Foto: Blog do Sonkha

Participaram da reunião a presidente da Associação Quilombola do Brejo, Dona Rosa; Almerindo Neto, interlocutor do secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, e do deputado federal Waldenor Pereira (PT); o historiador e assessor técnico de associações Carlos Ribeiro; Herberson Sonkha, dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e do Movimento Negro Unificado (MNU); e o agrônomo e assessor do Instituto Quilombola Luiz Alberto, Marinaldo, referência estadual na área de certificação e demarcação de territórios quilombolas.

Foto: Blog do Sonkha Almerindo Neto, Marinaldo, Carlos Ribeiro e Rose

Compromisso e ações concretas

Durante a reunião, Dona Rosa destacou a importância da presença da equipe técnica e das ações concretas já em andamento na comunidade.

“Depois de tantos anos de promessas não cumpridas por políticos locais, desta vez o governo e o deputado chegaram com ações reais, e não apenas com discursos”, afirmou. Ela agradeceu o apoio do secretário Osni Cardoso, do deputado Waldenor Pereira e dos técnicos Carlos Ribeiro, Almerindo Neto e Marinaldo, responsáveis pela assessoria e encaminhamentos da documentação de certificação.

Segundo Carlos Ribeiro, a criação da associação quilombola e o início do processo documental representam um marco importante para o avanço do reconhecimento e da futura demarcação da área do quilombo. Ele ressaltou ainda o papel estratégico para a Federação Intermunicipal das Associações de Moradores  (FIAM) na organização e captação de recursos para comunidades rurais e quilombolas. 

Parceria e investimento público

Representando o secretário Osni Cardoso e o deputado Waldenor Pereira, Almerindo Neto destacou o compromisso do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e a atuação decisiva de Osni à frente da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).

“Essa parceria trará benefícios concretos ao Quilombo do Brejo, com políticas públicas que fortalecem a agricultura familiar e a autonomia das comunidades tradicionais”, afirmou.

Ele também ressaltou a parceria com o deputado Waldenor Pereira (PT), responsável pela destinação de um mini trator agrícola que será entregue à comunidade assim que o processo de documentação for concluído. “O deputado atendeu a uma demanda histórica do Brejo, e isso é resultado de uma decisão política que prioriza o povo quilombola do campo”, completou.

Almerindo aproveitou a ocasião para reafirmar o compromisso de apoiar o esporte quilombola, especialmente o futebol feminino, como ferramenta de integração e fortalecimento comunitário.

O representante dos APNs e do MNU, Herberson Sonkha, participou do evento e reafirmou a presença do movimento negro e quilombola no município de Vitória da Conquista. Destacou o processo de organização e luta antifascista, bem como as pautas do movimento negro e quilombola e as ações de reparação étnico-racial.

Sonkha lembrou que esteve presente nas discussões que resultaram na adoção da política de cotas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a partir de 2008, o que possibilitou o aumento significativo da presença de negros e quilombolas nas universidades públicas, tanto nas estaduais, como a UESB, quanto nas federais, como a UFBA e o IFBA.

Ele reafirmou que a certificação do Quilombo do Brejo trará benefícios concretos à comunidade, sobretudo na formulação de políticas públicas voltadas à educação, saúde, habitação, meio ambiente, agricultura familiar e transporte. Agradeceu à comunidade pela acolhida e a Osni Cardoso e Waldenor Pereira pelo atendimento das demandas apresentadas por Almerindo Neto e Carlos Ribeiro, além de reconhecer a contribuição do agrônomo Marinaldo na retomada do processo de certificação quilombola.

História e identidade quilombola

O agrônomo Marinaldo, quilombola da comunidade do Velame — também localizada em Inhobim —, realizou uma palestra sobre o significado histórico e político do processo de certificação. Ele lembrou que o reconhecimento formal do quilombo não é apenas uma política de reparação, mas também uma porta de entrada para políticas públicas nas áreas de saúde, educação, cultura, meio ambiente e inclusão social, além de garantir o acesso às políticas de cotas em universidades e concursos públicos.

Com ampla experiência técnica, Marinaldo já integrou a equipe da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI) e atua em formações sobre o marco legal e a luta quilombola em toda a Bahia.

Durante sua fala, fez um resgate histórico do processo diaspórico africano até os dias atuais, explicando o papel das comunidades quilombolas na preservação da memória e da identidade negra no país.

Ele recordou também que esteve no Quilombo do Brejo há alguns anos, acompanhado de Elisabeth Ferreira, dirigente dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) — a Matriarca Beta —, quando o processo de certificação foi iniciado. “Hoje é uma alegria poder retomar esse trabalho ao lado de Carlos Ribeiro, Almerindo Neto e Herberson Sonkha, dos APNs e do Movimento Negro Unificado (MNU)”, declarou.

Participação comunitária e fortalecimento local

A reunião contou ainda com intensa participação dos moradores, que apresentaram propostas e questionamentos sobre como o processo de certificação pode contribuir para melhorar a qualidade de vida no quilombo e ampliar o acesso a políticas públicas.

A secretária de Cultura da associação quilombola, Cida, reforçou a importância da união comunitária e do fortalecimento da associação. Ela compartilhou sua experiência como presidente da Associação de Pessoas com Fibromialgia, entidade que atualmente reúne 300 associados, além de médicos e advogados voluntários.

“Quero colocar essa experiência à disposição da associação quilombola, para que possamos juntos lutar pelos nossos direitos e avançar nas conquistas”, afirmou.

Cida também destacou sua atuação no Movimento Unificado das Associações de Vitória da Conquista e garantiu que continuará mobilizando esforços para fortalecer o Quilombo do Brejo.

Reconhecimento e resistência

A reunião no Quilombo do Brejo simboliza o avanço do processo de reconhecimento das comunidades quilombolas no Sudoeste baiano e reafirma o compromisso do Governo da Bahia — por meio do secretário estadual de Desenvolvimento Rural, deputado licenciado Osni Cardoso, e do mandato do deputado federal Waldenor Pereira — com a reparação histórica e o desenvolvimento social dessas populações.

Mais do que um ato administrativo, a certificação representa o direito à terra, à memória e à dignidade de um povo que há séculos resiste, preserva sua identidade e segue lutando por justiça e igualdade.