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Desembestados Ideológicos
*por Carlos Maia
I
Eis
que finalmente
Chega
o dia
Do
enlace matrimonial
Mais esperado do ano.
II
De
um lado ele
Um
palhaço democrata
Do
outro lado ela
Carcomida
mas insistente: democracia burguesa.
III
Um
par quase perfeito
Não
fosse os contratempos
Da
realidade de barbárie
E da
crise de exaustão
IV
Ambos
pretendem,
Completar-se
também
Na
mais antiga elucubração política
Demagogia
de união para todos.
V
Mas
este recurso do oráculo
Não
resiste mais aos balanços e tremores
Da natureza
e das acidezes
Que
queimam às úlceras e os ventres vazios.
VI
Que
são frutos
Quanto
muito
De
alimentos azedos
Da
carniça que lhes põem pratos.
VII
Oh!
Deuses. Oh! Santos
Porque
permitem
Que
papeletas e discursos
Enfeitem
a “festa”.
VIII
Mais
que a representação do povo
Mais
que a sociedade civil
Estava
em espreita participativa
A
cadela adotiva.
IX
Atende-se
hoje pela alcunha de resistência
Amanhã
correrá desgarrada e sem coleira
Por
todos cantos do palácio
Na
certeza de uma eminência parda.
X
É
pagar para vê
Ou
alguém menos desavisado
Ou
algum cabo eleitoral
Que
não se envergonha.
XI
Insistem
em repetir a história
Não
mais como uma tragédia mas como uma farsa
Num
processo em que as faces não se ruborizam
Devido
ao óleo de peroba que parece lhes cair bem.
XII
Uma
camada de verniz copal sintético
Também
deve ser importante
Para
cobrir as imperfeições naturais
Da
cara de pau dos defensores da amplitude reformista.
XIII
Tudo
isso em nome de uma frente única ampla antifascista
Como
se o fascismo não tivesse nascido de partido socialista
Como
se não soubesse dos alfinetes da luta de classes
E
das rosas espinhentas da revolução.
XIV
Oh!
Bundas. Oh! Céus
Por
onde andam os caminheiros do mundo?
Disputando
palmo a palmo
Os temperos
da “ordem constitucional cidadã”.
XV
Serão
eles amantes da social-democracia
Ou
do pragmatismo alienante
Do
populismo conservador
Da
aristocracia operária.
XVI
Combate-se
o reacionismo
Com
outra reação aos olhos do povo
Onde
debate-se projetos e crenças
Na
mais odiável das alienações estruturais.
XVII
No
espaço das ideologias
Impõem-se
os elos
Das
correntes que seguram homens e mulheres
Na
superestrutura da máquina estatal.
XVIII
Passando
por cima
Dos
espíritos aventureiros
Das elegantes
sementeiras
De
serpentes venenosas.
XIX
Vai-se
cascavel
Vai-se
jararaca
Vai-se
patronas
Vai-se
cobra-coral.
XX
Onde
pensa-se na neutralidade
Do
soro antiofídico
Que
faltará nas emergências
Por
onde filtram-se a cura.
XXI
Há
muito tempo a sociedade
Encontra-se
doente
Em
estado de putrefação
Nem
por isso deve-se acreditar no fim do mundo.
XXII
As
lutas de classes permanecem
Como
motor da história
E o
proletariado deve arrebatar as vanguardas
Para
continuar o movimento ao infinito.
XXIII
E o
levante fascista
Não
mais suportará
Reclames
de golpismo
Da
intolerância e do reboquismo.
XXIV
Querem
hoje algo mais
Que
as vidraças dos palácios
Que
as cadeiras de ministros
Querem
assento no poder de Estado.
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