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Lula e o PT, Gênios ou Precipitados?
“[...] por hora vejo-os mais como astuciosos e não precipitados como apontam parte da própria esquerda e muitos que se dizem líderes progressistas enquanto seus partidos votam em peso na “Lira Bolsonarista”.”
*por
Euvaldo Cotinguiba Gomes
Eu sempre tive e tenho o Lula como um dos políticos mais inteligentes de nossa história. É o maior e mais completo estadista que veremos passar por essas terras, você pode gostar ou não dele e isso não fará nenhuma diferença, pois a História não trabalha com suas afinidades e nem tão pouco com o ódio que talvez tenha deixado se formar dentro de si a partir de narrativas manipuladas, está aí a derrocada da Lava Jato e seus executores para demonstrar que nem é preciso esperar tanto tempo mais para ver narrativas falsas serem desfeitas.
Independente
de que o Lula político e presidente tenha ou não cometido algum crime enquanto
esteve no poder a história dele e de sua atuação ainda está sendo escrita, ele
não se aposentou e é certamente o mais astuto político em ação nesse país.
Segue sem dúvidas como um ardiloso “costureiro” de futuros na vida política.
Vejamos
os últimos acontecimentos de nossa vida política seguindo por atos essa
tragédia.
Primeiro
ato:
Ocorreram as eleições para a Presidência da Câmara e a Presidência do Senado,
sabemos que do acordo do PT e outros partidos, ditos progressistas, na última
hora o que sobrou foi a certeza de que os ratos ou abandonam o barco ou roem a
corda, neste caso roeram a corda, ou melhor, foram atraídos por uma isca mais
polpuda em que o velho jeitinho de vencer essas eleições funcionou como sempre
e dentro do esperado. Em todos estes anos de vida política temos visto repetir
a cada momento destes a velha e nefasta compra de parlamentares, não seria
Bolsonaro e seu desqualificado ser a romper com essa tradição.
Diante
do ocorrido vimos que ao final do processo o único partido que não roeu a corda
foi o PT tendo votado conforme o combinado, portanto o PT saiu puto da vida, a
direita liberal, neoliberal, baixo clero e todos os demais, de bolsos cheios e
felizes com a vitória governista além de muita emenda para enviar às suas bases
eleitorais onde certamente ainda levaram algum nas obras super faturadas e
desvios corriqueiros que só tem aumentado nos últimos anos de “Brasil Sem
Corrupção”.
Segundo
ato:
O PT com rabo entre as pernas não poderia deixar barato a sacanagem da velha
direita e resolveu dar o troco. Como fazer isso diante de uma conjuntura tão
adversa? Não precisa ser muito esperto para saber que diante desse quadro de
polarização que vivemos existe grande possibilidade de que nas próximas
eleições tenhamos uma candidatura de esquerda - mesmo não sendo assim tão
esquerda - no segundo turno eleitoral, ou seja, o nome progressista que
angariar para si maioria no processo tende a chegar lá. Haddad já foi testado,
é relativamente o mais conhecido entre todos os que estão postos,
hipoteticamente sua candidatura garante presença no segundo turno, assim pensa
o PT e boa parte de qualquer cidadão que acompanhe minimamente nossa vida
política. Há possibilidades sim de que não chegue lá, mas sua chegada é uma
hipótese bastante razoável.
Terceiro
ato:
Bolsonaro é hoje um nome fortíssimo e caso não seja de alguma maneira
atropelado nos próximos dois anos por um processo de afastamento e cassação dos
direitos políticos estará muito bem colocado na disputa. Ele certamente será o
segundo nome a chegar ao final da disputa. Aqui começa a aparecer a tática da
raposa astuciosamente pensada por Lula e PT, afinal quem se encontra na
política para sobreviver precisa trazer consigo alguma esperteza que desnorteie
seus predadores.
Ao
lançar o nome de Haddad, o PT e Lula, dão uma cacetada na velha direita
“roedora de corda”, pois de alguma forma vingam-se da sacanagem que fizeram com
eles na eleição da Câmara, obrigam-nos a se mexer, e rápido, se quiserem
construir alguma possibilidade para disputar o poder central no próximo pleito.
A velha direita terá que correr atrás, inclusive do Centrão para ter alguma
possibilidade. Eles precisarão viabilizar alguém que possa desbancar Bolsonaro
ou serão obrigados a ter que vê-lo reeleito, sinceramente e apesar de sabermos
o quanto são ordinários, certamente esse não é um desejo da velha direita hoje,
independente de outros interesses que eles tenham no Estado Brasileiro.
Quarto
ato:
Estamos em um momento complicadíssimo de tentativas de construção de movimentos
de massa para pressionar a aceitação de um processo de impeachment contra
Bolsonaro, os partidos de esquerda e, algumas figuras dos partidos do chamado
centro e até mesmo alguns de direita estão tentando esse processo, contudo
depois das derrotas acachapantes nas eleições para presidência da Câmara e
também a vitória da candidatura governista no Senado, ficou tudo muito nebuloso
e mais difícil. O que fazer agora?
Vem
aqui minha hipótese de que a estratégia Lulo Petista nesse momento se dá por
perceberem que diante da morte eminente o mínimo que se pode fazer é tentar
sobreviver. Com o lançamento da
candidatura Haddad eles podem estar esperando que um dos movimentos possíveis
da Direita seja tentar inviabilizar o próprio Bolsonaro, assim aumentariam
significativamente a possibilidade de chegarem ao segundo turno.
Para
isso a velha direita correrá atrás do Centrão e de tudo que puderem, inclusive
dos poderes paralelos e que sempre participam destes processos. Resta agora
saber se isso de fato ocorrerá ou se a direita neoliberal no máximo tentará
colocar algum nome como vice de Bolsonaro e esperar para impedi-lo somente no
segundo mandato como fizeram com Dilma.
Os interesses
econômicos e seus poderes querem passar muitas reformas, privatizar e abocanhar
tudo que for possível do “falido” Estado Brasileiro, pode ser que enquanto não
conseguirem isso e enquanto Bolsonaro servir aos seus interesses o mantenham
lá, ele tem sido um mero fantoche quando se trata disso e faz exatamente o que
dita o mercado. A Pandemia foi uma pedra no caminho neste sentido, não fosse a
pandemia provavelmente o Brasil inteiro já teria sido privatizado e o resto
entregue como massa falida e espólio às terceirizações e “uberização” no
Estado.
Quinto
ato ou a Glória Petista: A Direita não compõe com Bolsonaro,
viabilizam o impeachment e consegue emplacar um nome para disputar o segundo
turno, seja com um candidato petista ou de alguma frente, mas seria ideal que
fosse do PT, assim pensam eles, pois chegando ao segundo turno um candidato
petista e da velha direita, há maiores possibilidades de o PT vencer as
eleições. Explico o motivo.
Temos
algumas pesquisas desde a última eleição que mostram muito claramente que boa
parte da grande massa pobre tende a fazer transferência de votos entre
Bolsonaro/Lula, tendo lançado e iniciado a campanha com tamanha antecedência
talvez esse eleitorado não tendo Bolsonaro como candidato vote com mais
facilidade numa candidatura petista (Haddad) ao invés de votar em algum nome da
velha direita, pois se tem algo que anda escasso na Direita é um nome de peso
que chegue aos quatro cantos do país com possibilidades reais de vencer
eleições gerais. E mais, a Direita ainda terá que construir esse nome, até o
momento eles não o tem.
Estamos
longe das eleições gerais, mas pelo que temos visto ocorrer nas últimas
eleições não há como esperar grandes alterações no cenário, mesmo com o caos
social no qual temos vivido os resultados eleitorais têm sido bastante
previsíveis em favor do caos sempre, portanto se não ocorrer a Glória Petista
talvez o resultado seja mais quatro anos para o Bolsonaro. Vamos precisar
esperar algum tempo ainda para saber se o PT e Lula são gênios ou precipitados,
por hora vejo-os mais como astuciosos e não precipitados como apontam parte da
própria esquerda e muitos que se dizem líderes progressistas enquanto seus
partidos votam em peso na “Lira Bolsonarista”.
_________________________________
*Bacharel em Filosofia pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (1994) e licenciado pelo Centro Universitário
Assunção (1996). Especialista em Gestão Empresarial pela Faculdade de Economia
São Luís (2002) e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação
- PPGED / UESB (2017). Foi professor concursado - Secretaria de Educação do
Estado da Bahia de 2013 a 2017, Coordenador Pedagógico e professor na Rede
Particular de Ensino em Vitória da Conquista de 2008 a 2017, professor
Substituto do IFBA em 2011 e 2013 a 2015. Atualmente professor de Filosofia em
regime de dedicação exclusiva no IF Baiano, campus Itapetinga.
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