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Enxugando gelo, abrindo covas rasas
*por Josafá Santos
O uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas cresce de maneira vertiginosa, especialmente e de maneira mais grave entre os jovens e adolescentes, grupo etário mais vulnerável a esta e a outras problemáticas igualmente preocupantes. Apesar disso, não se vê uma campanha coletiva, social, robusta, séria, eficaz, sobre a prevenção ao seu uso.
Por parte dos gestores executivos das
prefeituras, dos Governos Estaduais, chegando à esfera do Executivo Federal, o
que se vê é ou uma ação tímida / incompetente, simplista, ou um silêncio quase
criminoso. O desmonte dos órgãos públicos de amparo Psicossocial, daria um
outro texto. Enquanto isso, uma crescente população é arrastada para esse submundo,
sofrendo todas as marcas desse processo, desde o desencadeamento e / ou piora
sistêmica de diversas psicopatologias, à instalação profunda do vicio, numa retroalimentação
feroz do problema.
No caminho dos usuários, a degradação
de seu estado físico e mental, de sua estrutura familiar (que juntamente sofre
e adoece), da sua perspectiva laboral, de sua vida escolar e, não raro, a sua
inserção no crime ou na prostituição, como formas de manterem o vício, ou mesmo
no próprio tráfico, cooptados pela falsa ideia de glamour, dinheiro fácil e
poder, ou simplesmente para quitar suas dívidas. Ao lado do uso / abuso das
drogas, outro fato vem se agravando: o suicídio, inacreditavelmente crescente
entre os jovens, sendo já uma das maiores causas de óbitos no Brasil, nessa
faixa etária.
A fórmula de combate às drogas segue o mesmo caminho há anos, se pautando só ou basicamente na repressão policial, sem campanhas educacionais sérias, comprometidas, estruturadas com zelo e meta. Praticamente segue-se enxugando gelo, apreendendo cargas e cargas de todo tipo de substâncias, tratando usuários (em especial os negros e os pobres) como se fossem perigosos traficantes, prendendo e soltando traficantes como se não fossem criminosos perigosos. E segue-se enterrando cada vez mais corpos de pessoas cada vez mais jovens, dia a dia. A pergunta é: até quando?
*Josafá Santos
Historiador, Grdn. em Psicologia -
UESB
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