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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

O que fazer a partir de 2023? Uma mirada sobre o panorama baiano

*por Ferdinand Martins da Silva



Afirmei em texto anterior**, que “os últimos 4 (quatro) últimos anos foram marcados por acontecimentos sem precedentes na história mundial e do Brasil, em particular”, destacando-se a Pandemia do Corona Vírus que ceifou a vida de milhões de pessoas, dentre as quais milhares do nosso país. E, que ainda não tem data certa para terminar!

Também fiz menção aos acontecimentos nacionais, cujo ano que se encerra tem sido marcado por uma luta feroz contra um governo nazifascista, enfim derrotado nas urnas, mas que ainda tenta desestabilizar e destruir tudo o que fora construído até então. Como não poderia deixar de ser, esses fatos se estenderam por todo país atingindo estados e municípios.

No caso dos Estados, a partir de janeiro de 2023, assumirão novos gestores ou permanecerão os mesmos nos casos de reeleição. Particularmente no nosso Estado – Bahia, o comando estará a cargo de um “novo gestor”, o qual pertence à corrente política que está à frente do mesmo nos últimos 16 (dezesseis) anos, representando uma continuidade que supera as últimas gestões carlistas, encerradas em 2006.

É de conhecimento público que a vitória da chapa liderada pelo governador eleito (Jerônimo Rodrigues) teve o apoio, no 2º turno, do chamado campo da esquerda revolucionária capitaneado pelo PSOL, além do PCB, UP e PCO (?). Esse apoio foi motivado notadamente pela bandeira principal, qual seja, a de barrar a ascensão do bolsonarismo, do conservadorismo e do reacionarismo no Estado, representado pela candidatura do herdeiro número 1 do Carlismo, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, em primeiro plano e a de João Roma como apêndice. Ressalte-se que ACM Neto por mais que tentasse se descolar de Bolsonaro, não conseguiu o seu intento, acabando por sofrer uma acachapante derrota!

Porém, é importante que se diga, que o apoio desse campo não significa se coadunar com todas as políticas do governo eleito, ao ponto de vir a sucumbir enquanto oposição de esquerda, cuja liderança está a cargo do PSOL, único dos partidos citados a ter representação na Assembleia Legislativa (ALBA). Pois, diferentemente da articulação nacional para construção de uma “Frente Ampla”, cujo objetivo principal era aglutinar as diferentes forças políticas e barrar a escalada do nazifascismo no país e, em seguida, tratar de colocá-lo novamente nos trilhos, no caso da Bahia, a articulação se deu apenas no 2º turno, já que PSOL e PCB apresentaram candidaturas próprias no primeiro turno.

Nesse ponto, cabe a seguinte pergunta, dirigida especialmente ao campo de esquerda: O que fazer a partir de 2023 diante do novo governo, levando em consideração o quadro já esboçado?

Todos somos sabedores de que a propaganda veiculada pelo governo Rui Costa e aliados durante os seus 8 (oito) anos de mandato, foi a de que a Bahia continua crescendo e liderando a economia do Nordeste, além de se destacar nacionalmente em vários setores. Obviamente que, como em toda publicidade, muito do que é dito não traduz a “verdade verdadeira”, o que vemos é que a Bahia ostenta posições sofríveis no ranking nacional em vários setores, a exemplo da Educação.

Se do ponto de vista político nacional, podemos afirmar que a nova gestão terá, a seu favor, todos os ingredientes e ferramentas capazes de colocar o Estado no lugar merecido, haja vista o apoio que deverá ter do governo LULA (basta ver os quadros políticos baianos que irão integrar o governo federal); também é verdade que na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) não se vislumbra dificuldades do futuro governo em construir uma maioria que garanta a sua governabilidade. Por outro lado, isso não quer dizer, que a oposição liderada por ACM Neto esteja morta! Afinal, ela governa Salvador, a capital do estado, cujo capital político do carlista não é desprezível, além de contar com o apoio de prefeitos de outros municípios importantes como é o caso de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari e Juazeiro.

No meio desse imbróglio estão os servidores públicos, os quais na sua grande maioria, passaram “maus bocados” durante as gestões de Rui Costa, apelidado de o “Rei do Arrocho”, em alusão ao seu modelo de política salarial aplicado. A título de exemplo, citamos o caso dos professores das Universidades Estaduais, cujo defasagem salarial beira os 50% (cinquenta por cento)!

Diante disso, a oposição de esquerda, o movimento sindical - representado pelas diversas entidades dos servidores públicos e os movimentos sociais organizados não podem abrir mão da sua independência e autonomia diante do governo que ora desponta, mantendo acesa a chama da luta e das reivindicações históricas da população menos favorecida, dos desempregados e da classe que vive da venda da sua força de trabalho. Até porque, não se pode esperar nem tampouco confiar que o programa de governo que será colocado em prática por Jerônimo Rodrigues e seus aliados, difira substancialmente daquele que foi implementado por Rui Costa nos últimos anos.

Destarte, só nos resta a opção de, conscientes da realidade que se apresenta, unirmos esforços para juntos e organizados emparedarmos esse governo levando-o a pôr em prática um programa que contemple de fato os anseios e as necessidade da maioria da população baiana, especialmente daquela menos favorecida, pois como já nos alertava o poeta: quem sabe faz a hora, não espera acontecer!



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*Professor Universitário. Dirigente Sindical. Filiado ao PSOL.
**O QUE ESPERAR DE 2023? Um olhar sobre o espectro nacional. Publicado neste mesmo Blog em 26.12 (segunda-feira).

2 comentários:

  1. Sem dúvida, Ferdinand, que há pouco a se esperar do novo governo em relação a mudanças nos campos social e econômico, pois, como você mesmo afirma, é a continuidade do governo anterior (mais precisamente, dos governos anteriores). É imprescindível a atuação permanente dos segmentos organizados da sociedade no sentido de pressionar o governo a atuar de modo mais enfático na melhria das condições de vida do povo mais pobre, promovendo (e executando, claro!) políticas públicas que atendam, prioritariamente, esse segmento mais sofrido da população. Mudanças significativas, transformação de verdade, não ocorrerão dentro desse sistema capitalista desumano, ainda que "menos ruim", como se costuma dizer. Mas não existe capitalismo menos ruim, o capitalismo é sempre perverso. Pra mudar, de verdade, só com o advento do socialismo.

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  2. Isso!... E depois, sempre deveremos ter uma crítica construtiva às propostas ou Leis, de forma a pensar no Povo e melhorar as políticas que venham a ser implementadas.... Um abraço, Professor e Poeta!

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