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Alves e Peterson: Na prática quem é aliado na luta pelas liberdades democráticas e de direitos sociais?
Observação
II: As duas narrativas distintas da mesma moeda liberal de Ronny Peterson ou a
narrativa com elementos da teoria crítica de Ricardo Alves?
*por
Herberson Sonkha
É razoável pensar que Pedro Alexandre Massinha, Ricardo Alves e Ronny Peterson discutem a pólis com o entendimento minimamente necessário para compreender que não existe um lócus para o Estado e a União, enquanto lugar de controle de sua própria vida (sucesso e insucesso) sujeita às internalidades e externalidades a partir de conceitos desenvolvidos pelo psicólogo norte-americano Julian Rotter (1916-2014). Obviamente, não sou adepto da teoria seminal de Rotter no campo da psicologia, principalmente porque ele rompe conceitualmente com a psicanálise e o behaviorismo.
Ninguém
vive no Estado ou na União porque são abstrações no âmbito jurídico e
político-administrativo. A cidade é o lócus onde as pessoas vivem,
sonham, sofrem e enfrentam desafios que Rotter vai oferecer uma explicação em
sua obra (Learning and Clinical Psychology de 1954) ao afirmar que esse
processo define a concepção de personalidade. Segundo a obra de Rotter, ele se
forma no decorrer da aprendizagem social, sendo a personalidade uma qualidade
(ou condição) de ser de uma pessoa, na qual o comportamento humano é forjado no
processo de interação pessoal com outras pessoas e instituições.
Apesar
das polemicas e divergências em torno desses conceitos, aprecio apenas alguns
aspectos do conceito de lócus de Rotter. Pois, a pólis, as
pessoas, as leis, o mercado e as instituições públicas (três poderes) e
privadas quando interagem entre si põe em movimento toda a sociedade de uma
determinada localidade ou município.
Isso
acontece apenas na pólis (cidade), lócus onde essa interação
constitui as complexas relações políticas, cujo objeto de análise é a cidade e
seu emaranhado novelo de ligações que surge a partir da interação entre
indivíduos e destes com as instituições (pública e privada), sendo que estes
indivíduos formam grupos distintos social, econômica, cultural e politicamente.
Para
Rotter quanto maior for o lócus de controle interno (internalidades) dos
indivíduos ou instituições públicas municipais, maior será o sentido de
controle sobre sua própria vida e sucesso, criando mecanismos de definição de
planejamento que exige mais de si mesmo e centralidade na capacidade,
competência e autonomia para potencializar sua própria ação para enfrentar seus
problemas.
Já no
lócus de controle externo (externalidades) ocorre uma inversão que o torna mais
vulnerável aos fatores externos que exercem mais controle sobre a sua vida,
recaindo sobre os outros o poder de decidir sobre sua própria vida. Aumentando
desmedidamente o nível de dependência emocional e funcional, propiciando a
irritabilidade às críticas e comprazimento aos elogios.
Aqui o
psicólogo Ricardo Alves fala mais forte e nos mostra o comportamento do governo
municipal com lócus de controle interno fragilizado e afetado pelas
externalidades. Isso explica o alto nível de irritabilidade do governo
municipal com às críticas do Conselho Municipal de Saúde, movimentos sociais,
sindicais e partidos de centro e esquerda à municipalidade.
Só é
possível compreender as contradições nessa dinâmica (interna e externa)
socioeconômica, política e cultural se atermos aos movimentos que ocorrem no
lócus - Município. O município é real e concreto porque é nesse lugar que as
expectativas internas dos indivíduos (esforço pessoal, competência,
escolaridade, necessidade, desejo e tec.) e as externas (oportunidade, chance,
proteção, promoção, trabalho, educação, saúde e acesso a bens e etc.) podem ou
não ser viabilizadas por meio de determinada forma de fazer a política
institucional adotada pelo governo da cidade.
Portanto,
é na municipalidade que acontece tudo isso com todos os avanços, retrocessos e
contradições. O debate entre os dois mostra isso porque transcorre na
perspectiva de mostrar duas abordagens distintas sobre a municipalidade com
algumas poucas observações sobre as ações dos entes - Estado e União. E o fazem
com a tranquilidade necessária para expor suas posições, sem arroubos.
O
posicionamento político de Massinha não é o foco em questão, mas a forma
democrática como ele possibilita a discussão mediando a roda de conversa,
possibilita inclusive que posições mais progressistas como a do psicólogo
Ricardo Alves com base na teoria crítica coexista simultaneamente com a posição
mais aceita pelos programas de rádio conservadores presente na narrativa do
advogado Ronny Peterson.
Posições
atravessada por um tipo de liberalismo nada usual que é aquele amalgamado pelas
duas vertentes divergentes (liberalismo social progressista e econômico
conservador) na forma social como se garante a livre reprodução e apropriação
privada do capital expropriado pela exploração da força de trabalho e da taxa
de capital do setor de serviço pela economia capitalista.
No
entanto, preciso pontuar logo de início qual é o lócus de Pedro Alexandre
Massinha, que segundo minha compreensão que é de minha estrita
responsabilidade, é um liberal democrata com acesso e trânsito aos meios de
comunicação privado no município. Massinha faz comunicação se apropriando com
eficiência dessas novas ferramentas midiáticas (blog e podcast) para operar com
alguns investidores de capital no setor de serviços, com a finalidade de
especular mercados futuros, argumentando efusivamente ser uma nova e
avassaladora ferramenta da comunicação a distância para remuneração de capital.
Sem
querer entrar no mérito da questão, apenas considerando o que eles almejam
enquanto capitalistas dessa ferramenta (e outras que virão) ao defender sua
consignação como tendência estruturante que substituirá os tradicionais
programas de rádio. Como alguém que gosta de rádio e tem amigos que trabalharam
em rádio e, mesmo tendo deixado de atuar, continuam acompanhando esse meio de
comunicação, considero pouco provável que deixe de existir. Talvez diminua sua
importância, mas continuará sendo uma opção indispensável pela eficiência na
transmissão, força imagética e longo alcance de sua frequência.
O
papel de um liberal democrata que dirige um programa de rádio bem posicionado é
imprescindível em tempos de égide do fundamentalismo extremista que idiotiza e
animaliza as pessoas, a exemplo do movimento de extrema-direita denominado de
bolsonarismo.
Ser um
liberal democrata não faz de Pedro Alexandre Massinha um algoz da classe
trabalhadora e das populações subalternizadas, antes o torna num estratégico e
bem posicionado aliado de primeira hora das forças que defendem o Estado
Democrático de Direito.
Aliás,
é uma posição política contrária a total destruição dessas instituições
democráticas para favorecer a instalação de uma sanguinária autocracia
ditatorial de extrema-direita que explora, espolia e é altamente desumana com a
classe trabalhadora e as populações subalternizadas pelos múltiplos jugos da
ordem civil burguesa.
Obviamente
que não se deve prescindir da compreensão crítica de que os liberais também são
guardiões do lúgubre sistema capitalista. A diferença está na forma mais
democrática como discute com mais ou menos “liberdade” as formas burguesas
clássicas de apropriação privada de capital, exploração e opressão e a luta
revolucionária contra hegemônica anticapitalista.
Isto
lhe permite mediar com tranquilidade o debate entre representações das
distintas classes sociais, argumentando em sua defesa a liberdade de expressão
vigente na ordem constitucional. Esta é uma pauta cara para os Democratas
vivendo num regime capitalista altamente predatório e excludente, gerador
simultâneo de riqueza pra uns poucos que vivem feito nababos e a pobreza para a
maioria que vive na mais absoluta miséria e penúria.
É
inegável que alguns liberais são considerados de “esquerda” pela defesa do
estado democrático de direito, inclusive contra certos interesses capitalistas
predatório para garantir o direito constitucional de expressão das liberdades
democráticas. Isto é o que o diferencia dos abutres carniceiros da comunicação
de falsas notícias produzidas para derreter o conceito de luta de classes,
socialismo-comunismo, racismos, misoginia-feminicídio e orientação sexual.
Lutam contra a naturalização de sentenças de mortes de jovens negros com
dissecações moral de cadáveres oriundos da classe trabalhadora e das populações
de mulheres, étnico-raciais e LGBTQIA+.
Massinha
se desvencilha da analogia como regra geral que diz que “não se faz omelete sem
quebrar os ovos”, posição ideológica que a maioria dos programas de rádio
assume para ajudar a “quebrar” ideologicamente a classe trabalhadora e as
populações em múltiplas situações de riscos.
Por
isso, o programa de rádio “Agito Geral” ainda consegue articular
democraticamente “gregos e troianos” para debater posições antípodas, sobretudo
àquelas possibilidades de discussões emancipatórias. Não é tão ruim assim Pedro
Alexandre Massinha ser um liberal democrata quando ele garante um canal para
dialogar, sobretudo a esquerda debater criticamente com as massas para
construir a contra hegemonia.
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