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terça-feira, 23 de setembro de 2014
“AO NOSSO DEUS MUDANÇA”
setembro 23, 2014
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por
Vinícius...
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* Por Professor João Paulo
Atualmente a palavra chave para qualquer discussão política é “MUDANÇA”, em todos os cantos ouvimos esse discurso como se fosse um desejo incontido de todos os seres humanos, como se todos realmente soubesse da necessidade de mudar, como se todos soubesse como fazer a mudança, como se todos soubessem para onde mudar.
Um discurso construído pelas elites que como sempre vão ganhando o espaço midiático de forma involuntária e a partir da mídia se estabelece como ideia coletiva para o senso comum, passando de involuntária para uma ideologia, que certamente vai servir aos interesses de alguns dos agentes envolvidos nas disputas políticas.
Inocentemente ela vai tirando o caráter de classe do debate faz todo mundo pensar que a “mudança” é algo que virá simplesmente trocando os dirigentes do Estado, mas se aprofundarmos o debate certamente verá que de todos que pregam a mudança apenas 1% é capaz de fato de afirmar caminhos para essa tal “mudança”.
Atualmente se tornou discursos dos adversários políticos do PT dos trabalhadores a afirmativa “que tudo está ruim”, por isso é preciso tirar o PT do poder e promover mudanças, esse discurso está tanto no senso comum, nas pessoas simples que não conseguem ler o mundo que os cerca, quanto em setores tidos como pensadores, acadêmicos ávidos pela “revolução”, militantes de partidos de extrema esquerda, que acreditam estarmos vivendo em um momento revolucionário e que a “vanguarda revolucionária” de Marx e Lênin, “está pronta para conduzir a revolta popular para a luta armada”.
O mais interessante que estes discursos sejam os de senso comum, quanto os da vanguarda revolucionária, partem do mesmo princípio. As bases para o pedido de mudança é o mesmo que foi plantado involuntariamente a partir da grande mídia burguesa. Como sempre aconteceu na história tanto o povo comum, quanto os militantes são determinados pela macroestrutura ideológica, não é obra do acaso que este pensamento cresça com força suficiente para dominar o coletivo imaginário de um povo, isto é fruto da ação formulada pelos setores dominantes da sociedade em que vivemos.
Ao contrario do que o imaginário popular acredita o Partido dos Trabalhadores não chegou ao poder no Brasil, ter assumido a direção do Estado de Direito Burguês, não significa que se tornou o dono do poder. Numa República burguesa, o poder é dividido em três, o Executivo, encarregado das execuções das ações do Estado, o Legislativo responsável pela fiscalização, elaboração de leis e aprovação das ações do Executivo e o Judiciário responsável para fazer-se cumprir as leis constituídas nos outros poderes. Estes são independentes e dividem a responsabilidade pela condução do Estado de Direito. E qualquer que seja o dirigente deste Estado, seja ele de qualquer partido político estará submetido às regras do Estado. A não ser, que seja feita uma Revolução, mudança radical na estrutura do Estado, aí poderá criar outro modelo de Estado ou suprimir definitivamente a existência de um Estado.
Voltando a questão das “mudanças”, como essas pessoas propõem mudanças se estão defendendo a permanência deste Estado? E o pior, que “mudanças” estão propondo se querem efetiva-la trazendo de volta ao poder as mesmas pessoas que durante séculos dirigiram o Estado? Duas perguntas importantes e passiveis de reflexão, que eu não pretendo fazer aqui, pois acredito que seja função de cada leitor fazê-las.
Os agentes colocados para a suposta mudança são os mesmo de outrora, são os mesmos projetos que desde a colonização veem determinando a vida do povo neste pequeno pedaço de terra de codinome Brasil, me assustei outro dia quando vi e ouvir um acadêmico propor a mudança via Marina Silva, a ex. Ex-católica da Teologia da Libertação que se converteu ao que há de mais conservador no Protestantismo Pentecostal, a ex-petista que rompeu e foi para o Partido Verde, rompendo logo após as eleições em que ela foi derrotada pelo PT seu ex-partido, aí iniciou um discurso de que nenhum partido político brasileiro servia para ela, participando da Rede de Sustentabilidade, que na realidade já parte do pressuposto burguês de preservação da natureza, “se cortar uma árvore, plante outra no lugar”.
Não conseguiu o registro do seu novo partido, e aí migrou urgentemente para o PSB, que há pouco tempo atrás teria avisado que não servia para ela. Agora como candidata deste partido, abandona os militantes orgânicos e se junta com empresários, latifundiários e banqueiros no intuito de garantir apoio financeiro para bancar seu projeto pessoal de ser presidente, rompendo com tudo que um dia defendeu para entrar no jogo político.
Do outro lado, temos reunidos todos das velhas elites em torno de um projeto que até mesmo a burguesia internacionalista abandonou o PSDB, partido que serviu aos interesses norte americano durante a década de 90 do século passado e que até bem pouco tempo era a “bola da vez”, foi abandonado por essa mesma elite, que como se muda de camisa, migraram para a campanha da “mudança” de Marina Silva, anulando o partido da candidata e trazendo para o centro da discussão figuras que agora servem aos novos planos desta burguesia internacional e internacionalista.
É esta a mudança que está sendo proposta no país neste momento, esse projeto não começa agora, na realidade se trata de um projeto maior, que vem sendo consolidado numa escala planetária, que aqui no Brasil estava usando um dos seus tentáculos, o PSDB, pois se tratava a dois anos do único caminho e que dava sinais claros que já nascia morto. Com a inesperada morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, essa elite percebeu que havia terreno fértil para o investimento e assim o fez, condicionando a suposta mudança, a comoção pela insensata morte e construindo por traz desta insensatez um nome como expressão da “mudança”.
Este é o cenário que está colocado para as eleições e para a sociedade brasileira neste momento. Não quero parecer um militante do Partido dos Trabalhadores apaixonado, mas é difícil neste momento não deixar as emoções se envolverem, pois não é apenas mais uma eleição no Brasil ou em qualquer outro país do mundo. Trata-se de um momento histórico extremamente complexo, onde a disputa entre os dois lados formadores da sociedade mundial, o velho conflito entre capital x trabalho volta à cena com força total.
De um lado os Estados Unidos buscando mecanismos para manter e retomar o domínio econômico e político do planeta, que visivelmente diminuiu com o fracasso do projeto neoliberal. Do outro o Brasil e outros países emergentes tentando conquistar espaços políticos e econômicos outrora privilégios dos G7. Este conflito de classe fica claro com a criação do BRICS, mas recentemente do Banco BRICS, um banco de desenvolvimento mundial que nasce forte o suficiente para amedrontar os detentores do FMI, exatamente em um momento de crise profunda das estruturas do G7 o que cria um equilíbrio de forças políticas e econômicas dentro da estrutura do capitalismo.
Esse embrião de uma nova ordem mundial despertou a ira do grande capital ao ponto deste colocar todas suas ferramentas a serviço do enfrentamento político, parecido, por exemplo, com o que assistimos durante a Guerra Fria, disseminando uma ideologia mundial de negação de todas as forças de centro esquerda do mundo, ou alguém acredita que a derrota da Dinastia Gandhi na Índia foi obra do descontentamento popular apenas? Ou alguém acredita que os recentes conflitos envolvendo a Rússia são sós mais um ingênuo episódio do ódio eterno entre Estados Unidos e a antiga União Soviética? Que os ataques e o genocídio promovido por Israel contra o indefeso povo palestino é fruto de um conflito religioso histórico? Ou que os protestos no Brasil, na Argentina, na Venezuela não estão diretamente ligados e regidos pela mesma batuta? Mas uma vez ficam aí estas indagações para que o povo seja ele os ingênuos defensores da “mudança” a partir do senso comum, ou até os nossos revolucionários de carteirinha, acadêmicos e senhores do conhecimento possam está refletindo sobre o mundo que os cercam.
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