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quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Carta de um brasileiro petista negro caminhando para meia idade.
setembro 23, 2015
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por
Vinícius...
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Herberson Sonkha Militante Estudantil nos anos 90 Presidente do Grêmio Livre Raimundo Viana Colégio Estadual Polivalente. |
"O partido surge da disposição política de uma militância aguerrida, combativa, intelectualizada e uma práxis à esquerda que combate o espontaneísmo e pragmatismo despolitizado. Essa força petista impôs derrotas pontuais aos conservadores, impediu os avanços neoliberais agressivos dos anos 90."
À Militância Petista.
Nestes últimos anos e, principalmente nos dois anos que sucederam as eleições gerais no país, tenho visto uma ruidosa movimentação antipolítica de pessoas quê, de acordo com a história, sempre foram favorecidas economicamente pelas benesses oportunizadas pelas ‘facilidades’ deste modelo de Estado e sua forma de governar, contra o Partido dos Trabalhadores por todo o país. Portanto, o partido deve rever a sua história e fazer autocrítica para encontrar a saída deste labirinto suicida que vem grassando a vitalidade e força revolucionária da militância.
Esta imperiosa tarefa do diretório, implicará em dois movimentos “antipáticos”: o primeiro de retomar o projeto coletivo de empoderamento das forças sociopolíticas que compõe o campo democrático e popular, abrindo mão do projeto de capitulação à direita e o segundo nos remete a perspectiva da caminhada rumo à emancipação humana. Este deve ser o antídoto amargo contra esta ‘crise’ urdida contra o partido.
As duas possibilidades exigem da militância à esquerda algo que lhe é intrínseco: práxis política e coerência com as diversas literaturas emancipacionistas existentes dentro do partido. Mas, só pra recordar estes textos não orientam o comportamento dirigente partidário. O berço das lutas de classes desde o século XIX tem sido a teoria marxiana, da qual deriva os vários marxismos, no que pese suas implicações, existe uma atualização destas elaborações realizadas pelas várias correntes internas ao partido e importantes contribuições de teóricos heterodoxos (esquerda não partidária), visando superar alguns anacronismos e desvios à direita.
Neste sentido, por exemplo, poder-se-ia apropriar-se da farta e contundente elaboração teórica e das práxis das feministas petistas que lutam para libertar os homens do machismo milenar, ao defender a igualdade de gênero por meio do empoderamento das mulheres e a emancipação destas dos grilhões do machismo existente dentro e fora do partido. Outra militância importante que deve ser imediatamente apropriada e incorporada ao partido são as elaborações teóricas emancipacionista das populações negras, o combate sistemático contra o racismo, a igualdade étnica racial e o empoderamento destas populações negras. De igual maneira as elaborações teóricas que dão conta da liberdade para orientação sexual que orienta o debate LGBT e o empoderamento destas populações articuladas à emancipação humana.
Saúdo a violência revolucionária e a força da militância petista das populações negras urbanas e quilombolas, contra o racismo e pela igualdade étnica racial. Pela coragem política de enfrentar com sua militância um dos pilares de sustentação do capitalismo (Terra, Capital e Trabalho) disputando cada palmo de terra deixado pelas suas ancestralidades Africanas neste país.
Saúdo a jovialidade e violência revolucionária da militância petista presente nas feministas que de pronto rasgam despudoradamente o véu da inocência criado pela alienação desumanizante do machismo e disputam com a mesma capacidade intelectual e disposição para as grandes transformações política contra a violência dos homens, pela sua própria libertação.
Saúdo a militância petista LGBT pela vitalidade, coragem, força e pujança revolucionária petista que ousa construir uma ordem em que homens e mulheres possam ser felizes independe de suas orientações sexuais. Pela coragem de desnudar o senso comum do fanatismo dos conservadores, religioso ou não, na defesa intransigente da liberdade para o pleno exercício de sua sentimentalidade.
Saúdo os militantes petistas egressos das classes trabalhadoras pelo caráter revolucionário engendrado à suas organizações políticas ao expor as contradições de um sistema de exploração que promove a depauperamento e violência contra quem efetivamente produz a riqueza e dela não usufrui.
Saúdo os valentes e combativos dirigentes petistas nos movimentos sociais pela compreensão política de quem é necessário tencionar os governos visando superar os limites do Estado liberal burguês com objetivo de melhorar as condições das massas privadas do exercício de seus direitos.
Importante ressaltar o viés de luta de classes destes combates específicos, evitando a despolitização e por consequência a mistificação por deslocamento ideológico comunista, porquanto mesmo promovendo o empoderamento destas populações, não implica na emancipação humana, antípoda a quaisquer sistemas baseada na exploração de mulheres e negros, independente de sua orientação sexual.
O partido surge da disposição política de uma militância aguerrida, combativa, intelectualizada e uma práxis à esquerda que combate o espontaneísmo e pragmatismo despolitizado. Essa força petista impôs derrotas pontuais aos conservadores, impediu os avanços neoliberais agressivos dos anos 90, mas sucumbiu a mistificação da ideologia burguesa, “descuidando-se” de se certificar de que eleições por si só não resolveriam as contradições capitalistas e nem as ciladas da ordem burguesa criada e consolidada na metade de um milênio de domínio, exploração e consolidação de instituições políticas e econômicas voltadas a manutenção dos seus criadores: a burguesia brasileira e internacional.
Neste sentido, mesmo com a exitosa trajetória política do Partido dos Trabalhadores, nestas três últimas décadas no Brasil, que criou vínculos fortes e uma reciprocidade política cada vez mais crescente com a população e isto foi constatada várias vezes nas urnas, o que não significa que jamais poderia ser abalada. Dos discursos operários revolucionários à gestão democrática popular, o petismo foi se firmando aos poucos em uma força colossal, transformando-se em farol para as classes trabalhadoras e movimentos sociais da América Latina, mas não conseguiu converter esta força em transformações mais profundas, capaz de banir das relações sociais comportamentos que refletem o modus operandi de dirigentes internos do partido e, muito menos, de dirigentes históricos das elites nacionais e internacionais que continuaram operando a política, inclusive, em nome do próprio partido.
O PT nasce em berço operário e socialista. Afirma seus clamores e movimentações políticas a partir de uma militância petista de contestações e resistências ideológicas extremamente politizadas. Estas são algumas das principais marcas das duas primeiras décadas de existência do partido (anos 80 e 90), absolutamente diferente das experiências vivenciadas pela esquerda brasileira apta a realizar grandes manifestações por liberdade e participação política ou contra lideranças populistas, que surgem impávidas no limiar deste século sob o signo das transformações socioeconômicas, que criou um DNA político diferenciado, mas nunca fora reformista.
Inequivocamente não há qualquer associação da militância petista ao reformismo caudilhista, nem de en passant. Uma diminuta massa crítica, extremamente intelectualizada formada por trabalhadoras(es) articulados em sindicatos, estudantes, artistas, cientistas e religiosos ligados ideologicamente a um verdadeiro exército de explorados, de reserva e invisibilizados construíram uma força social sem precedentes na história deste país. Um feito inédito, pois tal força foi capaz de levantar-se uníssona contra as elites cristalizadas no poder por mais de 500 anos e impunha bandeiras históricas derivadas das contradições de um sistema perverso, cônscios de suas mazelas, com clareza política de seus antagonismos socioeconômicos e sua programática partidária contrária aos interesses das populações sofridas.
Não eram bandeiras envelhecidas pelas ferrugens do reformismo insolente e estéril dos populistas de plantão. Eram indignações resultantes do sofrimento popular, egressas das populações vítimas de todas as situações de vulnerabilidades. Manifestações de apoio eclodem como expressão do povo brasileiro que até então nunca existiu, numa correlação de forças favoráveis às grandes transformações que se articulavam entorno de vários projetos de esquerda revolucionária no mundo. Pela primeira vez o povo optava por outro projeto de cunho ideológico claramente popular, desde a criação da primeira unidade político administrativa no Brasil.
O campo popular ergueu-se destemido do lodaçal criado das agendas das elites fossilizadas que controlavam o Estado desde sempre, vitoriosa. A burguesia nacionalista, todavia se manteve inalterada por séculos no poder, desde o controle da casa grande à senzala, do cortiço à mansão, da viela ao paço, baseado no domínio socioeconômico e político da coroa portuguesa até os primórdios do século XXI. Características culturais, físicas, psicológicas e emocionais indelevelmente marcantes entalharam no corpo, na alma e no coração da população empobrecida brasileira um ânimo e aplacou o medo, que diferenciava a condição do voto nas candidaturas do campo popular a cada eleição em todos os quadrantes deste país, desde a primeira eleição em 1824, durante o Império.
O medo voltou a rondar o país, anunciando a liquidação de um partido que ganhou a preferência do povo brasileiro e até marcam data para missa de sétimo dia com direito a passeatas, fogos e frases de efeito para comemorar o “fim” desta organização partidária que alterou o curso da população brasileira em um pouco mais de uma década, contra séculos de atraso e sofrimento. Mas, precisamos voltar ao partido para rever a nossa história e fazer as críticas que precisam ser feitas, doa a quem doer porque precisamos de um partido forte e uma militância organizada, pois nunca se sabe o que poderá acontecer... Afinal, em tempos de anuncio de golpe é sempre bom relembrar trechos da canção de Zé Ramalho, “Ele (Getúlio Vargas) disse muito bem: "O povo de quem fui escravo Não será mais escravo de ninguém."
Não é verdade que somos corruptos por definição, mas é absolutamente correta a crítica de setores à esquerda que nos condena (lê-se dirigentes) por abandonar as lutas populares, as organizações políticas sindicais, estudantis e dos movimentos populares e, principalmente o projeto de emancipação humana em nome de uma suposta racionalidade burguesa, denominada de reformismo, que infirma o caráter revolucionário da luta pela emancipação humana. Não somos reformistas, mas a direita petista tenta imputar ao partido esta tarefa ideologicamente degenerativa.
Ao caminhar a meia idade observo que o caminho nunca foi flertar com o conservadorismo e apetecer o triunfo do capitalismo e suas instituições políticas. Ao completar um pouco mais que quarenta anos e ao voltar-se para trás para enxergar meu ponto de partida, (1986 a 1998 no PCdoB e partir do final de 1999 no PT) e a partir daí refazer criticamente toda minha trajetória de militância chego em 2015, certo de que o caminho à esquerda está corretíssimo, provavelmente para os dirigentes do partido nem tanto, e a nossa luta é organizar politicamente as populações exploradas, invisibilizadas, oprimidas e juntos acumular forças e estruturar as condições objetivas e subjetivas visando à emancipação humana.
Um forte abraço a quem tem coragem de construir o novo, na contramão da história. Contra tudo e contra todos os percalços da ordem burguesa!
Herberson Sonkha
Militante Petista
Coletivo Ética Socialista!
terça-feira, 15 de setembro de 2015
Uma roda de conversa sobre a crise econômica com o economista José Sergio Gabrielli.
setembro 15, 2015
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por
Vinícius...
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José Sergio Gabrielli : PhD em Economia pela Universidade de Boston |
Crise Política e Ajuste Fiscal Exigem Posicionamento Distributivo: Mais ricos devem pagar mais impostos
* Por José Sergio Gabrielli de Azevedo
Com o agravamento da crise econômica e política, o Governo enfrenta três grandes desafios na gestão da Economia no curtíssimo prazo: como ajustar o déficit previsto para o Orçamento de 2016, como minimizar o impacto inflacionário da disparada do dólar e como apresentar um horizonte de retomada do crescimento no médio e longo prazos.
Todos são problemas de soluções complexas no âmbito da Economia, mas não encontram saída a não ser através da negociação política, tanto com o Parlamento, que tem a ultima palavra do ponto de vista institucional na aprovação dos marcos legais, como com a sociedade, que sofrerá os seus impactos e que pode influenciar os parlamentares, seja na direção que se consolida através dos meios de comunicação e por ação da oposição, seja numa movimentação contra hegemônica, buscando alternativas menos custosas do ponto de vista social. Em ambos os casos, a movimentação é essencialmente política.
No que se refere ao cambio e juros é imprescindível uma mudança da gestão das reservas internacionais e na concepção das relações juros domésticos e inflação para que possamos sair da armadilha de curto prazo de metas inflacionárias anuais. Somente um novo pacto político permitirá esta mudança.
A retomada do crescimento precisa ampliar o horizonte temporal do ajuste macroeconômico com perspectivas de manter o ritmo do investimento e financiamento sustentável o que só será possível em uma perspectiva plurianual. A passagem pela fase de ajuste financeiro das contas de curto prazo precisa apontar caminhos para o que acontecerá depois da ponte atravessada. Sem isto, os agentes não se mobilizarão sequer para atravessar a ponte. Estes dois temas não serão aqui demais detalhados e nos concentraremos na questão orçamentária.
Em relação ao PLOA2016 há pouca margem de manobra no corte dos gastos. Quase 90% das receitas do Governo estão comprometidas com despesas de compressão muito difícil, envolvendo salários, aposentadorias, verbas atreladas ao comportamento da receita e vinculações constitucionais. As mudanças destes marcos legais demandarão tempo e um potencial agravamento da crise, especialmente no que se refere aos seus efeitos sobre grupos sociais mais atingidos positivamente pelas políticas sociais que necessitarão de cortes.
Do ponto de vista das receitas, a Carga Tributária Bruta já atinge cerca de 35% do PIB havendo pouco espaço para sua elevação geral. No entanto, como a matriz tributária brasileira é muito regressiva, com os pobres pagando relativamente mais tributos do que os mais ricos, há alguma espaço para alterar sua estrutura, aumentando sua progressividade.
Considerando que a maior fonte da injustiça arrecadatória é a predominância dos impostos indiretos sobre os diretos esta mudança teria maior impacto. No entanto, esta reforma tributária precisaria mudar substancialmente o sistema do ICMS, com enormes repercussões no pacto federativo e na repartição dos tributos entre União, Estados e Municípios, o que torna praticamente impossível sua realização no curto prazo.
Os impostos ligados a produção e importações correspondem a quase metade da carga tributária total. A distribuição da carga tributária brasileira por bases de incidência revela que a tributação de propriedades correspondia apenas a pouco mais de 3% dos tributos, com o imposto de renda sendo responsável por 22% e as Contribuições Providenciais, FGTS e PIS-PASEP, correspondendo a quase 28% dos recolhimentos.
Referentes ao ano de 2013, com base no IR de 2013, a Fazenda Federal divulgou dados que mostram que os rendimentos exclusivamente tributados na fonte correspondiam a mais ou menos 4% do PIB. Entre estes rendimentos, que pagam em geral 15% de alíquota de IRPF, 52% eram provenientes de rendimentos de aplicações financeiras e ganhos de capital.
Com base nos mesmos dados, um estudo de um economista, que não se afina politicamente com o atual governo[1] , mostra que os rendimentos isentos e não tributáveis correspondem a 12,8% do PIB. Entre tais rendimentos encontram-se os lucros e dividendos que no Brasil, desde 1995, não pagam IRPF sob a alegação de que poderia haver bitributação, uma vez que as empresas que geraram esta renda já pagaram o seu IRPJ. Existem poucos países no mundo que tem esta liberalidade brasileira com os detentores de rendimentos da propriedade, com muito deles adotando alíquotas diferenciadas para este tipo de rendimento, ou adotando alguma forma de compensação dos tributos já cobrados na fase de pessoa jurídica.
Há que se separar daqueles 12,8% do PIB, cerca de 3% que se enquadram como rendimentos isentos, mas correspondem as cadernetas de poupança, de amplo uso no pais para acumular poupanças de pessoas de menor renda. Isto leva a uma estimativa grosseira de que mais ou menos 9% do PIB correspondem aos lucros e dividendos, possibilitando uma base tributária que poderia aumentar a arrecadação federal, digamos, em 0,9% da produção interna do pais se a alíquota incidente sobre esta fonte fosse de 10%.
Também no que se refere aos tributos sobre renda proveniente do trabalho assalariado a alíquota máxima brasileira de 27,5% não somente é baixa, comparativamente a outros países, como sua incidência ocorre sobre rendimentos muito baixos, em torno de 4,8 mil reais de salários mensais.
Aumentar a alíquota máxima e ter alíquotas mais progressivas a partir de níveis mais altos de rendimentos poderia também corrigir a regressividade de nossos impostos. Além do nível da alíquota formal que poderia ser alterada, também poderiam ocorrer ajustes na alíquota efetiva com mudanças no sistema de deduções que cada um pode fazer para calcular seu IRPF efetivo, onde as despesas com saúde privada, por exemplo, não apresentam limites superiores, beneficiando diferenciadamente as pessoas com maior nível de renda, que podem adiantar a despesas com planos de saúde, hospitais e médicos privados.
Esta discussão sobre o IRPF atinge um pouco mais de 14 milhões de brasileiros, que são aqueles que declararam em 2012 tem algum imposto a pagar, equivalentes a um pouco mais de 7% de nossa população.
Dentre estes, aqueles que poderão a ser atingidos por estas mudanças propostas representam uma parcela muito pequena. Se nós tomarmos apenas aqueles contribuintes do IR com rendimento tributável superior a 20 salários mínimos[2] eles correspondem a um pouco menos de um terço de todos os rendimentos tributáveis de 2012, mas foram responsáveis por mais de dois terços do IRPF recolhido, o que mostra o seu potencial contributivo. Utilizando-se de dados da PNAD, o estudo anteriormente citado sugere que esta faixa de rendimentos conta com 0,64% da população brasileira, portanto um pouco mais da metade de um por cento dos brasileiros.
Estas mudanças do IRPF apesar de atingirem poucos pessoas, atingem aqueles com maior renda e com maior poder de influenciar os tomadores de decisão, a opinião publicada e os meios de comunicação. Atingem, portanto aqueles com maior poder de convencimento dos parlamentares que utilizarão o falso argumento de que a classe média já está penalizada pela Carga Tributária para se opor a este ajuste da injustiça de nosso sistema de tributos.
Só a mobilização política e uma campanha em torno de difundir que 0,6% da população, que mais ganha, pode ajudar a sair da crise, no lugar dos cortes de programas sociais, salários e aposentadorias de servidores e pensionistas pode reverter esta conjuntura contra o Governo. O núcleo político do Governo está disposto a fazer este deslocamento de base de apoio em direção à sociedade?
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* José Sergio Gabrielli é graduado em Economia pela Universidade Federal da Bahia onde também obteve mestrado com a dissertação Incentivos Fiscais e Desenvolvimento Regional.
Em 1987, obteve o título de PhD em Economia pela Universidade de Boston, com dissertação sobre o Financiamento das Estatais durante o Governo Geisel. Entre 2000 a 2001 foi pesquisador visitante na London School of Economics and Political Science, em Londres. Na UFBA, foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, diretor da Faculdade de Ciências Econômicas e coordenador do Mestrado em Economia. Foi também superintendente da Fundação de Apoio a Pesquisa e Extensão (FAPEX).
Escreveu diversos artigos e livros sobre reestruturação produtiva, mercado de trabalho, macroeconomia e desenvolvimento regional. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. É membro não executivo do Conselho de Administração do Itaúsa S.A. e membro do Conselho de Administração e Comissão para a Estratégia Internacional da Galp Energia. Além de ter sido membro dos Conselhos de Administração das subsidiárias da Petrobras: Gaspetro, Petrobras Distribuidora (BR), Petroquisa, PBio (Petrobras Biocombustível), Transpetro e Petrobras Argentina. Em 23 de janeiro de 2012, anunciou sua saída da presidência da Petrobras para assumir a chefia de uma secretaria de Estado no Governo da Bahia. Assumiu o cargo de Secretário do Planejamento da Bahia em 9 de março de 2012[7] e comanda um programa de rádio que é veiculado todas as quintas nas rádios baianas onde comenta das ações do governo do Estado, e temas conjunturais e de pesquisas (emprego e desemprego, comércio varejista, indústria e resultados do PIB) e avaliando a economia regional, nacional e internacional.
[1] Afonso, Jose Roberto. Imposto de Renda e Distribuição de renda e Riqueza: As Estatisticas Fiscais e um Debate Premente no Brasil. Revista da Receita Federal: estudos tributários e aduaneiros [S.I.], v. 1, n. 1, pp. 28-60, Ago/Dez 2014 2014.
http://www.revistadareceitafederal.receita.fazenda.gov.br/index.php/revistadareceitafederal/article/view/97.
[2] Castro, Fábio Avila de. Imposto de Renda da Pessoa Física: Comparaçoes Internacionais, Medidas de Progressividade e Redistribuição, UNB, 115 pp. 2014, Departamento de Economia, UNB (Dissertação) Bugarin, M. c. Available from http://repositorio.unb.br/handle/10482/16511
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
“A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante”?
setembro 11, 2015
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por
Vinícius...
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* Por Herberson Sonkha
"Ao contrário dos nossos ancestrais africanos que descendem de uma cultura milenar baseada na tradição da oralidade e que foram proibidos de reconstruir sua cultura, religiões, valores e sonhos aqui no Brasil."
A Banda Engenheiro do Hawaii, do Rio Grande do Sul, cantava 1987 uma das canções mais ‘provocativas’ para a juventude naquele período, no seu segundo álbum de estúdio chamado “A revolta dos Dândis”. Para conhecimento público, o nome do álbum tem a ver com o significado narcisista da palavra “dandy”, um janota, que quer dizer: um burguês, ou seja, um ser humano fútil, um 'homem que tem preocupação exagerada com a aparência pessoal'.
Esta expressão possui origem inglesa e faz referencia aos “bons modos” de alguns homens com senso estético aguçado, mas que não descende da linhagem nobre. Diz-se também que o “dandy” é um cavalheiro lapidar, impecável que escolhe viver de forma hedonista: leviana e superficial. É um pensador, embora diletante, que se ocupa do lazer, atividades lúdicas e aprecia a ociosidade. Obsessivo pelos requintes das classes burguesas, mas é um dissidente vulgar.
O Humberto Gessinge canta para a juventude que acabara de sair de uma ditadura civil-militar perversa, traumática e criminosa sem quaisquer liberdades de expressão, política, cuja maioria empobrecida morria jogados nos rincões deste imenso país desgovernado. Para este bom moçinho de olhos azuis, pele branca e protegido pela culta intelligentsia das ciências positivistas, insigne representantes da cultura universal europeia liberal realmente não poderia haver diferença entre Fidel e Pinochet, entre americanos e soviéticos, entre o sul e o norte, entre rapadura e caviar, entre farinha e cocaína, entre cachaça e whisky, Dom Bosco e Vosne-Romanée, entre gregos e troianos, entre stalinista e trotskista, entre Marx e Hayek; e o mais importante é revoltar-se contra a opção ideológica que infirma o narcisismo da estética e afirmar a futilidade do bom burguês e sua ordem socioeconômica “Das kapital”. Ou seja, para este garoto lindo e benquisto ser diletante, cultivar a ociosidade e ser hedonista era algo acessível aos brasileiros e principalmente à juventude. Não importa quem vai pagar a conta, pois as costas não são as suas.
Este moço não conheceu a pobreza porque é filho de imigrantes europeus, radicalmente diferente dos renegados prisioneiros de África, que contra a sua vontade e de suas comunidades e suas culturas foram trazidos ao Brasil, a América latina, as Antilhas, a Espanha, aos EUA, a Europa ou qualquer outro lugar deste planeta para serem escravizados, violentados, amordaçados, vendidos como mercadoria, suas mulheres estupradas, seus filhos explorados pelo trabalho forçado e sua força de trabalho expropriada, sem quaisquer condições de dignidade, uma desumanidade.
Esta música ganhou os quatros cantos do Brasil, na voz de Humberto Gessinger, um descendente de alemão por parte de pai e Italiano por parte materna. Estudou na faculdade de arquitetura da federal do Rio Grande do Sul, mas não concluiu. O porta-voz da juventude produziu seu pensamento através de longas listas de “grandes feitos intelectuais”, egressos da tradição europeia da escrita, tais como produção artístico-cultural, livros e participações em entrevistas e artigos à banda foi alvo de duras criticas pelos críticos literários por considerá-los de elitistas e os mais enfáticos de fascista pela fluidez de citações que iam de Sartre a Albert Camus.
Ao contrário dos nossos ancestrais africanos que descendem de uma cultura milenar baseada na tradição da oralidade e que foram proibidos de reconstruir sua cultura, religiões, valores e sonhos aqui no Brasil. Eram Reis e Rainhas de África que foram subjugados pela escrita, que sempre serviu de instrumento ideopolítico de dominação cultural dos povos africanos e originários da terra brasilis. Mas, sempre existiu o controle cultural e ideológico da juventude, basta observar o papel da educação institucional no Brasil e seus crescentes indicadores de analfabetismo funcional e principalmente a quem atinge.
Não há tempo e nem disposição para propor ociosidade às classes trabalhadoras e principalmente à população negra que compõem mais de 60% desta formação populacional. Não há tempo para defender diletantismo quando os índices de homicídios ocorrem entre jovens negros e pobres. Não há tempo nem condições materiais para defender o hedonismo quando nossa juventude não possui infância muito menos juventude decente em nosso país. Não há tempo nem paciência para defender uma escola cuja educação continua sustentando posições racistas, filosoficamente positivista, xenófoba, machista, misógina, lesbo-homofóbica.
Portanto, as juventudes brasileiras em sua imensa maioria não são jovens que pertencem a “uma banda numa propaganda de refrigerante” como dizem os sicofantas nazifascistas de plantão, chamados de cochinha, alguns possui nomes pomposos com Engenheiros do Hawaii, muitas vezes com a função de convencer estas tribos de forma subliminar de que é tudo igual, todo político é ladrão, o Estado é pra oprimir e garantir a mais-valia, a juventude negra é pra ser assassinada, as mulheres negras estupradas, as religiões de matriz africana devem ser demonizadas, crianças e adolescentes alienados, o meio ambiente destruído para reprodução do capital, as classes trabalhadoras para explorar e LGBT é pra ser exterminados assim como fizeram com nossos povos originários (Não uso indígena porque é uma expressão do colonizador) em suas musicas que são só dançantes.
Numa manhã de janeiro 93, ao participar de uma atividade da UBES em São Paulo, fui tomado por uma força maior que os grilhões que nos aprisionava, pois estava estampado em uma camisa da juventude marxista:
"Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução Comunista! Os proletários nada tem a perder nela a não ser as correntes que o aprisionam. Tem um mundo a ganhar”. (Karl Marx)
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
IDEOLOGIA E CULTURA COMO FERRAMENTAS PARA A MANUTENÇÃO DA ORDEM DOMINANTE
setembro 10, 2015
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por
Vinícius...
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"À medida que o modelo de desenvolvimento capitalista foi ganhando corpo e se tornando hegemônico em todo o planeta, a classe dominante começa compreender que tudo poderia ser fonte de riquezas, tudo poderia ser transformado em mercadoria, ao mesmo tempo, desenvolvem também a capacidade de utilizar tudo que estivesse nas relações da classe que vive do trabalho contra o próprio trabalhador. "
*por Prof. João Paulo Pereira
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Professor João Paulo |
Mudanças climáticas, escassez de água, crise energética, crise de civilização, um mundo conflitante figura aos nossos olhos inertes, que não conseguem enxergar e compreender a realidade que nos envolve e que a cada dia, parece se fortalecer, com a ação da classe que domina o poder político e econômico no mundo, criando ao bel prazer, uma realidade que de forma alguma serve aos interesses da classe que vive do trabalho por todo o mundo, já sacrificada por séculos de exploração pelo capitalismo. O que tem determinado essa situação de inércia de grande parte da população mundial? Porque, nós os explorados e relegados no processo de acumulação de capital imposto pelo modo de produção capitalista não reagimos?
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