Translate
Seguidores
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
A HISTÓRIA E A ARTE
dezembro 27, 2017
|
por
Vinícius...
|
“Tenho vinte e cinco anos
De sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues”
(Belchior)
*por João Paulo Pereira
A arte sempre nos colocou diante da realidade, neste fragmento de música o cantor e compositor Belchior, chama a atenção para uma questão importante, somos todos latinos americanos, originários de um continente que historicamente, invadido e pilhado, com nossos ancestrais dominados, escravizados e exterminados. Outros povos, os africanos, foram trazidos para esse torrão, também para serem hediondamente maltratados, para terem sua humanidade ultrajada.
Ao longo de nossa história, desaprendemos a nos respeitar, ignoramos nossa cultura, costumes, fomos determinados a acreditar que tudo que o branco colonizador e opressor trouxe e impôs como verdade era melhor que o que nossa ancestralidade produziu era melhor que o legado trazido pelos negros africanos. Perdemos nossa identidade e passamos a crer que o enlatado trazido pelo imperialismo era o real e verdadeiro.
Passamos por várias fazes do imperialismo. Foram os portugueses, espanhóis, ingleses, até, holandeses, alemães, italianos, japoneses, muito recentemente a presença dos chineses, sempre tem alguém para determinar o que somos e quem somos. Mas ninguém interfere mais que o Norte-Americano, desde a “Doutrina Monroe”.
“Sim é verdade, a vida é mais livre
O medo já não convive nas casas, nos bares, nas ruas
Com o povo daqui
E até dá pra pensar no futuro
E ver nossos filhos crescendo e sorrindo
Mas eu não posso esconder a amargura”
(Milton Nascimento)
Mas estas palavras do artista não se realizaram efetivamente, quando começamos a acreditar que alto estava acontecendo, como começamos acreditar que algo estava verdadeiramente mudando, tudo volto ao seu lugar, a serviço deste imperialismo norte americano, em nome desta maldita doutrina, nossa elite, ainda carcomida pela história, uma elite bestial, que não consegue nem acompanhar os passos das elites internacionais, reorganizaram uma ofensiva, claro que ancorada pela elite imperialista yankees, e nos entristecemos “Ao ver que o sonho anda pra trás / E a mentira voltou”.
“Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar”
(Chico Buarque)
Mas o que tenho a certeza, e mais uma vez a arte dos poetas que não se rendem ao imperialismo, nos traz isso é que um dia em nossa história isso tudo vai passar, no seu determinado tempo histórico, nosso povo certamente verá a novidade surgir e aí construiremos outra história. Superando tudo que foi plantado em nosso imaginário até hoje, teremos a condição mais uma vez realizar em nossa sociedade, a liberdade sonhada por nossos artistas, a liberdade que impulsiona tantos militantes de uma esquerda ainda infantil, inocente, mas que nunca se negou a tentar construir a utopia do mundo de paz, onde o princípio de vida seja à base desta construção.
Para tanto o primeiro passo é superar o imaginário coletivo, produzido pelas elites esse 1% de nossa população que é cruel, e para manter seu projeto de dominação política, econômica e social se utiliza da torpe e bestializada “classe média / Papagaio de todo telejornal / Eu acredito / Na imparcialidade da revista semanal” (Max Gonzaga). Mas não pense vocês que toda a classe média torpe é fruto das revistas semanais, tem também, setores intelectuais desta classe média que seguem sem se dá conta do seu papel social de bestialização desta sociedade o roteiro traçado pelas elites dominantes.
Mas isso não vai durar para sempre, não vai não! Vai chegar um momento em que este povo, consciente de seu papel sócio-político passará por cima de todo esse cenário construído no imaginário coletivo desta nossa sociedade e aí certamente, mas uma vez parafraseando a poesia do mestre Gilberto Gil:
“Seu moço, tenha cuidado
Com sua exploração
Se não lhe dou de presente
A sua cova no chão
Quero ver quem vai dizer
Quero ver quem vai mentir
Quero ver quem vai negar
Aquilo que eu disse aqui”
E esse é o destino, seja pela via da escatologia Cristã, ou pela via do “materialismo histórico e dialético, em um dado momento os oprimidos desta nossa nave mãe, chamada de Terra, tomará o destino em suas mãos e aí começaremos “uma outra história possível”.
A luta de tantos mártires, tantos que têm se doado por esta construção não será em vão. Nossa história está cheia de história individuais, de homens e mulheres que se entregaram a utopia deste novo mundo, deste novo Brasil, e isso não é à toa, essas pessoas não lutaram e estão lutando por conquistas pessoais, o que determina a coragem e entrega e a luta destes mártires é a crença e o sonho de um dia ver reinar na Terra a paz, a igualdade e a justiça para todos, por isso a morte não significa o fim, por isso a superação da ambição, do desejo de acumular riquezas, por isso a esperança de deixar germinando a semente do amor, com a certeza que ela crescerá e seus frutos serão colhidos pela humanidade. Essa doação é o resultado desta esperança, e a arte tem falado sobre isso em todos os momentos.
“Pai nosso, dos pobres marginalizados
Pai nosso, dos mártires, dos torturados
Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida
Teu nome é glorificado, quando a justiça é nossa medida
Teu reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão
Maldita toda a violência que devora a vida pela repressão
O, o, o, o, o, o, o, o
Queremos fazer tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador
Não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor
Pedimos-te o pão da vida, o pão da segurança, o pão das multidões
O pão que traz humanidade, que constrói o homem em vez de canhões
O, o, o, o, o, o, o, o
Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte
Perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte
Protege-nos da crueldade, do esquadrão da morte, dos prevalecidos
Pai nosso revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos
Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos
O, o, o, o, o, o, o, o
Pai nosso, dos pobres marginalizados
Pai nosso, dos mártires, dos torturados”
(Zé Vicente)
Pois tenham certeza, a aurora da vida está chegando, tenham certeza que esta luta não será em vão. Outra história está sendo construída a cada derrota que sofremos, todas as vezes que caem os guerreiros do agora, nascem os combatentes do amanhã, é como afirma o profeta da música brasileira, Raul Seixas, “E não adianta / Vir me dedetizar / Pois nem o DDT / Pode assim me exterminar / Porque você mata uma / E vem outra em meu lugar”. E desta sucessão de batalhas nascerá um mundo novo, nascerá o dia da paz como afirma Zé Vicente na canção Utopia. “Vai ser tão bonito se ouvir a canção / Cantada de novo / no olhar da gente a certeza de irmãos / reinado do povo”.
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comments :
Postar um comentário