria filosófica fundante do processo de transformação da totalidade social, a partir de uma dinâmica própria das sociedades divididas entre classes dominantes exploradoras e dominadoras, como também pelo estabelecimento de um longo, vasto processo de libertação dos grilhões a que estão submetidos aos diversos segmentos, pelo tacão e pela chibata da burguesia e do seu Estado, frente ao processo igualmente alienante, violento e castrador de todas as manifestações artísticas, culturais, de gênero, sexo, etnias, etc., e que por isso mesmo, são devidamente cooptados no sentido de trazer, cada vez mais, para o seu convívio, os elementos mais doces, puros e libertos da juventude proletária.


Carlos Maia – Junho/2024


0 comments :

Postar um comentário

Buscar neste blog

Inscreva seu e-mail e receba nossas atualizações:

Arquivo