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O Projeto Maria Nilza abre atendimento à comunidade e realiza inscrições para 2023
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Foto: Herberson Sonkha |
"Uma
situação bastante recorrente é o caso de automutilação entre jovens
conquistenses, revelando algum tipo de fragilização da saúde mental nessa faixa
etária."
*por Herberson Sonkha
Neste
sábado (25) o Projeto de Ação Social Maria Nilza abriu suas portas para receber
a comunidade do Bairro Patagônia e adjacência para divulgar suas ações. O
projeto realizou também atendimentos e fez inscrições para as ações sociais que
serão ofertadas pelo Projeto Maria Nilza durante 2023.
Das ações ofertadas, a de saúde é a mais procurada e o projeto ofertará atendimento odontológico com aplicação de flúor; aferição da pressão arterial; medição do nível glicêmico; atendimento psicológico e nutricional e as seções de massoterapias. Também faz parte desse portfólio de ações sociais o curso de culinária que o Projeto Maria Nilza já vem ofertando gratuitamente desde o ano passado.
Passaram
pelo projeto nesse sábado mais de 250 pessoas durante o período da tarde em
busca de informações, inscrições e atendimentos. De acordo com as inscrições, o
projeto cadastrou pessoas dos quatro cantos do município de Vitória da
Conquista, nos alertando para um possível quadro de múltiplas carências da
população periferizada causada pela ausência de políticas públicas que deveria
ser ofertas pelas instituições públicas municipais.
Uma
situação bastante recorrente é o caso de automutilação entre jovens
conquistenses, revelando algum tipo de fragilização da saúde mental nessa faixa
etária. Embora seja um tema bastante recorrente na mídia, o maior impacto
ocorre no ambiente familiar das periferias que ainda não sabe como resolver ou
não tem um poder aquisitivo que lhe permita contratar serviços psicológicos.
A
despeito de contrariar a estatística que afirma ser um problema esporádico, a
automutilação vem se tornando um problema grave e não justifica a ineficiência
ou mesmo ausência de políticas públicas nos bairros mais pobres da cidade. Além
desse quadro de saúde metal debilitado muito comum nas periferias de Vitória da
Conquista, que exige muita atenção e intervenção curativa por parte da
autoridade sanitária municipal, o suicídio vem cercando cada vez mais a
juventude.
O
Projeto Maria Nilza chama a atenção da sociedade para o estudo realizado pelo
Ministério da Saúde que aponta crescimento nos indicadores do Mapa da
Violência, estimando que nos últimos 12 anos o suicídio entre jovens (15 a 29
anos) atingiu o patamar de 10%, uma alta preocupante. Nesse contexto, a
estatística da automutilação é um dado preocupante para as famílias pobres das
periferias porque não só alerta para uma situação de sofrimento intenso desses
jovens, mas marcha compulsoriamente para o suicídio no longo prazo.
A
pesquisa não descarta a hipótese de que por detrás desse quadro inquietante
possa ter sinais precoces de tentativa de suicídio. Por isso, o projeto
recomenda aos familiares que fiquem atentos aos primeiros sintomas e hábitos
estranhos desses adolescentes que pode caracterizar algum tipo de transtorno
mental com a finalidade de identificar com antecedência quaisquer sinais e
auxiliar no tratamento.
A
intenção do Projeto Maria Nilza é evitar intercorrências decorrentes de
agravamentos desses quadros clínicos, inclusive com indicação de internamento
urgente. Esses familiares ou responsáveis, além de não terem condições
financeiras para arcarem com o tratamento, na maioria das vezes desconhecem os
sintomas ou não percebem as alterações comportamentais com níveis altos de
agressividade e irritabilidade; redução do apetite com perca de peso
(emagrecimento); quadros com delírios e alucinações; transtornos bipolares;
perda da memória; Insônia; ansiedade e depressão; falas confusas e sem nenhum
nexo.
É
nesse contexto de carência do Poder Público municipal, voltado às populações
mais empobrecidas, que o Projeto Maria Nilza se inseriu há mais de dois anos e
vem ofertando um profissional para atendimento psicológico gratuito. No
entanto, o projeto vem discutindo novas parcerias porque entende a necessidade
de ampliar a oferta. A situação exige intervenção preventiva com profissionais
da área para atender essa demanda reprimida do público com perfil jovem cuidado
desses sintomas mais leves.
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*Herberson Sonkha é voluntário do Projeto Maria Nilza. É também um militante
comunista negro que atua em movimentos sociais. Integra a Unidade Popular (UP)
e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Movimento Luta de
Classes (MLC). É editor do blog do Sonkha e, atualmente, também é colunista do
jornal Conquista Repórter.
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