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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A falta de Compromisso-ético pública da educação privada no Brasil



* Por Joilson Bergher


“Não podemos ser coniventes com uma política educacional que prioriza o lucro à formação de qualidade, muito menos com um governo que desvia dinheiro público, para enriquecer os grandes tubarões da educação”, é o que afirma o Coletivo Saída de Emergência da Assembléia nacional dos Estudantes – Livre (ANEL), Jornal Brasil de Fato, dez, 2012. 


Então quer dizer quê o que importa nessa lógica é só o lucro? Pois sim! Numa determinada universidade particular em São Paulo, por exemplo, a ideia que se tem é de estar exatamente dentro de um Shopping Center. Prédio suntuoso, grandes marcas desses lanches rápidos, roupas de grife, salões de cabeleireiros...se preocupam mais com o embelezamento da fachada estrutural do que com a produção de conhecimento. É necessário atrair clientela, principalmente aquela que não consegue passar em vestibulares na universidade pública. 

Na década de 1990, tais universidades receberam um 'presentaço', ou um ganho lotérico (?) do governo acéfalo e irresponsável de FHC, aquele mesmo que vive a falar mal do Brasil mundo afora. Elas deixaram de serem geridas por fundações (?) para se transformarem em empresas. Em curso: cumprir metas globalizantes junto ao Banco Mundial. Aliás, a  ideia de globalização está associada a uma sensação de ruptura temporal: o momento atual não seria apenas decorrência e conseqüência do passado, mas um novo momento, fruto de uma reorganização produtiva internacional e de uma maior importância dos mercados financeiros, decorrente de sua maior integração e crescimento. Uma pergunta: crescimento pra quem mesmo, cara pálida? Os números da expansão: atualmente, das 2.365 instituições de ensino superior, 2.081 são particulares e apenas 284 são públicas. Dos mais de 30 mil cursos oferecidos no ano passado, mais de 20 mil foram criados em Universidades particulares, o que, necessariamente, não implica em cursos de excelência. São fábricas de diplomas! É só observar a proliferação desses cursos EAD(?), Brasil adentro. É fato: o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, Enade, 2011, revelou exatamente aquilo que sabemos, faz é tempo, os piores desempenhos foram registrados em universidades e faculdades particulares. Menos de 2% dessas instituições que se dizem acadêmicas conseguiram a nota máxima. 

Lamentável e criminoso essa forma de auferir apoios e recursos junto aos governos nos três níveis de Estado via pró-une ou Fies, por exemplo, para ao invés de criar conhecimento, aplicar em fachadas e prédios suntuosos e ostensivos: aí está a deficiência do ensino particular. Na Bahia, por exemplo, numa Resolução restritiva do MEC fora incluídas 8 instituições baianas:  Universidade Católica de Salvador (Ucsal) e o Centro Universitário Estácio da Bahia (FIB) não poderão expandir a quantidade de vagas de alguns cursos no processo seletivo de 2013.  A medida afeta, ainda, cursos de quatro instituições de ensino superior particulares - Unibahia, Unifacs, Área 1 e Hélio Rocha - proibidas de realizar processos seletivos programados para  o próximo ano em alguns cursos.  É só acessar o MEC e encontrar a lista de cursos superiores que não alcançaram resultados satisfatórios no Conceito Preliminar de Curso (CPC) de 2008 e de 2011.  

Concretamente tais resultados revelam o acinte de como empresários desse setor estratégico e produtivo do Brasil tratam o que deveria ser público dentro de uma determinada ótica: a do lucro acima de tudo e de todos: eis aí o resultado, cursos com deficiência técnica, sem professores qualificados, sem pesquisa acadêmica, sem pós-graduação ou extensão...o engraçado, aliás, é de da pena ou dó uma determinada Associação que congrega tais universidades particulares espernear e invocar a Constituição Federal do Brasil, estão a reverberar, acusando a medida adotada pelo MEC de arbitrária e ilegal.  É como afirma o Ministro de Educação, Aloísio Mercadante, “Temos, portanto, recursos públicos para aquisição dessas vagas e a competência do MEC é exigir qualidade”, e ponto final.

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*Joilson Bergher, jbergher@hotmail.com,  professor de História, Especialista em Metodologia do Conhecimento Superior, Pesquisador Independente do negro no Brasil, Estudante do Curso de Filosofia, Uesb – Vitória da Conquista, Bahia. 

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