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quarta-feira, 17 de julho de 2019
O silêncio dos “bons petistas” é o arnês do fausto governador petista
julho 17, 2019
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por
Vinícius...
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Foto: Max Haack/Agecom |
*por Herberson Sonkha
"[...] Rui Costa tem defendido um tipo de política para um tipo de partido que é bem diferente do Partido dos Trabalhadores." (POMAR, 2019)
Talvez o proeminente ativista norte-americano por direitos civis para a população afro-estadunidense, o pastor protestante negro Martin Luther King, não tenha sido de fato o autor de a frase lapidar, “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”, que se tornou um mantra político em muitas manifestações por direitos civis ou exórdio de discursos eloquentes de democratas nos EUA até os dias atuais.
Não obstante essa autoria questionável admite-se sem pestanejar que é irrefutável o sentido dado por Martin quanto à reprimenda desmoralizante a hipocrisia das elites norte-americanas, sobretudo dos representantes de classe média na política institucional que se comportam veladamente em concluiu com os algozes, mas que assumem publicamente para a sociedade o “politicamente correto”, temendo a opinião pública.
Muitos desses demagogos se definem hipocritamente em suas narrativas como sendo contrários à opressão (de classe, racismo religioso, violência racial, LGBTfobia [aqui eu amplio para a orientação sexual]) e a destruição escancarada ou velada de direitos socioeconômicos e políticos, mas promove a reforma conservadora do Estado, baseada nos pressupostos estruturantes do pensamento neoliberal.
Na Bahia, por mais irônico que se parece, esses demagogos são filiados ao PT e fazem parte da principal ala dirige o partido: o campo hegemônico. Eles agem à espreita de uma oportunidade para se aproximar de maneira indiscriminada (a despeito da natureza institucional da famigerada governabilidade) de qualquer governo, sobretudo de gente gananciosa que vive à margem do trabalho alheio, ganhando à vida explorando eleitores desinformados e fragilizados para se manterem em cargos públicos bem pagos, regalias e mimos.
Na Bahia, a manifestação pública de Rui Costa nas mídias sociais e imprensa oficial demonstra isso. Bastas ler qual a sua opinião favorável a governos de extrema-direita que são (ou fazem) apologia às práticas fascistas e sua lógica econômica neoliberal de mercados capitalistas.
Vide o comportamento beneplácito do governador quanto à decisão neoliberal do presidente fascista de cobrar mensalidade de estudantes de universidade púbica. Além de adotar antecipadamente (desde 2014) o receituário nefasto da política econômica conservadora de caráter neoliberal de final dos anos 80 para o desenvolvimento e a ampliação do neoliberalismo nos países da América Latina.
Ao aplicar ipsis litteris as principais medidas recomendadas pelo Institute for International Economics, o governador Rui Costa supera a estupidez clássica intrínseca ao modelo coronelista instituído pelo carlismo na Bahia há 30 anos. O carlismo deu início, mas postergou a promoção das reformas propostas pelo economista John Willianson, no encontro de 1989 denominado de Consenso de Washington.
O governo do PT na Bahia modernizou (no sentido burguês pensado por Marx) o Estado por meio de reformas conservadoramente neoliberais para reestruturação institucional de custos de financiamento das políticas públicas que visam diminuir as desigualdades socioeconômicas na Bahia. O Rui Costa de forma audaz fez o que as elites baianas reacionárias nunca puderam fazer por questões intelectuais e sociopolíticas, além da forte oposição de esquerda liderada pelo próprio PT até o início do governo de Jaques Wagner.
Resguardando as devidas proporções, o que ocorreu no PT do Estado da Bahia foi exatamente o mesmo que aconteceu no governo federal. Assim como Dilma Rousseff o fez, após substituir o presidente Lula, Rui Costa o faz após substituir o governador Jaques Wagner no governo da Bahia. Aliás, para isto acontecer ele contou com o silêncio ensurdecedor da maioria dos militantes, “intelectuais” e a da bancada dos parlamentares do PT.
Com esse mimo servil, pago com cargos e privilégios que estimula o fetiche pelo poder enquanto expressão dessas benesses, o governador e sua equipe de governo construíram a conivência interna para que o governo do PT instituísse sua hegemonia. Ressalto ainda que o PT foi o mais forte opositor nos anos 90 do receituário contendo as principais medidas recomendadas por economistas rentistas (do FMI, Banco Mundial), monitorado pelo departamento do Tesouro dos EUA.
Uma rápida observada nos últimos acontecimentos nos bastidores da política institucional da governadoria, nos mostra o intenso movimento de negociação de cargos e jetons em sua base governista na ALBA, a maioria dela petista, todas estavam voltadas para a reforma conservadora de caráter neoliberal adotada por Rui Costa.
Aqui cabe uma rápida exposição dos elementos políticos que forja a natureza moral (antropológica) dos fios que tecem a trama sórdida que tornou um “petista” antipático e frenectômico, no queridinho das elites conservadoras da Bahia. O mais “tietado” governador (depois de ACM) pelas madames do high societybaiano.
Como advertiu Caetano Veloso lá em 1994 e o PT cantarolou ideopoliticamente contra Fernando Henrique Cardoso que “alguma coisa está fora da ordem fora da nova ordem mundial”. Mas, infelizmente o próprio Rui Costa que muitas vezes cantarolou essa canção no sindicato se contradiz ao infirmar que a militância não está “de pé em cima do monte de imundo lixo baiano” que é a tradição política criada pelo carlismo.
“A crítica arrancou as flores imaginárias que enfeitavam as cadeias, não para que o homem use as cadeias sem qualquer fantasia ou consolação, mas para que rompa com as cadeias e apanhe a flor viva” (Marx, 1968, p. 10).
Algo deveria estar errado (estranhamento) na Bahia do governador neoliberal eleito numa agenda de centro, pois essa relação espúria já deveria ter sido analisada criticamente, debatida e denunciada em documento crítico para as instancias internas do diretório estadual, se posicionando criticamente e exigindo do Rui Costa respeito à história do PT e uma reorientação política imediata ou mesmo a expulsão, como sugeriu o membro da direção nacional Valter Pomar que sugere que a expulsão do político baiano pode ser uma alternativa para “impedir a desmoralização” do partido.
Concordo com Valter Pomar, militante que teve o pai assassinado na chacina da Lapa em 16 de dezembro de 1976 (na Rua Pio XI, nº 767, no bairro da Lapa em São Paulo) pelos milicos sanguinários da ditadura civil-militar. Pomar foi implacável ao propor alternativa ao impasse, uma vez que o diálogo entre esse presidente fascista que faz apologia a torturador e o Rui Costa (que não vê nenhum problema se aproximar) é inadmissível, portanto cabe a possibilidade de “perder um governador, se este for o preço a pagar para impedir a desmoralização e a destruição do Partido”.
O Diário Oficial do Estado da Bahia que o diga ao registrar claramente os resultados dessa movimentação retrátil, pois se vê a redução do Estado, a exemplo do fechamento de várias escolas e o sucateamento educacional, econômico e financeiro das universidades estaduais; privatizações, a exemplo da tentativa de venda da Embasa, uma estatal estratégica para o desenvolvimento material, intelectual e de saúde pública de populações em situação de risco; ideologia neoliberal do endividamento fiscal, a exemplo da política de aumento da alíquota de 12 para 14% e medidas extremadas de contingenciamento.
Além dessas medidas oficializadas em DO, observa-se diariamente os cortes financeiros nos dispêndio com as áreas sociais para redirecionar recursos para glamorosos investimentos de bens de capital. O Palácio de Ondina passou a rivalizar em disputas intestinais com o prefeito de Salvador, investindo recurso do Estado só na capital, a exemplo do fabuloso montante pra construção da ponte de Itaparica à Salvador.
A política oficial da governadoria é descaracterizar cinicamente as categorias e ignorar todas as instituições políticas sindicais e suas pautas. Independente de concordar ou não, o governador do PT tem que ouvir (sem retaliações) e estabelecer o diálogo honesto com todas as categorias e suas demandas porque elas compõem a classe trabalhadora (isto te lembra de alguma coisa da sigla PT?), sobretudo do setor público.
Além da negação peremptória de todo esse processo histórico que dar sentido ideológico ao constructo mental que forja o PT, soma-se a perversa investida feita pelo governo de Rui Costa contra servidor público com a promoção compulsória da pauperização dessas categorias, por meio do o assalariamento.
Ao esconder seus reais objetivos durante as eleições, fazendo-se passar por alguém de “esquerda”, o Rui Costa cometeu um estelionatário eleitoral. Faço memória ao fato de que todas essas medidas antissociais foram escamoteadas no programa político, durante as disputas eleitorais. Isso é fato irrefutável!
Portanto, cabe aqui uma pergunta retorica: onde estão os militantes, intelectuais e parlamentares do PT baiano que não estão discutindo internamente isso (por limitação cognitiva ou má fé?) e levantando a sua voz altissonante como fizeram corretamente contra os governos carlistas anteriores? Digo uma pergunta retorica porque todo intelectual de esquerda que lê, discute, participa ativamente dos movimentos sociais e acompanha a política institucional sabe a resposta.
Nesse sentido, Martin assume lugar central ao manifestar preocupação ontológica com o silêncio imoral dos “bons” e o maniqueísmo reacionário que permeia as hostes do hegemonismo petista, pois não é assim que se apresentam eleitoralmente para a sociedade: “nós somos os bons e eles os maus?”
Não é confiável aquele (a) que emudece insolentemente diante da opressão e exploração da força de trabalho da classe trabalhadora, acovarda-se frente à destruição dantesca das condições materiais e intelectuais da classe trabalhadora no setor público (ou privado) e das populações subalternizada pela ordem civil burguesa, pois são inexequíveis quaisquer que sejas as alegações.
Nesse sentido, o debate textual ora apresentado tema a função de sugerir a todos nós militantes de esquerda (dentro e fora do PT), com a função de intelectual orgânico de vanguarda/retaguarda da classe trabalhadora e das populações em situação de múltiplas vulnerabilidades, uma inflexão entre o comportamento politicamente degenerado do governador e o devir Partido dos Trabalhadores no Estado da Bahia com reflexos destrutíveis para os diretórios municipais em todos os municípios baianos.
Essa voz crítica providencial de esquerda do PT ainda não se fez ouvida pelas massas adormecidas pela condição histórica de alienação, mesmo que grandes frases ainda ecoem estéril nessa trágica conjuntura baiana criada por Rui Costa. Isto não é suficiente para barrar os ataques explícitos aos direitos sociopolíticos, a carreira profissional e os salários dos servidores públicos do Estado da Bahia, acentuado pela precarização das populações subalternizadas.
Que as massas sigam a verborragia propagandeada pela tradicional mídia herdada do carlismo baiano, achando viver nos melhores dos governos, isto é perfeitamente compreensivo, embora como educador tenhamos que fazer, por dever de ofício, a contrainformação crítica dentro do processo de ensino-aprendizagem. Esperar o quê? Que nas próximas eleições de 2022, Rui Costa faça diletantemente a passagem idílica da faixa ao carlista e deixar todo o PT refém (inclusive à esquerda) da orientação do carlista neoliberal do Otton Alencar que votou na reforma neoliberal do presidente fascista contra a classe trabalhadora, pensionista e aposentado?
No entanto, não é honesto e nem coerente pousar de intelectual de esquerda nas eleições, na sala de aula, em palestras, documento-textos ou manifestações dos movimentos sociais, mas assiste salientemente (em tom de aprovação) da arquibancada como mero telespectador à destruição de garantias econômicas, financeiras e educacionais que amplia as desigualdades e o pauperismo das condições de vida dos servidores públicos do Estado da Bahia.
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