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terça-feira, 14 de abril de 2015

Socióloga baiana mobiliza Comitê Territorial Baiano de Educação Integral Integrada em defesa da Educação Integral.




"A socióloga Cláudia Cristina, ex-consultora da UNESCO/MEC para a Bahia, nomeada para acompanhamento técnico dos gestores municipais do Programa Mais Educação, possui mais de vinte anos de magistério que lhe possibilita posicionar intrepidamente na contra-mão da história da educação."

* Por Herberson Sonkha
Socióloga Cláudia Cristina
A Professora Cláudia Cristina Pinto Santos, socióloga de formação, mestre pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL), aborda em sua tese de mestrado um tema bastante complexo, não menos importante porque discute “Família na Sociedade Contemporânea”, com tudo que isso implica no plano dos grupos sociais e suas complexas redes de relacionamentos e morfologia heterogêneas. A socióloga Cláudia Cristina, também especialista em “Metodologia do Ensino e em Pesquisa em Educação” (UNEB), de posse deste sólido aporte teórico-prático ergue-se audaz no mar revolto do financiamento da educação pública, gratuita e de qualidade, para defender a bandeira desafiadora da educação em tempo integral e integrada.


Pedro Junior, Sec.de Educação de São Filipe.

Em tempos de ajuste fiscais conjunturais, a nau da educação enfrenta tormentas que põe em risco a manutenção dos suprimentos. É neste abrolho rumoroso que a nau denominada de Comitê Territorial Baiano de Educação Integral Integrada, capitaneada pela socióloga em presença, cujo timão é dirigido pelo Professor Durval Machado, pretende singrar vitoriosa contra a corrente fria dos números, que funda e mantém o Estado que sustenta o conceito-tese vigente da educação brasileira em curso.
A socióloga Cláudia Cristina, ex-consultora da UNESCO/MEC para a Bahia, nomeada para acompanhamento técnico dos gestores municipais do Programa Mais Educação, possui mais de vinte anos de magistério que lhe possibilita posicionar intrepidamente na contra-mão da história da educação assistida pelo Estado brasileiro ao longo de suas sete Constituições Republicanas, somando-se um pouco mais de um centenário (1889-1989/2015) e consequentemente contra tudo que dá sentido à ordem liberal burguesa vigente. A Professora Cláudia Cristina, na forma elomariana, “estucia” (astúcia) peregrinar pelo mundo dos teóricos da contra-ordem e o faz com o mesmo êxito que lhe é atribuído na docência, porquanto sua inexorável práxis docente é erigida em bases dialógicas no chão da sala de aula, nos corredores, na sala de professores, na cantina, na portaria, na quadra poliesportiva, no auditório, na gestão escolar democrática e nos movimentos sociais.
A escola ensimesmada, desconectada do mundo real pulsante, pedagogicamente compartimentada sem quaisquer articulações transversalizadas de conteúdos transdisciplinares, sabres múltiplos e com turnos de menos de quatros horas diárias de convivência, não dá conta de responder as expectativas educacionais (profissionais, intelectuais, artísticos culturais, políticas e socioeconômicas) das populações empobrecidas, que não tem outra alternativa para escolarização que não seja esta escola pública estéril que conhecemos.
No que pese saber que dentro da escola vivenciamos estas angustias, fora dela é muito pior porque não há quaisquer possibilidades efetivas de cumprirmos a Constituição Federal (1988) no sentido de assegurar a todos e, particularmente as populações vítimas das desigualdades socioeconômicas e políticas, o direito a educação pública, gratuita, de qualidade e integral/integrada que afirme seu caráter universal, de laicidade, a igualdade étnico racial e de gênero e sem criminalizar qualquer orientação sexual.
As janelas das escolas não oferecem mais a visão panorâmica aos processos socioeconômicos e políticos das ruas e praças da cidade, sem negar logicamente as nevrálgicas relações urbanas, são apartadas da comunidade pelos muros que passaram a existir por conta dos altos índices de violências e furto de bens da escola. Mas, que não é só isso, há um retrocesso ao conservadorismo político que considera que a educação avançada é um forte aliado das classes proscritas, devendo manter a escola longe das expectativas das classes trabalhadoras e contradições da comunidade.
O Programa Mais Educação propõe um diálogo para fora dos muros da escola, na comunidade, por reconhecer que também há vidas inteligentes na qual coexiste saberes produzidos ao longo de sua história que precisam ser sistematizados, valorizados e socializados pela escola. Este conhecimento não só pode, como deve ser incorporado à vivencia escolar, de modo que possa enriquecer o processo ensino-aprendizagem. Esta troca de experiências e de saberes, mediada pela capacidade técnica e política dos educadores, devolverá a escola para comunidade, com papel articulador no sentido de discutir coletivamente seus problemas e viabilizar soluções para parte dos problemas da comunidade.
O Programa Mais Educação é uma política de Estado desenvolvida pela Professora Dra. Jaqueline Moll (Ex-Diretora de Currículos e Educação Integral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação) para o MEC, visando descongestionar este canal assoreado, que separa mundos tão próximos. Esta via é capaz de promover o influxo destas experiências sócio-históricas enriquecedoras para dentro da escola. Só a demolição dos muros objetivos e subjetivos diminuirá a distância e fortalecerá o papel educador, reaproximando jovens, adultos e a idade melhor da escola. O monitor, com exceção do letramento e outras disciplinas curriculares, é um educador social, um importante agente que contribui para quebra do paradigma que impede a escolarização na idade certa, distorção série-idade, analfabetismo, violência e exploração infanto-juvenil. O Programa Mais Educação é indubitavelmente o melhor e mais seguro caminho para uma educação de tempo integral.
A chegada deste programa na Bahia (2008/2009), vem oxigenando a mesa-redonda da educação que põe em movimento todos os agentes diretos e indiretos da educação no ambiente escolar e na comunidade, porquanto possibilita reduzir ao mínimo necessário a burocratização da gestão escolar, evita a esterilização das ações pedagógicas e impede a restrição velada à participação política da comunidade escolar que afeta diretamente o exercício do controle social e o fortalecimento dos vínculos da escola com as famílias. Este movimento também fortalece a luta dos educadores e gestores pela descompartimentação do conhecimento literalmente guardados nas gavetinhas acadêmicas ensimesmadas, que manipula os saberes esquartejados a luz de sua conveniência, exigindo dos professores apenas o cumprimento de formalidades exigidas pela educação bancária, portanto estéreis.
Na Bahia, o Comitê Territorial de Educação Integral Integrada, está mobilizado na defesa do Programa Mais Educação, por ser esta uma importante ferramenta de intervenção do Ministério da Educação, indutora da educação integral no longo prazo, na perspectiva do contra-turno com objetivo de ampliar no curto e médio prazo o tempo, o espaço e oportunidades educativas na perspectiva de articulação da escola, comunidade e diversos setores da sociedade (Pinto Santos, 2012). Vários municípios baianos aderiram ao Mais Educação que vem enfrentando dificuldades para atender as exigências do Programa e passaram a atuar no comitê nesta perspectiva de movimento amplo em defesa do Mais Educação rumo a uma Educação Integral Integrada.
A socióloga da educação, agraciada por todos membros do comitê com a honrosa reputação de anisiana, tornou-se engrenagem indispensável à consolidação da educação integral. A Professora Claudia dedica-se a causa da educação com contumácia e por isso mobiliza tantos educadores (gestores ou não) baianos, num crescente. Seu compromisso com as grandes transformações socioeconômicas e políticas dos proscritos, está refletida na proposta de educação libertária de Paulo Freire. O movimento criado na Bahia em defesa do Programa Mais Educação a partir do Comitê Territorial Baiano de Educação Integral Integrada, está ancorado intelectualmente nos teóricos da contramão (Paulo Freire, Anísio Teixeira, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e outros) e os debates visam consolidar no país a educação integral. A professora, cátedra em sociologia, vocaliza um sentimento coletivo que se organiza para consolidar a curto prazo a política de indução da educação integral não somente dentro dos limites geoespacial escolar, mas para-além dos muros das escolas baianas.
A professora Claudia Cristina propõe uma sociologia da educação que cogita o fim gradativo, mas constante e com data para acabar, do regime de funcionamento da escola de turnos que oferta uma educação pedagogicamente contraproducente, fóbica, compartimentada e sem qualquer link transdisciplinar, por considerá-la comprovadamente ingrata com quem de fato precisa (empobrecidos) de uma Educação que crie oportunidades palpáveis que promova um mundo melhor para seus filhos, portanto seja efetivamente um “direito de todos e dever do Estado e da família” (Constituição Federal, 1988).
Entre outros problemas graves nota-se o limitado tempo de exposição dos educandos ao conhecimento (cientifico) e a convivência efetiva com os diversos saberes socioculturais da comunidade escolar. Efetivar o dever do Estado coma a educação é garantir atividades lúdicas, esportes, cultura, arte, acompanhamento pedagógico, tecnologias digital, direitos humanos, comunicação, meio ambiente e saúde amarado ao projeto político pedagógico, previsto dentro da matriz curricular da escola.
Nesta perspectiva, o Comitê está mobilizado e pronto para realizar a agenda com o Ministro da Educação para garantir os recursos previstos desde 2014 sem que haja dedução e que não haja redução nos recursos do Programa Mais Educação e especialmente reavalie os repasses para alimentação e transporte. A luta dos gestores municipais pela manutenção e ampliação da oferta de oficinas, rever os valores destinados ao ressarcimento de monitores, rever os recursos destinados a pequenos consertos porque existem muitas escolas sem quaisquer condições prediais para realização de atividades complementares, letramento, a realização de refeições, higiene, práticas esportivas e atividades artístico culturais.
Neste sentido, num país em que a escola herdada está anos luz atrasada em sua principal tarefa que é universalizar a escolarização com a qualidade necessária ao desenvolvimento humano, intelectual, moral e profissional e cultural, também enfrenta problemas para garantir aos filhos das classes trabalhadoras (operário) de baixa renda e desempregados transporte e alimentação de qualidade para os estudantes do Programa Mais Educação. Esta escola muitas vezes é a única certeza para pais de que seus filhos vão se alimentar pelo menos uma vez por, sobrepondo a razão maior de ser da escola. Há muito o que fazer para superar esta necessidade tão primitiva e avançarmos para alimentar os sonhos de milhões de brasileiros, que por hora vive o pesadelo de perder a cada minuto um filho para o crime organizado, ou morre pelas mãos da polícia.
Qualquer que seja a razão, o Mais Educação rumo a educação em tempo integral é a saída mais honrosa (custo modico em relação aos investimentos em recuperação de dependência química, regime de reclusão, medidas socioeducativas, UTI e etc.) para quem de fato precisa da escola pública como aliada no combate ao crime organizado e seus efeitos nocivos à sociedade e a partir dela conseguir a cidadania para seus filhos.

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