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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Alves e Peterson: Na prática quem é aliado na luta pelas liberdades democráticas e de direitos sociais?


Observação II: As duas narrativas distintas da mesma moeda liberal de Ronny Peterson ou a narrativa com elementos da teoria crítica de Ricardo Alves?


*por Herberson Sonkha

 

É razoável pensar que Pedro Alexandre Massinha, Ricardo Alves e Ronny Peterson discutem a pólis com o entendimento minimamente necessário para compreender que não existe um lócus para o Estado e a União, enquanto lugar de controle de sua própria vida (sucesso e insucesso) sujeita às internalidades e externalidades a partir de conceitos desenvolvidos pelo psicólogo norte-americano Julian Rotter (1916-2014). Obviamente, não sou adepto da teoria seminal de Rotter no campo da psicologia, principalmente porque ele rompe conceitualmente com a psicanálise e o behaviorismo.

Ninguém vive no Estado ou na União porque são abstrações no âmbito jurídico e político-administrativo. A cidade é o lócus onde as pessoas vivem, sonham, sofrem e enfrentam desafios que Rotter vai oferecer uma explicação em sua obra (Learning and Clinical Psychology de 1954) ao afirmar que esse processo define a concepção de personalidade. Segundo a obra de Rotter, ele se forma no decorrer da aprendizagem social, sendo a personalidade uma qualidade (ou condição) de ser de uma pessoa, na qual o comportamento humano é forjado no processo de interação pessoal com outras pessoas e instituições.

Apesar das polemicas e divergências em torno desses conceitos, aprecio apenas alguns aspectos do conceito de lócus de Rotter. Pois, a pólis, as pessoas, as leis, o mercado e as instituições públicas (três poderes) e privadas quando interagem entre si põe em movimento toda a sociedade de uma determinada localidade ou município.

Isso acontece apenas na pólis (cidade), lócus onde essa interação constitui as complexas relações políticas, cujo objeto de análise é a cidade e seu emaranhado novelo de ligações que surge a partir da interação entre indivíduos e destes com as instituições (pública e privada), sendo que estes indivíduos formam grupos distintos social, econômica, cultural e politicamente.

Para Rotter quanto maior for o lócus de controle interno (internalidades) dos indivíduos ou instituições públicas municipais, maior será o sentido de controle sobre sua própria vida e sucesso, criando mecanismos de definição de planejamento que exige mais de si mesmo e centralidade na capacidade, competência e autonomia para potencializar sua própria ação para enfrentar seus problemas.

Já no lócus de controle externo (externalidades) ocorre uma inversão que o torna mais vulnerável aos fatores externos que exercem mais controle sobre a sua vida, recaindo sobre os outros o poder de decidir sobre sua própria vida. Aumentando desmedidamente o nível de dependência emocional e funcional, propiciando a irritabilidade às críticas e comprazimento aos elogios.

Aqui o psicólogo Ricardo Alves fala mais forte e nos mostra o comportamento do governo municipal com lócus de controle interno fragilizado e afetado pelas externalidades. Isso explica o alto nível de irritabilidade do governo municipal com às críticas do Conselho Municipal de Saúde, movimentos sociais, sindicais e partidos de centro e esquerda à municipalidade.

Só é possível compreender as contradições nessa dinâmica (interna e externa) socioeconômica, política e cultural se atermos aos movimentos que ocorrem no lócus - Município. O município é real e concreto porque é nesse lugar que as expectativas internas dos indivíduos (esforço pessoal, competência, escolaridade, necessidade, desejo e tec.) e as externas (oportunidade, chance, proteção, promoção, trabalho, educação, saúde e acesso a bens e etc.) podem ou não ser viabilizadas por meio de determinada forma de fazer a política institucional adotada pelo governo da cidade.

Portanto, é na municipalidade que acontece tudo isso com todos os avanços, retrocessos e contradições. O debate entre os dois mostra isso porque transcorre na perspectiva de mostrar duas abordagens distintas sobre a municipalidade com algumas poucas observações sobre as ações dos entes - Estado e União. E o fazem com a tranquilidade necessária para expor suas posições, sem arroubos.

O posicionamento político de Massinha não é o foco em questão, mas a forma democrática como ele possibilita a discussão mediando a roda de conversa, possibilita inclusive que posições mais progressistas como a do psicólogo Ricardo Alves com base na teoria crítica coexista simultaneamente com a posição mais aceita pelos programas de rádio conservadores presente na narrativa do advogado Ronny Peterson.

Posições atravessada por um tipo de liberalismo nada usual que é aquele amalgamado pelas duas vertentes divergentes (liberalismo social progressista e econômico conservador) na forma social como se garante a livre reprodução e apropriação privada do capital expropriado pela exploração da força de trabalho e da taxa de capital do setor de serviço pela economia capitalista.

No entanto, preciso pontuar logo de início qual é o lócus de Pedro Alexandre Massinha, que segundo minha compreensão que é de minha estrita responsabilidade, é um liberal democrata com acesso e trânsito aos meios de comunicação privado no município. Massinha faz comunicação se apropriando com eficiência dessas novas ferramentas midiáticas (blog e podcast) para operar com alguns investidores de capital no setor de serviços, com a finalidade de especular mercados futuros, argumentando efusivamente ser uma nova e avassaladora ferramenta da comunicação a distância para remuneração de capital.

Sem querer entrar no mérito da questão, apenas considerando o que eles almejam enquanto capitalistas dessa ferramenta (e outras que virão) ao defender sua consignação como tendência estruturante que substituirá os tradicionais programas de rádio. Como alguém que gosta de rádio e tem amigos que trabalharam em rádio e, mesmo tendo deixado de atuar, continuam acompanhando esse meio de comunicação, considero pouco provável que deixe de existir. Talvez diminua sua importância, mas continuará sendo uma opção indispensável pela eficiência na transmissão, força imagética e longo alcance de sua frequência. 

O papel de um liberal democrata que dirige um programa de rádio bem posicionado é imprescindível em tempos de égide do fundamentalismo extremista que idiotiza e animaliza as pessoas, a exemplo do movimento de extrema-direita denominado de bolsonarismo. 

Ser um liberal democrata não faz de Pedro Alexandre Massinha um algoz da classe trabalhadora e das populações subalternizadas, antes o torna num estratégico e bem posicionado aliado de primeira hora das forças que defendem o Estado Democrático de Direito.

Aliás, é uma posição política contrária a total destruição dessas instituições democráticas para favorecer a instalação de uma sanguinária autocracia ditatorial de extrema-direita que explora, espolia e é altamente desumana com a classe trabalhadora e as populações subalternizadas pelos múltiplos jugos da ordem civil burguesa.

Obviamente que não se deve prescindir da compreensão crítica de que os liberais também são guardiões do lúgubre sistema capitalista. A diferença está na forma mais democrática como discute com mais ou menos “liberdade” as formas burguesas clássicas de apropriação privada de capital, exploração e opressão e a luta revolucionária contra hegemônica anticapitalista.

Isto lhe permite mediar com tranquilidade o debate entre representações das distintas classes sociais, argumentando em sua defesa a liberdade de expressão vigente na ordem constitucional. Esta é uma pauta cara para os Democratas vivendo num regime capitalista altamente predatório e excludente, gerador simultâneo de riqueza pra uns poucos que vivem feito nababos e a pobreza para a maioria que vive na mais absoluta miséria e penúria.

É inegável que alguns liberais são considerados de “esquerda” pela defesa do estado democrático de direito, inclusive contra certos interesses capitalistas predatório para garantir o direito constitucional de expressão das liberdades democráticas. Isto é o que o diferencia dos abutres carniceiros da comunicação de falsas notícias produzidas para derreter o conceito de luta de classes, socialismo-comunismo, racismos, misoginia-feminicídio e orientação sexual. Lutam contra a naturalização de sentenças de mortes de jovens negros com dissecações moral de cadáveres oriundos da classe trabalhadora e das populações de mulheres, étnico-raciais e LGBTQIA+.

Massinha se desvencilha da analogia como regra geral que diz que “não se faz omelete sem quebrar os ovos”, posição ideológica que a maioria dos programas de rádio assume para ajudar a “quebrar” ideologicamente a classe trabalhadora e as populações em múltiplas situações de riscos.

Por isso, o programa de rádio “Agito Geral” ainda consegue articular democraticamente “gregos e troianos” para debater posições antípodas, sobretudo àquelas possibilidades de discussões emancipatórias. Não é tão ruim assim Pedro Alexandre Massinha ser um liberal democrata quando ele garante um canal para dialogar, sobretudo a esquerda debater criticamente com as massas para construir a contra hegemonia.

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