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terça-feira, 13 de junho de 2023

O PT dará cabo de parasitas fascistas sugando nas tetas da prefeitura?

Foto: ASCOM PT/Vitória da Conquista.

"A questão central não está em torno do nome que encabeçará a candidatura do PT, mas sim da natureza ideológica da proposta social, econômica, cultural e política do programa de governo; do combate ideológico sistemático aos parasitas (antigos e novos); e de compromissos com o desenvolvimento socioeconômico de grupos sociais confinados na pobreza das franjas da sociedade a serem assumidos, caso o PT volte a governar a cidade."

 

*por Herberson Sonkha

 

O Partido dos Trabalhadores (PT) conquistense é o primeiro partido a dar o pontapé inicial da disputa eleitoral antifascista para a sucessão da prefeitura de Vitória da Conquista em 2024. O nome “escolhido” como pré-candidato a prefeito é o de Waldenor Pereira, que muitos dizem por maledicência ser absolutamente desconhecido ou não ter feito completamente nada pela cidade.

A saber, esse argumento talvez caiba melhor ao radialista bolsonarista que anunciou recentemente que está pronto (a vitória eleitoral de fascista no município é um acidente de percurso que resulta do golpe de 2016), àquele da voz fascista estrepitante no município.  Quanto a Waldenor Pereira, independente das divergências, vale ressaltar que qualquer mandato pertence ao partido e o mesmo governou a cidade por duas décadas, inclusive com verbas destinadas pelo referido deputado.

Waldenor Pereira se tornou na conveniência de alguns uma espécie de outsider em seu próprio locus. Embora viva nessa urbe há décadas, essa ideia de não-pertencimento e não-representatividade política serve apenas como tática para confinar partículas indesejadas num cluster, não cabe a quem adotou Vitória da Conquista como sua, impendente ter nascido no município de Caculé.

A questão central não está em torno do nome que encabeçará a candidatura do PT, mas sim da natureza ideológica da proposta social, econômica, cultural e política do programa de governo; do combate ideológico sistemático aos parasitas (antigos e novos); e de compromissos com o desenvolvimento socioeconômico de grupos sociais confinados na pobreza das franjas da sociedade a serem assumidos, caso o PT volte a governar a cidade.

A isso chamo de “quebra de paradigma” por meio de programa de “disruptividade política”.  Com certeza uma pessoa minimamente conectada com a política e os políticos conquistenses está se perguntando nesse exato momento sobre o real significado da palavra “disruptividade política” e o que isso tem a ver com a proposta eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) com a candidatura de Waldenor Alves Pereira Filho – ou apenas Nonô para amigos dos tempos de baba na AABB.

A linhagem petista de sucessão de nomes à prefeitura de Vitória da Conquista não foge ao perfil tecnicista e intelectual weberiano de classe média brasileira, talvez com exceção daquela parte pretérita golpista que, segundo o sociólogo weberiano Jessé Souza, pode afirmar que “A classe média é feita de imbecil pela elite” na matéria publicada pela Carta Capital de 2017.

Outra vantagem é que o candidato tem penetração e um bom trânsito entre alguns capitalistas empresários da cidade, em alusão a perspectiva acadêmica do economista e cientista político austríaco, Joseph Schumpeter, na qual “o empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais”. Talvez, isso tem a ver com a ideia de empresa com responsabilidade social.

O fato relevante é que Waldenor Pereira tem inegável acumulo para o pleito como economista, professor universitário, Reitor da UESB (1994 - 2002), deputado estadual (2003 a 2010) e atual deputado federal (2011-2027) pelo quarto mandato consecutivo que poderá pender favoravelmente a balança para vencer as eleições e interromper o ciclo da atual política institucional adotada pelo governo municipal desde 2017.

Contudo, nem tudo na vida do PT são só flores, pois existem desvantagens espinhosas contra o partido e a candidatura quase intransponíveis porque o partido peca pela histórica ausência de construções efetivas de lutas e pautas não apenas anticapitalistas (classe, raça e gênero) com os movimentos sindicais e sociais orgânicos de esquerda.

Isso sempre estimulou militância intelectual crítica petista a realizar vários disparos de “fogo seletivo” contra o campo hegemônico do PT que esvaziou deliberadamente sua presença ideológica nos espaços de construções políticas dos movimentos sociais. Não obstante, praticar o silenciamento de vozes críticas que se levantavam dentro do partido contra defecções políticas, capitulação ideopolítica da harmonia de classe e adoção da versão liberal de democracia de baixa densidade.

Apesar desses processos de disputas internas extenuantes, nem sempre com base na “Teoria da Ocupação dos Espaços” de tradição do "pensamento gramsciano", parece não ter criado muitas divergências e embates ideológicos beligerantes entre as correntes internas do partido. Talvez a conjuntura antifascista e as duas derrotas sucessivas tenham contribuído para construção quase “natural” dessa unidade interna em torno do nome de Waldenor Pereira.

O professor Waldenor Pereira se qualificou para esse debate não só com acúmulos de gestões e debates, mas com a pós-graduação em Ciências Política e Administração pela Universidade Complutense de Madrid (2000 – 2003). Espera-se dessa candidatura uma boa audição para as críticas (o PT abriu mão desse feeling) para dar musculatura a proposta de programa de governo e um diálogo fora da bolha consistente e mais ideologicamente avançado (o ideal seria de esquerda) e a abordagem crítica mais incisiva e contundente, absolutamente, diferente de seu último antecessor.

O cenário de retrocessos em todas as dimensões do portfólio de serviços públicos municipais pede um comportamento de disruptividade política, embora esse termo cause reação diversas e era de se esperar porque ocorre exatamente quando não se trata de uma expressão usual. Não circula no amplo debate circunscrito ao senso comum da política tradicional e nem entre as massas populares, talvez alguns poucos intelectuais.

Mas, seu uso aqui no texto será estrito e nos remete a imperiosa necessidade de mudanças urgentes de curso na política institucional da prefeitura. Analistas das ciências políticas falam em “disruptividade política” de uma outra forma, essa talvez seja uma expressão “nova”. Mas, o sentido tem a ver com o conceito de “miríade disruptiva” que significa um sistema político disfuncional, que apresenta aspecto de ingovernabilidade com tendência de incapacidade de entrega dos serviços públicos aos cidadãos, principalmente às franjas da sociedade mais desprotegidas pela ausência das políticas sociais. 

Seu uso limitado ao campo científico faz com que não a torne bastante conhecida entre os mortais, causando um verdadeiro frenesi ou desconfiança a leigos ou a político de senso comum porque pode não fazer nenhum sentido ou nexo causal a sua aplicação nesse texto. Tudo isso porque o termo disruptivo é pouco empregado nos diálogos informais, embora seja muito utilizado em pesquisas para explica rupturas ou evoluções em processos tecnológicos com substituição de tecnologias.

E a Política é uma tecnologia? No prefácio à “Contribuição à Crítica da Economia Política” (1859) Karl Marx diz que os indivíduos não escolhem a classe social a qual pertencem (isso inclui a sua concepção de mundo, princípios, opiniões políticas, posição social e etc.) porquanto sejam conformados pelo pertencimento a uma assentada classe social. Portanto, para um marxiano ou mesmo marxista a política é algo mais robusta que cria as condições materiais e intelectuais para transformações e rupturas profundas na sociedade e não apenas um estudo e sistematização do padrão de repetição de movimento simétricos.

A bem da verdade, a palavra tecnologia é uma junção da palavra "tekhne” em grego (técnica, arte, ofício) com o sufixo "logia" que significa estudo. Portanto, pertence à ciência contemporânea. Contudo, não apenas à ciência, mas a engenharia com seu conjunto de instrumentos, métodos e técnicas com a finalidade voltada para resolver falhas em plataformas que causa inoperância no sistema que inviabiliza o funcionamento.

A Política pode ser considerada uma “técnica, uma arte e um ofício” para os liberais, portanto pode ser considerada como tecnologia. Os neoliberais utilizaram-na amplamente como expressão tecnológica, inserindo a política na área do conhecimento da engenharia desde os anos 90 com o advento da globalização e do neoliberalismo.

O período histórico de seu recém surgimento ocorreu com o governo de Fernando Collor, mas intensificou-se apenas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso com a afirmação da política como sendo uma área de interesse da engenharia para atribuir isenção científica às rupturas políticas de caráter conservador, exigidas pelas elites econômicas capitalistas daquele momento de reorganização do Estado e da Sociedade Civil a partir da nova Constituição brasileira.

A ideia principal era evitar a aceitação da opinião pública em geral em relação as reações teoricamente contundentes (a exemplo do PT) de setores organizados da sociedade à onda neoliberal privatizante de reforma do Estado. Essa recomposição das forças políticas e seu programa de governo para o Estado brasileiro era vendido pela mídia de grande circulação nacional (a exemplo da Rede Globo) com o nome pomposo de projeto de reengenharia do Estado agigantado e deformado que os liberais chamam de Leviatã.

Interessava aos neoliberais a conveniência do uso dessa expressão tecnologia porque além de ter aplicação prática estava “protegida” por pressupostos pseudoteóricos da área do conhecimento científico que transita em diversas áreas de pesquisas. Justamente porque algumas dessas expressões são tão herméticas quanto aos interesses burgueses capitalistas nos bens e no capital do setor público.

A ideia é que a disruptividade política seja utilizada para qualificar o defeito, o comportamento e a ideia de extrema-direita do atual governo que está em vigência na sociedade conquistense. Isso com base nas consequências desastrosas dessa política para o município, no qual o atual governo vem desestruturado o conceito de coletivo (ou popular) de todas as políticas de bem-estar social. 

O estranhamento se deve ao fato de que a necessidade de promover a disruptividade na política municipal, um conceito que não comparece nas linhas gerais (nem específica) da formulação do programa expresso pelas diversas linguagens (escrita e oral). O debate aqui proposto é uma crítica a ideia liberal de disruptividade inovativa, mesmo não estando escrito, ao vínculo desse conceito ao ramo do conhecimento produzido pelo campo liberal, fundamentado em conceitos de orientação liberal do mainstream de economia e de administração.

O conceito foi criado pelo professor de administração na Harvard Business School, Clayton M. Christensen em seu livro best-seller “O Dilema da Inovação” (1997) para o conceito de disruptivo inovativa (tecnológica, endócrina e elétrica) voltados para criar novos mercados consumidores e afeta empresas líderes do setor.

Não interessa a Vitória da Conquista, sobretudo um governo popular de centro-esquerda, uma proposta de disrupção inovativa, com base apenas no mundo capitalista de livre mercado dos negócios. Sobretudo, para justificar a lógica de fenômenos socioeconômicos capitalistas dado por um processo sistêmico prolongado, que não prevê nenhuma alteração de imediato.

Portanto, um governo minimamente democrático popular não caracteriza o processo de evolução tecnológica, sem propor alteração do paradigma de qualidade ou funcionalidade do portfólio de serviços públicos. Especialmente se tais serviços forem direcionados à proteção e à promoção de populações em situação de riscos por causa das múltiplas vulnerabilidades social, econômica, cultural e política.   

O que interessa mesmo a população conquistense é a poética de Caetano Veloso, chamada “Vaca Profana”, é a ideia de rebeldia existente na quebra de paradigma oferecida pelo poema que pode ser caracterizada como disruptividade. Ou seja, possibilidade de interrupção, fratura ou quebra no funcionamento de qualquer tipo de processo ou sistema em curso voltado para garantir a normalidade. 

Quando a emprego neste texto, a utilizo para propor disruptividade não apenas a tradicional política brasileira, mas a ascensão fascista do ex-presidente Jair Bolsonaro, matriz a qual esse atual governo municipal está ideologicamente vinculado.

Peço vênia ao indefectível poeta baiano de nosso tempo, mas não estou interessado nos maravilhosos símbolos enigmáticos de Caetano proposto pela canção em análise. Interessa-no saber a possibilidade de “quebra de paradigma” no âmbito das relações sociopolíticas municipais, porque o ato disruptivo sugere uma quebra no curso normal de um determinado processo, com a finalidade de oferecer melhoria com “inovações” para manter o que já é decadente.

Por algum tempo eu pensei-escrevi-debati muito sobre as consequências destrutivas de curto prazo das negociações escusas das “tetas do Estado”, propondo uma disruptividade com o submundo da Política. A história tem demonstrado que o Estado liberal social contemporâneo também possui aspectos similares ao de uma vaca leiteira, ávida para alimentar a boca de parasitas de plantão nos espaços de poder (executivo e legislativo).

Essa relação viciada de concessão de espaço para mamar nas “tetas do Estado” criou arquétipos de monstros, a exemplo de babões, exemplo de bajulador de ricos empresários ou de autoridade pública porque não tem competência cognitiva e insolência laboral, que conspira constantemente com quem estiver no poder contra os interesses da população com o discurso cínico-fascista de defender os interesses do povo.

 Outro tipo de monstro é o arquétipo de jeca-tatu, aquela falsa representação dos interesses das populações campesinas criado no imaginário da cultura urbana paulista até os anos 50 do século XX por Monteiro Lobato (Mazzaropi) como se fosse autentico camponês, despolitizado, despolitizante e inserido como nonsense para conformar e justificar a manutenção das estruturas viciadas de poder capitalista burguês. 

Essas concessões vindas do submundo da política são garantidas em acordos espúrios feitos por dirigentes do campo hegemônico do PT, a despeito de manter sucessivas reeleições, propicia acordos generosos e alvissareiros às elites econômicas e aos políticos parasitas e inescrupulosos de babões e jecas-tatus.

A disruptividade política deve pôr fim a quaisquer tipos de beneplácitos a esses trânsfugas, pois nunca foi bom para os grupos sociais das franjas da sociedade vulnerabilizados porque são mais explorados, oprimidos e marginalizados das riquezas produzidas pelo mundo do trabalho e nem para as populações subalternizadas em todas as dimensões (social, econômica, cultural e política) da vida na sociedade burguesa.

Espera-se que a candidatura diga a sociedade a que veio sem rodeios e nem tergiversar porque essa claudicação serve apenas para calcificar de tal maneira na cultura política burguesa que nem mesmo a militância ideológica petista mais aguerrida conseguir exorcizar da cultura política brasileira o mau costume das garrafinhas, privilégios, vantagens indevidas e de usar o “mau do Lázaro”, ressuscitar político mau-caráter que se elege usando as estruturas do Estado e com dinheiro público com compra de votos.

Contudo, isso não é sobre o Partido dos Trabalhadores (PT) ter que discutir no regime democrático acordo de risco com aliados (históricos ou recentes) necessários que tornassem o Estado minimamente governável. Isso é sobre o tonificador ideológico de éthos que combate defecções políticas com remédio fortificante certo para evitar pragas, insetos, moscas varejeiras, babões, jecas-tatus e outros bichos peçonhentos em suas fileiras.

Esse é o fortificante que estimula a disposição ideopolítica para coibir a livre aplicação de altas habilidades corruptoras de éthos de carreiristas históricos que fica parasitando no partido para chegar ao Estado para tirar proveito de circunstancias ou fatos com uma única finalidade: obtenção de dinheiro, mimos e privilégios às custas do sacrifício coletivo.

Essas conveniências oportunistas, muitas vezes concedidas apenas aos amigos (na verdade continuam inimigos) de última hora, quase sempre causam dilúvio interno porque não tem nenhum critério ético. É uma concessão de maneira incondicional à tradicional política brasileira, constituída por gente inescrupulosa que age conscientemente em benefício próprio e contra a população. Se comportam agressivamente contra a qualquer Programa de Governo Popular, isso inclui a do PT (Modo Petista de Governar) e aos interesses materiais, princípios ideológicos, valores e bandeiras de lutas sindicas e sociais.

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