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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Lula e o PT, Gênios ou Precipitados?

“[...] por hora vejo-os mais como astuciosos e não precipitados como apontam parte da própria esquerda e muitos que se dizem líderes progressistas enquanto seus partidos votam em peso na “Lira Bolsonarista”.” 

*por Euvaldo Cotinguiba Gomes

 

Eu sempre tive e tenho o Lula como um dos políticos mais inteligentes de nossa história. É o maior e mais completo estadista que veremos passar por essas terras, você pode gostar ou não dele e isso não fará nenhuma diferença, pois a História não trabalha com suas afinidades e nem tão pouco com o ódio que talvez tenha deixado se formar dentro de si a partir de narrativas manipuladas, está aí a derrocada da Lava Jato e seus executores para demonstrar que nem é preciso esperar tanto tempo mais para ver narrativas falsas serem desfeitas.

Independente de que o Lula político e presidente tenha ou não cometido algum crime enquanto esteve no poder a história dele e de sua atuação ainda está sendo escrita, ele não se aposentou e é certamente o mais astuto político em ação nesse país. Segue sem dúvidas como um ardiloso “costureiro” de futuros na vida política.

Vejamos os últimos acontecimentos de nossa vida política seguindo por atos essa tragédia.

 

Primeiro ato: Ocorreram as eleições para a Presidência da Câmara e a Presidência do Senado, sabemos que do acordo do PT e outros partidos, ditos progressistas, na última hora o que sobrou foi a certeza de que os ratos ou abandonam o barco ou roem a corda, neste caso roeram a corda, ou melhor, foram atraídos por uma isca mais polpuda em que o velho jeitinho de vencer essas eleições funcionou como sempre e dentro do esperado. Em todos estes anos de vida política temos visto repetir a cada momento destes a velha e nefasta compra de parlamentares, não seria Bolsonaro e seu desqualificado ser a romper com essa tradição.

Diante do ocorrido vimos que ao final do processo o único partido que não roeu a corda foi o PT tendo votado conforme o combinado, portanto o PT saiu puto da vida, a direita liberal, neoliberal, baixo clero e todos os demais, de bolsos cheios e felizes com a vitória governista além de muita emenda para enviar às suas bases eleitorais onde certamente ainda levaram algum nas obras super faturadas e desvios corriqueiros que só tem aumentado nos últimos anos de “Brasil Sem Corrupção”.

 

Segundo ato: O PT com rabo entre as pernas não poderia deixar barato a sacanagem da velha direita e resolveu dar o troco. Como fazer isso diante de uma conjuntura tão adversa? Não precisa ser muito esperto para saber que diante desse quadro de polarização que vivemos existe grande possibilidade de que nas próximas eleições tenhamos uma candidatura de esquerda - mesmo não sendo assim tão esquerda - no segundo turno eleitoral, ou seja, o nome progressista que angariar para si maioria no processo tende a chegar lá. Haddad já foi testado, é relativamente o mais conhecido entre todos os que estão postos, hipoteticamente sua candidatura garante presença no segundo turno, assim pensa o PT e boa parte de qualquer cidadão que acompanhe minimamente nossa vida política. Há possibilidades sim de que não chegue lá, mas sua chegada é uma hipótese bastante razoável.

 

Terceiro ato: Bolsonaro é hoje um nome fortíssimo e caso não seja de alguma maneira atropelado nos próximos dois anos por um processo de afastamento e cassação dos direitos políticos estará muito bem colocado na disputa. Ele certamente será o segundo nome a chegar ao final da disputa. Aqui começa a aparecer a tática da raposa astuciosamente pensada por Lula e PT, afinal quem se encontra na política para sobreviver precisa trazer consigo alguma esperteza que desnorteie seus predadores.

Ao lançar o nome de Haddad, o PT e Lula, dão uma cacetada na velha direita “roedora de corda”, pois de alguma forma vingam-se da sacanagem que fizeram com eles na eleição da Câmara, obrigam-nos a se mexer, e rápido, se quiserem construir alguma possibilidade para disputar o poder central no próximo pleito. A velha direita terá que correr atrás, inclusive do Centrão para ter alguma possibilidade. Eles precisarão viabilizar alguém que possa desbancar Bolsonaro ou serão obrigados a ter que vê-lo reeleito, sinceramente e apesar de sabermos o quanto são ordinários, certamente esse não é um desejo da velha direita hoje, independente de outros interesses que eles tenham no Estado Brasileiro.

 

Quarto ato: Estamos em um momento complicadíssimo de tentativas de construção de movimentos de massa para pressionar a aceitação de um processo de impeachment contra Bolsonaro, os partidos de esquerda e, algumas figuras dos partidos do chamado centro e até mesmo alguns de direita estão tentando esse processo, contudo depois das derrotas acachapantes nas eleições para presidência da Câmara e também a vitória da candidatura governista no Senado, ficou tudo muito nebuloso e mais difícil. O que fazer agora?

Vem aqui minha hipótese de que a estratégia Lulo Petista nesse momento se dá por perceberem que diante da morte eminente o mínimo que se pode fazer é tentar sobreviver.  Com o lançamento da candidatura Haddad eles podem estar esperando que um dos movimentos possíveis da Direita seja tentar inviabilizar o próprio Bolsonaro, assim aumentariam significativamente a possibilidade de chegarem ao segundo turno.

Para isso a velha direita correrá atrás do Centrão e de tudo que puderem, inclusive dos poderes paralelos e que sempre participam destes processos. Resta agora saber se isso de fato ocorrerá ou se a direita neoliberal no máximo tentará colocar algum nome como vice de Bolsonaro e esperar para impedi-lo somente no segundo mandato como fizeram com Dilma.

Os interesses econômicos e seus poderes querem passar muitas reformas, privatizar e abocanhar tudo que for possível do “falido” Estado Brasileiro, pode ser que enquanto não conseguirem isso e enquanto Bolsonaro servir aos seus interesses o mantenham lá, ele tem sido um mero fantoche quando se trata disso e faz exatamente o que dita o mercado. A Pandemia foi uma pedra no caminho neste sentido, não fosse a pandemia provavelmente o Brasil inteiro já teria sido privatizado e o resto entregue como massa falida e espólio às terceirizações e “uberização” no Estado.

 

Quinto ato ou a Glória Petista: A Direita não compõe com Bolsonaro, viabilizam o impeachment e consegue emplacar um nome para disputar o segundo turno, seja com um candidato petista ou de alguma frente, mas seria ideal que fosse do PT, assim pensam eles, pois chegando ao segundo turno um candidato petista e da velha direita, há maiores possibilidades de o PT vencer as eleições. Explico o motivo.

Temos algumas pesquisas desde a última eleição que mostram muito claramente que boa parte da grande massa pobre tende a fazer transferência de votos entre Bolsonaro/Lula, tendo lançado e iniciado a campanha com tamanha antecedência talvez esse eleitorado não tendo Bolsonaro como candidato vote com mais facilidade numa candidatura petista (Haddad) ao invés de votar em algum nome da velha direita, pois se tem algo que anda escasso na Direita é um nome de peso que chegue aos quatro cantos do país com possibilidades reais de vencer eleições gerais. E mais, a Direita ainda terá que construir esse nome, até o momento eles não o tem.

Estamos longe das eleições gerais, mas pelo que temos visto ocorrer nas últimas eleições não há como esperar grandes alterações no cenário, mesmo com o caos social no qual temos vivido os resultados eleitorais têm sido bastante previsíveis em favor do caos sempre, portanto se não ocorrer a Glória Petista talvez o resultado seja mais quatro anos para o Bolsonaro. Vamos precisar esperar algum tempo ainda para saber se o PT e Lula são gênios ou precipitados, por hora vejo-os mais como astuciosos e não precipitados como apontam parte da própria esquerda e muitos que se dizem líderes progressistas enquanto seus partidos votam em peso na “Lira Bolsonarista”.

 

 

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*Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994) e licenciado pelo Centro Universitário Assunção (1996). Especialista em Gestão Empresarial pela Faculdade de Economia São Luís (2002) e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGED / UESB (2017). Foi professor concursado - Secretaria de Educação do Estado da Bahia de 2013 a 2017, Coordenador Pedagógico e professor na Rede Particular de Ensino em Vitória da Conquista de 2008 a 2017, professor Substituto do IFBA em 2011 e 2013 a 2015. Atualmente professor de Filosofia em regime de dedicação exclusiva no IF Baiano, campus Itapetinga.

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