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Professor Noé Macedo, “um sorriso negro”
“Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade
Negro sem emprego
Fica sem sossego
Negro é a raiz de liberdade”
(Dona Ivone Lara, 1981)
Talvez a música que melhor conforte aos nossos corações nesse momento de profundo pesar pela passagem do camarada Noé Macedo, seja um samba que se tornou hino da militância oitentista do Movimento Negro Brasileiro e o comuna preto que cantava, ei-lo aqui: “um sorriso negro”!
Essa
musicalidade dançante que expressa a estrepitante história de lutas
antirracista incessantes de gente preta brasileira foi vocalizada na canção que
eternizou a letra da saudosa sambista Dona Ivone Lara. Certamente, ao lado de
outra grandiosa sambista comunista de saudosa memória Beth Carvalho. Com
certeza elas e tantas outras pessoas revolucionárias comunistas hão de receber
o camarada em festa numa gigantesca roda de bambas do mundo todo para reafirmar
que estamos juntos, numa célere frase: "Proletários de todos os países,
uni-vos!".
Se
hoje é um dia atípico para quem se habituou a conviver com o combativo (não
menos polêmico e sarcástico no bom sentido) Noé Macedo, amanhã tudo isso se
transformará numa saudade agradável, sobretudo aos camaradas do Partido
Comunista do Brasil (PCdoB). Em nome dos camaradas JBergher, Davino Nascimento,
João Paulo e Marcelo Neves, nos solidarizamos aos familiares, amigos e,
especialmente, aos/as camaradas jequeieenses pela partida precoce desse
imprescindível lutador social.
Tentando
imaginar como todos nós (Eu, Bergher e Davino) atravessaremos mais essa dor.
Que Olorum, criador do Orum (firmamento) e de Aiyê (terra) o recebem em paz e
lhe dê o melhor destino. A meu ver, não poder ser outro senão o panteão dos
comunistas pretos lutadores sociais, cuja trajetória se registra lutas
memoráveis contra toda forma de exploração, opressão e os grilhões racistas a
escravidão.
Nossa
história de lutadores sociais comunistas nos faz lembrar a todo instante que o
conheci pessoalmente ainda nos idos dos anos 90, embora tenha sido
contemporâneo de movimento do comuna desde meados dos anos 80 nas lutas
estudantis do Grêmio Livre Dinaelza Coqueiro do IERPÃO (IERP). Particularmente,
nas caudalosas mobilizações contrárias a indicação arbitrária do professor
Guedes feita pelo carrasco ACM para direção Instituto.
Nesse
mesmo período, em um comício do movimento das “Diretas Já”, realizado na Praça
Rui Barbosa, onde funcionava o antigo terminal de ônibus conhecido pelo nome
Belvedere, ocorreu o meu primeiro contato com os comunas. Aliás, foi o
ex-comuna Domingos Ailton que me recrutou para organização do ‘B’ (no dizer
desse outro comunista JBergher). A antiga sede do partido ficava numa sala no
primeiro andar de um prédio na Travessa Sete de Setembro, no Centro.
Contudo,
nessa época eu ainda não o conhecia pessoalmente, mesmo estando nas mesmas
trincheiras de lutas no movimento estudantil da corrente Viração, mais tarde
passaria a chamar União da Juventude Socialista (UJS). Porém, foi no congresso
de fundação do cogente DCE da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
campus de Vitória da Conquista, que conheci pessoalmente o comuna Noé Macedo.
Dirigente
estudantil despachado, obstinado e envolvido na construção da União da
Juventude Socialista (UJS) na UESB, movimento de massa do partido nas fileiras
do movimento estudantil universitário. Noé Macedo é um desses sujeitos sociais
que nos faz compreender a necessidade de continuar lutando, cantando,
insistindo e apostando na transformação do mundo.
Às
vezes, quer dizer quase sempre, para algum confundido injustamente (Outros nem
tanto...) como chato pela maneira fleumática como apresentava e defendia as
ideias. Nenhum arranca-rabo com Noé era fácil, mormente ele não desistia.
Talvez, irritasse alguém quando extrapolava açodadamente. Mas, ao longo de sua
militância estudantil, partidária ou sindical jamais abandonou a luta ou
capitulou.
A
história de Noé Macedo continuará a nos espreitar, posto que sua alma comunista
continuará nos rondando como disseram certa vez os dois barbudões comunistas,
Marx e Engels, na abertura de um dos mais memoráveis panfletos de 1848 escrito
especialmente para classe operária: “Um espectro ronda a Europa – o espectro do
comunismo”. A cada sorriso, a cada acorde dedilhado no violão ou mesmo nas
provocações, lá estará o velho e indefectível Noé Macedo.
Vá
em paz camarada, descanse nos braços de Olorum!
Professor Noé Macedo, Presente!
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