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Professor Josafá Santos: O que esperar do petismo de Jerônimo Rodrigues?
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Foto: Fernando Vivas/GOVBA |
"ex-governador
neoliberal da Bahia, o petista Rui Costa, amarrou o seu sucessor, o governador
Jeronimo Rodrigues (PT) aos acordos e alianças com os setores econômicos
conservadores defendidos pela tradicional política carlista baiana"
*por Herberson Sonkha
Um grande amigo historiador e professor na mesma área da rede pública estadual de educação da Bahia postou em seu Instagram o seguinte texto: “Governo da Bahia oferece 4% de aumento(?) aos professores. Foi para isso que o elegemos?”. O respondi enfaticamente dizendo que não foi para isso que o elegemos no segundo turno das eleições de 2022, mas para derrotar as duas frações eleitorais do fascismo que disputaram àquelas eleições na Bahia: ACM Neto e João Roma.
Contudo,
conheço a verve crítica do historiador Josafá Santos o suficiente para saber
que não é uma pergunta retórica de quem deseja apenas criar um efeito
fantástico e não necessariamente uma resposta. Aliás, sendo ele um excelente
historiador jamais buscaria confundir ou embaraçar quem quer que seja senão por um
pedido de explicação – ou várias explicações. Por isso, trouxe essa resposta
para esse espaço que as redes sociais não possibilitam (dado o caráter lacônico
e superficial) com a intenção de oferecer algo mais que uma suposta resposta
“breviloquente” ao professor.
Sem
mais delongas, peço vênia para partir de dois pressupostos que não são mais que
duas hipóteses de trabalho: a primeira é a do critério político como condição
essencial para definir a sucessão ao cargo de governador da Bahia; a segunda é
a de que, uma vez satisfeita a primeira condição, faz-se a indicação pelo
próprio Rui Costa com uso da máquina pública estadual, das máquinas municipais,
assembleias municipais e estadual (ALBA).
Cabe,
então, perguntar qual é o critério político estabelecido como condição imposta
pelo ex-governador Rui Costa? O pragmatismo (despolitizado e despolitizante) é
o único critério político que se tornou usual para sub-rogar qualquer proposta
dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), exercido pela obediência da maioria
numérica, normalmente contra a minoria qualificada. Ou seja, quem tem a maioria
dos votos no diretório decide (mesmo passando por cima de princípios,
ideologia, símbolos e a própria história do partido) o nome, a tática de
aliança e a linha programática para as eleições.
O
pragmatismo é o critério. Cabe saber qual é a condição exigida pelo
ex-governador para fechar os acordos internos entre as forças que compõe o
campo hegemônico e deslanchar a companha de 2022. Aqui entra a questão
política, pois o ex-governador para ser reeleito lá em 2018 ampliou acordos
firmados em 2014, pois havia uma conjuntura antipetista desfavorável que
desidratava o capital político das lideranças petistas e a ameaçava reduzir o
tamanho da base governista.
Vale
salientar que a política para esse setor majoritário de ideologia neoliberal do
PT se tornou um balcão de negócios, uma zona de livre mercado para entregar
Patrimônio e Serviços Públicos da Fazenda Pública do Estado da Bahia ao capital
por preços módicos. Embora esse movimento neoliberal esteja dentro da
legalidade, esse modus operandi é politicamente imoral se observado os
princípios e o histórico do Partido dos Trabalhadores.
Nesse
sentido, o governador assume a condição de “Leiloeiro Público” como condição
para manter o PT nos espaços de poder como governador, sobretudo nessa Saara da
tradicional política carlista. A condição é negociar o governador que acha que
tem: o orçamento, o patrimônio e o serviços públicos.
A
essa altura, provavelmente as minhas hipóteses já foram minimamente
apresentadas e, a partir delas, se o amigo permitir gostaria de analisar o jogo
e as condições políticas em que o ex-governador neoliberal da Bahia, o petista
Rui Costa, amarrou o seu sucessor, o governador Jeronimo Rodrigues (PT) aos
acordos e alianças com os setores econômicos conservadores defendidos pela
tradicional política carlista baiana.
Neste
caso, torna-se indispensável relembrar uma importante observação de Karl Marx,
“O poder executivo do Estado moderno não passa de um comitê para gerenciar os
assuntos comuns de toda a burguesia” (MARX; ENGELS, 1998, p. 10), na qual
podemos nos fundamentar para afirmar a hipótese de que o PT de Rui-Jeronimo,
assim como historicamente o carlismo, usou o Estado para gerenciar os
interesses capitalistas da Burguesa baiana.
A
legalidade a quem me refiro nos atos administrativos desses dois governadores
petistas que vêm arrebentando os servidores públicos e a população baiana,
particularmente a classe trabalhadora e as populações subalternizadas, em sua
maioria negra, estão fundamentadas na lógica jurídico-administrativa neoliberal
orientada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Razão
pela qual o campo hegemônico do PT nunca manifestou pública e ou privadamente
nenhuma oposição crítica a LRF. Verdade seja dita, na Bahia a Responsabilidade
Fiscal virou justificativa “técnica” para todas as medidas anticlassistas e
antipopulares e o PT vem se beneficiando com isso.
Contudo,
essa catilinária neoliberal do limite prudencial imposto pela LRF, sob o
discurso de se tornar inelegível caso ultrapasse os 49%, será desmontado daqui
para frente. Portanto, a resposta à pergunta do historiador para explicar não
mais os 4% de reajuste linear aos servidores públicos, sobretudo aos
professores da rede estadual de educação, mas concluir minhas hipóteses.
O
fatídico 16 de maio de 2023, data em que ocorreu a aprovação do famigerado 4%
de reajusta linear, passar a ser um presságio nada bom para a população baiana,
pior ainda para PT (talvez nem tanto para o governo petista Jeronimo
Rodrigues), uma vez que está atravessada do neoliberalismo deixado pelo seu
antecessor Rui Costa.
Isso
nos impele a não esperar coisa boa de alguém que omite informações fiscais
indispensável para esconder da população baiana que poderia atender sem nenhum
problema orçamentário as reivindicações justas e necessárias dos servidores
públicos estaduais, reabrir a mesa de negociação travada desde o ex-governador
Rui Costa (PT) com o Fórum das ADs; reavaliar com as entidades estudantis o
valor vergonhoso concedido com atraso de até 3 meses pelo Bolsa “Mais Futuro” e
os reajustes salariais dos técnicos e analistas das universidades estaduais.
Não
atende na pior das hipóteses nem o percentual de 7%, dos 10% reivindicado pelas
UEBAs para o orçamento vinculado a Receita Corrente Líquida (RCL) já que não
vai ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O governador da Bahia mente
ou omite sobre limite fiscal para negar recomposição salarial, concurso e
manter contingenciamento? Em tese não porque a lógica de eficiência de gestão para
a ideologia neoliberal é garantir que o Estado seja superavitário à custa de
cortes de políticas e investimentos sociais.
Em
matéria publicada no dia 16 de maio de 2023 no site do Política Livre,
intitulada "‘A Bahia tem significativo espaço fiscal em 2023 para reajuste
dos servidores’, afirma Instituto de Auditores Fiscais do Estado", jornal
questiona a "má vontade" do governador Jeronimo Rodrigues (PT) ao
conceder pífios "4% de aumento salarial linear".
É o que dizem os relatórios apresentados pela
Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA) exigidos pela Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), sobre os quais debruçaram o Instituto de Auditores Fiscais da
Bahia (IAF-BA) para contestar a vergonhosa proposta de reajuste oferecido pelo
petista. Olha o que diz o auditor Marcos Carneiro, presidente da IAF-BA,
“Portanto,
a partir do enquadramento com folga nos limites impostos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal e a confortável disponibilidade líquida de caixa, é
seguro afirmar que há significativo espaço fiscal em 2023, tanto para a
recomposição parcial da remuneração dos servidores, como para novas admissões e
reorganização das carreiras”.
O
possível óbice que justificaria o insignificante reajuste foi derrubado com a argumentação
irrefutável de auditores que demonstraram que o governo da Bahia tem capacidade
sim para fazer uma proposta honesta de reajuste salarial dos servidores
públicos do Estado sem ultrapassar os limites fiscais previstos pela LRF.
As
UEBA estão de olho na Receita Corrente Líquida (RCL) estadual da Bahia que teve
um super acréscimo de 103,42%, isso significa um robusto R$ 55,35 bilhões, se
comparado a 2015 que foi de apenas R$ 27,21 bi. O presidente do IAF-BA, Marcos
Carneiro assegura que o ex-governador Rui Costa comprometeu apenas 43,74% da
RCL, isso corresponde a R$ 24,19 bi, com um "espaço fiscal de R$ 4,17
bi", de modo que terminou o exercício de 2022 distante do "limite de
alerta com as despesas com pessoal Poder Executivo e Defensoria Pública".
Esse
valor poderia ser alocado em 2023 para atender essas demandas como sinaliza
Carneiro, caso o governador quisesse, ele poderia tranquilamente oferecer um
percentual bem maior do que os 4%, pois ele tem mobilidade orçamentária para
"recompor a folha de pessoal de forma bruta na ordem de 20%,
imediatamente". Certamente, se o fizesse, segundo Carneiro iria
"amenizar as perdas inflacionárias de 53,33% no período 2015 a 2022",
isso com o desconto do aumento salarial linear de 4% concedido pelo
ex-governador Rui Costa em 2022.
Então
a real motivação da questão de "má vontade" do petista tem outras
explicações políticas, visto que tem a ver com a obediência, cumplicidade e a
manutenção política do legado neoliberal delineado pelo ex-governador Rui
Costa, pois segundo a explicação do IAF-BA não existe essa tese de ultrapassar
o limite prudencial se atender as reivindicações de correção inflacionária e
ajuste salaria das categorias.
Aqui
também cabe o debate sobre o aumento compulsório até atingir o mínimo de 10% do
valor total da Receita Corrente Líquida (RCL) do Estado da Bahia para as UEBA;
o reajuste mínimo de 53% para docência; o planejamento de curto prazo para
realização de concurso já para UESB, UEFS e UESC; a nomeação já de docentes
concursados em 2022 para UNEB; reavaliação imediata do Bolsa Futuro para o
valor mínimo necessário para a permanência estudantil digna nas universidades
estaduais baianas. Isso é desenvolvimento regional efetivo.
Esse
debate urgentíssimo atravessou todas as intervenções feitas pelas
representações que participaram da Audiência Pública na Assembleia Legislativa
da Bahia (Alba). Uma audiência chamada pela deputada estadual Olivia Santana
(PCdoB) e Hilton Coelho (PSOL) para discutir a relevância do papel das UEBA no
desenvolvimento regional a partir implantação e o processo de expansão do
ensino superior nas cidades-polo visando levar o Ensino Superior aos 417
municípios baianos.
O
eixo central da discussão apresentada pela mesa, composta por vice-reitores
(as), docentes, discentes, técnicos e analistas das UEBA, girou em torno da
urgência do aumento real do atual orçamento nominal de 5% (embora seja
executado apenas 3,5% desse orçamento pelos sucessivos contingenciamentos) para
10% da receita líquida total para evitar fechamento das universidades baianas.
Acrescido pela correção inflacionária e a reavaliação do atual valor de R$
300,00 do "Mais Futuro" concedido pela Política Estadual de Permanência
Estudantil da Bahia.
O
atual orçamento, comparado ao orçamento de 10% destinados as UEBA paulista de
sucessivos governos de direita no comando há mais de três décadas, vem
estrangulado a gestão e promovendo sucateamento dessas universidades. Isso
implica não só na total ausência de correção e ajuste salarial da docência, de
técnicos e analistas, mas também no pífio 1% para acesso e permeância
estudantil.
Além
do orçamento inexequível, em função do processo de ampliação da expansão dessas
universidades pelo imenso Estado da Bahia, a UNEB com maior quantidade de
universidades-polo da Bahia, vem sofrendo com os sucessivos contingenciamentos.
Além disso, realizou recentemente um concurso para atender a demanda docente,
cujos resultados possibilitou aprovar e habilitar quase 900 docentes que ainda
não puderam assumir porque o Ministério Público da Bahia impetrou ação que
suspendeu todas as nomeações alegando "erro" no processo seletivo.
O
coletivo formado por docentes aprovados no concurso da UNEB de 2022 apresentou
na audiência pública um estudo analítico que oferece provas irrefutáveis de que
não houve nenhum erro na modalidade de seleção. O equívoco do MP da Bahia é
mais um exemplo de estrangulamento que a ADUNEB condena. Enquanto isso, a UNEB
segue sendo asfixiada tanto pelo orçamento insuficiente, quanto pela ausência
de docentes para atender as demandas nas diversas unidades surgidas com a
expansão das universidades-polo.
O
economista Marcos Tavares, professor da UESB e representante sindical da Seção
Andes, participou da audiência pública e fez uma análise na qual alerta para
processo de resistência das UEBA ao sistemático e intencional estrangulamento
das universidades estaduais da Bahia que resulta exclusivamente da política
neoliberal adotada pelos governos do PT na Bahia.
Nesse
contexto de enxugamento de investimentos públicos essenciais em todos os dois
níveis da educação pública na Bahia, não poderia ter outra realidade senão de
sucateamento das Instituições de Ensino Superior (Ies). A realidade é que as UEBA
está sendo orçamentariamente asfixiadas pela adoção da política neoliberal do
ex-governador Rui Costa.
Esse
processo neoliberal de estrangulamento financeiro das universidades estaduais
na Bahia, feito pelo economista Rui Costa defensor ferrenho do reino do
privatismo e cultuador do "estado mínimo e Mercado Máximo", contou
não apenas com o silenciamento de grande parte do Partido dos Trabalhadores
(PT) [os que infirmam a tese neoliberal dentro do partido não se posicionaram
publicamente por "receio" aos cargos que ocupam], mas de toda base
governista.
Quanto
aos partidos satélites tradicionalmente governistas, já se conhece sua conduta
carreirista-oportunista (o que menos importa é a ideologia do partido e o nome
eleito), pois se tornaram apêndices de poder. Isto é perfeitamente
compreensível (não menos condenável pelo seu caráter inescrupuloso), mas
partidos como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialista
Brasileiro (PSB) destoa da trajetória dessas organizações partidárias de berço
de esquerda que nesses quatro mandatos petistas permaneceram emudecidos, ou
pior que isso, tomaram partido em favor do neoliberalismo de Rui Costa.
Além
da audiência pública, houve ato de protesto na entrada da ALBA contra a
proposta de reajuste de apenas 4% apresentada pelo atual governador Jerônimo
Rodrigues (PT). Para o cientista social Kleber Rosa (PSOL), professor da rede
estadual e agente de polícia civil vinculado ao SINDIPOC, candidato a
governador da Bahia nas últimas eleições de 2022, esse reajuste imoral de 4% .
Para
Kleber Rosa isso só confirma que o governador Jeronimo Rodrigues vem
sinalizando no sentido de dar continuidade a mesma lógica neoliberal de seu
antecessor. O ato de protesto contou com a presença de importantes categorias
estaduais, exemplo da polícia civil, ministério público estadual e outros
sindicatos.
O
cenário na Bahia tende a aumentar a pressão e tensão entre governo da Bahia e
os sindicatos, sobretudo de partidos (PSOL, UP, PCB e a Rede). Na contramão
disso tudo segue emudecidos e cabisbaixos os deputados Jean Fabrício Falcão
(PCdoB) e José Raimundo Fontes (PT) que nada disseram contra a política
neoliberal de Rui Costa e, ao que parece, seguem feito ovelhas ao abate em
relação ao atual governo da Bahia.
É
lamentável que esses deputados ignorem totalmente os clamores das categorias e
estudantes em luta por aumento real do orçamento público das UEBA para 10% da
receita liquida do Estado; pela correção e ajuste salarial imediato de
docentes, técnico e analistas dessas universidades; pela reavaliação imediata
do atual valor da bolsa estudantil de míseros R$ 300,00 para um valor
minimamente necessário para garantir a permanência de estudantes nas
universidades baianas.
Vitória
da Conquista, cidade-polo da região Sudoeste da Bahia, deve refletir
criticamente sobre a péssima atuação desses dois deputados (que compreende
mandado como empreendimento e condomínio de poder). Nenhum dos dois deputados
com maior expressão eleitoral em Vitória da Conquista e região Sudoeste
compareceram à audiência, ao menos para defender os equívocos de seu próprio
governo. Sobretudo o professor José Raimundo Fontes que é professor egresso da
UESB. Não existe compromisso desses mandatos com a UESB, com a educação e muito
menos com o servidor público do Estado da Bahia. Isto é lamentável!!!
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