*por Herberson Sonkha

A mesma vida que nos enche de esperança é a mesma que cede a morte que nos espreita no silencio de nosso próprio leito.

É a mesma vida sendo o rio fluido de água viva que se esvai num piscar de olhos, feito o silenciar do estrepitante barulho de tua ausência meu velho amigo Paulo Pires.

Um dia jaz como tudo que era tão solido e ilusoriamente infinito, transformou-se no ar rarefeito que noticia a tua partida.

Aqui, ali e a acolá semear-te em abundância teu saber científico, defendeu a tua certeza popular, ergueu a tua voz poética e teu humor inesgotável entre o árido deserto humano, tocando a frieza humana como ninguém, pois jamais alguém se esquecerá de tua força meu velho amigo Paulo Pires.

Cá entre nós, fica o que há de melhor da sua humanidade, pois bendita seja tua estada entre nós.

A saudade, o carinho e a inquestionável cumplicidade revolucionária das lutas memoráveis de nosso povo persistirá, pois ainda continuaremos a lembrar de que um outro mundo é perfeitamente possível.

Como sempre dizia sempre, onde não exista nada além da igual humanidade, da poesia, da solidariedade, da fraternidade e do bem viver.

Vá em paz meu amigo Paulo Pires!

Que Olorum o acolha no Orum em festa.