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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Fundamentalismo, fanatismo, conservadorismo e maledicências disputam a prefeitura de Conquista


"A cidade experimentou os quatro anos do atual prefeito Herzem Gusmão (MDB) e não se verificou nenhuma mudança estrutural que pudesse qualificar o governo atual como melhor que os anteriores (PT)."

 

*por Herberson Sonkha

 

Vitória da Conquista é uma cidade relativamente grande, com população acima de 300 mil habitantes, e por isso tem um sistema eleitoral de votação de dois turnos, segundo os artigos 28, 29, inciso II, e 77 da Constituição de 1988. Tudo isso, em tese, visa possibilitar à população mais tempo para discutir os diferentes programas de governo.

Nada disso conseguiu impedir a beligerância e o asco na política provocado pela presença (diminuída) do fanatismo religioso, conservadorismo miliciano-policialesco e a maledicência da extrema-direita vista nos movimentos golpistas de 2016, querendo puxar o tapete de forças políticas de centro à esquerda.

Além do critério populacional expresso na constituição, existem outras variáveis que fazem de Vitória da Conquista uma cidade agradável com ares de desenvolvimento. Uma cidade de porte médio em fase de expansão socioeconômica e política desde as últimas duas décadas. Um PIB em expansão que atinge mais de 6 bilhões por ano e possui uma rede de serviços (públicos e privados) em constante qualificação, algo que nem todas as capitais do país conseguem oferecer à sua população.

Se considerarmos razoável o entendimento político que parte do princípio de que as cidades com gestão pública baseada na governança de estado com participação coletiva compartilham riquezas e descentraliza o poder político de decisão, compartilhando à classe trabalhadora e às populações investimentos e ações governamentais. Essas são as condições materiais e intelectuais que as tornam protegidas, longe das zonas de vulnerabilidades.

Por isso, apresentam indicadores econômicos, políticos, socioculturais e ambientais acima da média mundial e são consideradas cidades socialmente desenvolvidas. Não há como isso acontecer sem estabelecer regras bem definidas de controle de mercado e politicamente radicalizar o Estado Democrático de Direito. Um Estado forte com controle social é suficientemente capaz para consolidar políticas públicas para a diversidade de grupos sociais.

Só um Estado coletivo forte para viabilizar a governança compartilhada com a finalidade de garantir a qualidade de vida coletiva dessas populações. Pensar a cidade com sistema sanitário organizado com cobertura de esgotamento acima de 90%, dotado de bacias estratégicas de decantação de dejetos, coleta seletiva, gerenciamento de resíduos sólidos e todos os mananciais hídricos preservados.

Uma extensa rede elétrica e hidráulica modernizada; sistema de transporte coletivo público consolidado e subordinado a dinâmica da mobilidade urbana; todas as ruas pavimentadas, praças equipadas, avenidas amplas, arborizadas, iluminação adequada, bem sinalizadas e com passeios sinalizados com superfície tátil.

Além de um poderoso sistema público de educação holístico que remunere dignamente os profissionais desse segmento, construa equipamentos de educação humanizado, estruturas pedagógicas que possibilite oferecer a população estudantil uma formação intelectual e sociotécnica crítica, direcionada à emancipação humana. A saúde pública coletiva organizada ipsis litteris pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.

Execução de política pública de reparação de múltiplas desigualdades por meio de financiamento público das populações vulnerabilizadas pela burguesia representante do capital e suas inúmeras plataformas criadas pelo sistema capitalista, com ações voltadas para o pleno desenvolvimento social.

Nesses mais de cinco séculos, nenhum governo no Brasil com orientação econômica liberal conservadora conseguiu implementar nenhuma dessas possibilidades analisadas acima, exceto a aposta no hibridismo petista que iniciou alguns avanços pontuais interrompida pelo golpe dado pelos próprios aliados, todos agraciados com privilégios em governos do PT.

Nessas eleições, as diversas possibilidades em disputa nesse momento de escolha oferecem a cada eleitor um cenário muito amplo para compreender o que realmente está em disputa na cidade: o centro e a esquerda contra políticos golpistas da extrema-direita.

Existem três candidaturas que dialogam com programas sociopolíticos para governo de centro e de esquerda nesse processo que representam interesses mais ligados à classe trabalhadora, classe média, pequenos empresários, ambientalistas e às populações urbanas e camponesas em situação de múltiplas vulnerabilidades. São elas: a do professor José Raimundo Fontes da coligação “A conquista do futuro” (PT-PCdoB) e Maris Stella Novaes sem coligação (REDE) mais ao centro-esquerda, e a do professor Ferdinand Martins sem coligação com nome “Vitória popular, Conquista da Classe trabalhadora” (PSOL) mais à esquerda.

As outras quatro candidaturas compõem o que a economista Maria da Conceição Tavares chamou de “lixo da história”, composto pela direita e a extrema-direita, representando interesses de grandes conglomerados de empresários capitalistas estadunidenses (imperialistas), oligarquias tradicionais latifundiárias do agronegócio, líderes religiosos fundamentalistas e policiais conservadores que dão sustentação ao movimento de extrema-direita no Brasil, articulado às milícias, denominado Bolsonarismo.

São elas: Herzem Gusmão da coligação “o trabalho tem que continuar” (MDB-DEM), David Salomão da coligação “Agora é a vez do povo” (PRTB) e Cabo Herling Santos Conceição coligação “Renova Conquista” (PSL) com programas de governos de extrema-direita e de direita tradicional o empresário Romilson Filho da coligação “Conquista independente” (PP-Solidariedade).

A cidade experimentou os quatro anos do atual prefeito Herzem Gusmão (MDB) e não se verificou nenhuma mudança estrutural que pudesse qualificar o governo atual como melhor que os anteriores (PT). Aliás, observa-se que a mentira é o principal motor do comportamento político. Em relação a máquina municipal, o governo promove o desmonte agressivo das políticas públicas herdadas, desequilibra as finanças que eram superavitárias e pratica o sucateamento de ações, programas e políticas de estado nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social, meio ambiente e as unidades campesinas de agricultura familiar.

Em contra partida, investe em áreas nobres, contrata assessorias milionárias de outras capitais, desvia recurso da saúde para empresas de ônibus com suspeita de irregularidades e com frota sucateada, aquisição de serviços e mercadorias sem licitação com empresários ligados ao grupo de sustentação política do atual prefeito. As candidaturas desse campo (direita e extrema-direita) seguem irresponsavelmente na mesma linha, mentindo e propondo ilusão para ganhar as eleições a qualquer custo, sem o menor conhecimento da máquina pública municipal.

O extremo da insanidade, irresponsabilidade, desconhecimento e dispneia política é propor resgate de helicóptero, repetindo a mesma armação e engodo do atual prefeito com aquela maluquice do VLT em 2012 e 2014. De onde virá o orçamento se essa gente apoiou a PEC da morte que congela financiamento público por 20 anos? Além de má-fé essa gente fascista age por conveniência.

Negam irresponsavelmente a administração política do Estado como ciências aplicadas, ignoram totalmente a fonte e a finalidade de cada recurso, dizem besteiras porque a sensação de impunidade criada pelo golpe em 2016 inventou um ambiente movido por notícias falsas, é o fascismo e os fascistas subestimando a inteligência popular.

Esses sujeitos fascistas e sua necropolítica não têm nenhum compromisso com a moralidade pública constitucional, muito menos com a finalidade última das finanças públicas do município que é promover a inclusão social e o bem-estar das populações subalternizadas das periferias da cidade e do campo.

O que vale é ludibriar para repetir as mesmas práticas de sempre: manter o jogo da tradicional política comezinha do faz de conta. Enquanto isso, explorar, enganar, mentir, desviar e fraudar (com faz a extrema-direita bolsonarista no poder) faz parte do jogo sujo para favorecer os mais ricos e suas ilhas de prosperidades.

Um comentário:

  1. Excelente texto Sonkha! Uma análise precisa do momento em que vivemos, mais precisamente do processo eleitoral experimentado pela cidade de Vitória da Conquista. Vamos continuar discutindo e analisando as questões políticas, sociais, econômicas, culturais dentre outras, pois só seremos capazes de compreender a realidade! Grande abraço!

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